Dia do Senhor 33

Leitura: Colossenses 03.01 – 04.01
Texto: Dia do Senhor 33

Amados em nosso Senhor,

Eu estou morrendo.

Eu estou morrendo, e isto é uma boa notícia! É uma boa notícia, pois, na medida que estou morrendo, estou sendo vivificado.

Parece contra-senso! Mas, é um paradoxo que Deus nos revela na Sua palavra. Um paradoxo é algo que parece contra-senso, contraditória. A Bíblia muitas vezes nos enfrenta com ensinamentos que, para nós, parecem paradoxais.

Por exemplo: Jésus é 100% homem. Mas, ao mesmo tempo, Ele é 100% Deus. Parece uma contradição, porém, a Bíblia nos ensina assim, e então nós cremos assim.

Um outro exemplo: Deus é 100% soberano na salvação! Mas, ao mesmo tempo, o homem é 100% responsável perante Deus. Parece uma contradição, porém, a Bíblia nos ensina assim, e então nós cremos assim.

Da mesma forma a Bíblia nos ensina o paradoxo que, para viver, devemos morrer. Jesus falou em Marcos 8:35, “Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á.”

Este processo de ganhar a vida por meio de perdê-la, a Bíblia chama a conversão. E, a Bíblia ensina que sem a verdadeira conversão, ninguém pode ser salvo. Agora, como podemos experimentar a verdadeira conversão? A Bíblia nos ensina que somente é possível em Cristo. Quando creio em Cristo, acontece uma profunda mudança em mim. Eu morro com Cristo, e com Cristo sou ressuscitado para uma nova vida. Eu vos proclamo as boas novas de Jesus Cristo:

Tema: Deus nos chama a uma vida de verdadeira conversão

Veremos dois aspectos desta vida de verdadeira conversão:

  1. Em primeiro lugar, é a morte do velho homem
  2. Em segundo lugar, é o nascimento do novo homem
  3. Em primeiro lugar, então, a verdadeira conversão significa a morte do velho homem

Não há dúvida nenhuma sobre o que a Bíblia nos ensina: no momento que cremos no Senhor Jesus Cristo, fazemos parte dEle pela fé, e participamos plenamente na sua morte e resurreição. Em outras palavras, quando eu creio em Jesus, isto significa que eu morri com Ele na cruz. Paulo fala isto em Gálatas 2:19, “Estou crucificado com Cristo”. Ele fala ainda mais claramente em Romanos 6.6, “Foi crucificado com Ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado.”

O batismo é um sinal de Deus, que nós participamos na morte de Cristo. Paulo fala em Colossenses 2:12 que temos “sido sepultados, juntamente com ele, no batismo”. Então, ele continua falando no verso 20, dizendo que morremos com Cristo. No capítulo 3, verso 3, ele de novo nos declara: “Morrestes!”.

Então, para recapitular (resumir): no momento que cremos no Senhor Jesus Cristo, somos unidos com Ele pela fé, e participamos na Sua morte na cruz. Significa que nossa velha natureza morreu com Ele na cruz, e nos ressuscitamos com Ele para uma vida nova.

Com base neste ensino Bíblico, é muito facil pensar da seguinte forma: Eu creio em Jesus. Então, morri na cruz com Ele, e sou nEle uma nova criação. Então, com certeza, se sou verdadeiro crente, não vou mais pecar. É assim que muitas seitas ensinam.

Mas pare um momento. Se chegamos à conclusão que crer no Senhor Jesus Cristo significa ter uma vida perfeita, sem pecado, estamos chegando a uma conclusão precipitada e errada. Estamos fechando as nossas Bíblias precipitadamente.

Prestem atenção no capítulo 3 de Colossenses. Já ouvimos como Paulo neste capítulo, e no capítulo anterior, nos ensina que morremos em Cristo. No início do capítulo 3 (verso 1), Paulo se dirige aos crentes, dizendo que fomos ressuscitados juntamente com Cristo. No verso 4, ele diz que “Cristo é a nossa vida”. Ele assegura os seus leitores que, quando Cristo se manifestar, “então, vós também sereis manifestados com ele, em glória.”

Então, não há dúvida que Paulo está falando aos crentes: a pessoas que foram crucificados com Cristo, pessoas que têm sido ressuscitados com Cristo, pessoas que vão para a glória. Verdadeiros crentes!

Agora, o que ele vai falar àqueles verdadeiros crentes? Verso 5: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria.”

Como podemos fazer morrer a nossa natureza terrena, se a nossa velha natureza já foi crucificado com Cristo? É simples, irmãos. No verso 5 em diante, Paulo está chamando os verdadeiros crentes a aplicarem em suas vidas as realidades da sua salvação. Paulo reconhece que a profunda mudança que se chama “a verdadeira conversão” não começa e termina com um simples ato de levantar a mão ou ir para a frente da igreja para aceitar Jesus. Paulo entende e ensina, no Espírito Santo, que a verdadeira conversão é um processo, um caminho, um estilo de vida.

Podemos pensar num caminho. Estamos andando naquele caminho, andando em nossos delitos e pecados. Estamos caminhando para a morte e a destruição eterna. De repente, pela graça de Deus, recebemos o dom da verdadeira fé. Enxergamos pela primeira vez o nosso grande perigo; percebemos que estamos indo para a morte. Então, pela graça de Deus, acontece uma mudança profunda em nossas vidas. Deus nos pega, e nos converte. Quer dizer, Ele nos faz executar uma meia-volta. Agora, viramos as costas à destruição, morte, e o caminho de pecado. Agora, temos em nossa frente um novo destino: a vida eterna com Deus. É uma mudança radical. Fomos traslados da morte para a vida! Pela fé no Senhor Jesus Cristo, morremos para o pecado; pela fé em Cristo, fomos ressuscitados para uma nova vida. Tudo isto é real e verdade quando Deus nos faz executar aquela meia-volta. Agora, temos um novo destino: a glória.

Mas será que aquela meia-volta nos leva diretamente para o nosso novo destino? Será que apenas virar as costas ao pecado e a morte, significa que logo chegamos na cidade celestial? Não, irmãos. Estamos aindo no caminho. Temos agora a orientação certa. Temos agora o destino certo. Mas, agora precisamos aplicar a nova realidade da nossa vida no Senhor Jesus. Agora precisamos prosseguir. Precisamos andar, passo por passo. Com a cada passo, nós nos afastamos dos pecados que antigamente andavamos neles. Com a cada passo, nós nos aproximamos da perfeita obediênca que Deus requer de nós.

A Bíblia ensina que não é sempre fácil. Paulo, depois de ter falado sobre “morrer com Cristo” no capítulo 6 de Romanos, continua no capítulo 7 dizendo que a vida cristã era para ele uma luta difícil. “Faço o que não quero, e o que quero fazer, não consigo!” ele diz. Não é fácil, nem é automatico. Portanto, a Bíblia contêm muitas exortações, que devemos lutar e nos esforçar para manifestar em nossas vidas a realidade da nossa conversão em Cristo.

É isto que Paulo nos diz nos versos 5 até 8 do capítulo 3 de Colossenses. Ele exorta pessoas convertidas a prosseguirem em sua conversão. A conversão tem um início radical: mas tem que dar prosseguimento! Antes, andavam naqueles pecados! Mas agora, vocês tem feito uma meia-volta! Portanto, afastam-se de tais coisas!

Você quer saber se você é convertido? Quer saber se você é uma nova criação? Será que uma vida impecável, uma vida perfeita, é a prova que alguém está em Cristo?

De forma alguma. O apostolo João, escrevendo à Igreja—escrevendo a crentes, diz o seguinte: (1 João 1:8) “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.” Ninguém consegue viver uma vida sem pecado, antes da volta de Jesus Cristo.

Então, o que será a marca de um verdadeiro crente? Vamos abrir a nossa Confissão de Fé, que nos dá um lindo resumo do ensino Bíblico sobre este assunto.

Artigo 29 da Confissão Belga (no terceiro parágrafo) diz o seguinte: “Aqueles que pertencem à igreja podem ser conhecidos pelas marcas dos cristãos, a saber: pela fé e pelo fato de que eles, tendo recebido Jesus Cristo como único Salvador, fogem do pecado e seguem a justiça, amando Deus e seu próximo, não se desviando para a direita nem para a esquerda e crucificando a carne com as obras dela. Isso não quer dizer, porém, que eles não têm ainda grande fraqueza, mas pelo Espírto a combatem em todos os dias de sua vida, e sempre recorrem ao sangue, à morte, ao sofrimento e à obediência do Senhor Jesus. Nele eles têm a remissão dos pecados pela fé.”

Você pode reconhecer você mesmo nessa descrição? Deus nos chama a uma vida que tem virado as costas ao pecado. Deus nos chama a odiar e evitar a cada vez mais o pecado. Se somos realmente convertidos, queremos, a cada dia mais, matar a nossa velha natureza. Prosituição, impureza, paixão lasciva—ficam menos e menos atraentes para nós. Ficamos mais e mais tristes com as coisas que antes gozavamos tanto. Até o desejo maligno começa a diminuir. A avareza (a cobiça), quer dizer, o desejo de ter o que não devemos ter, também começamos a odiar mais e mais.

A morte do nosso velho homem não somente se manifesta nas coisas públicas e na santidade externa. Também nossas atitudes, pensamentos, e até as palavras que saem da nossa boca começam a mudar. Antes, nós nos entregavamos à ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena, e mentira. Agora, nós temos um forte desejo de acabar com todas aquelas atitudes imundas.

Isto é a diferença entre o ímpio e o convertido. O ímpio goza dos seus pecados. O convertido sente uma profunda tristeza por causa dos pecados e a vontade de odiá-los e evitá-los cada vez mais. Aquela tristeza o leva sempre a correr para o Cristo, correr para a cruz, para achar perdão e renovação.

Mas será que a vida Cristã é uma vida somente de tristeza e de luta contra o pecado? Não, irmãos. Pois, uma vez que Deus me faz executar uma meia-volta, eu começo andar passo por passo, me afastando mais e mais do pecado. Mas, a cada passo que me afasta do pecado, au mesmo tempo é um passo no caminho da obediência e gratidão. É um passo que me aproxima mais e mais de Deus.

  1. É isto que veremos em segundo lugar: Deus nos chama a uma vida de verdadeira conversão, que se manifesta no nascimento do novo homem

Da mesma forma que o velho homem não morre de uma vez só, assim a nossa nova natureza não nasce já adulto e madura. Paulo fala nos versículos 9 e 10 de Colossenses 3 que devemos nos despedir do velho homem como tiraramos roupas sujas. Devemos nos revestir com o novo homem, como colocamos roupas novas e limpas. Agora, ele diz que o novo homem (v.10) “se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou.” Literalmente, ele diz que o novo homem está se refazendo. Em outras palavras, o nascimento do novo homem é um processo.

Quando Deus está renovando as nossas vidas, isto nos deixa com uma profunda e sincera alegria em Deus, por Cristo. Só queremos nos alegrar nEle. As coisas do mundo se tornam menos e menos atrativas para nós, e a cada dia mais, fazer a vontade de Deus se torna mais alegria para nós.

Antes, gozavamos do pecado. Agora, gozamos de fazar a vontade de Deus em todas as boas obras. Porém, isto não vai por se mesmo. Não podemos esperar que iremos crescer em santidade, que iremos crescer na alegria da nossa nova vida, se ainda estamos nos entregando aos nossos antigos desejos. Não é possível prosseguir no caminho na direção certa, se estamos sempre olhando para trás, enchendo os nossos olhos e as nossas mentes com as atrações do mundo. Se você está enchendo os seus olhos, os seus ouvidos, e a sua mente com as coisas banais e perversas que passam na televisão, no rádio, nas revistas, nos filmes no cinéma ou nas fitas da locadora—o que o mundo chama entretenimento—se você está enchendo a sua mente com tais coisas, não fique surpreso quando você está dando 2 passos para trás por cada 1 passo para frente em sua vida espiritual. Se você está dando ouvido às palavras sedutoras das propogandas comerciais, que nos mandam comprar, comprar, comprar—qualquer coisa que queremos no memso instante que o desejo entra no coração—comprar mesmo se não temos condições; se você está dando ouvido a este falso evangelho de “satisfazer seus desejos logo, e curtir a vida”, você não deve ficar surpeso com a falta de alegria em sua vida. De fato, você deve se perguntar se você tem mesmo experimentado o ínicio da conversão. Será que você ainda está voltado para a direção errada na vida? Ninguém que continua andando conforme o mundo pode ser chamado filho de Deus.

Mas, quando nos alegramos no Senhor Jesus Cristo, não queremos mais viver conforme o padrão do mundo. O que o mundo acha tão importante, se torna bobagem para nós. Começamos a nos alegrar somente na vontade de Deus. Em lugar de gozar de pecados, começams a gozar de boas obras.

O nascimento do novo homem não é apenas uma santidade externa por causa de parar de praticar uma lista de pecados públicos. A nova vida é definida somente por um padrão: isto é, a Lei de Deus.

Podemos talvez pensar que estamos glorificando Deus quando fazemos “boas obras” conforme uma lista de regras inventada pela igreja ou pelo pastor. Quando seguimos regras humanas, podemos pensar que somos muito santos, mas de fato, estamos nos esforçando em vão. Jesus diz (Mateus 15:8-9), “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.”

Deus não nos chama a uma falsa novidade de vida. Ele nos chama a uma vida de verdadeira conversão. Uma vida verdadeiramente nova é possível somente quando, pelo poder do Espírito, andamos conforme a Lei de Deus.

Muitos—até muitos que se dizem evangélicos hoje—ficam apavorados quando ouvem que devemos andar conforme a Lei de Deus. Acham que a Lei de Deus é algo negativo; algo que só traz proibições, algo que é mais para o descrente do que para o crente.

De fato, a Lei é um terror para aqueles que estão andando no caminho para a morte. É como na BR: no verso de muitas placas, tem uma outra sinalização voltado para o lado errado que diz: “Sentido proibido”. Isso para as pessoas que, por engano, tem entrado no lado contra-mão. Igualmente, com certeza a Lei é algo muito pesado para aqueles que não estão em Cristo. A cada mandamento é como uma placa de sinalização que diz: “Sentido proibido! Contra mão! Entrada proibida!”

Mas o verdadeiro filho de Deus se deleita na Lei de Deus. Ele pode dizer com Davi (Salmo 119:97), “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” Por que podemos amar a Lei de Deus? Pois, quando Deus nos faz executar aquela meia-volta, de repente percebemos que estavamos somente vendo o lado posterior, o verso, daquelas placas no caminho. Quando Deus nos converte, de repente percebemos que a Lei é de fato uma sinalização que nos aponta o caminho para a vida! A Bíblia diz que sem santidade, ninguém verá o Senhor. A cada passo que tomamos, nós aprendemos mais profundamente como a Lei de Deus nos ensina o caminho para aquela santidade.

O que é a verdadeira conversão do homem? É a morte do velho homem, e o nascimento do novo homem. Nos domingos que vêm, veremos que a Lei de Deus nos ajuda, tanto a reconhecer e odiar os nossos pecados, quanto a crescer a cada dia mais numa vida de alegria e gratidão. Vamos aprender como a Lei nos orienta em todos os aspectos da nossa nova vida: pensamento, atitudes, palavras, atos, casamentos, criação de filhos, obediência às autoridades, fidelidade financeiro e no emprego—a Lei nos aponta o caminho certo na vida inteira.

Vamos nos alegrar na Lei de Deus, para que a cada dia mais nossa velha natureza possa morrer, e que, mais que morremos, possamos crescer em novidade da vida. E lembremos: o caminho tem um fim. Um dia, vamos chegar em nosso destino. Um dia vamos entrar na presença de Jesus. NEle seremos perfeitamente santos, para sempre.

Amém.

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Kenneth Wieske

Pr. Kenneth Wieske é ministro da Palavra e dos Sacramentos das Igrejas Reformadas Canadenses. Tendo servido como missionários por mais de 15 anos nas Igrejas Reformadas do Brasil.

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.