Dia do Senhor 31

Leitura: João 20.19-23
Texto: Dia do Senhor 31

Amados irmãos no Senhor,

O assunto do Domingo 31 é as chaves do reino dos céus. Geralmente quando as pessoas pensam nas chaves do reino dos céus, elas se lembram das pinturas e das esculturas do apóstolo Pedro segurando duas chaves em suas mãos. Nas pinturas é possível vermos que uma dessas chaves é de prata e a outra é de ouro. As pessoas que olham para essas representações do apóstolo Pedro também pensam no brasão do Papa, onde também aparecem duas chaves, uma de prata e uma de ouro. De acordo com uma tradição católica romana, a chave de prata indica o poder de DESLIGAR a terra ao céu, e a chave de ouro indica o poder de LIGAR a terra ao céu.

Mas, de onde vêm essas chaves do reino, e como elas vieram parar nas mãos do apóstolo Pedro e do bispo de Roma? Com relação às origens das chaves do reino, e de como elas chegaram até as mãos de Pedro, nós encontramos a resposta no texto de Mateus 16.18-19, onde achamos as seguintes palavras ditas pelo Senhor Jesus Cristo:

Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus.

Então, como vocês ouviram, a origem das chaves do reino dos céus vem do próprio Senhor Jesus Cristo. E elas chegaram às mãos de Pedro porque foi o próprio Senhor Jesus Cristo que as colocou nas mãos de Pedro. Posteriormente, essas mesmas chaves também foram entregues aos outros apóstolos depois que o Senhor ressuscitou dentre os mortos. Nós encontramos a entrega das chaves do reino aos demais apóstolos no texto de João 20.21-23:

Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos.

É verdade que nesse texto não aparecem as palavras “chaves do reino”, mas aparecem as palavras relacionadas com o poder dessas chaves. Ou seja, o poder de perdoar e reter pecados. Este poder de perdoar e reter pecados tem o mesmo significado das palavras “ligar e desligar”. Portanto, como vocês podem constatar, as chaves do reino dos céus não ficaram somente nas mãos do apóstolo Pedro. Elas também estavam nas mãos dos demais apóstolos do Senhor. E não ficou somente nas mãos dos apóstolos, elas também estão nas mãos da igreja de Cristo como um todo. Nós podemos ver isso no texto de Mateus 18.15-18:

Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus.

Então, irmãos, como vocês podem observar, as chaves do reino dos céus foram entregues diretamente pelo Senhor Jesus Cristo a Pedro, aos demais apóstolos e a toda sua igreja. Portanto, as chaves do reino dos céus não estão exclusivamente nas mãos de uma única pessoa dentro da igreja.

Mas, se é assim, porque o bispo de Roma usa essas chaves em seu brasão de um modo tão especial e tão solene? A resposta é que o bispo de Roma se intitula o sucessor do apóstolo Pedro. E se Pedro tinha as chaves do reino, então o sucessor de Pedro também as possui. Esta é a lógica da igreja romana a respeito do seu bispo. O que acontece, irmãos, é que nós podemos ver biblicamente que as chaves do reino dos céus foram dadas a Pedro, aos apóstolos e a toda a igreja cristã. Mas não é possível acharmos nenhuma base bíblica para que as chaves do reino estejam exclusivamente nas mãos do Papa.

O único fundamento que a igreja de Roma possui para defender essa ideia é a chamada tradição apostólica que ela afirma transportar ao longo dos séculos. Porém, ninguém pode provar que essa doutrina católica romana vem da época apostólica. Pois é impossível acharmos e acreditarmos em outra tradição apostólica além da Bíblia, tomando como base apenas as informações da igreja latina ou da igreja grega. Não existe essa tão famosa tradição apostólica extra-bíblica, pois o que nós encontramos ao longo dos séculos da história da igreja é uma série interminável de acréscimos e mais acréscimos de decisões episcopais. Hoje, a famosa tradição apostólica das igrejas romana e grega é na verdade uma tradição episcopal desenvolvida ao longo do tempo.

Desta forma, irmãos, ao invés de confiarmos nessa tal de tradição apostólica das igrejas latina e grega, é melhor ficarmos com a Bíblia. A Bíblia é a Palavra de Deus, e ela não pode errar. A Bíblia nos ensina claramente que as chaves do reino dos céus ficaram com toda a igreja de Jesus Cristo. E hoje em dia nós não temos mais apóstolos para liderar ou presidir o uso dessas chaves. O que temos agora são os presbíteros. São os presbíteros dos nossos dias que presidem a igreja na utilização correta dessas chaves.

Essas chaves são em número de duas. Mas elas não são chaves no sentido literal. Nenhum presbítero possui duas chaves (uma de prata e outra de ouro) guardadas em sua casa. Porém, o poder das chaves está com os presbíteros. Isto significa que os presbíteros possuem uma grande responsabilidade em suas mãos. Eles são os líderes espirituais das igrejas locais. Cristo entregou essas chaves à igreja para que os seus presbíteros as usassem com o objetivo de abrir e fechar o reino dos céus perante as pessoas deste mundo.
E neste momento nós devemos perguntar: Quais são essas duas chaves? A resposta é que, tomando como base o poder que essas chaves representam, isto é, o poder de ligar e desligar, a igreja percebeu que uma dessas chaves é a pregação do santo evangelho, e a outra chave é a disciplina eclesiástica.

Observem que no dia-a-dia uma chave é um instrumento que serve para abrir e fechar portas. Então as chaves do reino servem para abrir e fechar os portões do reino dos céus. Se os portões do reino são abertos, então uma pessoa pode entrar. Mas, se os portões do reino são fechados, então é impossível que uma pessoa entre no reino de Deus. Portanto, utilizar as chaves do reino dos céus é uma grande responsabilidade.

Podemos ver o uso dessas chaves ao observamos o trabalho dos apóstolos de Jesus Cristo. Por exemplo, o apóstolo Pedro usou uma dessas chaves quando ele pregou o seu grande sermão no dia de pentecostes. Naquele dia, Pedro explicou o que tinha acontecido durante o derramamento do Espírito Santo, e pregou claramente o nome do Senhor Jesus Cristo, exortando as pessoas a se arrependerem dos seus pecados. A Bíblia mostra que naquele dia quase três mil pessoas que ouviram a pregação do evangelho entraram no reino dos céus.

Nós podemos também observar o uso da segunda chave, a disciplina eclesiástica, na primeira carta de Paulo aos coríntios. No capítulo 5, Paulo claramente determina a excomunhão de um membro da igreja que vivia em pecado e que não queria se arrepender. Neste capítulo, nós encontramos as seguintes palavras do apóstolo Paulo:

Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja, em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor, entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus.

Esta sentença de excomunhão deveria ser executada pela igreja de Corinto, pois mais à frente Paulo acrescentou: “Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor”. Aqui temos um bom exemplo do uso da segunda chave do reino. Observem que as palavras de Paulo exemplificam claramente o sentido de ligar e desligar, ou de reter e perdoar pecados.

E esse mesmo poder das chaves está com as verdadeiras igrejas de Cristo dos nossos dias. Todas as vezes que um ministro da Palavra, que também é um presbítero, prega o evangelho, então os portões do reino dos céus se abrem ou se fecham diante dos pecadores. Se alguém se arrepende, os portões se abrem para ele. Mas se esse alguém não se arrepende, os portões se fecham diante dele. E, do mesmo modo, toda vez que o colégio de presbíteros faz uso da disciplina eclesiástica, novamente nós temos os portões do reino dos céus se abrindo ou se fechando diante dos pecadores.

Outro exemplo do uso das chaves do reino dos céus dentro da igreja é quando ouvimos a Forma para Celebração da Santa Ceia. Na Forma da Santa Ceia constam as seguintes palavras:

Deus certamente recebe à mesa do seu Filho, Jesus Cristo, todos os que têm esta intenção. Declaramos a eles, que Deus os recebe em graça e lhes dá esta comida e bebida celestial apesar dos muitos pecados e fraquezas que lhes restam contra a sua vontade. Por outro lado, declaramos que aqueles que não têm esta intenção “comem e bebem juízo para si”. Por isso advertimos que eles se abstenham da mesa do Senhor. Nós declaramos aos que praticam pecados ofensivos que não têm parte no reino de Cristo se não se arrependerem. Ofensivos consideramos os seguintes pecados: Servir a ídolos ou invocar santos falecidos; prestar homenagem a imagens; dar crença a feitiçaria ou bruxaria; desprezar a Deus, a sua Palavra e aos santos Sacramentos; brigar; ser desobediente a seus pais e superiores; viver em ódio e inveja; adulterar, embriagar-se, roubar, em geral viver uma vida dominada por pecados contra Deus e os homens. Todos os que permanecem em tais pecados, devem abster-se desta comida, que Jesus Cristo ordenou somente para seus fiéis, para não aumentarem seu juízo e condenação.

Estas palavras são, ao mesmo tempo, um convite e uma advertência para aqueles que se aproximam da Mesa do Senhor. Se alguém fez o autoexame proposto pelo apóstolo Paulo de um modo sincero, então essa pessoa pode participar da Santa Ceia. Pois os portões do reino dos céus foram abertos diante de si. Entretanto, se uma pessoa continua presa a uma vida de pecado sem arrependimento, então a Santa Ceia está fechada para essa pessoa. Os presbíteros são responsáveis pela preservação da aliança da salvação. Eles não vão servir o pão e o vinho para uma pessoa que vive em pecado. Quando os presbíteros fazem isso, eles estão usando o poder das chaves do reino dos céus que Cristo deu a sua igreja.

Irmãos, exercer o poder das chaves é uma coisa muito séria. Jesus disse que tudo aquilo que ligarmos ou desligarmos aqui na terra também será ligado ou desligado nos céus. Isto significa que o poder das chaves, que é executado pelos presbíteros, é confirmado pelo Senhor Jesus Cristo lá nos céus.

Portanto, irmãos, oremos para que os nossos presbíteros usem essas chaves com grande sabedoria, humildade e fidelidade ao Senhor. Oremos para que os portões do reino dos céus sejam abertos para muitas pessoas por meio da pregação do evangelho e da disciplina eclesiástica. Oremos para que muitas pessoas se arrependam de seus pecados, ao se depararem com os portões fechados diante de seus olhos. Que eles roguem a Deus por arrependimento. Que eles peçam a Jesus Cristo por sua salvação. E que eles orem ao Senhor para que os portões do reino de Deus sejam novamente abertos diante deles.

Que o SENHOR nos abençoe.

Amém.

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  • Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.

Dia do Senhor 30 [Sermão 01]
Por Laylton Coelho -17/09/20200299
Novo Testamento – ovelhas
Sermão preparado pelo pastor Laylton Coelho
Leituras: 1ª Coríntios 5.9-11; 1ª Coríntios 11.17-22; 1ª Coríntios 11.27-30.
Texto: Dia do Senhor 30

Amados irmãos no Senhor,

Eu acredito que todos vocês já saibam que nem todo mundo que visita a nossa igreja pode participar da Santa Ceia. Normalmente, quem pode participar da Santa Ceia nesta igreja são os nossos membros comungantes, e os membros comungantes das demais igrejas da nossa confederação. Porém, é necessário que aqueles irmãos que vem de outros lugares tragam junto consigo uma carta de testemunho do conselho da sua igreja, ou que os seus presbíteros entrem em contato conosco por um outro meio de comunicação. Essa a prática das Igrejas Reformadas do Brasil.

Infelizmente, muitas pessoas de outras igrejas evangélicas ficam indignadas por causa disso. Elas se sentem rejeitadas e começam a questionar o nosso cristianismo. Elas acham que, quando nós impedimos a participação de algumas pessoas na Santa Ceia, nós estamos nos comportando de um modo sectário e exclusivista. Entretanto, essa tem sido a prática das igrejas reformadas espalhadas pelo mundo inteiro. É verdade que existem exceções. Porém, a prática mais comum dentro da história das igrejas reformadas tem sido essa. Assim sendo, uma vez que existem diferentes posições dentro do cristianismo sobre quem deve ou quem não deve participar da Santa Ceia, no sermão de hoje, nós veremos duas coisas:

  1. A responsabilidade dos membros na Santa Ceia
  2. A responsabilidade dos presbíteros na Santa Ceia

A responsabilidade dos membros na Santa Ceia

De fato, irmãos, existe sim um aspecto pessoal que envolve a nossa participação na Santa Ceia, pois em 1ª Coríntios 11.27-29 o apóstolo Paulo disse as seguintes palavras: “Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si”.

Esse texto é bem claro. Todo aquele que participar indignamente da Santa Ceia irá sofrer debaixo do juízo de Deus. Isso acontece porque a Santa Ceia não é uma refeição qualquer. Ela é uma refeição sagrada. É por isso que os participantes da Santa Ceia devem fazer um autoexame.

No que diz respeito à sua responsabilidade individual, cada membro da igreja deve avaliar a sua própria vida diante de Deus. É imprescindível que ele faça as seguintes perguntas para si mesmo: “Eu realmente reconheço que sou um vil pecador? Estou mesmo ciente do tamanho da ira de Deus? Será que eu verdadeiramente me arrependi dos meus pecados? Será que eu confio plenamente no sacrifício de Jesus Cristo para a minha salvação? Será que existe uma gratidão dentro do meu coração que me disponha a amar verdadeiramente a Deus e a meu próximo?”.
Irmãos, o autoexame é muito importante. Pois, mesmo que o conselho da igreja autorize um membro a participar da Santa Ceia, ainda assim é preciso que o próprio comungante faça uso da sua consciência para não tomar a Santa Ceia de um modo indigno. Ele deve se lembrar do que a Santa Ceia significa. Ele deve olhar para ela como algo muito sagrado. Ele deve discernir o corpo de Cristo na Santa Ceia. Como assim? O que significa discernir o corpo de Cristo?

O cristão precisa enxergar a ligação espiritual que existe entre o sacramento da Santa Ceia com o próprio corpo de Cristo. Ele precisa ver que a Ceia do Senhor anuncia a morte de Cristo, que naquela mesa está havendo uma representação simbólica daquilo que aconteceu na cruz do calvário. O cristão também precisa enxergar que o corpo de Cristo, ali representado pelo pão, está servindo de selo de garantia da promessa evangélica que diz que o corpo do Senhor foi entregue para a salvação dos filhos de Deus. E, por último, o cristão precisa enxergar o corpo de Cristo que está sendo entregue espiritualmente no momento em que ele participa do pão.

Portanto, se alguém não faz o autoexame, se alguém não consegue enxergar o corpo de Cristo sendo anunciado, sendo assegurado e sendo dado espiritualmente na Ceia do Senhor, então esse alguém não pode participar daquela refeição sagrada. Participar da Santa Ceia sem ter o entendimento correto é profanar o corpo e o sangue de Cristo. E é por causa da falta desse tipo de discernimento que as criancinhas da nossa igreja não podem participam da Santa Ceia. As criancinhas ainda não discernem – elas não enxergam – o corpo de Cristo espiritualmente presente na Santa Ceia.

O que acontece é que, quando nós impedimos a participação das criancinhas na Santa Ceia, muitos cristãos concordarão conosco. Porém, quando nós falamos que eles também não podem participar, então eles ficam profundamente indignados com a nossa igreja. Eles dizem assim: “A Santa Ceia não é de Cristo? Ela não pertence a todos os cristãos? Quem vocês pensam que são? Vocês se acham melhores do que nós? Isso é sectarismo! isso é exclusivismo! Não foi o próprio apóstolo Paulo quem mandou que nós nos examinássemos a nós mesmos?”.

Essas palavras parecem bastante piedosas. Mas essa forma de pensar está errada. Essas pessoas estão olhando somente para um lado da moeda. Existe sim um elemento de responsabilidade individual na Santa Ceia, mas também existe um aspecto que envolve a liderança da igreja. E é aqui que entra a responsabilidade dos presbíteros.

A responsabilidade dos presbíteros na Santa Ceia

Vamos ler o que está escrito nas perguntas 81 e 82 do nosso catecismo. Vocês acham que esse ensinamento está errado? O que está escrito aqui tem a aprovação de Deus? Ou será que as igrejas reformadas estão exagerando as coisas? Essas perguntas são realmente importantes, pois, se estivermos errados, nós estaremos impedindo a plena participação das pessoas num sacramento que Cristo deu a todos os cristãos. Portanto, nós devemos investigar quais são as bases bíblicas do zelo das nossas igrejas em relação à participação de outras pessoas na Ceia do Senhor.
Inicialmente, é bom lembrarmos daquilo que já ouvimos nesse sermão. Ou seja, que a Santa Ceia é uma refeição sagrada e que ela pertence ao nosso Senhor Jesus Cristo. Desta forma, cabe a nós sermos zelosos para com as coisas santas, para com aquilo que pertence ao Senhor. Isso significa que nós não temos o direito de fazer uso da Santa Ceia de um modo indiscriminado. Ou seja, nós não devemos servir a Santa Ceia para todos aqueles que visitam a nossa igreja. A razão para isso é que os nossos presbíteros não conhecem a fé e nem conduta daquelas pessoas que vêm até nós.

Nós sabemos que um verdadeiro cristão pode muito bem visitar a nossa igreja. Porém, também estamos cientes de que podemos receber a visita de alguém que apenas confessa a fé cristã, mas que continua a viver na prática do pecado. Então, como os presbíteros podem saber disso? Como eles podem avaliar a fé e a conduta de alguém que eles não conhecem? Os nossos presbíteros não são os pastores daquela pessoa. Eles não visitam e nem acompanham a vida daquele visitante. Assim sendo, existe bastante prudência da parte dos nossos presbíteros quando eles não permitem que todos aqueles que nos visitam também participem da Ceia do Senhor.

Os presbíteros sabem que na mesa da Santa Ceia estão sinais e selos sagrados que Jesus Cristo deu ao seu povo. Quem violar aqueles sinais e selos deve pagar por seu erro: “Pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si”. Assim sendo, seria uma grande irresponsabilidade dos presbíteros que eles permitissem que qualquer pessoa participasse do corpo e do sangue de Cristo ali representados. Será que Jesus Cristo ficaria satisfeito em ver pessoas comendo do pão que representa o seu corpo, e bebendo do vinho que representa o seu sangue, quando essas mesmas pessoas vivem na prática do pecado?

Vocês já sabem a resposta. É claro que não! Então cabe aos presbíteros impedir que pessoas desconhecidas, que pessoas que não creem no verdadeiro evangelho, que pessoas que estão em processo de disciplina em suas igrejas, ou pessoas que não sabem o que estão fazendo na Santa Ceia, venham a profanar a mesa do nosso Senhor. O apóstolo Paulo falou das consequências que cairão sobre a cabeça daqueles que profanam a Santa Ceia. Veja o que está escrito em 1ª Coríntios 11.30: “Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem”.

E devemos lembrar de que essas consequências não atingem somente o participante de um modo individual. Essas consequências igualmente atingem toda a igreja. Sendo assim, haveria uma grande insensatez da parte dos presbíteros se eles permitissem que uma pessoa indigna tocasse nos elementos sagrados que foram separados para servir de sinal e selo das promessas do evangelho. Os presbíteros devem proteger o rebanho de Cristo. Eles devem ter cuidado para que a ira do Senhor não caia sobre a nossa igreja.

Os presbíteros não podem de modo algum ser coniventes com os pecados dos outros. Se alguém é irresponsável para se atrever a comer das coisas santas, sem estar digno para isso, então que faça isso em outro lugar. Não aqui. Aqui os presbíteros são zelosos para com os sinais do pão e do vinho. Eles sabem que não podem comer juntos com aquele que se diz cristão, mas que vive uma vida de pecado.
Não é isso que Paulo nos ensina em 1ª Coríntios 5.9-11? Prestem atenção no versículo 11: “… não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais”. Ora, meus irmãos, se não devemos partilhar o nosso feijão e arroz com uma pessoa que se diz cristã e que vive como um ímpio, então imagine partilharmos com ele a Santa Ceia do Senhor? Isso seria um pecado terrível!

Além disso, não existe necessidade alguma de que um cristão de outra igreja insista em participar da Santa Ceia em nossa igreja, quando ele já vem participando da Santa Ceia na sua própria igreja. Se alguém é um verdadeiro cristão, se ele está em paz com Deus, se ele está em plena comunhão com os seus irmãos, então ele já está tomando a Santa Ceia na sua igreja. Ele não deve insistir que os nossos presbíteros joguem fora o zelo que eles têm pela Ceia do Senhor somente para satisfazer o seu desejo pessoal.

Queridos irmãos, por mais que nós respeitemos os outros cristãos, a nossa principal responsabilidade é com os irmãos dessa igreja. Vocês são as ovelhas que Jesus Cristo nos entregou para pastorearmos. Os nossos presbíteros foram chamados para cuidar e para alimentar o rebanho que Cristo confiou a eles. Vocês é que são supervisionados por eles. Eles conhecem vocês. Eles cuidam de vocês. Eles sabem quem de vocês pode ou não participar da Santa Ceia. E isso deve ser respeitado!

Lembrem-se de que os presbíteros não impedem somente os visitantes que são desconhecidos, ou aqueles visitantes que vem daquelas igrejas que possuem uma fé completamente diferente da nossa. Os presbíteros também impedem que as nossas criancinhas também participem da Ceia do Senhor. Eles igualmente impedem aqueles do nosso meio que estão disciplinados. Eles também não permitem que membros que vem de outras igrejas reformadas tomem a Santa Ceia sem um testemunho do seu conselho, por meio de carta ou outro meio de comunicação.

Há outro aspecto que também precisa ser considerado por nós: Não é correto que alguém que não tem comunhão conosco na mesma fé venha a participar da nossa comunhão na mesa do Senhor. Pensem bem: Como é que alguém que não crê como nós cremos, que não confia no evangelho que nós pregamos, que não acredita nas mesmas doutrinas que nós cremos, que fica zombando da nossa fé, que não aceita o fato de que Cristo está sendo realmente dado espiritualmente na Santa Ceia, poderia comungar conosco na mesa do Senhor? Isso seria uma verdadeira incoerência.

Meus irmãos, quem quer participar conosco da nossa Santa Ceia deve ser uma pessoa que também abraça a mesma fé que nós abraçamos. Ou seja, a comunhão na Santa Ceia deve ser uma comunhão plena: Todos que participam dela devem ter um só Senhor e uma só fé.

Que o SENHOR nos abençoe.
Amém.

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Laylton Coelho

É Bacharel em Direito pela UEPB, e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico Congregacional de Campina Grande-PB (STEC). Serviu inicialmente como ministro da Palavra na Igreja Batista durante cinco anos na Paraíba. Foi pastor na Igreja Reformada do Brasil em Esperança-PB, e atualmente é ministro da Palavra na Igreja Reformada do Brasil no IPSEP (Recife-PE). 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.