Dia do Senhor 43

Leitura: Deuteronômio 17.2-7; 19.15-21, Provérbios 12.13-22, Efésios 4.17-5:2
Texto: Dia do Senhor 43

Irmãos e irmãs em nosso Senhor Jesus Cristo,

A história é contada de um ministro que uma vez informou sua congregação que ele iria pregar em Mateus 29. Aí, ele pediu para os membros da congregação levantar a mão se já tivesse lido Mateus 29. E ele examinou a congregação, e anotou o número de mãos levantadas. E então ele disse: “Parece que meu sermão desta tarde será muito oportuno. Esta tarde, vamos lidar com a questão da mentira e, uma vez que não existe nenhum capítulo 29 de Mateus, parece que temos um trabalho difícil para nós.”

Esta tarde, vamos tratar do 9º Mandamento, que tem a ver exatamente com a questão da mentira. O 9º Mandamento da Lei de Deus diz: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.” Agora, tem mais neste mandamento do que apenas a questão de mentiras, mas o ponto é claro: Deus odeia a mentira. Deus odeia mentiras. Deus é o Deus da verdade. Ele é a verdade, a fonte de toda a verdade e a imagem perfeita da veracidade e confiabilidade, e por isso Deus quer que nós, Seu povo, saibamos: Ele é contra a mentira. Ele se opõe a mentira. Falar mentiras, quebrar promessas, falsificar a verdade, são coisas que nada têm a ver com o caráter de Deus.

Agora, ao lidarmos com este mandamento, queremos lembrar novamente, como fazemos para cada mandamento, que esta é uma lei da liberdade, uma lei que Deus nosso Pai nos dá porque Ele nos libertou do pecado e agora quer que nós vivemos livres do seu poder e engano.

E com este mandamento, talvez mais do que qualquer outro, a conexão com a liberdade deve ser fácil de ver. Quantas vezes a Bíblia fala sobre a mentira como um “laço”? Laços enredam, capturam e destroem uma pessoa.

Crianças, vocês sabem o que é um “laço”? Um laço é tipo uma “armadilha” que uma pessoa usa para pegar um animal, como uma ratoeira ou anzol, que atrai o animal, tentando-o a morder a isca, mas então, no momento em que o faz, o pega—e custa-lhes a vida. Nos tempos bíblicos, eles costumavam caçar pássaros dessa forma, estendendo uma rede que ficaria toda enrolada quando um pássaro voasse para dentro dela, de modo que não pudesse escapar. Estava preso.

A Bíblia muitas vezes chama a mentira de “laço.” Talvez alguns de vocês tenham experimentado isso. Você contou uma mentira, talvez apenas uma pequena mentira, sobre algo que realmente não importava muito, algo que você pensou que poderia escapar impune; mas então você foi questionado sobre aquela mentira, e então você teve que contar mais mentiras para cobrir a primeira mentira, e mais mentiras para cobrir essas mentiras; e logo, você fica exatamente como aquele pássaro: preso todo emaranhado em suas mentiras, e é tarde demais para desfazê-lo.

Provérbios 12:13 diz: Prov. 12:13: “Pela transgressão dos lábios o mau se enlaça, mas o justo sairá da angústia.”

Provérbios 18: 7 diz: Prov. 18:7: “A boca do insensato é a sua própria destruição, e os seus lábios, um laço para a sua alma.”

Isso significa não só que nossas mentiras nos fazem cair em armadilhas, mas também que são armadilhas para nossas almas: ao contar mentiras, colocamos nossas almas em perigo. Quebramos o mandamento de Deus. E a menos que confessemos esse pecado, e Deus intervenha e nos salve deste pecado, podemos muito bem acabar presos em um caminho que, ao longo da vida, nos leva ao inferno.

Em Apocalipse 21, você lê sobre o dia do julgamento no final da história e diz:

Ap 21:8 Rev. 21:8: “Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.”

Então entendam o coração de Deus nosso Pai aqui: Ele quer que você viva. Ele quer que você seja livre. Ele enviou Jesus Cristo para morrer para pagar o preço pelo seu pecado de mentir, para que você seja perdoado e então viver livre das mentiras que antes lhe enredaram.

——

A realidade é que todos nós já contamos mentiras. Às vezes fazemos isso sem nem mesmo pensar. Falamos que já terminamos a nossa tarefa de casa, quando na verdade não fizemos, mas estávamos pensando em fazer isso mais tarde. Ou talvez dissemos algo sobre outra pessoa, e então ela descobriu sobre isso, então tentamos fazer parecer que dissemos algo diferente. É muito assustador, realmente, quão facilmente podemos adquirir o hábito de mentir ou distorcer a verdade. É quase uma segunda natureza para nós. Mudamos algumas palavras. Reorganizamos alguns pequenos fatos, de uma forma que seja mais favorável para nós. Às vezes, deixamos de contar os detalhes que não são favoráveis para nós.

Todos vocês, pais, já ouviram esta: a pequena Maria vem correndo até vocês chateada e dizendo “Joãozinho me bateu!” E você já sabe, né, o que você vai perguntar a seguir: “O que foi que você fez antes disso? Por que ele bateu em você?”

E fazemos isso o tempo todo. Seu patrão pergunta, “Como vai aquele trabalho?” Sim, tá bem, ainda não terminei, mas foi porque eu tava resolvendo algumas outras coisas primeiro.” E você não fala nada sobre aquela hora que você passou no Facebook.

Podemos ser muito hábeis em mentir. Às vezes, é apenas omitir alguns detalhes, deixando as pessoas chegar as suas próprias conclusões de alguma forma que desculpa você. Os irmãos se lembram da história dos irmãos de José, como eles venderam José de escravo no Egito, e então o que eles fizeram? Eles mataram um porco, derramaram seu sangue em todo a túnica de José e a levaram de volta para o pai e disseram: “olha, nós encontramos isto. Será que é a túnica de José?” Mesmo que eles não tenham dito nada falso, era uma mentira. Eles sabiam o que aconteceu.

O que nós queremos entender nesta manhã é que Deus odeia a mentira. 

Prov. 6:16–19: “Seis coisas o Senhor aborrece, e a sétima a sua alma abomina:

 olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente,

 coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal,

 testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos.”

Sete coisas que o Senhor odeia, e a mentira chega duas vezes na lista.

Então, ao pensar sobre este mandamento, queremos entender o coração de nosso Pai. Mentir é algo que vem de Satanás e é algo que Deus odeia. Portanto, nós queremos entender por que Deus tanto odeia isso, e queremos aprender a odiar a mentira da mesma forma, e fugir dela, e nos tornar um povo que está comprometido com a verdade, como Deus é.

O poder destrutivo de uma mentira

Então a primeira coisa que devemos fazer é ouvir atentamente o próprio mandamento. O 9º mandamento não está falando sobre todo e qualquer tipo de mentira, mas se refere a algo muito específico. Ele diz:

Ex. 20:16: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.”

Este mandamento, em primeiro lugar, tem a ver com dar “falso testemunho” – isto é, contar mentiras – contra o nosso próximo, a fim de acusá-lo falsamente de um crime. No antigo Israel – como tem sido o caso na maior parte da história humana – o papel das testemunhas oculares era essencial para resolver crimes. Não era tão fácil identificar impressões digitais como hoje; obviamente eles não tinham câmeras ou tecnologia para identificar o DNA da pessoa. Por isso, o papel das testemunhas oculares era muito importante. Uma pessoa pode viver ou morrer com a palavra da testemunha ocular. Foi por isso que a lei de Deus exigia duas ou três testemunhas para incriminar uma pessoa. Lemos sobre isso em Deuteronômio 17 e 19. A razão de ser “dois ou três,” é que isso daria ao juiz uma certs flexibilidade na avaliação do depoimento das testemunhas: dependendo do caso, se o depoimento não é muito forte, ou se as testemunhas não eram muito confiáveis ​​ou tinham motivos suspeitos, o juiz podia exigir uma terceira testemunha.

Portanto, o papel das testemunhas era crítico. Sua palavra poderia matar uma pessoa.

É por isso que, em Deuteronômio 17, a lei também exigia que, se a pessoa fosse condenada pelo crime, a testemunha deveria estar presente para a execução e até mesmo jogar a primeira pedra. Assim ficou muito claro: essa pessoa está sendo morta por causa das minhas palavras. Eu estou matando essa pessoa. Então espero que minhas palavras são corretas.

É um pensamento muito sério, não é? Nossas palavras matam. Nossas palavras podem destruir uma pessoa.
É muito fácil falar uma palavra de condenação. Ou compartilhar alguma fofoca que pode ou não ser verdade, ou alguma acusação que foi feita, e depois ir continuar com a vida como normal, e esquecer que esta pessoa agora tem que viver as consequências das minhas palavras. É muito fácil postar algo nas redes sociais condenando uma outra pessoa ou acusando outra pessoa de um crime, quando não é nós que tem que cumprir a pena. Mas a lei de Deus dada para Moisés deixou muito claro: nossas palavras podem trazer a vida ou a morte para a outra pessoa, ou a vida ou morte de sua reputação. Não devemos falar se não estivermos preparados para cumprir a sentença.

E, para que não nos esqueçamos, a sentença para o pecado é o inferno. Pensem sobre isso. Isso passa pela sua mente quando você acusa seu irmão de pecado? Você estaria preparado para fazer essa acusação diante do trono de Deus, sabendo que Deus vai condenar a pessoa ao inferno com base em suas palavras?

Talvez, se pensássemos mais seriamente sobre a seriedade do pecado, preferíamos, em vez de passar acusações contra nosso irmão, falar com ele pessoalmente e—se tiver em pecado mesmo—suplicar-lhe que abandone seu pecado. Afinal, a vida e a morte eterna estão em jogo.

Também lemos em Deuteronômio 19 que Deus estabeleceu outro requisito. Em um caso criminal, o juiz deveria inquirir cuidadosamente. Isso significa que a palavra das testemunhas não foi automaticamente considerada verdadeira. Acusação não é prova. Eles seriam examinados. Suas declarações seriam confrontadas com as evidências. O juiz tinha que ser cuidadoso para fazer boas perguntas e chegar ao fundo da questão.

E se descobrisse que a testemunha estava mentindo – ou intencionalmente ou até simplesmente  testemunhando imprudentemente sem ter se certificado dos fatos ou dado a devida preocupação pela vida do acusado – se descobrisse que a testemunha estava mentindo, então, a testemunha deveria receber exatamente a punição que ela pretendia para o acusado. E é aqui que surge aquela famosa frase do Antigo Testamento: “Será vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé”. Se fosse um crime digno de morte, a falsa testemunha seria condenada à morte. Se fosse um crime merecedor de quarenta chicotadas, a falsa testemunha receberia quarenta chicotadas.

Novamente, é muito sério, não é? Devemos ser muito cuidadosos com nossas palavras, porque nossas palavras podem significar vida ou morte para outra pessoa.

E novamente, se a sentença para um pecado é o inferno, e você está acusando falsamente alguém de um pecado que essa pessoa não cometeu, não se engane: será olho por olho, dente por dente. Como o Senhor Jesus nos advertiu: “Da maneira como julgardes, sereis julgados.”

Você acusou um irmão de pecado? Você tem certeza de que eles realmente cometeram o pecado? Você tem tanta certeza de que você está preparado para fazer a acusação diante do trono de Deus, sabendo que Deus julgará de acordo com esta lei?

Acredito que os irmãos concordarão comigo: muitas vezes, somos muito descuidados com nossas palavras. Isso é muito sério.

As muitas maneiras de contar mentiras

Mas esse mandamento certamente não se aplica apenas ao tribunal ou aos contextos em que acusamos outra pessoa de um crime. O princípio aqui é que nossas palavras têm o poder de matar. E isso também é verdade em contextos fora do tribunal.

A realidade é que as nossas palavras são capazes de machucar o nosso próximo de forma muito séria, e até matá-lo. Vemos isso com muita frequência em histórias de suicídios de adolescentes que aconteceram por causa de buli ou a disseminação de fofocas e mentiras. Palavras machucam as pessoas. Eles sim causam danos.

O apóstolo Tiago, escrevendo sobre o poder destrutivo da língua em Tiago 3, diz que a língua é uma faísca que incendeia a floresta inteira. As mentiras podem ter sua própria vida e causar danos profundos e irreversíveis.

O mesmo pode acontecer com palavras perversas e destrutivas. Quantos de vocês já ouviram algo que nunca puderam esquecer? Quantos de vocês disseram algo a alguém, em um momento de raiva, que você nunca esqueceu? Nossas palavras podem ferir, danificar e destruir.

É muito fácil espalhar mentiras ou espalhar boatos, e é muito difícil tirá-los de volta. O Senhor Jesus nos ensina que, no dia do julgamento, teremos que prestar contas de cada palavra descuidada que falarmos. Pense nisso: todas as suas conversas, mensagens de texto, Facebook, Twitter. Até mesmo as palavras que você falou consigo mesmo em particular ou no carro. Nenhum de nós é capaz de controlar todas essas palavras descuidadas. E ainda assim, eles estão registrados nos livros de Deus.

O catecismo menciona algumas outras maneiras pelas quais também podemos violar este mandamento com nossas palavras:

Não devemos torcer as palavras de ninguém. Isso ocorre quando citamos as palavras de alguém fora do contexto para fazer parecer que ela disse algo que não disse ou não queria dizer. Talvez vocês possam pensar em um exemplo nas Bíblia? Vocês se lembram em Gênesis 3, o que Deus ordenou a Adão e Eva? O que foi que ele disse? Ele disse: “De toda árvore do jardim comerás livremente, 17 mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás.” Mas o que foi que Satanás disse a Eva? Ele disse: “É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?” Você percebeu essa mentira, embutida na pergunta de Satanás?

É muito fácil distorcer as palavras de alguém, especialmente quando já não gostamos da pessoa ou já a vemos de suspeita. Podemos ver como isso é prolífico na política e na mídia – em ambos os lados. É só reformular o que eles disseram, ou tirá-lo de seu contexto original, tentando colocá-los da pior maneira possível. E nós fazemos isso também. Quantas vezes você já ouviu algo que outra pessoa disse e você perguntou, “Eles disseram isso mesmo?” E a pessoa diz: “É, é basicamente o que eles disseram.” O que significa que não é exatamente o que eles disseram, mas é assim que quero apresentar.

E isso fica ainda mais fácil de fazer quando já não gostamos de uma certa pessoa, ou grupo, ou igreja. Distorcemos suas palavras, mal-representamos suas intenções, criamos desconfiança. É muito fácil de fazer e muito fácil de acreditar por que já estamos predispostos a imaginar o pior. Mas é sério. É destruidor.

O catecismo também fala sobre fofoca. Todos nós sabemos o que é fofoca. Fofoca é compartilhar informações sobre alguém que prejudica sua reputação, sem necessidade. Mesmo que sejam informações verdadeiras, se estiverem sendo compartilhadas para nosso prazer ou para manchar o nome da pessoa, e não para o bem da pessoa, é fofoca e é pecado. E a maneira mais fácil de saber se algo é fofoca mesmo é só perguntar: você ainda compartilharia isso – ou falaria desta maneira – se a pessoa estivesse aqui presente? Fofoca é dizer coisas atrás das costas da pessoa, que você não diria na sua presença.

Também, diz o catecismo, não devemos condenar alguém ou nos unir em condená-lo precipitadamente e sem o ter ouvido. “Precipitadamente e sem o ter ouvido” significa antes de sabermos com certeza que a acusação é verdadeira. Provérbios 18:17 diz: “O que começa o pleito parece justo, até que vem o outro e o examina.” Novamente, você só precisa olhar ao jornal para ver esse tipo de coisa, onde uma acusação é tratada como uma prova, e as vidas e reputações das pessoas podem ser destruídas com base em alegações que são completamente falsas. Pela hora que a mentira for descoberta, o dano já foi feito.

Isso é algo com que nós, na igreja, não podemos ter nada a ver. É algo em nossa sociedade que devemos nos levantar e nos opor. Insistir no devido processo não é defender o acusado, nem ignorar, desacreditar ou menosprezar o acusador. É tratar a acusação com a sobriedade que ela merece e preservar a honra do acusado até que a acusação seja considerada verdadeira.

A verdade é importante. A justiça é importante.

Uma cultura que fez a verdade relativa – “é só minha verdade” e “sua verdade” – é uma cultura que também aplicará essa relatividade na administração da justiça. E isso é algo em que os cristãos não devem participar. Existe um Deus que é verdadeiro. Existe uma verdade absoluta. Existe uma sala do trono da justiça onde toda a verdade será conhecida, e um Deus que se assenta nesse trono e que julgará de acordo com a verdade. E não há tribunais de apelação na sala do trono dEle.

Portanto, nunca devemos mostrar parcialidade, quer estejamos na posição do juiz, que deve entregar a acusação; ou se somos simplesmente parte da multidão da Internet, o tribunal da opinião pública. Devemos amar a verdade e estar comprometidos com ela. É muito fácil para as pressões sociais, ou nossos próprios preconceitos pessoais, nos empurrar em uma direção ou outra. Mas a Escritura nos adverte muito estritamente que não podemos mostrar parcialidade: nem para com os ricos, nem para com os pobres (Levítico 19:15); nem para os que estão no poder, nem para os marginalizados. Nossa fidelidade é para com a verdade.

Que nunca aconteça que, no dia final, aqueles a quem nós acusamos sejam vindicados diante de Deus, enquanto nós, como os amigos de Jó, sejamos culpados de condenar precipitadamente e sem o ter ouvido. Nossas emoções ou preconceitos, em qualquer direção, podem nunca ser o árbitro da verdade. Em vez disso, devemos ser diligentes em buscar a verdade e, então, persistentes e implacáveis ​​em agir de acordo com ela, não importa quantas pessoas possam nos condenar por fazê-lo.

A Bíblia também fala sobre lisonja. Se a fofoca é falar pelas costas de alguém o que você não diria na cara dela, a lisonja é falar na cara da pessoa o que você não diria pelas costas. Lisonja é contar mentiras que a pessoa pode gostar de ouvir, não com o propósito de edificá-lo, mas com o propósito de usá-lo para conseguir algo, ou, em outros casos, para destruí-lo pela armadilha do orgulho. Prov. 29:5: “O homem que lisonjeia a seu próximo arma-lhe uma rede aos passos.”A lisonja é chamada um laço ou uma armadilha porque você deliberadamente faz a pessoa se sentir mais confortável em sua presença do que deveria, e porque você a prepara para tropeçar, escondendo suas faltas ou inflando seus egos.

É claro que isso é diferente de simplesmente ser encorajador, quando você fala palavras edificantes ou suaviza suas repreensões com graça: essas são as duas coisas que a Bíblia nos ordena a fazer. Lisonja não é o mesmo que gentileza. Lisonja é gentileza insincera. É amor falso. É falar mais gentilmente na frente deles do que você falaria nas costas deles. E é uma forma de ódio. Prov. 26:28: “A língua falsa aborrece a quem feriu, e a boca lisonjeira é causa de ruína.”

Irmãos e irmãs, esta é a grande ideia: Nosso Deus é o Deus da verdade, e ele odeia e detesta cada palavra que vem da malícia e do desejo de usar ou prejudicar nosso próximo. Na verdade, a Bíblia ensina que mentir é a língua nativa do diabo. O diabo introduziu o pecado neste mundo por meio de uma mentira, e o Senhor Jesus uma vez disse aos fariseus: “Ele jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” A lisonja, a fofoca, a calúnia e a mentira são satânicos e demoníacos. E eles são totalmente detestados por Deus. Prov. 12:22: “Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor, mas os que agem fielmente são o seu prazer.”

E então a questão é, visto que Deus odeia o engano, como nós podemos apagá-lo em nossas vidas, e como podemos começar a refletir o caráter de Deus de confiabilidade e fidelidade?

O Evangelho para os mentirosos

Para responder a isso, a primeira coisa que precisamos saber é o Evangelho. O julgamento de Deus contra os mentirosos é sério. Deus odeia mentirosos e certamente eles serão punidos.

Mas o Evangelho nos ensina que todos nós somos mentirosos; a mentira habita em nós, e está dentro da nossa natureza corrupta; e que Deus mandou Cristo para nos redimir, para pagar o preço do pecado da nossa mentira. Por sua misericórdia por nós, Cristo morreu na cruz no lugar dos mentirosos. Ele foi crucificado com base em falsos testemunhos e foi para a cruz para morrer a morte que os mentirosos merecem, para que mentirosos como você e eu pudéssemos receber o perdão de Deus.

Espero que nos poucos minutos que passamos refletindo sobre este mandamento, os irmãos tenham tido um coração terno para reconhecer como sua língua testifica da real condição de seu coração. Mas agora, irmãos e irmãs, confessem isso a Deus e reconheçam que Deus enviou Jesus Cristo para morrer especificamente por você e seu pecado. O profeta Isaías, quando teve uma visão de Deus em seu trono, clamou: “Ai de mim, porque sou um homem de lábios impuros e habito entre um povo de lábios impuros”. Rezo para que essa seja a nossa confissão também. Que os irmãos reconheçam que Cristo morreu por nosso pecado de mentira e engano que fluiu da corrupção dos nossos corações. Cristo morreu por mentirosos como você e eu. E isso significa que, nós que confessamos nossa mentira e engano, e nos voltamos para Cristo, não seremos lançados no lago de fogo, embora o mereçamos, mas podemos e seremos recebidos no amor e favor de Deus, porque Cristo já o fez foi lá para nós.

Cristo disse uma vez, não é o que entra na boca que torna uma pessoa impura, mas o que sai dela. “Pois do coração procedem os maus pensamentos, assassinato, adultério, imoralidade sexual, roubo, falso testemunho, calúnia. Isso é o que contamina uma pessoa. ” Mas Cristo falou essas palavras, sabendo que Ele tinha vindo exatamente para esses pecadores, porque Ele é o único que pode limpar esses pecadores contaminados.

E Ele não apenas nos torna limpos aos olhos de Deus, mas também envia Seu espírito em nossas vidas já aqui e agora, para que, por meio de sermões como este, possamos aprender como matar essa mentira e engano, e começar viver como um povo livre da mentira para viver livre da mentira. Ao sermos recebidos na companhia do Deus que é a verdade e a fidelidade, Ele nos chama e nos ensina a refletir essa veracidade e fidelidade em nossas vidas.

Portanto, irmãos e irmãs, deixe-me chamá-los e exortá-los a renovar seu compromisso de refletir a veracidade do Deus que os resgatou e de matar todas as mentiras e enganos.

Nem sempre é possível restaurar o que foi danificado por mentiras. Claro, se você contou mentiras que podem ser corrigidas, então vá e faça isso. Não atrase. Talvez não vai “consertar” o que você quebrou, mas será um bom primeiro passo para tornar seu arrependimento real e prático. Pode ser difícil passar por tal vergonha, mas será um bom exercício para quebrar o ídolo em seu coração que o levou a mentir em primeiro lugar, e começar a amar a verdade de Deus acima e além de seus próprios interesses, ou sua inveja, ou seu medo.

Mas tendo feito isso, fique na graça do perdão dado a você por Cristo. Nem mesmo ao ladrão é dito que ele precisa primeiro devolver cada centavo roubado para ser contado entre os perdoados por Cristo. Foi-lhe dito que não roubasse mais e trabalhasse com as mãos para dar aos necessitados.

Portanto, tendo colocado em prático seu arrependimento ao máximo possível, fique na graça de Deus e, então, como filho de Deus, aprenda a amar a verdade como Deus, seu Pai, também ama.

“Vos despojeis do velho homem  (Ef 4:22), que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.”

“Deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo”

“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave.”

E orem! Orem a Deus para que Ele lhe mostre onde ainda há mentira, engano e malícia que precisam ser enfrentados, e orem a Deus pelo poder do Espírito Santo para matá-lo. Orem a oração de Agur em Pv 30: 8: “Afasta de mim a falsidade e a mentira.” Orem todos os dias por isso.

E, finalmente, aproximem-se do Deus da verdade, em Sua Palavra todos os dias e em adoração. Não há nada que nos santifique da mentira e da maldade como chegar perto da presença de Deus que é Verdade e Santidade, e como Isaías, vendo não só quão detestáveis são as nossas mentiras e malícia, mas também quão boa e preciosa é a Sua verdade! O Senhor Jesus nos ensinou que, por meio do Evangelho, “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Quão boa, preciosa e valiosa é a verdade pela qual conhecemos nosso Deus, e quão importante, então, é guardar e defender essa verdade!

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Jonathan Chase

Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.