Leitura: Provérbios 6.20-35, Cântico dos Cânticos 8, Efésios 5.1-14
Texto: Dia do Senhor 41
Irmãos em nosso Senhor Jesus Cristo,
O fogo é uma das forças mais poderosas que conhecemos na terra. Só basta olhar aos incêndios que devastam grandes partes dos países, que queimam cidades. O fogo surge com muita facilidade e pode ser absolutamente devastador. É por isso que grande parte de nossa vida é dedicada a nos proteger em caso de incêndio. É tão onipresente que muitas vezes nem percebemos. Temos quartéis de bombeiros em todas as cidades, com carros de bombeiros e bombeiros prontos. Você anda pela calçada e vê hidrantes, e nem percebe. Você olha para os dois lados deste prédio e encontra placas de “SAÍDA” que são colocadas lá para iluminar o caminho em caso de incêndio. Temos extintores e alarmes de incêndio. E estamos tão acostumados com essas coisas que mal as notamos – mas em caso de incêndio, de repente elas se tornam questões de vida ou morte. Talvez alguns aqui conhecem a experiência de ter sua casa pegando fogo, e é uma coisa aterrorizante. É uma força que tratamos com grande respeito. É uma das primeiras coisas que ensinamos aos nossos filhos, a nunca brincar com fogo.
Mas o fogo não é apenas uma força destrutiva, é também uma força vivificante. Os seres humanos, durante a maior parte da história humana, cozinharam seus alimentos no fogo. No inverno, aquecemos nossas casas com fogo. Em países frios, nós gostamos de nos reunir ao redor da lareira em nossas salas de estar. No mês de junho, gostamos de cozinhar milho ao redor das fogueiras e aproveitar momentos de comunhão. É uma das primeiras coisas que os escoteiros aprendem como uma habilidade de sobrevivência – como fazer fogo. Durante a maior parte da história humana, o fogo também foi uma fonte de luz.
E, para que não esqueçamos, praticamente toda a vida na Terra, incluindo nós mesmos, deriva sua vida e energia daquela gigantesca bola de fogo no céu, em torno da qual nosso planeta gira.
Assim, o fogo é verdadeiramente uma força poderosa neste mundo; aquele que tememos e tratamos com grande respeito. Mas também uma força que amamos e de qual derivamos nossa vida.
Talvez você já sabe onde eu vou com esta analogia: em nossa leitura dos Cânticos de Salomão – uma canção de amor inspirada por Deus que expressa a beleza e a santidade da intimidade conjugal – o amor entre marido e mulher é comparado a um fogo ardente. É uma força bela, sagrada e muito poderosa. É poderoso manter marido e mulher juntos de uma maneira que nenhuma outra força pode: muitas águas não podem apagá-lo, e todo o dinheiro do mundo – por todo o poder que o dinheiro pode ter – é totalmente inútil contra ele. “Se um homem oferecesse toda a sua casa e todos os seus bens em troca de amor, seria totalmente desprezado.”
Portanto, é poderoso para o bem. Mas também é poderosamente destrutivo quando contrariado, quando abusado, quando mal direcionado.
Não é o único lugar em que as Escrituras comparam o amor conjugal e o ciúme a um fogo. Em Provérbios 6, advertindo contra o adultério—isto é, mexer com a esposa de outro homem—as Escrituras dizem:
Prov. 6:25–29: “Não cobices no teu coração a sua formosura, nem te deixes prender com as suas olhadelas.
Por uma prostituta o máximo que se paga é um pedaço de pão, mas a adúltera anda à caça de vida preciosa.
Tomará alguém fogo no seio, sem que as suas vestes se incendeiem?
Ou andará alguém sobre brasas, sem que se queimem os seus pés?
Assim será com o que se chegar à mulher do seu próximo; não ficará sem castigo todo aquele que a tocar.”
Esse fogo do ciúme conjugal pode ser uma força poderosa para o bem, mas também uma força terrível para a destruição quando é incendiado.
Então, ao tratar os 10 mandamentos, é especialmente importante no lembrarmos do grande tema da Lei de Deus, que nós fomos libertos para sermos livres, e os 10 Mandamentos nos foram dados para nos ensinar como viver verdadeiramente livres. A não estar preso à escravidão e à morte em que o mundo vive, mas conhecer e experimentar a verdadeira e vivificante liberdade.
O 7º mandamento – e tudo nas Escrituras relacionado a ele – é visto pelo mundo e por nossa cultura como repressivo, restritivo, pudico e sem graça. Nesta área, talvez mais do que em qualquer outra, Deus é visto e falado por nosso mundo como um desmancha-prazeres, que só quer tirar a nossa diversão e garantir que nossos desejos permaneçam suprimidos e insatisfeitos. É uma mentira muito, muito poderosa, e provavelmente muitos entro nós já acreditamos esta mentira em um momento ou outro. Satanás oferece uma grande promessa em relação ao pecado sexual, que trará prazer, vida e satisfação. Mas a advertência das Escrituras – você vê isso mais fortemente no livro de Provérbios – é que no outro lado do pecado, há morte, doença, miséria, quebrantamento, vergonha e tristeza profunda e incurável.
Quando nos voltamos para a luz da Palavra de Deus, Deus não apenas expõe essas mentiras, mas Deus também nos ensina novamente o que é bom, belo e santo que vale a pena proteger aqui, que esse mandamento foi dado para honrar e proteger.
O dom da sexualidade no casamento
É por aí que queremos começar esta manhã: refletindo sobre o dom da sexualidade no casamento que é honrado e protegido por este mandamento.
Este fogo sagrado de que fala o Cântico de Salomão é uma das forças mais profundas e poderosas que experimentamos na terra. Não há nada parecido. Poucas coisas podem nos levar a tais alturas, ou nos levar a tais profundidades, como o amor entre um homem e uma mulher e o desejo dessa união sexual. Isso pode ser uma coisa assustadora para os pais de jovens, porque sabemos que todas as nossas palavras e nossa influência podem ser totalmente impotentes contra isso, se nossos filhos se apaixonarem pela pessoa errada. E vemos a terrível destruição que pode ser causada por esse desejo quando for mal direcionado ou abusado. Veja quanto do quebrantamento e miséria do nosso mundo é causado por isso:
- corações partidos entre aqueles que foram usados e depois abandonados por seus namorados ou namoradas.
- Abuso sexual.
- Vergonha e culpa, muitas vezes levando a automutilação ou suicídio.
- Conflitos e ciúmes.
- Todo o comércio de tráfico sexual, com todas as suas misérias e crueldades.
- Doenças sexualmente transmissíveis como HIV/AIDS.
- Famílias quebradas, confiança perdida.
Tudo isso pode nos levar a pensar que a própria sexualidade é o problema. Isso às vezes é uma abordagem que tem sido adotada dentro da igreja, tratando o sexo em se como algo que deve ser evitado, se possível, e algo que é visto como vil e animalesco.
Mas as Escrituras falam muito alto e honrosamente sobre a sexualidade. É algo que Deus criou desde o princípio, e chamou de muito bom. “À imagem de Deus Ele o criou; homem e mulher os criou”. E Deus os abençoou e lhes disse: sedes fecundos e multiplicai-vos. Isso foi algo que Deus criou como belo, santo e bom.
Nesse primeiro casamento, o homem e a mulher estavam nus e não se envergonhavam. Nesse lugar seguro do casamento, da aliança selada com amor, há segurança para ver um a outro e ser visto, para conhecer e ser conhecido, e não se envergonhar. É uma relação singular e mais íntima.
E dentro desse relacionamento, o dom da união sexual é honrado e valorizado. Gn 2:24: “Portanto, deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e serão ambos uma só carne”. Nessa união, duas almas se unem em amor e se fundem fisicamente, emocionalmente, espiritualmente e estão permanentemente unidas pelo resto da vida terrena. E assim a sexualidade é projetada para ser algo que toca não apenas as partes mais íntimas de nossos corpos, mas até mesmo nossas almas.
E é algo que Deus não apenas criou, mas também abençoou e honrou. Provérbios 5 — um capítulo que adverte contra a imoralidade sexual — também fala da intimidade sexual no casamento como uma fonte profunda e um rico deleite. Prov. 5:18–19:
“Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, corça de amores e gazela graciosa. Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e embriaga-te sempre com as suas carícias.”
É o único lugar nas Escrituras onde Deus realmente ordena que fiquemos intoxicados – não com álcool, mas com amor e desejo por nosso cônjuge.
É uma união especial e sagrada que só é compartilhada por marido e mulher. Isto é o que a noiva também diz em Cânticos de Salomão capítulo 8; ela diz, “meu marido tem vinhas que ele possui e aluga para os guardas por mil moedas de prata, e eles cuidam delas; mas a minha vinha, minha própria, está diante de mim; tu, ó Salomão, podes ter os mil.”
Este espaço sagrado é marcado pela generosidade e cuidado por parte do marido, e hospitalidade e presença por parte da esposa. Ela o convida para o lugar mais precioso e íntimo que ninguém mais pode entrar, e ele vem para cultivar, cuidar, dar de si mesmo para sua vida e bem-estar.
Este também é, pelo glorioso desígnio de Deus, um lugar para a concepção da vida— um milagre maravilhoso, a concepção de uma nova vida, uma alma eterna, criada para conhecer a Deus, amá-lo e louvá-lo — que é criada neste lugar de amor terno e íntimo entre marido e mulher. Portanto, é algo singularmente sagrado, precioso e belo.
E, finalmente, na infinita sabedoria de Deus, este relacionamento singular também pretende ser uma imagem e uma parábola de algo muito maior: o amor de Deus por nós. Isso é algo que o apóstolo Paulo nos ensina em Efésios 6, que ele chama de grande mistério, que esta bela união é projetada por Deus para ser um reflexo da aliança de amor, fidelidade e sacrifício de Cristo por Sua noiva, a igreja. Nossos casamentos existem, não apenas para nós mesmos, mas para apontar pra algo além de nós mesmos, para algo muito maior do que nós mesmos, para um amor que existe desde a eternidade, que foi selado na morte de Cristo, que deu Sua vida por Sua noiva, pra comprar ela para Si mesmo, para unir-se a ela, e para cuidar e cultivá-la para santidade, pureza e beleza. Assim, a igreja também está nua e não se envergonha diante de Cristo, porque Seu sangue cobre nossa vergonha e nos assegura em aliança com Ele, onde estamos seguros.
O ataque de Satanás a este dom
Visto que este é o propósito final de Deus para o casamento, não é surpresa que Satanás odeie casamento e o ataque com todas as suas forças. Já no primeiro casamento, Satanás entrou e atacou, colocando-se entre o marido e a esposa. Ele odeia o casamento por todas as razões pelas quais Deus o ama: ele o odeia pelo vínculo de amor que o casamento protege; ele o odeia pela vida que o casamento cria; e ele o odeia pelo reflexo de Cristo que o casamento retrata.
E assim Satanás pega esse fogo, a força mais poderosa da terra, e o direciona para a destruição para produzir a morte.
Ele barateia o sexo, como vemos em nossa cultura hoje, onde é reduzido a nada além de uma necessidade biológica ou uma atividade recreativa, roubada de sua santidade e beleza. Ele a rouba do amor que ele deve expressar. Ele retira o sexo do contexto do casamento, colocando o egoísmo e a traição no lugar do amor.
Ele degrada o sexo, sujando-o com pecado e impiedade, roubando sua dignidade e tornando-o imundo.
Ele perverte o sexo, redirecionando-o e redefinindo-o de forma a distorcer e perverter o Evangelho que pretende retratar. Homossexualidade, bestialidade, orgias, sexo violento em que o corpo é degradado, insultado e tratado como lixo. E uma centena de outros exemplos de perversidade poderiam ser mencionados.
E em vez de vida, Satanás traz morte para este lugar sagrado: ódio, egoísmo, abuso, estupro e até assassinato. Ele introduz fantasias de escravidão e masoquismo, ou fantasias de abuso ou adultério, para nos discipular em infidelidade e abuso.
E o resultado dessa perversão da sexualidade é um mundo de destruição e dor. DSTs. Divórcio. Famílias quebradas. Corações partidos. Almas vazias, cicatrizadas por tanto serem unidas e depois separadas. Ciúmes e conflitos que levam à violência. Vergonha, culpa, morte e depois o julgamento de Deus.
E o milagre da vida que a sexualidade pretende trazer é substituído por uma cultura da morte: drogas anticoncepcionais, e, finalmente, o maior sacramento da cultura da morte, o sacramento do aborto, o assassinato da preciosa vida inocente no útero.
E a mentira que é contada repetidamente em nossa cultura é que são apenas duas pessoas que tem consenso mútuo, então não faz mal. Mas só basta abrir os olhos pra ver o tanto mal que faz. Cônjuges traídos, casamentos desfeitos, filhos sem pai e o sangue de milhões de bebês assassinadas.
E, em última análise, o objetivo final de Satanás é que fiquemos com culpa e vergonha em nossos corações e sangue em nossas mãos, tendo que ficar diante do julgamento de Deus, onde nenhum pecado, nenhum ato impuro ficará impune. E esse é o desejo de Satanás: condenar. Pegar o que Deus deu para nos abençoar e nos ensinar sobre Si mesmo, e usá-lo para destruir e condenar.
O chamado do cristão para proteger este dom
Então, quando Deus nos chama para a pureza nesta área, não é porque Ele quer nos roubar o prazer, ou tirar algo bom de nós. Não, Deus nos dá este mandamento porque Ele quer nos dar vida. Ele quer nos poupar da morte e miséria deste mundo. Ele nos libertou em Cristo e quer que conheçamos a profunda alegria de viver livres.
O mundo ri dessa ideia de pureza. Para o mundo, a ideia de abstinência fora do casamento e fidelidade no casamento é ridícula. Mas a morte, o quebrantamento e o vazio do mundo falam por si mesmos. A visão do mundo não funciona.
Deus quer que reconheçamos que nossa sexualidade é algo sagrado, a ser guardado, protegido e honrado como o único lugar seguro e vivificante, dentro do contexto do casamento.
Para aqueles de nós que ainda não são casados, isso significa em primeiro lugar confiar que Deus nos deu este mandamento para nosso bem, e, portanto, guardar e honrar nossos corpos como pertencentes a Deus, pois somos, como diz a Escritura, templos de o espírito Santo.
Isso nem sempre é fácil, especialmente quando o mundo nos diz que estamos perdendo. Sentimos a atração dessa tentação e sentimos o puxão dessa mentira em nossos corações: Deus realmente se preocupa por meu bem? Será que estou perdendo e ficando fora por causa da minha obediência?
Mas o poder para manter a pureza vem do Espírito Santo, que nos fala através da Palavra. À medida que permanecemos na Palavra e vemos o mundo com os olhos da fé, vemos quão triste e vazia é essa vida, que o mundo diz que estamos perdendo. Está cheio de miséria e armadilhas. O livro de Provérbios, escrito para rapazes e moças, é particularmente útil aqui. Provérbios 7 pinta-nos o retrato do jovem, insensato, que passa pela casa da adúltera e a ouve chamar: os lábios pingando mel, os convites que o chamam.
Prov. 7:22–23: “E ele num instante a segue, como o boi que vai ao matadouro; como o cervo que corre para a rede, até que a flecha lhe atravesse o coração; como a ave que se apressa para o laço, sem saber que isto lhe custará a vida.”
O poder da pureza começa em ver o mundo com clareza através dos olhos da fé: reconhecendo a vacuidade do pecado, confiando na bondade de Deus e protegendo o que Deus nos disse precioso e digno de proteção.
Pratique o autocontrole. O domínio próprio faz parte do fruto do espírito, e é sim possível pelo poder do Espírito. Valorize a vida. Valorize a santidade.
E não faça nada por medo de que, de alguma forma, você vai perder ou ficar fora. Não há nada que aqueles que pertencem a Cristo vão perder.
Não devemos esquecer que o casamento e a intimidade conjugal aqui na terra são apenas uma sombra, apontando para uma realidade muito maior. Não há nada que o cristão vai perder, mesmo se passa esta vida sem achar um cônjuge. Cristo viveu toda a sua vida na terra como um homem solteiro, sem precisar de experiências sexuais para se realizar, porque tinha os olhos fixos na realidade, que é muito maior. E Ele nos chama também para tomarmos nossa cruz enquanto estivermos nesta terra.
A verdade é que, enquanto estivermos nesta terra, não existe ninguém que experimente este dom em sua perfeição. Todos—aqui na terra—vão perder. Mesmo o melhor casamento ainda está sujeito a frustrações e dificuldades. Mesmo os corpos mais bonitos envelhecem e enfraquecem, e a potência e o poder sexuais são perdidos. O casamento cristão é um serviço de amor, não uma busca de auto-satisfação, que não será encontrada nesta terra.
Para aqueles que são casados, pureza significa amar nosso marido ou esposa, guardando nosso coração para nosso cônjuge com um amor feroz e santo, sabendo que o melhor ataque de Satanás contra nossas almas é se posicionar no meio do nosso casamento, separando marido e mulher.
Dentro do casamento, as tentações ainda abundam, especialmente quando nos sentimos insatisfeitos ou não amados. É aqui que Satanás ataca com mais força. É aqui que somos mais vulneráveis. E é aqui que somos chamados para a batalha. Quando cedemos à raiva, amargura ou ressentimento contra nosso cônjuge, deixamos uma porta aberta para Satanás entrar, e é um convite que ele não recusará. Ef. 4:26–27: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo.” Então, onde há dor ou quebrantamento em seu casamento, isso deve ser trazido diante da cruz. Busquem ajuda. Para isso, nos foi dada a comunidade da igreja. Não vamos vencer nesta batalha sozinhos. Precisamos um do outro. Homens, procurem outros homens sábios e piedosos que possam ajudar você. Mulheres, procurem mulheres sábias e piedosas, que possam ajudar você.
Isso também significa guardar nossos olhos.
O Senhor Jesus ensinou que quem olhar para uma mulher com concupiscência já cometeu adultério em seu coração. O que isso significa é que o adultério é antes de tudo uma questão do coração: a única diferença entre um coração que está disposto a olhar e um coração que está disposto a agir é a oportunidade e a circunstância. Oportunidade de agir e capacidade de escapar impune. Essa é a única diferença. O adultério realizado é mais destruidor do que o adultério fantasiado, mas por trás deles dois Deus reconhece exatamente o mesmo coração e o considera igualmente pecaminoso.
Obviamente, uma implicação das palavras de Jesus é que a pornografia não tem lugar na vida cristã.
A pornografia é normalmente considerada um problema masculino, mas o uso por mulheres também não é incomum. Enquanto os homens normalmente olham para pornografia gráfica e visual, as mulheres tendem a buscar pornografia romântica e erótica.
E assim como é mentira dizer que o adultério realizado é algo inocente, entre dois adultos que consentem, e não faz mal a ninguém; também é mentira dizer que a pornografia não machuca ninguém. Não é inocente. Em primeiro lugar, é prejudicial para quem o assiste: no nível neurológico, a pornografia reconfigura o cérebro de maneiras profundamente prejudiciais.
Também é prejudicial aos casamentos. Ela mina o casamento profundamente e muitas vezes o destrui totalmente. O uso de pornografia é uma das razões mais comuns para a perda de confiança no casamento e, finalmente, no divórcio. A pornografia leva à perda da intimidade conjugal e à perda da satisfação sexual. Seu uso está associado a maiores taxas de infidelidade (grande surpresa). Aqueles que usam pornografia encontram-se desejando níveis cada vez maiores de perversidade para se despertam, muitas vezes levando a práticas abusivas e perigosas dentro do casamento. A pornografia ensina homens e mulheres a abusarem uns dos outros, a degradarem-se mutuamente e, muitas vezes, também a abusar de crianças. Os homens casados que consomem pornografia não conseguem ser animados por suas esposas sem a ajuda da pornografia ou a fantasiar sobre isso durante o sexo. Então o amor, a intimidade e a união espiritual desapareceram completamente.
Além disso, a pornografia está diretamente ligada ao comércio sexual, e a maioria das mulheres na tela são mulheres que foram abusadas sexualmente quando meninas, são fortemente viciadas em drogas (muitas vezes de propósito por seus manipuladores) e em muitos casos são mantidos na escravidão e trocados por dinheiro. Toda vez que alguém assiste pornografia, mesmo nos sites gratuitos, gera uma receita que financia diretamente essa indústria. Quem assiste é culpado por este abuso e comercialização de mulheres.
Nem é preciso dizer que, de todas as obras das trevas, a pornografia é a que menos pertence a um lar cristão. Usar pornografia éparticipar e financiar diretamente uma das obras mais perversas de Satanás, um abuso terrível que Cristo morreu para pôr fim.
Como eu disse há pouco, o Senhor Jesus disse que todo aquele que olhar para uma mulher com concupiscência comete adultério com ela em seu coração; obviamente, então, isto inclui o uso da pornografia. Paulo diz em 1 Coríntios 6:9: “Não vos enganeis: nem os imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem os homossexuais, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os trapaceiros herdarão a Reino de Deus.” Aqueles que se entregam a essas coisas se alinham com o reino das trevas e se excluem do reino de Deus.
Assim, o Senhor Jesus nos advertiu muito estritamente, em Matt. 5:30: “Se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno.” Agora, a razão pela qual não cortamos nossas mãos e arrancamos nossos olhos é porque reconhecemos que não é mesmo a nossa mão e nosso olho que são os responsáveis por nosso pecado, porque o pecado surge de dentro de nossos corações. Mas o ponto de Jesus ainda permanece: nenhuma medida é uma medida radical demais para por a fim o pecado. Se há algo em sua vida que está causando você a tropeçar, livre-se disso. Se ter um celular faz com que você peque, jogue-o fora. Se ter um computador em um lugar privado faz com que você peque, livre-se dele ou bota-o em lugar mais público. Se o seu trabalho torna impossível não pecar, então você precisa mudar de emprego. O que é melhor? Ter o smartphone, o computador e o trabalho e em fim ser jogado no inferno, ou viver sem eles e herdar a vida eterna? Aliás, se é o seu orgulho que o impede de confessar seu pecado e deixar Cristo finalmente lidar com ele, então corte isso, porque é melhor entrar na vida humilde, sem seu orgulho, do que carregar seu orgulho com você para o tormento eterno. O Senhor Jesus está nos chamando para medidas radicais. Sua própria vida — sua vida eterna — está em jogo.
E para aqueles que estão lutando com esse pecado, cortá-lo também significa engolir seu orgulho, confessar seu pecado a Deus e então, como cristão, ficar ao pé da cruz, sua vergonha sendo tirada de você, vá e busque a ajuda que você precisa. Confesse seu pecado. Entre em contato com seu presbítero ou com um amigo cristão piedoso. Busca aconselhamento cristão. Você precisa de ajuda. Você não pode mais tolerar o pecado. Você sabe a coisa certa a fazer e, como diz Tiago, “aquele que sabe a coisa certa a fazer e não a faz, é pecado”.
Não há vergonha em buscar ajuda—além da vergonha que é comum a todo cristão que está diante da cruz, e é uma vergonha que nosso Salvador tenha assumido a si mesmo. Tome a medida radical de cortar e eliminar tudo o que o faz pecar, e faça o que for preciso para matar o pecado. É melhor entrar na vida através de muita dor, vergonha e humilhação do que ser expulso com Satanás e seus demônios para viver sob o julgamento de Deus. Então, se você está lutando ou talvez já tenha desistido da luta contra esse pecado: fique limpo, confesse e deixe Cristo lidar com isso.
Mas quero encerrar abordando aqueles de vocês que estão vivendo com a culpa e a vergonha do pecado sexual, e isso inclui tanto aqueles que pecaram sexualmente quanto aqueles que foram as vítimas de pecado sexual.
Deus projetou a sexualidade humana para tocar nossas próprias almas de uma maneira que nada mais pode, e Deus fez isso para nossa bênção, para que fôssemos abençoados por ela; mas depois da queda no pecado, isso significa que o pecado sexual também é capaz de tocar nossa própria alma com maldade e poluição de uma maneira que nenhum outro pecado pode. Paulo diz assim em 1 Coríntios 6:18: “Fugi da imoralidade sexual. Qualquer outro pecado que uma pessoa comete é fora do corpo, mas a pessoa sexualmente imoral peca contra o seu próprio corpo”. É por isso que a culpa e a vergonha sexuais estão tão frequentemente ligadas à depressão, terrores noturnos e comportamento suicida e, infelizmente, isso também é verdade para vítimas de abuso sexual. A imoralidade sexual é um abuso da parte mais preciosa e vulnerável de quem somos e nos afeta de maneira profunda.
Lembre-se de que citei 1 Coríntios 6:9 anteriormente, onde Paulo diz que os sexualmente imorais não herdarão o Reino de Deus, e ele dá uma lista bastante longa de pecados sexuais ali. O que cada um de nós precisa ver é que Paulo continua depois desse versículo: “E tais eram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, vocês foram santificados, vocês foram justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus”.
Os que são vítimas de pecado sexual, obviamente não precisam de perdão por isso, porque não são eles que pecaram. Mas tal é a natureza do pecado sexual que ainda sentimos uma profunda poluição e vergonha que parece manchar nossa própria alma. O dom da sexualidade que foi dado por Deus para bênção foi usado para ferir e destruir. É isso que torna o abuso sexual um pecado tão singularmente maligno, porque a pessoa não apenas prejudica a si mesma, mas também prejudica profundamente a outra pessoa.
O que cada um de nós precisa saber é que em Cristo há perdão e há purificação da culpa e da vergonha do pecado, incluindo o pecado sexual. O sangue de Cristo, o Filho de Deus, derramado na cruz, é ainda mais poderoso que a culpa do pecado. O pecado sexual toca nossa própria alma. O sangue de Cristo vai ainda mais fundo e purifica todo o nosso ser. Você pensa nos muitos leprosos nos dias de Cristo, que eram impuros segundo a lei, e qualquer um que os tocasse se tornaria impuro. E, no entanto, quando Cristo os tocou, aconteceu exatamente o inverso. Eles ficaram limpos!
Isto é o que o sangue de Cristo faz por todos nós – e Oh, como todos nós precisamos dEle! O sangue de Cristo nos lava da culpa e da mancha do pecado sexual, e o sangue de Cristo também inicia a mudança, dentro de nós, para a verdadeira santidade e bondade.
Para aqueles que são vítimas de pecado sexual, saiba também que a pessoa que pecou contra você não vai escapar impune. Seu pecado será punido. Ou eles vão confessar, se arrepender, buscar a Cristo, e então Cristo paga esse preço; Ou eles mesmos sofrerão no inferno. Mas haverá uma prestação de contas para cada uso profano da sexualidade. Nenhum pecado ficará impune.
Para aqueles de nós que experimentaram a dor da traição e da infidelidade, o sangue de Cristo também torna possível perdoar e curar. Às vezes é um longo caminho, mas é um caminho que vale a pena percorrer, cem vezes mais, e um caminho que Cristo é capaz de nos guiar, pelo poder do Espírito. Os casamentos rompidos pela infidelidade podem, pela graça de Deus e com sincero arrependimento, ser curados. É preciso trabalho duro. É preciso um compromisso com a honestidade. É preciso disposição para amar e perdoar. Mas é uma experiência do poder do Evangelho e da graça de Deus como quase nada mais.
Então irmãos e irmãs, corram para a cruz. Não tenha vergonha de estar lá, porque é ali que todo crente verdadeiro vai. Confesse seus pecados a Ele, e encontre cura nEle, e renovação, e vida que somente Ele pode dar.
Jonathan Chase
O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020.
© Toda a Escritura. Website: todaescritura.org.Todos os direitos reservados.
* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.