Leitura: Mateus 16.13-20
Texto: Dia do Senhor 31
Irmãos em nosso Senhor Jesus Cristo,
Na Confissão Belga, nós confessamos que a verdadeira igreja pode ser reconhecida por três marcas: A pregação pura do Evangelho, a administração pura dos sacramentos, e o exercício da disciplina da igreja.
A disciplina da igreja é provavelmente a responsabilidade mais negligenciada na igreja de hoje. Tanto nas igrejas protestantes históricas, como nas igrejas evangélicas, e certamente ainda mais nas igrejas católicas romanas – onde você pode acreditar em qualquer coisa e viver quase como quiser, e ainda ser recebido em comunhão se você for à missa uma vez por ano.
Mas o que vemos em nossa leitura de Mateus 16 e 18 é que esta é uma ordem e responsabilidade dada à igreja, e deixar de cumpri-la é desobediência na parte da igreja. De fato, uma igreja que se recusa a exercer a disciplina não pode nem mesmo ser chamada de “igreja”.
Vamos dar uma olhada nas duas passagens que lemos. Já vimos Mateus 16 várias vezes quando consideramos os nomes e a identidade de Cristo. Lá vimos as palavras de Pedro a respeito de Cristo. Agora queremos considerar as palavras de Cristo a Pedro. Pedro confessou a Cristo: “tu és o Cristo, o filho do Deus vivo”. E o Senhor Jesus respondeu que sim:
“e eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não a vencerão. Eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.
Há algumas perguntas que queremos fazer sobre isso:
Primeiro, o que é esse “reino dos céus”. O que Cristo quer dizer com isso?
Cristo falou muitosobre o Reino dos céus. Na verdade, é o grande tema de todo o ministério de Cristo. Mateus 4 nos diz, desde o momento do batismo de Jesus, Mateus 4:17:
“Desde então começou Jesus a pregar, dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus .”
O que é este reino dos céus?
O “reino dos céus” refere-se à novo mundo que Cristo veio para realizar; a nova humanidade reunida em Cristo, na sua igreja, no qual Deus será adorado por toda a humanidade. Então significa o fim da rebeliao humana e o inicio de uma nova realidade na terra, que terá sua perfeita conclusão quando Deus habita conosco na nova terra, e todo o pecado será exterminada e toda a miséria humana seria coisa do passado.
E este Reino, que Cristo já anunciou quando começou a pregar, é construído em torno da igreja de Cristo, Cristo mesmo sendo o cabeça da igreja. Então quando Cristo fala do Reino dos Céus, neste contexto se refere à igreja; e os chaves do Reino de Deus são as chaves da igreja—que determina quem entra e quem esta fora da igreja, e por consequência, do Reino de Deus eternamente.
Então Jesus usa uma imagem como se o Reino de Deus tivesse portões, através dos quais algumas pessoas são recebidas e se tornam cidadãos, e outras são exiladas e têm sua cidadania retirada. De certa forma, você pode pensar nas “chaves” do reino dos céus como passaportes, que declaram que você é cidadão.
O que nós vemos tão claramente aqui é que Cristo não nos deixa decidir por por conta própria se somos ou não cidadãos do Seu reino. Ninguém pode se declarar cidadão sozinho. Em vez disso, Cristo deu a responsabilidade de tomar essa decisão à igreja, representada nos seus oficias. Os presbíteros da igreja são chamados para pastorear as almas dos membros da igreja de Cristo, e pra fazer isso eles tem a responsabilidade de julgar a doutrina e conduta dos membros da igreja de Cristo. Foi isso que o Senhor Jesus disse a Pedro: “Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.
Em Mateus 18, o Senhor ensinou seus discípulos sobre como o julgamento deve ser feito dentro da igreja:
Mateus 18:15-18: “Se o seu irmão pecar contra você, vá e repreenda-o, só entre você e ele. Se ele te ouvir, você ganhou seu irmão. Mas, se ele não ouvir, leve consigo um ou dois outros, para que toda acusação seja estabelecida pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Se ele se recusar a ouvi-los, diga à igreja. E se ele se recusar a ouvir até a igreja, considere-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.
Aqui nós encontramos essa mesma expressão que vimos em capítulo 16: “tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” Assim, as “chaves do reino” referem-se ao direito de fazer julgamentos em nome de Cristo sobre a cidadania dos membros do Reino de Deus, que tem consequências eternas.
Então isso é muito sério. Se a igreja está sendo fiel à Palavra de Cristo, e chamando o pecador a abandonar o que realmente é pecado, que o pecador se recusa a abandonar, e a igreja é finalmente obrigada a usar este último remédio de disciplina, então (escuta bem) a garantia de Cristo é que o que a igreja decidir, permanecerá; e a menos que o pecador seja restaurado à igreja, então o pecador certamente será separado de Cristo e perecerá eternamente.
Isso é muito sério. Em grande parte da cultura cristã moderna, as pessoas pensam muito pouco sobre a autoridade da igreja—e de fato, rejeitamqualquer autoridade da igreja—tratando a igreja
como qualquer comércio ou associação que você entra e sai a vontade. Existem tantas “opções” de igrejas que chegamos a pensar que depende em nós mesmos escolher algum que atende às nossas preferências. Mas irmãos, não é assim. Só existe uma igreja de Cristo. Infelizmente hoje está dividida em diversas denominações e arrodeado por muitas seitas, mas Cristo só conheceu uma igreja, Ele sendo o cabeça. Então nosso dever é procurar uma igreja que se submete à palavra de Cristo em tudo e então nos unir a ela e nos submeter a ela. E o julgamento daquela igreja, se for conforme a palavra de Deus, carrega toda a autoridade de Cristo. Não é brincadeira, irmãos. Nenhum de nós será o juiz de si mesmo. Todos estaremos diante do trono de Cristo. E nesse dia, Cristo nos assegura que dará grande peso à decisão da igreja local, desde que seja fiel à Sua Palavra. Mesmo com suas muitas falhas! Mesmo com muitos erros, pois somos todos humanos, incluindo os oficiais da igreja. Cristo nos diz: vocês não têm o direito de serem juízes de si mesmos. Eu confiei o julgamento à igreja. E se você se recusar a ouvir a igreja e se recusar a abandonar seu pecado, então não espere encontrar nenhuma misericórdia do céu.
Acontece com muita frequência e com muita facilidade que os cristãos que são disciplinados em uma igreja simplesmente se mudam para outra e pensam, portanto, que estão seguros. Agora, a outra igreja também tem a responsabilidade de garantir que isso não aconteça. Se alguém aparece em nossa igreja dizendo que era membro de outra igreja (sendo igreja bíblica, mesmo se tem muitas falhas) e agora quer se juntar a nós, nós temos a responsabilidade de fazer a devida diligência para verificar o status desta pessoa e garantir que ela não esteja sob disciplina na igreja de onde veio. Mas mesmo que aconteça que a igreja receptora deixe de fazer sua devida diligência, ou (ainda pior) se a igreja receptora receber o irmão ou irmã apesar da consciência da disciplina, isso não fará bem ao pecador. Enquanto a igreja for fiel a Cristo, o julgamento permanece.
Às vezes também acontece que aqueles que estão sob disciplina em uma igreja podem optar por se retirar da membresia, rejeitando a autoridade dos oficiais, antes que a disciplina atinja o passo final da excomunhão. Mas isso também não lhes serve de nada, porque a Igreja já fez seu julgamento, e Cristo honrará esse julgamento. Se o pecador foge desse julgamento, ele apenas se condena. Ele torna esse julgamento definitivo por sua recusa em ser responsabilizado pela igreja de Cristo.
Então, isso é algo que devemos levar muito a sério. Mesmo que muitos cristãos hoje não considerem a autoridade da igreja local, o próprio Cristo a tem em muito alta consideração. E Ele nos diz de antemão que julgará de acordo com a disciplina da igreja local, contanto que seja conforme a Sua Palavra.
Isso leva à pergunta natural: quemcarregaessedireito hoje?
A Igreja Católica Romana afirma que esse direito foi dado exclusivamente a Pedro, e que, como (como eles afirmam) Pedro acabou se tornando o bispo de Roma, a Igreja Romana continua a deter esse direito exclusivo.
Essa é uma afirmação astronômica. Por uma coisa, nós podemos observar aqui que era uma responsabilidade que Cristo deu a todos os seus discípulos. Sim, em Mateus 16 Ele fala particularmente a Pedro, mas aqui em Mateus 18, Ele está falando (sobre o mesmo assunto) para todos os seus discípulos.
E mesmo se Jesus tivesse dado esta autoridade exclusivamente a Pedro, isso nunca significaria que doravante pertenceria sempre a Roma, independentemente da fidelidade de Roma. Houve um tempo em que Roma era uma igreja fiel – por séculos, na verdade, ela liderou a igreja cristã em sabedoria e fidelidade. Mas como Cristo diz em Apocalipse, se uma igreja individual abandona a Cristo, seu candelabro é tirado. E Roma, tanto por suas doutrinas que contradizem a Palavra de Cristo, quanto por suas práticas que quebram os mandamentos de Deus, quanto ainda mais por sua perseguição das igrejas fieis, há muitos séculos deixou de ser igreja fiel.
É claro que o dever da disciplina pertence a toda a igreja, onde quer que ela exista. É por isso também que Cristo conclui esta discussão em Mateus 18:20, dizendo: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles”. Mesmo que seja uma pequena igreja de apenas alguns membros, a autoridade de Cristo está lá. O direito de julgar é dado à igreja, e a igreja deve ser reconhecida pelo Espírito de Cristo, não por uma suposta continuação da instituição externa, como Roma se gaba. Onde os verdadeiros cristãos estão reunidos em nome de Cristo, ali encontraremos o Espírito em ação, e ali está a igreja.
——
Assim, podemos ver nesses textos que as “chaves do reino” se referem ao poder de ligar e desligar—em outras palavras, de julgar em nome de Cristo.
Esse julgamentoacontece de duas maneiras. E é por isso que o catecismo fala de “duas” chaves do reino: a pregação do Evangelho e a disciplina da igreja.
Apregaçãodo Evangelho
Quando o Evangelho é pregado fielmente, de acordo com as Escrituras, todos devem ouvi-lo claramente: só há um caminho para Deus, e é através do Salvador que Deus enviou, Jesus Cristo. Todos – você, eu e cada ser humano na terra – precisam se converter do pecado para Cristo.
Como o apóstolo Paulo disse aos gregos pagãos em Atenas,
Atos 17:30-31: “Deus ignorou os tempos de ignorância, mas agora ele ordena que todos em todo lugar se arrependam, porque ele fixou um dia em que há de julgar o mundo em justiça por um homem que ele designou; e disso ele deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.”
É por isso que o Evangelho deve ser ouvido toda vez que nos reunimos. À parte de Cristo, a ira de Deus está contra todos nós. A única esperança para você e para mim é ser contado com Cristo. Isso significa, em primeiro lugar, abandonar nosso pecado – reconhecendo quão mau é aos olhos de Deus – e, então, entregar toda a nossa vida a Cristo, para que sejamos contados com Ele, que pagou o único preço que poderia ser pago pela nossa liberdade. Significa crerque Jesus é o Filho perfeito de Deus que se tornou nosso Salvador. Significa orar a Deus por perdão em nome de Cristo e por amor de Cristo. Significa submeter-se a Cristo como o Senhor de nossa vida – ser governado por Ele, por meio de sua palavra.
Esse Evangelho deve ser ouvido cada vez que nos reunimos. Essa pregação do Evangelho não deve deixar dúvidas na mente de todos os ouvintes: Cristo é nossa única esperança. Aqueles que não são contados com Cristo, estarão perdidos. Eles perecerão sob a justa e justa ira de Deus.
Esta é a responsabilidade que Cristo deu a seus discípulos quando lhes disse: “Eu vos dou as chaves do reino dos céus” – pregar esse Evangelho e fazê-lo ouvir alto e claro em todo o mundo.
Aqueles que se arrependem e crêem são recebidos pelo próprio Cristo em Seu reino. Aqueles que se recusam a se arrepender e crer devem ouvir e entender que eles nunca terão parte nesse reino a menos que se arrependam, senão eles finalmente perecerão sob a ira de Deus.
Assim, a primeira chave do reino é simplesmente a pregação do Evangelho, pela qual o reino é aberto a alguns e fechado a outros.
Disciplinana Igreja
Mas podemos ver em Mateus 18 que “ligar e desligar” envolve mais do que simplesmente pregar o Evangelho, porque o reino de Deus não é simplesmente uma realidade invisível e espiritual, mas se manifesta aqui na terra na forma da igreja. Cristo está construindo sua igreja, e você pode encontrá-la e vê-la na terra, e você pode ver quem pertence a ela e quem não pertence.
E aqui, devo dizer algo sobre aqueles cristãos que pensam que ser membro da igreja é opcional. Existem alguns cristãos hoje que afirmam que a Bíblia nunca ensina que você tem que ser um membro da igreja, porque a igreja antiga era simplesmente uma reunião informal de crentes.
Isso é simplesmente errado. Quando os 3.000 pessoas em Atos 2 foram batizados, eles foram batizados por quem? Pelos apóstolos. E foram batizados para onde? Para a igreja. O processo de disciplina que está delineado aqui em Mateus 18 claramente pressupõealgo como membresia de igreja. Ele usa as categorias que pertenciam à Sinogoga – das quais gentios e publicanos foram excluídos. E o mesmo é verdade para as literalmente dezenas de mandamentos no Novo Testamento para se submeter aos seus líderes e obedecê-los. Por exemplo, Hebreus 13:17:
“Obedeçam aos seus líderes e submetam-se a eles, pois eles estão vigiando suas almas, como aqueles que terão que prestar contas. Que eles façam isso com alegria e não com gemidos, pois isso não seria de nenhuma vantagem para você”.
Agora deixe-me perguntar: como você vai obedecer seus líderes se você não sabe quem eles são? Se você não é membro de nenhuma igreja, quem são seus líderes? Quem tem autoridade sobre você?
E por outro lado, como esses líderes vão prestar contas a Cristo, se eles não sabem por quem são responsáveis?
Ou tome o caso da disciplina que em 1 Coríntios 5. Paulo diz: “Aquele que fez isso seja removido do meio de vocês…entregue este homem a Satanás”. Agora, como a igreja deve fazer isso, se o homem nunca esteve entre eles em primeiro lugar?
A recusa que você encontra entre muitos cristãos hoje em ser membros de uma igreja realmente se resume a uma falta de vontade de estar debaixo da autoridade dos outros. Esse é o problema. Queremos ser “livres” e não gostamos da ideia de estar debaixo da autoridade de outras pessoas. De fato, não é fácil estar sob autoridade. Significa que não posso inventar as minhas próprias regras. Significa que eu não posso fazer as Escrituras dizerem o que eu quero que elas digam para justificar o que eu quero acreditar ou o que eu quero fazer. Mas é exatamente por isso que Cristo me colocou debaixo de autoridade, porque eupreciso. É pra meu bem. Como diz Hebreus, eles estão vigiando minha alma.
E assim, o ligar e desligar de que Cristo fala aqui em Mateus 18 não é meramentea pregação do Evangelho, mas também envolve a prática real e visível da disciplina.
Cristo promete honrar o julgamento da igreja, desde que, é claro, esteja de acordo com as Escrituras.
O Senhor descreve como essa disciplina deve funcionar em nosso texto em Mateus 18.
Começa com a admoestação pessoal.Se um irmão pecar, váediga-lhesua culpa.
Agora, é verdade que o Senhor Jesus está falando aqui sobre pecados cometidos contra
você: “Se um irmão pecar contra você, então vá e diga a ele sua culpa.” Mas isso obviamente não limita a admoestação cristã apenas às circunstâncias em que um irmão ou irmã peca pessoalmente contra você, como se você pudesse deixar pra lá em todos os outros casos.
Hebreus 3:12-13 diz: “Cuidado, irmãos, para que não haja em nenhum de vocês um coração mau e incrédulo, que os leve a se afastar do Deus vivo. Mas exortai-vos uns aos outros todos os dias, enquanto for chamado “hoje”, para que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado”.
Ou Cl 3:16: “Habite ricamente em vós a palavra de Cristo, ensinando-vos e aconselhando-vos uns aos outros com toda a sabedoria.”
Portanto, admoestar e corrigir não se limitam aos casos em que seu irmão peca contra
você. Se você ama seu irmão ou irmã, você agirá para salvar sua vida eterna.
Agora, este passo de admoestação pessoal é facilmenteo passo mais negligenciado no processo de disciplina.
Irmãos, ouçam-me sobre isso: se você vê um membro caindo em pecado, é sua responsabilidade dado por Deus ir e falar com esse irmão.
Você não tem o direito de fofocar sobre isso. Você nem deveria levar o assunto aos presbíteros. Isso pode acontecer, mas só depois de falar diretamente com seu irmão.
Isso é difícil.É preciso coragem. E ainda mais, é preciso amor. Mas é seu dever ir e falar com eles. O próprio Cristo responsabiliza cada um de nós por isso, na medida em que vemos ou ouvimos falar de nossos irmãos vivendo em pecado.
Então esse é o primeiro passo. Vá e fale com eles. Se eles se arrependerem, então pode ser que nem precisa levar o assunto adiante—dependendo da seriedade do assunto. Clario, em alguns casos, é necessário chamar o seu irmão pra mostrarseu arrependimento ao falar com os presbíteros, ou, se for crime, ate de se denunciar à polícia para responder por seu crime.
Se eles não querem ouvi-lo, ou se eles “se arrependem”, mas depois continuam pecando, então, Cristo diz, traga duas ou três testemunhas com você e vá falar com eles novamente.
Agora é possível que nao haja duas ou três testemunhas que viram o pecado. Mas aqui, Cristo não está falando sobre testemunhas oculares ao próprio pecado, mas à sua admoestação. Assim eles podem observar se o irmao reconhece seu pecado e mostra arrependimento. A ideia aqui é de chamar irmãos que conhecem bem o irmao e que podem ajudá-lo para tratar seu pecado.
E devemos nos lembrar, neste estágio também, o propósito para isso é amor –amor pelo pecador e amor pela honra de Cristo. O objetivo é restaurare resgatarum irmão ou irmã perdido.
Se o irmão ou irmã não quer ouvir as testemunhas ou se recusa a reconhecer o pecado, então
Cristo nos ordena que levemos isso aos presbíteros da igreja, e os presbíteros da igreja devem
julgar. Se a pessoa se recusar a se arrepender, ela—no final do process—será excomungada— removida da igreja.
E Cristo promete honrar esse julgamento; tudo o que a igreja ligar na terra, terá sido ligado no céu. Aqueles que são excomungados estão perdidos. Estão destinados ao inferno. Eles não serão salvos, a menos que se arrependam.
Agora, quando Cristo diz “você deve tratá-lo como um gentio e um cobrador de impostos”, isso não significa evitar a pessoa totalmente. Cristo disse que ela será como “gentio” e “publicano”—ou seja pessoa fora da aliança e vivendo em pecado. Mas devemos lembrar que o próprio Cristo buscou os gentios e publicanos, e até comeu com eles, mas com o propósito de chamá-los a arrependimento. O ponto é que tratemos o irmao excomungado com o pleno reconhecimento que ele está fora de Cristo e destinado ao inferno se não se arrepender. Não excluímos a pessoa das nossas vidas, mas em todas as nossas conversas com ela, a chamamos ao arrependimento.
É verdade que há textos que dizem que não devemos associarcom aqueles que se dizem irmãos na fé e ainda vivem uma vida imoral.
Por exemplo, 1 Co 5:11: “Agora, porém, vos escrevo que não vos associeis com qualquer que tenha o nome de irmão, se for culpado de imoralidade sexual ou ganância, ou for idólatra, injuriador, beberrão ou trapaceiro, nem mesmo para comer com um desses.”
Mas este texto está falando sobre aqueles que ainda afirmam ser crentes e querem ser recebidos como tal, enquanto continuando no seu pecado. Neste caso, sim, a resposta dos irmãos deve ser mais forte ainda: se, ao conversar ou comer com este irmao, ele vai levar a conclusão de que está tudo bem entre nós, então não posso nem fazer isso. Não vou deixar ele pensar de forma nenhuma que estamos em boa comunhão, porque está comunhão foi rompida, e estamos caminhando em sentidos diferentes.
Mas não devemos esquecer que nosso motivo é chamar o nosso irmão a arrependimento. Então, por exemplo, se for um colega de trabalho, não vou comer em outro canto só pra evitá-lo. Se for um membro da minha família, não vou recusar de vê-lo. Mas não vou deixar de lembrar que não estamos caminhando no mesmo sentido. Eles estão sob a ira de Deus. Eles estão destinados a perecer no inferno para sempre, a menos que se arrependam. É desamoroso fingir que tudo está normal. O foco o nosso relacionamento tem que ser de chamá-los a arrependimento.
——
Deixe-me dar algumas aplicações dessas verdades antes de encerrarmos:
Primeiro, as palavras de Cristo significam que devemos levar a disciplina muito, muito a sério. A membresia da igreja podenão seruma garantia dequevocêserá salvo, mas a excomunhão por uma igreja fiel é uma garantia de que você não será salvo a menos que se arrependa.
Deixe-me dizer novamente: a membresia da igreja pode não ser uma garantia de que você será salvo (porque existem hipócritas dentro da igreja), mas a excomunhão por uma igreja fiel é uma garantia de que você não será salvo, a menos que você se arrependa e seja recebido. novamente pela igreja. Podemos até fugir das consequências disso aqui na terra, ou nos esconder atrás de outras igrejas, mas a palavra de Cristo é clara. Rejeite a igreja de Cristo, e Cristo o rejeitará.
Em segundo lugar, vamos nos lembrar de nossa responsabilidade pessoal de lidar com o pecado que vemos. Sejamos honestos, irmãos e irmãs. Não é incomum que uma igreja reformada acaba tendo uma “fama” por pecados tolerados, seja bebedice ou imoralidade sexual. Às vezes esta mal-reputação é injusta, mas às vezes é realmente consequência de pecados que foram tolerados, e deveriam ter sido tratados. Certamente, os presbíteros tem uma culpa por isso, porque são responsáveis para tratar o pecado. Negligência, preguiça, covardia, ou excepção de pessoas por serem ricas ou membros de famílias proeeminentes, é indescupáve.
Mas muitas vezes também, irmãos, os próprios irmãos na igreja compartilha esta culpa, porque sabem muito bem das coisas que acontecem, e não tratam. Não falam com seus irmãos que estão pecando. Não obedecem as instruções de Cristo em relação a isso. Não denunciam aos presbíteros. Devemos estar envergonhados se estamos dispostos a deixar o nome de Cristo ser manchado por causa da licenciosidade que existe em nosso meio.
Isto também aplica aos filhos dos membros, mesmo se não fizeram ainda a pública profissão de fe. Isso não dá licença para viver no pecado. Temos também uma forma para a disciplina e excomunhão dos membros que ainda não participam na ceia por falta de ter feito profissão de fé.
Poucas coisas trazem desonra ao nome de Cristo como igrejas que permitem que a hipocrisia e o mundanismo continuem sem controle; cujos jovens se embebedam nos fins de semana e depois aparecem arrumados pra o culto no domingo. Todos nós temos a responsabilidade de proteger a honra do nome de Cristo e a santidade de sua igreja, a nem falar da alma do nosso irmão que esteja em pecado.
Em tudo isso, é importante lembrar o propósitoda disciplina. Uma razão é fazer com que o irmão ou a irmã se envergonhem, para que finalmente searrependam. Então é por amorao irmão.
Em segundo lugar, é para evitar que o pecado de uma pessoa corrompa toda a igreja. É claro que já somos todos pecadores, com corações que lutam diariamente contra a corrupção que existe dentro de nós, mas a imoralidade aberta e desenfreada tem um efeito profundamente corruptor no resto da igreja. É por isso que, quando Paulo disse aos coríntios que excomungassem o homem que estava dormindo com sua madrasta em 1 Coríntios 5, ele os advertiu: “Vocês não sabem que um pouco de fermento leveda toda a massa?”
E, finalmente, e em última análise, temos a responsabilidade de exercer disciplina por causa do nome de Cristo. Que nunca aconteça que, como Isaías declarou ao povo de Israel, “o nome de Deus seja blasfemado o dia todo por causa de vocês”.
Portanto, irmãos, recebamos aqui as palavras de Cristo com espírito sóbrio. Vocês, presbíteros, usem as chaves do reino como Cristo lhes ordenou, por amor do Seu nome. E vocês irmãos, recebam a admoestação deles se eles os corrigirem; humilhem-se sob eles; reconheçam a grande e pesada tarefa que eles têm de vigiar vossas almas, e fazei que lhes seja uma alegria e não um fardo. E que cada um de nós faça a sua parte, pois Deus nos dá essa responsabilidade de acordo com as circunstâncias em que nos coloca, de admoestar uns aos outros, corrigir uns aos outros e também ouvir as admoestações uns dos outros. É para nosso bem e nossa salvação que Deus nos uniu. Tenhamos em alta estima o nome que ele nos deu – o nome de cristãos – e protejamos sua honra e reputação.
Jonathan Chase
O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020.
© Toda a Escritura. Website: todaescritura.org.Todos os direitos reservados.
* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.