Jonas 1.1,2

Leitura: Jonas 1
Texto: Jonas 1.1,2

Amada igreja do Nosso Senhor Jesus Cristo e caros visitantes,

Todos nós conhecemos a história do profeta Jonas! As crianças conhecem a história daquele homem que tentou fugir de Deus, mas foi lançado no mar e engolido por um grande peixe! E depois de três dias foi vomitado na terra e enviado para pregar a palavra de Deus para a conversão de muitos pecadores! Mas de que trata exatamente o livro de Jonas? Qual sua mensagem principal? Qual o personagem central na história narrada neste livro?

Há duas verdades que temos de saber ao nos aproximar do livro de Jonas. Em primeiro lugar, esse livro tem como propósito nos ensinar sobre o real interesse de Deus na salvação de pecadores de todas as nações e não só dos judeus. É por isso que Deus manda o seu profeta Jonas pregar não para Israel, mas para o povo pagão e perverso da cidade de Nínive, a capital da Assíria. Aprendemos com esse ato de Deus que ele ama e deseja salvar pecadores de todas as nações. Deus é soberano e ele tem o direito de usar a sua misericórdia com quem quer que seja (Rm. 9.18; 11.32). Por isso, o evangelho de Cristo tem de ser pregado a todas as nações (Mt.28.19; Mc.16.15).

Em segundo lugar, temos de nos aproximar do livro de Jonas conscientes de que a personagem central do livro não é Jonas, mas o próprio Deus. Não é a desobediência de Jonas à ordem do Senhor que chama a atenção, mas o poder de Deus agindo na natureza, na história, no coração de Jonas e dos ninivitas para realizar seus planos. Todo o livro mostra os atos poderosos de Deus no único propósito de salvar os pecadores de Nínive. Quem mandou Jonas pregar naquela cidade? Quem apontou Jonas como culpado no navio? Quem ordenou o peixe a engolir Jonas e o preservou por três dias no seu ventre? Quem trouxe o seu profeta de volta para pregar em Nínive? Quem conduziu os ninivitas ao arrependimento? Foi Deus quem fez todas estas coisas. O livro mostra Deus agindo. O nosso texto também revela uma ação importante de Deus (1.1,2). Com base nesse texto, eu vos proclamo o evangelho no seguinte tema:

O SENHOR chama Jonas para pregar em Nínive

Quem era Jonas? Jonas era um profeta em Israel. Seu pai chamava-se Amitai e ele era um galileu da cidade de Gate-Hefer. Ele profetizou por volta do oitavo século antes de Cristo. Jonas amava muito o seu povo. Ele anunciou uma mensagem de prosperidade para Israel durante o reinado de Jeroboão II (II Rs. 14.25). A Bíblia não mostra Jonas trazendo uma mensagem de juízo para Israel. Mas isso não quer dizer que Deus tolerava o pecado do seu povo. Pois, logo depois de Jonas, Deus levantou Amós e Oséias para trazer uma mensagem de juízo para Israel devido à sua desobediência ao Senhor. Meus irmãos! Observem que o livro de Jonas não nos fala nada de sua atividade profética em Israel, mas já começa com uma ordem clara e direta do Senhor para ele ir pregar em Nínive. Nos versos 1 e 2 lemos: “Veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela porque a sua malícia subiu até mim”. Há quatro verdades importantes que aprendemos aqui sobre a vocação do Senhor a Jonas.

Em primeiro lugar, a vocação de Jonas é de origem divina. Note Deus agindo. Ele traz a sua palavra até Jonas e lhe dá uma vocação específica: pregar na cidade de Nínive, anunciar o juízo de Deus sobre aquela cidade perversa. “Veio a palavra do SENHOR… Dispõe-te, vai e clama…”. Não foi Jonas quem procurou a palavra do Senhor. Não foi Jonas quem decidiu por si mesmo se dispor e ir pregar em Nínive! Nada disso! Foi Deus quem revelou ao profeta sua palavra e o chamou e enviou a pregar em Nínive. Deus levanta homens para realizar sua obra de pregar o evangelho. Ninguém pode se levantar e pregar por si mesmo. Como pregarão se não forem enviados? É Cristo quem dá homens para servir no meio do seu povo (Ef. 4.11). Ele veio ao encontro de Paulo no caminho de Damasco, mudou sua vida e lhe deu o chamado de pregar sua palavra aos gentios (At.9.15).

Hoje Deus não chama homens por meio de revelações diretas como sonhos e visões, mas por meio da sua igreja que, em oração e sob a direção do Espírito Santo, chama e escolhe homens para assumir ofícios na igreja e trabalhar para a expansão do reino de Deus no mundo! Vemos nisso a graça e o poder de Deus! Ele usa homens fracos e limitados para realizar a sua obra! Estes devem ser fiéis em seu trabalho (I Co. 4.1,2). E quando Deus abençoa o seu trabalho, eles devem dar glória a Deus por isso (II Co. 4.7). Deus não precisa de nós, mas Ele quer nos usar apesar de nós! A origem do chamado para servir em sua igreja é dele e a glória pelas bênçãos alcançadas também é dele.

Em segundo lugar, a vocação do Senhor para Jonas é uma vocação inédita. É algo novo e estranho para ele. Jonas foi o único profeta do AT mandado por Deus para pregar a um povo pagão. Ele recebeu do SENHOR a missão de pregar na grande cidade de Nínive. Deus deu a Jonas uma tarefa incomum para ele. Ele profetizava em Israel, mas agora deveria sair de sua própria terra e viajar 1300 km para o oriente, a Nínive, a capital da Assíria, para pregar a um povo temido e odiado por todos os povos da época, devido à sua malícia e perversidade.

Será que essa tarefa de pregar a um povo gentio era algo agradável para Jonas fazer? Alegrou o seu coração pregar em Nínive? Nada disso! Jonas não quis obedecer a essa ordem do SENHOR. Não era uma coisa agradável para ele fazer, tanto que ele fugiu para Társis e não foi a Nínive. Jonas amava o seu povo, mas odiava os assírios. A Assíria era um povo inimigo de Israel e Jonas conhecia a crueldade daquela nação, principalmente da capital Nínive. Portanto, ele não tinha nenhum interesse de pregar aos ninivitas. Mas Deus o chamou para isso! Ele tinha de cumprir esse chamado inédito de Deus para ele. “Dispõe-te e vai”! Deus mostrou a Jonas a necessidade de ter disposição e fazer a obra do SENHOR levando a palavra de Deus aos ninivitas. Nossa situação pode ser diferente da situação de Jonas. Mas aprendemos aqui que, como cristãos, temos de estar dispostos a obedecer ao Senhor, realizar a obra que ele tem para nós. Você tem disposição de servir ao Senhor com alegria na vocação que ele te dá? Ou você desobedece ao Senhor e foge Dele deixando de assumir sua responsabilidade cristã? Você tem prazer em levar a palavra de Deus aos perdidos? Que Deus faça de nós profetas fiéis que confessam seu nome com atos e palavras diante dos ímpios!

Em terceiro lugar, a vocação do Senhor para Jonas é uma vocação urgente. Deus ordenou o seu profeta dizendo: “… Clama contra Nínive porque sua malícia subiu até mim”. Deus não só envia Jonas a Nínive, mas o envia com uma missão específica e urgente: clamar contra Nínive, denunciar seu pecado e anunciar o juízo de Deus. A maldade que acontecia em Nínive subiu até Deus. O Senhor conhecia os pecados dos ninivitas que só faziam aumentar. Esses pecados provocaram a ira de Deus! Algo tinha de ser feito urgente, pois Deus não tolera o mal, mas há de castigá-lo! Sendo assim, Deus tomou a iniciativa para fazer algo. Ele não suportava mais a maldade dos ninivitas e logo enviou Jonas para adverti-los (1.2). Nínive era uma cidade grande contando com os subúrbios que ficavam ao redor do seu muro. Era uma cidade rica e próspera, a capital do grande império assírio na época. Mas Nínive era conhecida mesmo por sua malícia. A Assíria era uma nação cruel e detestada por suas práticas desumanas. Pecados como opressão, tortura, crueldade aos inimigos, feitiçaria, violência, prostituição eram comuns e frequentes em Nínive. Deus não suportava mais tanta malícia. O pecado subiu até o SENHOR. Então, ele manda Jonas pregar contra Nínive.

O que podemos aprender dessa ação de Deus em mandar Jonas a essa missão urgente de pregar contra Nínive? Aprendemos três verdades importantes sobre o Nosso Deus: Em primeiro lugar, que o Nosso Deus conhece o pecado dos homens e há de castigá-los. O Senhor não só é o Criador de todos os povos, mas também o Soberano Juiz que julga todas as nações. Nenhuma nação escapa dos seus olhos e do seu juízo. Ele julga os povos com justiça. Ele conhece o pecado dos homens e há de castigá-los. Deus é Santo e não pode tolerar o mal (Jn. 1.2,4). Ele castigou a humanidade com o dilúvio nos dias de Noé por causa do aumento de sua maldade. Ele destruiu Sodoma e Gomorra por causa de suas muitas iniquidades. Ele envia Jonas para alertar a Nínive dos seus pecados e destruí-la caso não se arrependa. O pecado sempre provoca a ira santa de Deus, proceda ele dos ímpios ou dos seus filhos. O pecado é uma abominação para Deus e deve ser reprovado em todo lugar e em todos os tempos. Por isso, como filhos de Deus, devemos ter a mesma atitude de ódio do Pai em relação ao pecado. Fujamos do pecado e temamos a Deus, pois ele não suporta, mas castiga a iniquidade.

Em segundo lugar, que o Nosso Deus usa a sua igreja para denunciar o pecado dos homens. Note que Deus enviou Jonas, um servo dele e do meio do seu povo para pregar contra Nínive. Hoje Deus concede esse chamado a sua igreja, a nós aqui no Brasil. Meus irmãos, há tanta malícia em nosso amado Brasil! Tanta violência, tanta imoralidade, tanta corrupção, tanto pecado! As pessoas dizem em tom de brincadeira: Deus é brasileiro! Não é correto afirmar isso e chega até ser uma blasfêmia. Na verdade, o SENHOR é o Deus das nações e também do Brasil. Ele ama os seus filhos que habitam nesse país, mas ele também enxerga a malícia do nosso povo. Assim como chamou e levantou Jonas com urgência para pregar em Nínive, ele levanta sua igreja hoje para denunciar o pecado e chamar os pecadores do nosso país ao arrependimento. O pecado do nosso povo pode passar despercebido pelos nossos governantes. Pecados como corrupção, aborto, sexo livre, divórcio, homossexualismo podem ser tolerados por líderes políticos e até religiosos em nosso país.

Mas, como igreja de Cristo, temos de denunciar essas transgressões, avisar que Deus castiga o pecado. Temos de chamar pecadores ao arrependimento. Também não devemos esquecer que mesmo no meio da igreja há pecados que precisam ser denunciados. Há cristãos que precisam se arrepender e mudar de vida. Se nós amamos estes irmãos, não vamos passar a mão na cabeça deles, tolerar seus pecados, dar tapinhas nas costas deles e dizer: “tá tudo bem”! Não! Mas com amor vamos repreendê-los e chamá-los ao arrependimento para o bem deles e a salvação das suas almas. Devemos nos lembrar que Deus castiga o pecado dos ímpios, mas o seu juízo começa pela casa de Deus. Quantas vezes Deus não castigou o seu próprio povo por suas transgressões? Porém, antes do castigo, Ele sempre enviou os seus profetas para chamar seu próprio povo ao arrependimento.

Em terceiro lugar, que o SENHOR deseja estender sua misericórdia a pecadores arrependidos. Deus é misericordioso e deseja salvar. Ele envia pregadores para advertir os povos de seus pecados a fim de que se arrependam e vivam. Os pecados dos pagãos sobem até o céu e ofendem a Deus. Mas, o amor de Deus pelos pagãos desce até a terra para salvá-los. Deus envia um mensageiro para anunciar-lhes a sua Palavra. Jonas e todos os judeus da época viam os gentios como pessoas indignas de Deus e merecedores do inferno. Mas Deus os viu como seres humanos perdidos e carentes da glória e da graça de Deus. Ele estende suas misericórdias a pecadores de todas as nações, inclusive do Brasil (Sl. 33.5; 119.64; 145.9). Ele enviou o seu Filho ao mundo para salvar pecadores de todas as nações. Jesus, Aquele que é maior do que Jonas, veio buscar e salvar o perdido. Ele não veio chamar justos e sim pecadores ao arrependimento.

Você está longe de Deus por causa dos seus pecados? Arrependa-se e volte-se para Deus que é rico em perdoar! Deus não tem prazer na sua morte, mas em que você se arrependa dos seus maus caminhos e viva (Ez. 18.23). Em Cristo há perdão e salvação para você que confessa os seus pecados e crê Nele. E quanto a você que é um cristão e profeta do Senhor? Tem anunciado Cristo e denunciado o pecado? Sente compaixão dos perdidos e anuncia-lhes o evangelho de Cristo? Que o Senhor nos encha de paixão pelas almas perdidas e nos dê sabedoria e coragem para repreender os pecados dos ímpios e proclamar Cristo a eles com nossos atos e palavras. Somos a luz do mundo com a vocação de anunciar o amor de Deus em Cristo aos pecadores da nossa cidade, do nosso estado, do nosso país e até aos confins da terra (At.1.8)!

Amém!

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Elissandro Rabêlo

Bacharel em Teologia pelo CETIRB – Centro de Estudos de Teologia das Igrejas Reformadas do Brasil (Atual Instituto João Calvino) (1999-2004). Fez Convalidação de Teologia na Universidade Mackenzie em São Paulo (2017). Ministro da Palavra e dos Sacramentos da Igreja Reformada do Grande Recife (PE), servindo como Missionário da Igreja Reformada em Fortaleza (CE).

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.