Dia do Senhor 47

Leitura: Números 14.1-25, Romanos 9.1-26; 11.33-36
Texto: Dia do Senhor 47

Irmãos em nosso Senhor Jesus Cristo,

Continuamos esta tarde em nossa série de estudos sobre a Oração do Senhor, e queremos nos manter em mente o propósito deste estudo, que vem da consciência de que a oração é a parte mais importante da vida cristã – não apenas como uma medida de nossa vitalidade espiritual (porque uma vida de oração morta é uma indicador de uma fé morta ou ausência de fé), mas também porque a oração é o meio pelo qual Deus opera em nós a transformação e a renovação espiritual que queremos ver acontecer em nossas vidas. Como diz o catecismo: “Deus dá Sua graça e Espírito àqueles que constantemente e com desejo sincero pedem a Ele por esses dons,”— e é por meio de oração que nós o pedimos. Então a oração é a maneira pela qual chegamos diante de Deus, encontramos com Ele e também recebemos Suas promessas e Seu poder para renovação, sabedoria e vida. 

Quando os discípulos do Senhor Jesus O viam orando, às vezes por horas a fio, e eles testemunhavam a sabedoria, perspectiva e intimidade com Deus que a opção produziu nEle, eles Lhe perguntavam: “Senhor, ensina-nos a orar.” Este é o nosso pedido também. Que Cristo nos ensine a orar. E é por isso que dedicamos 7 semanas todo ano para estudar a oração que o Senhor Jesus ensinou aos Seus discípulos.

Vimos na semana passada que a Oração do Senhor começa com um chamado a Deus como nosso Pai Celestial. Observamos a partir disso que o cristão vem diante de Deus não como uma divindade poderosa, porem distante, mas como nosso Pai que nos adotou em Cristo e colocou Seu amor sobre nós.

Agora chegamos à primeira petição, que são essas palavras muito famosas: “Santificado seja o teu nome”. Agora em nossa cultura, por um lado as palavras desta oração são bem conhecidas—mas por outro lado, o significado desta é muito desconhecido.

O significado desta oração

Então é por aí que queremos começar o nosso estudo, com a pergunta: o que essas palavras significam?

A palavra “santificado” significa “se tornar santo” ou “ser respeitado como santo.”

A palavra “santo”, por sua vez, significa algo que é separado como algo que não deve ser profanado ou misturado com o que é comum, mas é considerado digno de respeito e honra.

Agora, talvez a razão pela qual esta palavra “santificado” é desconhecido em nossa cultura seja exatamente porque em nossa cultura secular e pós-moderna, muito pouco ainda é considerado como “santo”. O casamento antigamente era respeitado como santo, mas hoje é apenas um pedaço de papel, um contrato que pode ser quebrado ou nem precisa ser feito. O sexo antes era santo, mas agora é considerado nada mais que uma atividade recreativa que não tem significado. Nossos corpos eram santos, mas agora podemos abusá-los, desrespeitá-los, ou redefini-los como quisermos. E, de fato a vida humana, que anteriormente era considerada santa, agora é um tipo de mercadoria que podemos experimentar ou descartar como quisermos – por exemplo na industria da modificação genética com o objetivo de criar “bebês projetados”, ou tratamentos de fertilidade que criam uma dúzia de embriões, os quais todos, exceto um, serão descartados no final; ou o aborto ou pílulas abortivas que destroem a vida humana no útero – nem a vida humana é considerada santa.

E assim podemos fazer uma observação aqui que não apenas a evolução de nossa língua reflete de muitas maneiras as mudanças em nossa cultura; mas também que, no que diz respeito ao que é santo, se o Nome de Deus não for considerado santo, então, em última análise, nada será santo.

Isso nos leva à segunda pergunta sobre o significado desta oração: o que significa orarmos para que o “Nome” de Deus seja santificado? A que “nome” nos referimos, e por que importa que seja considerado santo? 

Embora a Escritura use muitos nomes diferentes para se referir a Deus – Deus, Senhor, Javé (o Nome da aliança de Deus usado no Antigo Testamento) e outros – não estamos nos referindo aqui a nenhum nome específico, mas quando falamos de O “nome” de Deus nos referimos ao próprio Deus e, em particular, ao conhecimento de Deus entre a humanidade. Refere-se a Deus como Ele é considerado pelas pessoas. Esse é o Seu “Nome”. 

Usamos a palavra “nome” de maneira semelhante entre nós. Falamos de alguém ter um “bom nome” ou “mau nome”, ou de “arruinar o nome de alguém”. Quando falamos do “nome” de alguém, estamos falando de sua reputação, decomo ele é considerado pelos outros.

Então, pelo que estamos orando quando oramos para que o nome de Deus seja santificado? Que Deus seja honrado, que Ele seja considerado Santo e Supremo, que Ele seja conhecido, temido e honrado como o único Deus verdadeiro. É disso que se trata esta oração.

A Prioridade desta Oração

E isso nos leva a perguntar: por que Jesus começa a oração dominical (que Ele deu como um modelo para nossas orações) com este pedido? Se você tivesse que desenhar um “modelo” para a oração que serviria para gerações futuras, será que você teria começado aqui? É assim que você geralmente costuma a orar?

Jesus está nos ensinando, então, a começar nossas orações deixando de lado todas as preocupações, ansiedades e desejos de nossos corações, e pensando primeiramente nas preocupações de Deus. E a maior preocupação de Deus é honrar, reverenciar, valorizar e santificar – separar – de Seu Nome.

Será que nós levamos isso a sério? Será que nós vivemos com a consciência de que isso – a honra devida ao Seu Nome – é a principal preocupação de Deus?

O que quero argumentar é que, quando essa prioridade é levada a sério, ela transforma radicalmente nossas orações — e é exatamente por isso que o Senhor Jesus nos ensina a começar aqui. Quando entendermos isso e realmente levarmos isso a sério, isso moldará tanto a maneira como oramos quanto as coisas que nós pedimos.

Considere as orações dos santos no Antigo Testamento. Aqueles santos que estiveram diante de Deus nos momentos decisivos da história e em resposta a cujas orações Deus agiu de maneira que mudou o curso da história. Podemos pensar em Moisés, por exemplo. Lemos anteriormente em Números 14, que descreve o momento em que os espias de Israel retornaram da terra prometida e declararam ao povo que aquela terra não poderia ser conquistada, porque o povo era muito poderoso. E o povo se desesperou com as promessas de Deus, reclamando que Deus nunca deveria tê-los tirado do Egito em primeiro lugar, apenas para que morressem pela espada na terra de Canaã. E Deus respondeu com grande ira contra eles, por causa de sua incredulidade e obstinação de coração, e Deus declarou a Moisés que iria exterminar o povo e começar de novo com um novo povo. E Moisés prostrou-se com o rosto diante de Deus em oração e implorou a Deus que mostrasse misericórdia ao povo. E você notou a razão que Moisés colocou diante de Deus, por que Deus não deveria destruir o povo? 

“Respondeu Moisés ao Senhor: Os egípcios não somente ouviram que, com a tua força, fizeste subir este povo do meio deles, mas também o disseram aos moradores desta terra; ouviram que tu, ó Senhor, estás no meio deste povo, que face a face, ó Senhor, lhes apareces, tua nuvem está sobre eles, e vais adiante deles numa coluna de nuvem, de dia, e, numa coluna de fogo, de noite. Se matares este povo como a um só homem, as gentes, pois, que, antes, ouviram a tua fama, dirão: Não podendo o Senhor fazer entrar este povo na terra que lhe prometeu com juramento, os matou no deserto.”

Moisés implorou perante o Senhor para poupar o povo, não porque o povo fosse digno de ser poupado, não porque Moisés achava injusto Deus matá-los, mas por causa do nome de Deus – por causa da Sua reputação entre as nações. O argumento que ele apresenta a Deus é que, se Deus destruísse o povo agora, depois de tudo o que havia feito por eles, isso destruiria o nome que Deus havia estabelecido para si mesmo.

Moisés reconheceu algo que os 10 espias incrédulos não haviam notado: quando o povo de Israel estava nas fronteiras de Canaã, prestes a entrar na terra, os 10 espias viram um povo forte, com grandes muralhas e homens poderosos; mal eles perceberam que o coração do povo de Canaã estava realmente derretendo de medo, porque a reputação de Deus havia precedido o povo de Israel, e o povo sabia do poder de Deus que Ele havia demonstrado no Egito. Moisés entendeu isso.

Mas se Deus destruísse o povo de Israel agora, talvez fazendo que eles pereçam em alguma praga no deserto; então as nações ao redor olhariam para isso e diriam: “bem, então talvez Deus não estava entre eles. Talvez só tiveram sorte no início. Talvez as pragas que atingiram o Egito eram só uma coincidência, ou talvez o deus deles esgotou todo o seu poder; não é tão poderoso quanto os nossos deuses…” Essa é a situação que Moisés coloca diante de Deus, e implora a Ele: “Pense sobre o Teu nome!”

Agora você pode estar pensando, “bem, Moisés foi muito esperto, né, apelando a algo que Deus valorizaria pra atingir o que ele quis” Mas se você pensar nas circunstâncias de Moisés, não acho que isso seja verdade. Por uma coisa, Moisés também estava muito irado com o povo de Israel. Eles não estavam apenas se rebelando contra Deus, eles estavam se rebelando também contra Moisés, como já haviam feito muitas vezes antes: caluniando-o, acusando-o, atacando-o. Então não devemos supor que Moisés estava apenas tentando manipular Deus pra salvar o povo de Israel. Não, Moisés está sendo sincero aqui nesta oração: a grande preocupação de Moisés era realmente, verdadeiramente, a honra do Nome de Deus. Moisés conheceu a Deus intimamente, ele viu o poder, o amor e a justiça de Deus, e Moisés foi transformado por isso. E assim Moisés estava orando do fundo do coração, tendo aprendido que não há nada mais importante do que a honra do nome de Deus.

E Moisés certamente não é o único entre os santos do Antigo Testamento pra chegar a este reconhecimento. Podemos citar muitos outros. Josué orou da mesma forma, quando os israelitas caíram na batalha por Ai, por causa do pecado de Acã. Daniel orou dessa maneira do palácio de Dario na Babilônia quando orou pela restauração da cidade de Jerusalém. Ele disse, Dan. 9:19: “Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome.”

Podemos pensar em muitos dos salmos também. Sal. 54:1: “Ó Deus, salva-me, pelo teu nome, e faze-me justiça, pelo teu poder.” Ou o salmo mais famoso, Salmo 23:1–3: 

Psa. 23:1–3: “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.”

Você já percebeu esta frase no salmo? Deus cuida de você, Deus guia você, Deus proteje você, por amor do Seu próprio Nome.

O que descobrimos na Palavra de Deus é que Deus age e salva não porque somos pessoas tão amáveis, mas por causa do Seu Nome. Ele nos criou para Sua glória (Isaías 43:7), criando-nos para sermos portadores de Sua imagem nesta terra, refletindo Sua glória e sabedoria. Ele pune o pecado por causa de Sua glória, deixando claro para nós, como fez com Moisés, que Ele é um Deus justo, que de forma alguma inocentará o culpado. E Ele também nos salva, por causa do Seu próprio Nome. 

Se você ainda tiver devoções noturnas para ler mais tarde, leia o capítulo 20 de Ezequiel. Ouça o refrão desse capítulo. Repetidamente, Deus diz, em relação a tudo o que Ele fez por Seu povo: “Eu agi por causa do Meu Nome”. Seja Deus resgatando Seu povo do Egito, ou poupando-os quando eles quebraram Seus mandamentos no deserto, ou quando se rebelaram contra ele nas fronteiras da terra prometida, e novamente quando correram atrás de deuses estrangeiros na terra prometido. E ele lhes promete: “Eu os trarei de volta ao deserto, e ali entrarei em julgamento com vocês, para que saibam que eu sou o Senhor.” Ele também promete que depois do julgamento ele os trará de volta, e diz novamente: “Então sabereis que eu sou o Senhor, quando eu proceder para convosco por amor do meu nome, não segundo os vossos maus caminhos, nem segundo os vossos feitos corruptos, ó casa de Israel, diz o Senhor Deus.”

Precisamos levar a sério que esta é realmente a principal preocupação de Deus e, quando o fizermos, isso remodelará radicalmente nossas preocupações e nossas orações.

Vemos isso também no Novo Testamento, e isso é algo que devemos destacar, especialmente em nossa cultura, onde a felicidade humana é vista como o maior bem e o sofrimento humano como o maior mal. Então, às vezes, as pessoas perguntam: “Se Deus pode mudar o coração das pessoas, então por que Ele manda alguém para o inferno ao invés de convertê-lo?” De fato, é verdade que Deus poderia converter a pessoa. Mas não faz. Mas nós fazemos essa pergunta porque presumimos que Deus compartilha os mesmos valores de que nós, e que nada deve importar mais para Deus do que a nossa felicidade. E não é verdade. Seus pensamentos e Seus valores estão acima dos nossos. Deus sim se deleita em fazer o bem, e as Escrituras dizem que ele não tem prazer na morte dos ímpios, mas sim que eles se arrependam e sejam salvos. Mas existe algo que Deus valoriza ainda mais do que a salvação das almas humanas, que é a santidade do Seu Nome.

Não é isso também que Deus nos ensina através do apóstolo Paulo em Romanos 9? Ele diz a Faraó – a quem Deus finalmente julgou e lançou nas profundezas do mar— “Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra.”

Entendam bem isto, irmãos: Deus não está servindo nossos valores. Então ou os valores dEle, ou os nossos, são distorcidos. E devemos considerar seriamente a possibilidade, não apenas como criaturas, mas ainda mais como pecadores, que talvez seja os nossos valores que estão distorcidos.

E este mais alto ideal de Deus – a glória de Seu nome – não é apenas direcionado para o julgamento de alguns – é também a razão e a causa pela qual Deus salva aqueles a quem ele salva. Já vimos isso na resposta de Deus à oração de Moisés, mas ouça aqui também em Romanos 9, versículo 22: “Se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?”

Por que Deus condena alguns? Para mostrar Sua ira e tornar conhecido Seu poder.

Por que Deus salva os outros? Para mostrar as riquezas de Sua glória por aqueles de quem Ele mostra misericórdia, por meio da cruz de Cristo.

Agora, como vamos responder a isso?

Vamos nos posicionar contra Deus e dizer, “Deus, Tu tens que corrigir os teus valores”? Ou vamos parar e consider que talvez sejamos nós que precisamos re-ordenar os nossos valores?

De fato, nós, como criados na imagem de Deus, possuímos um senso disso, até em nossa cultura. Muitos países tem um memorial em algum lugar para os soldados falecidos, que é guardado de dia e de noite com grande esforço e gasto (não sei se Brasil tem um deste também). Então, por respeito e honra pelos soldados falecidos, nós achamos por bem passar por muito sacrifício e desconforto pessoal, porque reconhecemos que eles merecem esta honra. Que isso é até superior ao nosso conforto e felicidade.

Se isso é verdade para nós, homens pecadores, quanto mais não é verdade para o Deus infinitamente majestoso, glorioso e digno , que nos criou para Sua glória?

Diz-se – não sei quem o disse primeiro – que talvez a maior conta em débito no mundo seja a glória devida ao Nome de Deus. Já que é Deus quem nos criou para a Sua glória, que nos dá cada respiração e cada batida do nosso coração para este mesmo propósito, que mostra a sua graça e bondade de mil maneiras todos os dias; e que nós, o pináculo da criação de Deus, entre todas as criaturas de Deus, deixamos de prestar a ele a honra, o amor e a adoração de que Ele é digno, realmente isto é uma dívida muito séria. 

Portanto, o argumento que Paulo está fazendo em Romanos 9 termina no capítulo 11:33 com estas palavras:

Rom. 11:33–36: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!”

O Efeito Transformador desta Oração

Então, irmãos.

Quando levamos a sério a preocupação suprema que Deus tem por Seu Nome, isso transforma e remodela radicalmente nossas orações. 

Pergunto a vocês: Com que frequência nós começamos nossas orações aqui?

É bom, claro, que lancemos todas as nossas ansiedades sobre Deus, sejam quais forem. Não estou de forma alguma sugerindo que não devamos levantar as nossas preocupações diante de Deus. Mas quando vamos a Deus em oração, será que paramos, refletimos, ponderamos e reconhecemos que, antes de tudo, minhas maiores preocupações precisam ser alinhadas com as preocupações de Deus – e que Deus é correta, justa e apropriadamente preocupado com a honra e a santidade de Seu Nome, ainda mais do que com as minhas preocupações?

É por isso que esta oração começa onde começa. Porque quando aprendemos a amar o nome de Deus – como Moisés, como Josué, como Daniel, como Paulo, isso remodela radicalmente o restante de nossa oração. 

E é isso que vemos na oração do Senhor também.

Se você dividisse as seis petições do Pai Nosso em categorias e perguntasse a si mesmo, em qual categoria a maioria dos meus pedidos se enquadra? Provavelmente, seria a quarta petição: “Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia”, referindo-se e abrangendo todas as nossas necessidades terrenas diárias: comida, saúde, força, renda, etc. Talvez a segunda categoria mais preenchida seja a 5ª – buscar perdão por nossos pecados; ou talvez o dia 6 – buscar a ajuda de Deus com as tentações, envolvendo orações por sabedoria espiritual e discernimento.

Todas essas são boas coisas pelas quais orar. Somos ensinados a orar por eles, não apenas aqui na Oração do Senhor, mas também em outras partes das Escrituras.

Mas não é aqui que começa a Oração do Senhor. E com muita frequência, as petições menos oradas da Oração Dominical em nosso dia-dia são estas três primeiras: “Santificado seja o teu nome, venha o teu reino, seja feita a tua vontade”. Facilmente as ignoramos. Mas o Senhor Jesus as colocou aqui no início da oração para que paremos e reorientemos nossas preocupações, para sermos alinhados com as preocupações de Deus e para que, pela graça de Deus, aprendamos a ser cativados nas maiores preocupações de Deus.

E aqui está a beleza disso: se nos deixarmos envolver pelas maiores preocupações de Deus, se reservarmos um tempo para deixar essas questões pesarem em nossos corações até que também sejam realmente importantes para nós, isso colocará toda a nossa vida em perspectiva. Minhas necessidades são reais – minha necessidade de pão diário, minha necessidade de perdão, minha necessidade de ajuda com a tentação – mas sabe o que? O mundo de Deus não gira em torno de mim. E meu mundo também não deveria. Pela graça de Deus, faço parte de algo muito maior: um mundo no qual Deus está trabalhando para honrar Seu nome, ensinando as pessoas — e me ensinando — a amá-lo, temê-lo e adorá-lo por toda a sua glória, sabedoria e beleza e poder e poder; e eu sou parte de Seu Reino, por Sua graça, tendo me comprado pelo sangue de Cristo e me apresentado às profundezas de Sua misericórdia – e seja como for que Deus que resolver asminhas pequenas preocupações, meu maior desejo é que mais pecadores, em rebelião contra Deus e destinados ao julgamento, venham a conhecer a misericórdia de Deus como eu, e possam por Sua graça também conhecê-Lo como Pai.

Quero ver as nações sendo atraídas a Ele, em obediência a Ele, para que Sua vontade, Sua justiça, seja finalmente estabelecida nesta terra da forma como está no céu – esse é o desejo do meu coração! 

E agora, o que foi que eu iria pedir de Deus…? Ah sim, ó Deus, se Tú também me concedesse o que eu preciso para Te servir—o pão diário que eu preciso, a roupa e o abrigo que eu preciso, o teu perdão pelos meus pecados, e o teu Espírito para lutar contra as minhas tentações, então eu também vou usar todo o tempo que me deres para dar a minha vida ao teu Reino, para a glória do teu Nome.

Irmãos, entendam que é a misericórdia de Jesus que Ele, antes de chegarmos às nossas preocupações, nos convide para as preocupações de Deus, para que também possamos ver a nós mesmos em perspectiva e encontrar o contentamento e a paz, seja o que for que Ele deva fornecer ou não em Sua sabedoria, para poder dizer: mesmo assim, eu te servirei. Eu engrandecerei o seu nome. Seja na vida ou na morte, para mim, será que viver é Cristo, e morrer é lucro.

Quando você orar, reserve um tempo para ser igualmente envolvido nas preocupações mais elevadas de Deus e, pela graça de Deus, você encontrará sua vida de oração profundamente enriquecida, cheia do Espírito e de poder; e você também vai descobrir que Deus sim responderá às suas orações mais profundas—porque a sua vontade será alinhada com a dEle. Como diz o Salmo 37:4, “Deleite-se no Senhor, e Ele satisfará os desejos do seu coração.”

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Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.