Jonas 01.03

Leitura: Salmo 139
Texto: Jonas 01.03

Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo e caros ouvintes,
Quem é Deus para você? O que você sabe sobre Ele? Você o conhece? O próprio Deus se revelou a nós na sua palavra. Na Bíblia, aprendemos verdades preciosas sobre a Pessoa e a obra de Deus. Olhe, por exemplo, o Salmo 139. Este salmo foi escrito por Davi que conhecia muito bem o Senhor. O que Davi conhecia sobre Deus? Que Deus é o Criador que o fez de forma maravilhosa (vs.14-16); que Deus é soberano no governo da nossa vida (vs.16b); que Deus é Santo e aborrece o mal (vss.19-24); que Deus é Onisciente, pois conhece todas as coisas (vss.1-4); que Deus é Onipresente, ou seja, está em todo lugar (vss.5-12). Esse conhecimento que Davi tinha do Senhor não era um conhecimento seco e intelectual, mas um conhecimento prático que o levou a uma atitude de temor (1,7), adoração (6,17), gratidão (14), santidade (19-22) e obediência (23,24) diante de Deus.

Jonas, assim como Davi e todos os judeus do AT conheciam o SENHOR. Jonas foi instruído desde a infância na palavra de Deus por seu pai Amitai. Ele conhecia a verdade sobre Deus e chegou até a se tornar um profeta em Israel. Ele conhecia o Salmo 139 e por isso sabia que Deus é onisciente, onipresente, soberano e que, por causa disso, ninguém pode fugir da sua presença ou resistir ao seu propósito. Mas o que Jonas fez ao receber a ordem do Senhor de ir pregar em Nínive? Ele não revelou nenhum temor a Deus nem a disposição de obedecer à sua ordem. Pelo contrário, “Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do SENHOR para Társis; e, tendo descido a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou sua passagem e embarcou nele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do SENHOR” (Jn.1.3)
JONAS FOGE DA PRESENÇA DO SENHOR
Jonas reagiu com desobediência à ordem do Senhor para pregar em Nínive. Ele pegou um navio para Társis, na direção totalmente contrária à de Nínive. Ele partiu para outro lugar. Ele seguiu na contramão da vontade de Deus. Ele tentou fugir da presença do Senhor e do chamado do Senhor para ele que era pregar em Nínive. O que levou Jonas a agir dessa forma? Por que ele não quer pregar em Nínive de jeito nenhum? Qual a razão da fuga de Jonas?

Em primeiro lugar, Jonas foge para não pregar em Nínive porque ele conhecia os ninivitas. Nínive era capital da Assíria e os assírios eram inimigos declarados de Israel e de outras nações. Jonas recebe uma mensagem de juízo contra Nínive, mas ele sabia que se os ninivitas se arrependessem, Deus suspenderia o castigo. Segundo Jonas, se Deus poupasse os ninivitas do castigo que ele ia anunciar, estes poderiam mais tarde se revoltar contra Israel. Jonas teme que isso aconteça e, portanto, prefere fugir do Senhor a obedecer à sua ordem. Ele deseja a destruição dos seus inimigos porque teme pela proteção do seu próprio povo. Isso revela a sua falta de confiança em Deus, o Guarda de Israel que protege o seu povo. Isso também nos ensina que não devemos deixar de obedecer à ordem do Senhor temendo que algo de mal nos aconteça. Não cabe a nós temer o que o futuro nos reserva, mas sim confiar em Deus e fazer a sua vontade sempre, mesmo que venhamos a sofrer com isso. Afinal de contas, o Senhor cuida de nós sempre, tem prazer na nossa obediência e faz tudo cooperar para o nosso bem.

Jonas não quer pregar em Ninive, porque, além de ver os ninivitas como inimigos, ele os vê como gentios que não pertenciam ao povo escolhido. Para Jonas, a salvação vem do Senhor, mas não é para todos, apenas para o povo judeu. Somente Israel tinha direito às bênçãos do Senhor. Nenhuma outra nação tinha direito de desfrutar da salvação do Senhor, muito menos um povo tão perverso e imoral como os ninivitas. Para Jonas, eles deveriam ser castigados e destruídos por Deus, mas não perdoados. Infelizmente Jonas se esqueceu de que Deus deseja abençoar todas as famílias da terra em Abraão, de que Deus colocou Israel na terra como uma luz para os gentios e que o Senhor deseja que sua salvação seja conhecida e desfrutada por pessoas de todas as nações (Gn.12.3; Is.49.6; Sl.67.2).

Meus irmãos! Devemos estar contentes e gratos pela salvação que Deus nos deu em Cristo. Mas não devemos ser crentes egoístas e preocupados apenas com nossa salvação. Devemos voltar os nossos olhos com paixão para os ímpios, desejar a salvação deles e anunciar-lhes o caminho da vida que é Cristo. Você deseja a salvação do seu parente descrente, do seu vizinho ou colega de trabalho? Tem sido uma luz para eles que estão nas trevas? Tem aproveitado as oportunidades para falar do evangelho? Tem disposição para desejar e anunciar a salvação aos perdidos? A Bíblia diz que há júbilo no céu por um pecador que se arrepende. Que haja também essa mesma alegria em nossos corações quando vemos pecadores como nós se convertendo ao Senhor e se unindo à sua igreja.

Em segundo lugar, Jonas foge para não pregar em Nínive, porque ele conhecia o Senhor. Jonas sabia que Deus é santo e por isso castiga o pecado. A mensagem que ele recebeu de Deus foi de castigo para os ninivitas: “Clama contra Nínive, pois sua malícia subiu até mim”. Pode ser que Jonas tivesse logo se alegrado ao receber essa mensagem! “Que bom! Agora Deus vai destruir nossos inimigos”, ele deve ter pensado! Mas quando parou para refletir no caráter de Deus, ele se lembrou de que o Senhor não somente é o Deus zeloso que visita a iniquidade e não inocenta o culpado, mas também é o Deus longânimo, compassivo, tardio em se irar e rico em perdoar. Jonas ficou com medo de pregar em Nínive! Mas com medo de quê? Dos ninivitas perversos? Da ira de Deus? Nada disso! Por incrível que pareça, Jonas teve medo da misericórdia de Deus. Jonas sabe que Deus é misericordioso e pode poupar Nínive do castigo caso ela se arrependa. E isso é a última coisa que ele quer que aconteça. Por isso, Jonas vai para Társis, na Espanha, a cidade mais distante do mundo habitado da época, cuja viagem duraria quase um ano. Mas Jonas não está preocupado com isso. O que ele quer mesmo é não pregar em Nínive, é fugir da missão que Deus deu para ele, é fugir da presença do próprio Deus. A misericórdia de Deus pelos pecadores é o grande obstáculo para Jonas pregar a palavra em Nínive; tanto é que, dias mais tarde, quando ele pregou e os ninivitas se arrependeram, ele explicou a razão de sua fuga ao Senhor (ler Jn.4.2).

Jonas é um homem em fuga e em conflito com o Senhor. O nome “Jonas” significa “pomba”. A pomba é uma ave que foge e se esconde na hora do perigo (Sl.55.4,7). Nesse aspecto, a conduta de Jonas fez jus ao seu nome. Por outro lado, a pomba é símbolo de paz. E nesse sentido, Jonas, longe de ser um homem pacífico, é um homem que está em guerra com Deus, consigo mesmo e com as pessoas. Ele é um pregador que foge de Deus e deseja ver a morte e a destruição dos seus ouvintes e não a salvação deles. Meus irmãos! Somos profetas do Senhor! Embaixadores da paz! Mensageiros da reconciliação! É claro que temos de denunciar o pecado, apontar os erros! Mas, ao lado disso, temos de proclamar o amor de Deus em Cristo, anunciar que Deus é misericordioso, que ele não conserva para sempre a sua ira, mas estende o seu perdão a pecadores arrependidos! A misericórdia de Deus para com o pecador, longe de ser um obstáculo, é um encorajamento para anunciarmos ao mundo incrédulo a salvação do Senhor em Cristo Jesus (II Co.5.18-21).

Acontece, porém, que Jonas não estava nem um pouco animado com a misericórdia do Senhor em salvar pecadores. Ele desobedece ao Senhor e tenta fugir da sua presença para não pregar em Nínive. Nosso texto diz por duas vezes que Jonas foge para longe da presença do Senhor. Mas será que isso é possível? Podemos nos esconder de Deus? Será que Jonas obteve êxito nesse seu objetivo de fugir dos olhos do Senhor? O que podemos aprender com a reação desobediente de Jonas de tentar fugir da presença do SENHOR?

Em primeiro lugar, que a fuga de Jonas da presença de Deus é uma reação insensata. Ninguém pode fugir dos olhos de Deus, por mais que tente e deseje isso. É impossível. O que Jonas fez foi uma grande tolice. Jonas conhecia profundamente os salmos. Sua oração no ventre do peixe mostra isso, pois ele cita passagens dos salmos. Mas será que ele se esqueceu do Salmo 139 quando tentou fugir? Quem pode fugir da presença do Senhor? Esconder-se da sua face? Ausentar-se do Seu Espírito? Deus está nas profundezas e nos confins dos mares e de toda terra. Nem mesmo as trevas podem esconder nada dos seus olhos! Ele é o Deus onisciente e onipresente! Jonas sabe disso, mas a sua desobediência cegou os seus olhos e o fez achar que poderia fugir e se esconder dos olhos do Senhor! Que grande ilusão! Que tolice e insensatez do profeta do Senhor! Meus irmãos! Não é verdade que nós muitas vezes agimos do mesmo jeito? Desobedecemos ao Senhor e tentamos nos esconder de Deus. Achamos que podemos fugir dos olhos do Senhor e pecamos como se Deus não soubesse e nem estivesse vendo. Se você tenta fazer isso, saiba que está agindo com tolice, pois ninguém pode se esconder dos olhos do Senhor, os quais estão em toda parte, contemplando os maus e os bons para retribuir a cada um segundo as suas obras. Que Bom que o Nosso Deus é onisciente e onipresente! Isso nos motiva a temer o seu nome, fugir do pecado, não tentar se esconder dos seus olhos, mas pedir que ele sonde o nosso coração e nos guie pelo caminho eterno!

Em segundo lugar, a fuga de Jonas nos revela que ele busca seu próprio conforto em vez de obedecer à ordem de Deus. Era um sacrifício para Jonas pregar em Nínive, mas tinha de ser feito por causa do Senhor. Porém, Jonas foge do seu dever diante de Deus e tenta buscar uma vida de paz e conforto em Társis longe do Senhor. Társis era uma cidade próspera e distante de tudo e de todos! Ao dirigir-se para lá Jonas estava buscando uma vida tranquila e sem perturbação! Mas que ironia! Jonas busca um lugar de paz, mas não tem paz dentro de si mesmo! É um homem em conflito com o Senhor, em fuga e desobediência! Que contraste de Jonas com Moisés que abandonou o Egito e preferiu sofrer para cumprir a obra do Senhor. Às vezes o que Deus nos chama a fazer não é fácil, mas temos de negar a nós mesmos e seguir o Senhor. Ele sabe o que é melhor para nós! Sua vontade é boa, perfeita e agradável! É uma grande ilusão procurar o próprio conforto ao mesmo tempo em que desobedecemos a Deus. Não há alegria e nem paz numa vida longe do Senhor e de desobediência! Podemos até prosperar e ter conforto por um tempo, mas o final será de vergonha, tristeza e decepção. Jonas que o diga! Ele colheu problemas com sua desobediência! É bem melhor obedecer ao Senhor do que seguir nosso próprio caminho, pois o que pratica a sua palavra será feliz no que realizar, enquanto que os desobedientes irão de mal a pior.

Meus irmãos! É bem verdade que ninguém pode fugir dos olhos vivos do Senhor! Por outro lado, uma vida de desobediência nos leva para longe da presença de Deus, nos afasta da comunhão com Deus! Isaías disse que as nossas iniquidades fazem separação entre nós e o nosso Deus (Is. 59.2). Não é Deus quem se afasta do homem, mas é o homem quem se afasta de Deus. Ao desobedecer, Jonas estava se distanciando de Deus. O pecado roubou sua paz e alegria e lhe trouxe sofrimento. Jonas até comprou sua passagem e pegou o navio. Porém, ele não chega a Társis como planejava. Deus interveio na natureza com uma tempestade, fazendo Jonas descer às profundezas do mar e ao ventre do peixe, a fim de que ele se arrependa e volte a cumprir sua missão. Tentar fugir de Deus e caminhar na contramão da sua vontade é caminhar para o abismo, é colher uma vida de problemas, sofrimento e morte! Que Deus nos livre de tal atitude e nos dê consciência de sua presença em nossas vidas! E que Ele nos ajude a caminhar na direção que tem para nós, isto é, numa vida de obediência à sua boa vontade revelada a nós em sua palavra!

Meus irmãos! Ouvimos que Jonas foi chamado por Deus para pregar em Nínive, mas ele desobedeceu abertamente à ordem do Senhor. Ele não tinha nenhum interesse de levar o evangelho aos gentios. E por isso, tentou fugir da presença do SENHOR. Mas graças a Deus, houve um homem que agiu diferente de Jonas. Setecentos anos depois, Deus levantou mais um profeta no meio do seu povo para pregar sua palavra. Mas esse não era um profeta qualquer. Ele era maior do que Jonas e todos os profetas. Estou falando de Jesus, Nosso Supremo Profeta. Ao contrário de Jonas, Jesus pregou o evangelho não só aos judeus, mas também aos gentios. Ele enviou os seus discípulos a pregar em todas as nações (Mt. 28.18-20; Mc. 16.15; At.1.8). É interessante que na mesma cidade de Jope de onde Jonas fugiu para não pregar aos ninivitas, Cristo trouxe uma visão a Pedro e o enviou a pregar aos gentios (At.10). Jesus tinha compaixão das almas perdidas e desejava que os pecadores fossem alcançados pela misericórdia de Deus e salvos. Por isso, ele não só pregou e enviou os discípulos a pregar. Mas também cumpriu fielmente sua vocação. Ele não fugiu do seu chamado de sofrer e morrer na cruz, por mais difícil que fosse. Ele viveu em perfeita obediência diante dos olhos de Deus. E por causa disso, conquistou nossa salvação por sua morte. Ele morreu não somente pelas ovelhas perdidas da casa de Israel, mas também por todo aquele que crer nele de qualquer povo, raça ou nação. Por essa razão, clamamos a você pecador que se arrependa dos seus pecados e creia no Cristo crucificado a fim de que não pereça debaixo da ira de Deus, mas tenha a vida eterna.

Amém.

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Elissandro Rabêlo

Bacharel em Teologia pelo CETIRB – Centro de Estudos de Teologia das Igrejas Reformadas do Brasil (Atual Instituto João Calvino) (1999-2004). Fez Convalidação de Teologia na Universidade Mackenzie em São Paulo (2017). Ministro da Palavra e dos Sacramentos da Igreja Reformada do Grande Recife (PE), servindo como Missionário da Igreja Reformada em Fortaleza (CE).

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.