Dia do Senhor 49

Leitura: Salmo 119.97-112, Miquéias 7.1-7, Tito 2
Texto: Dia do Senhor 49

Irmãos em nosso Senhor Jesus Cristo,

Ao continuar a nossa jornada através da Oração do Senhor, devemos lembrar que nosso intento neste estudo é que Cristo, nosso Senhor, nos ensine a orar. Sabemos que a oração é importante. Sabemos que Deus age em resposta às nossas orações. Sabemos também que a oração nos transforma, e que Deus usa as nossas orações para nos ensinar mais a Sua vontade, para nos levar para perto dEle em comunhão, para nos dar sabedoria, perspectiva e força espiritual. Mas não sabemos orar. Pelo menos, não sabemos orar bem

Nós olhamos – como os discípulos de Jesus – para a vida de Jesus, como Ele passou muitas horas em oração, sozinho, e como essa oração deu a Ele força, sabedoria e ousadia em tudo o que Ele fez. E sabemos que precisamos disso também. Mas, como os discípulos, não sabemos por onde começar.

Então, assim como os discípulos, em Lucas 11, vieram a Jesus e lhe pediram: “Senhor, ensina-nos a orar”, esse também é o nosso propósito aqui esta noite. E assim como Jesus ensinou a seus discípulos a oração do Senhor em resposta a esse pedido, ele nos dá essa oração, registrada nas Escrituras, para que aprendamos também, para que nossas orações também se tornem mais ricas e estejam cada vez mais em sintonia com a vontade de Deus.

Agora, uma das coisas que vimos na semana passada e na semana anterior é que a oração do Senhor tem duas partes – a primeira parte referente a coisas grandes—os propósitos e planos globais de Deus; e a segunda parte se concentra especificamente em nossas vidas e nossas necessidades—nosso pequeno papel, dentro desse quadro global mais amplo.

E nas últimas semanas, espero que começamos a ver como isso é bom para nós. Nossas orações são muito facilmente focadas em nós mesmos e em nossas próprias necessidades e nossas próprias circunstâncias, e muito facilmente nós esquecemos completamente o quadro maior: o que Deus está fazendo neste mundo, o que Deus prometeu que Ele fará, e que papel Deus pode estar nos preparando para assumir nesse plano e propósito maior. E isso é muito renovador e útil para nós vermos, porque tira nossas mentes de nós mesmos, por um momento, para que possamos esquecer um pouco de nós mesmos e nos envolver nos planos maiores de Deus. Esta ordem da oração dominical coloca nossa mente primeiramente nas coisas de Deus. Ela nos lembra das coisas que são mais importantes para Deus. E então, quando finalmente nos chegamos aos assuntos de nós mesmos e nossas próprias necessidades, já que nós começamos com os propósitos e prioridades de Deus, agora podemos orar muito melhor por nossas próprias situações, e fazer isso de uma maneira que está de acordo com a vontade de Deus.

Esta terceira petição faz parte ainda desta primeira parte da oração, sobre os planos e propósitos globais e gloriosos de Deus. A petição é: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus.”

1. O significado desta oração

Agora devemos começar entendendo corretamente o que a petição significa. E aqui, às vezes, há um ponto de confusão sobre o que realmente significa a “vontade” de Deus. Quando você lê a Bíblia, você descobre que a Bíblia fala sobre a “vontade” de Deus de duas maneiras diferentes, referindo-se a duas coisas diferentes. Às vezes, quando a Bíblia fala sobre a “vontade” de Deus, está se referindo ao que podemos chamar de sua vontade oculta – isto é, as coisas que Deus planejou e propôs a fazer, que nós não sabemos. Então, por exemplo, eu não sei se Deus ordenou que eu fique doente amanhã, ou alguém possa sofrer um acidente de carro. Eu não sei disso. Sabemos que todas as coisas acontecem de acordo com a vontade de Deus – nada acontece fora do Seu controle – mas não sabemos qual é a Sua vontade, neste sentido. 

Outra maneira, porém, que a Bíblia fala sobre a “vontade” de Deus se refere à vontade revelada, que são as coisas que Deus ordenou aos homens para fazer. Por exemplo, os mandamentos da Lei de Deus. Essa é a vontade revelada de Deus. Assim Moisés diz em Deut. 29:29: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei”.

Então, por exemplo, quando os irmãos de José estavam vendendo-o na escravidão, em um sentido, obviamente, eles não estavam fazendo a vontade de Deus. Estavam pecando. Mas em outro sentido, José diz muitos anos depois, Deus tinha bons propósitos para tudo isso. Foi de acordo com a vontade secreta de Deus que Jose fosse vendido e escravizado no Egito. 

Então a pergunta é: de qual desses esta oração está se referindo? 

Estamos orando para que Deus realize sua vontade “secreta”, que não conhecemos; ou estamos orando para que Deus faça com que as pessoas obedecem sua vontade revelada?

Você pode ver que ambas podem ser orações bíblicas. Referindo-se à vontade secreta de Deus, às vezes você pode orar assim: “Deus, não sei qual é o Teu plano. Mas eu sei que qualquer que seja o Teu plano, é melhor do que o meu plano. Então, faça a Tua vontade, e eu me renderei à Tua vontade e aceitarei o que Tu tens planejado.” Essa é uma oração bíblica, e devemos sempre ter esta atitude. Podemos lutar e fazer todos os esforços possíveis para realizar o que for, mas no final das contas, é Deus quem dá o resultado, e mesmo que não seja o que nós desejamos, sabemos que Seus planos sãos bons, e tudo que Ele faz é bom, e é para nosso bem também.

Mas eu quero defender que não é isso que esta oração se refer aqui. Aqui, Jesus está falando sobre a vontade revelada.

Podemos ter certeza disso por duas razões. Primeiro, a forma que a petição termina: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.” Se for a vontade secreta de Deus, não há distinção entre a terra e o céu. Deus realiza seus propósitos em todo lugar. Nada acontece exceto por Sua vontade soberana. “Assim na terra como no céu” significa que existe algum sentido em que a vontade de Deus não está sendo feita na terra como está no céu. Então, só pode estar se referindo à vontade revelada, que é realizada perfeitamente no céu, pelos anjos que servem aos mandamentos de Deus; mas não realizado perfeitamente na terra.

A outra razão pela qual sabemos que é isso que o Senhor Jesus se refere é que esta petição vem junto com a última petição: “Venha o teu reino”. Na verdade, esses dois são essencialmente uma petição. No Evangelho de Lucas, quando Lucas registra a oração do Senhor, ele nem mesmo inclui essa petição. Evidentemente ele entendeu essas palavras como uma mera elaboração da segunda petição. E a segunda petição, “Venha o teu reino”, tem tudo a ver com esta terra. Como vimos da última vez, é uma oração para que as nações do mundo venham a conhecer a Deus e sejam reunidas em Sua igreja, e obedecem a Sua Lei.

É exatamente disso que esta oração trata também. É uma oração para esta terra. É uma oração para que a vontade de Deus seja feita na terra. 

2. A urgência desta oração

E aqui é onde queremos ver a urgência desta oração. 

Esta é uma oração muito antiga, que o povo de Deus orou já no Antigo Testamento, quando eles olhavam para um mundo quebrado e pecaminoso, e imploravam a Deus para trazer renovação, arrependimento, cura e mudança. 

Lemos anteriormente em Miquéias 7. E ali o profeta Miquéias olha para sua própria nação – a nação de Judá – e vê tanta injustiça, maldade e idolatria. E ele apenas expressa sua dor diante de Deus. Ele diz,

Mic. 7:1–3: “Ai de mim! Porque estou como quando são colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos temporãos que a minha alma deseja. [Em outras palavras, eu me sinto seca; Procuro o bem em volta bom, nada para confortar minha alma.] 

Pereceu da terra o piedoso, e não há entre os homens um que seja reto; todos espreitam para derramarem sangue; cada um caça a seu irmão com rede. As suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente; o príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, o grande fala dos maus desejos de sua alma, e, assim, todos eles juntamente urdem a trama.”

Assim, o profeta Miquéias derrama sua tristeza diante de Deus. Ele lamenta que as coisas não são como deveriam ser. E no final de sua oração, ele diz, no versículo 7: “Eu, porém, olharei para o Senhor e esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá.”

Então, quando Miquéias viu toda a injustiça e pecado em sua terra, em vez de reclamar sobre isso no facebook, ou queixar com os outros, ele derrama sua reclamação diante de Deus, porque ele anseia ver a justiça de Deus em sua terra – ver vidas convertidas, para ver seu povo amando Deus e obedecendo Deus, e protegendo a vida inocente e protegendo os direitos da viúva e do órfão. 

É disso que se trata esta oração. Enquanto olhamos para este mundo, enquanto oramos para que o reino de Deus venha, também olhamos para todo o pecado e injustiça neste mundo, e oramos a Deus, “que não fique assim para sempre”. “Age, ó Senhor, para pôr fim a este pecado.” “Aja para mudar o coração dessas pessoas.” 

E é isso que torna esta oração tão bela. É o reconhecimento honesto de que o mundo não está como deve ser. A violência, mentira, abuso, idolatria, não são “apenas a realidade da vida.” Não podemos simplesmente aceitar que as coisas sempre serão assim. Não podemos ficar tranquilos com isso. Então aqui é uma oração que vem de um certo inquietação piedosa, que se importa o suficiente com a justiça de Deus, e se importa o suficiente com este mundo, para clamar a Deus para restaura as coisas que estão quebradas. 

É muito fácil desistir deste mundo. É muito fácil deixar de se importar com o mal que existe. De perder a esperança que algo pode mudar.

Esta é uma oração que se recusa a desistir. Que diz: “enquanto a vontade de Deus não estiver sendo feita, meu coração continuará clamando a Ele, que este mundo mude”. Por isso é uma oração bela e necessária para o cristão.

A oração “seja feita a tua vontade” nasce do reconhecimento de que muito do que está sendo feito aqui na terra, hoje, não é de acordo com a vontade de Deus. É o reconhecimento de que o pecado tornou este mundo um lugar terrível para se viver. Que vivemos cercados de crueldade, egoísmo e maldade. E ainda por cima, que tantos vivem sem Deus e são destinados ao inferno. É o reconhecimento de que o pecado nos coloca sob a ira justa de Deus: e que tantos pecadores estão destinados a isso. A viver uma vida de maldade e depois passar para a noite do inferno. E é um apelo a Deus: “Deus, traga a mudança que só Tú podes trazer a este mundo!” 

Nós sentimos isso às vezes quando lemos os relatos de sofrimento em outras partes da terra. Na Afeganistão, na Ucrânia, na Coreia do Norte, no Iêmen. Você sente isso quando considera o desamparo de mulheres e crianças que são espancadas e abusadas por homens maus, até aqui em nossos próprios bairros. Como podemos não clamar a Deus? 

Na verdade, até os santos no céu clamam a Deus: Rev. 6:10: “Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?”

É uma das orações mais antigas das Escrituras. E você vê então por que Cristo nos ensinou a colocar isso em primeiro lugar, antes de chegarmos aos nossos próprios interesses particulares? É disso que o mundo precisa desesperadamente. Isso coloca todas as nossas próprias necessidades e nosso próprio sofrimento em perspectiva. Quão desesperado este mundo está para que o Reino de Deus venha e a vontade de Deus seja feita!

E assim, nós também precisamos fazer esta oração, e nunca parar de fazer esta oração. Pode ser emocionalmente cansativo carregar o fardo do mundo em nossos corações. Pode ser tentador simplesmente parar de pensar nisso e fingir que não está acontecendo, para que possamos aproveitar nossas próprias vidas. Mas ao colocar esta petição aqui na oração, o Senhor Jesus está nos chamando para não desistir. Para não parar de orar. Sim, isso não deve tirar nosso conforto em Deus. E não, não devemos viver jejuando e lamentando direto. Podemos dizer com o salmista, que Deus coloca uma mesa diante de nós, mesmo diante dos nossos inimigos. Ainda podemos e devemos desfrutar das coisas boas de nossas vidas e na criação de Deus. Mas fazemos isso, nunca esquecendo o quebrantamento desta vida e o desespero deste mundo pelo reino de Deus. Sofrimento incalculável acontece a cada momento, e como cristãos, especialmente porque conhecemos o amor de Deus por um mundo sofrido e quebrado, somos chamados a não esquecer o resto do mundo, que ainda precisa de redenção e da esperança do Evangelho.

Então clamamos a Ele: “Deus, por favor, traga Teu reino para este mundo em trevas e conceda que Tua vontade seja feita aqui – porque Tú sabes o quão desesperadamente nós precisamos da Tua justiça e Santidade.”

E precisamos saber, irmãos e irmãs, que esta é uma oração que está enraizada na esperança. Não, posso dizer isso ainda mais fortemente: Esta é uma oração que está enraizada na convicção que Deus está, por meio de Cristo, tratando o mal neste mundo. Foi o que vimos na semana passada, e precisamos ver novamente aqui. Lembre-se, esta petição é o outro lado da oração “venha o Teu Reino”, e o Reino de Deus está vindo e continuará a cada vez mais através do Evangelho de Cristo.

Lemos sobre isso em Tito 2. Tito 2 trata exatamente esta questão: “qual é a vontade de Deus para nós?” E neste capítulo, o apóstolo Paulo apresenta algumas das especificidades de como é a vontade de Deus para homens mais velhos, para mulheres mais velhas, para homens mais jovens, para mulheres mais jovens, para líderes na igreja, para aqueles que eram escravos, etc.

E Paulo liga tudo ao Evangelho. Ele diz: “Pois a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação para todos os homens, ensinando-nos a renunciar à impiedade e às paixões mundanas, e a viver uma vida autocontrolada, reta e piedosa no presente século, esperando nossa bendita esperança, o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo”. 

Onde o Evangelho vai, vidas mudam. Aonde vai o Evangelho, o Reino de Deus vem. Não em toda a sua perfeição, mas sim em realidade e glória. E onde chega o reino de Deus, a vontade de Deus também começa a tomar forma na vida daqueles que foram alcançados pelo Evangelho. 

E não foi esse o propósito de Cristo desde o princípio? Para não apenas nos salvar, mas para nos curar. Para não apenas nos resgatar do inferno, mas também para nos resgatar da razão pela qual éramos destinados ao inferno, ou seja, nosso pecado e corrupção. Para nos tornar um novo povo.

E essa precisa ser nossa oração pelo mundo também.

Na verdade, foi para isso que Jesus ordenou que Seus discípulos trabalhassem. Depois que Ele morreu, levando em si mesmo a punição pelo pecado para que os pecadores fossem perdoados; e depois que Ele ressuscitou da morte, antes de ascender, Ele disse aos Seus discípulos:

“Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra [aí está o reino de Deus]. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.”

“…ensinando-os a observar tudo o que eu vos tenho ordenado” – ou em outras palavras, ensiná-los a fazer a minha vontade. Isto faz parte da nossa responsabilidade na igreja, especialmente da liderança, para ensinar toda a vontade de Cristo para cada pessoa que confessa Seu nome e seja batizado, para que sua vida reflete a bondade e santidade e justiça de Deus.

Há apenas uma esperança para que este mundo seja mudado, para que o mal acabe, para que os inimigos de Deus sejam esmagados e para que as almas quebrantadas descubram a paz e a graça, e isso é através da pregação do Evangelho e da conversão de corações e discipulamento de vidas. Não há solução para este mundo – nem da ONU, nem da educação pública, nem de qualquer esforço humanitário, por conta própria, que lide com as realidades do pecado, da injustiça e do quebrantamento neste mundo. Somente o Evangelho pode trazer a mudança e a cura que são necessárias. Somente quando os pecadores forem restaurados a Deus, suas vidas mudarão, e eles também serão restaurados uns aos outros. Somente quando o Evangelho nos ensinar a parar de dizer “venha o meu reino” e começar a dizer “venha o teu reino”, deixaremos de estar em guerra uns com os outros.

Então, irmãos, olhem para este mundo quebrado e sofredor, e orem para que Deus envie trabalhadores para a colheita e resgate as almas de nossos semelhantes seres humanos das trevas em que vivem, para trazê-los, conosco, em Sua gloriosa luz.

3. O lugar onde esta oração começa

Mas agora, uma última coisa, precisamos ver que quando oramos esta petição, “seja feita a tua vontade”, ela começa aqui em casa. Esta não é apenas uma oração para “lá fora”. É, em primeiro lugar, uma oração para aqui mesmo. Para você. 

O catecismo nos lembra disso em sua explicação: 

Que nós e todos os homens…

renunciemos à nossa própria vontade, e sem murmuração obedeçamos à Tua vontade, a única que é boa.

Portanto, há um escopo global para esta oração, mas começa com um foco imediato, bem em casa.

“Senhor, ajuda me a negar minha própria vontade e a fazer a tua vontade.”

Então esta é uma oração que Deus trate a maldade vil, raivosa, ingrata, rancorosa, egoísta, auto-adoradora, lasciva e gananciosa que existe dentro de nós mesmos. Quando oramos “seja feita a tua vontade”, se conhecemos a nossa própria condição, então não há lugar onde mais queremos ver a vontade de Deus feita do que aqui. Ansiamos que Deus revele o pecado que ainda não vemos, e ansiamos que Ele o esmague e estabeleça Sua vontade como suprema em nossos corações. 

E mais uma vez, fazemos isso com muita esperança. Fp 1:6: “E estou certo disto, que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la no dia de Jesus Cristo.”

1 John 3:2: “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.”

Em um nível prático, uma das coisas que isso significa é que, ao orarmos, também precisamos nos esforçar para conhecer a vontade de Deus. Nem sempre conhecemos a vontade de Deus; em relação à criação dos nossos filhos, ou a forma que tratamos as nossas esposas, ou como podemos servir nossos irmãos na igreja, ou evangelizar os ímpios ao nosso redor. Então fazer esta oração com sinceridade também envolve a leitura diligente da Palavra de Deus todos os dias, e uma disposição pronta para obedecê-la. É reconhecer que há coisas que Ele tem para nos ensinar. Que há pecados em nós com os quais Ele ainda precisar lidar, e a maneira como Ele lida com isso é falando conosco através de Sua Palavra. Então precisamos estar lá, diante de Sua palavra com corações ternos, um espírito humilde e ouvidos abertos.

Essa é a oração que lemos no Salmo 119. Lemos apenas alguns versículos, mas podemos muito bem ter lido qualquer outra parte desse salmo, porque é sobre isso que todo o salmo trata:  é uma oração sincera e fervorosa, “Senhor, faça-se em mim a Tua vontade.” Tua palavra é boa. Tua lei é boa. O modo de vida que Tú colocaste diante de mim é bom. Mas eu preciso de instrução. Ajuda-me a conhecer e absorver a tua palavra—não apenas a lê-la, por hábito, passando por cima dela, mas a meditar nela, para que eu a compreenda e possa viver de acordo com ela.

Sempre que oramos, “seja feita a tua vontade”, é aí que esta oração começa. 

Isso também significa que, se orarmos com sinceridade, estamos dispostos e abertos se Deus for enviar a correção que precisamos, na forma de irmãos cristãos, ou presbíteros, que abrirão a palavra conosco. Se estou orando: “Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”, espero que não seja que, no dia seguinte, quando Deus responder a essa oração enviando a correção que eu preciso – pela qual eu pedi – que eu fechasse meus ouvidos para essa correção, ou permitisse que meu orgulho impedisse essa correção. 

Esta é uma oração humilde. É uma oração que diz: “Senhor, faça o que for preciso e me ajude a não impedir a Tua boa vontade.” Ajuda-me a renunciar à minha própria vontade – incluindo o meu próprio orgulho – e a humilde e submissamente seguir a tua vontade, confiando que no final verei como ela foi melhor para mim, que me envias exatamente a ajuda de que preciso.

Então, irmãos, façam esta oração. Façam esta oração pelo mundo ao nosso redor e nunca parem de orar por isso. Coloquem isso em primeiro lugar, antes de chegar às suas próprias preocupações. E então orem isso também por si mesmos, pois é aí que Deus se compraz em começar. Humilhem-se sob Sua mão poderosa, e Ele os levantará no momento certo.



Baixar Sermão

Voltar ao topo
Jonathan Chase

Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 


Facebook


Instagram

© Toda a Escritura. Website: todaescritura.org.Todos os direitos reservados.

* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.