Leitura: Mateus 12:22-32, João 12:12-36
Texto: Dia do Senhor 18-19A
Irmãos em nosso Senhor Jesus Cristo,
Estamos continuando o nosso estudo sobre o Credo Apostólico—o credo mais antigo da Igreja Cristã—e vimos que este credo representa o ensino mais antigo e bíblico sobre a fé Cristã. Cada uma das afirmações do Credo são tiradas diretamente das Escrituras, e juntas se formam a antiga profissão e pregação da mensagem Cristã. Agora, estamos chegando no final da parte do Credo que fala sobre o que Cristo fez. Na semana passada, nós vimos a ressureição de Cristo dos mortos. E agora vamos olhar para sua ascensão ao céu.
A divisão do catecismo dos Dias do Senhor é um pouco estranha, porque coloca uma divisão entre a ascensão de Cristo e Sua “sessão” (sentado à direita do Pai), que realmente pertencem juntos. (Veja o Credo Apostólico no seu hinário ou no seu livro de confissões, e você vê que estas duas coisas sempre são colocadas juntas como uma única confissão.)
Agora, o que que tem de importância na ascensão de Cristo e na sua sessão à direita do Pai. Comparado com tudo antes que nós vimos que Cristo fez, isto não parece algo significativo. Pode parecer que a era atual é apenas um interino, ou um tipo de pausa na obra de Cristo, entre a importante obra de Cristo no passado—sua vida, morte e ressurreição—e a importante obra de Cristo no futuro—seu retorno final para julgar os vivos e os mortos. Pode parecer, à primeira vista, que agora Cristo não está fazendo nada de grande importância, apenas “sentando” à direita do Pai.
Mas eu quero mostrar que a realidade é muito o contrário. O que a Palavra de Deus nos mostra é que esta era—o que chamamos da “era da igreja”—é um momento de grande importância na obra de Cristo. Foi para este capítulo na história da redenção que todo o Antigo Testamento esperava ansiosamente. E Cristo também falou muito sobre esta era, pois esta era—começando com sua ressurreição—é a era do Reino de Deus sobre qual Jesus falou.
É isso que queremos ver esta tarde.
A grande ideia que queremos ver esta tarde é que A ascensão de Cristo ao céu anuncia o início de uma nova era e o estabelecimento do Reino eterno.
Um dos lugares onde Jesus fala desta nova era é em João 12.
Quero examinar com vocês especialmente os versículos 30-32. Foi no dia em que Jesus entrou em Jerusalém (chamado o Domingo dos Ramos). Jesus estava montado em um jumento em cumprimento das Escrituras, e foi aclamado pela multidão como o Filho prometido de Davi: podemos dizer que foi o “ponto alto” do ministério de Jesus.
Porém, nós sabemos que esse “ponto alto” estava prestes a ser seguido – em menos de uma semana – pelo ponto “mais baixo” em Seu ministério, com a multidão gritando “crucifica-o, crucifica-o”.
É nesse contexto que Jesus profere essas palavras no versículo 31-32:
“Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo.”
Então Jesus declara que três coisas estão prestes a acontecer:
- O mundo está prestes a ser julgado.
- O príncipe do mundo está prestes a ser expulso.
- E Jesus está prestes a ser levantado e atrairá todas as pessoas a Si.
Então, primeiro, ele diz, “agora é o julgamento do mundo”.
A que Jesus se refere?
Isso não pode ser uma referência ao julgamento final, que acontecerá no último dia, porque Jesus diz que é “agora.” Então Jesus referia-se a algo imediato: o que só poderia ser a cruz. O julgamento do mundo – o julgamento de Deus contra o pecado da raça humana – estava prestes a acontecer. O pecado estava prestes a receber sua justa recompensa, na pessoa de Cristo. É isso que nós já vimos nas últimas semanas ao olharmos para a morte de Cristo e o que Cristo realizou com Sua morte.
A próxima coisa que Jesus diz é um pouco mais obscura: “O príncipe deste mundo será expulso”.
A que Jesus se refere com isso? Quem é esse “principe” do mundo?
A única resposta possível para isso é o diabo, Satanás. A Escritura ensina que desde a queda em pecado, a humanidade caiu sob o domínio e governo de Satanás. Satanás é referido em outro lugar nas Escrituras como o “deus deste século (2 Coríntios 4:4) que cega as mentes dos incrédulos; ou o “príncipe das potestades do ar” (Ef 2:2) e o “espírito que opera nos filhos da desobediência”. E até a morte de Cristo, o domínio do mundo – com a pequena exceção do povo da aliança de Deus no Antigo Testamento – todos os outros reinos do mundo foram sob seu domínio e controle.
De fato, nos Evangelhos de Mateus e Lucas, somos informados de como Satanás procurou tentar Jesus no deserto, e uma de suas tentações foi a promessa a Jesus de que ele lhe daria todos os reinos do mundo:
Luke 4:5–6: “E, elevando-o, mostrou-lhe, num momento, todos os reinos do mundo. Disse-lhe o diabo: Dar-te-ei toda esta autoridade e a glória destes reinos, porque ela me foi entregue, e a dou a quem eu quiser.”
Você percebe, Jesus nunca disputou o fato que os reinos do mundo foram dados a Satanás. Mesmo que Satanás é o “pai da mentira” e estava querendo seduzir Jesus, neste caso ele ofereceu a Jesus em troca algo que ele realmente tinha – o domínio sobre o mundo.
Então Jesus diz: “agora o príncipe deste mundo será expulso”. O que ele quer dizer com isso?
Há outra passagem das Escrituras que pode nos ajudar a entender isso, que é Mateus 12:28.
Nesta passagem, Jesus estava expulsando demônios e foi acusado pelos fariseus de expulsar demônios em nome de Belzebu – outro nome para Satanás.
Agora, a primeira resposta de Jesus a isso é que não faz sentido. Por que Satanás expulsaria seus próprios servos?
Mas então Jesus explica o que realmente estava acontecendo. Ele diz,
Matt. 12:28–29: “Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós. Ou como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? E, então, lhe saqueará a casa.”
O que Jesus diz nesse texto é que se Ele está expulsando demônios pelo Espírito de Deus, isso é um sinal de que o Reino de Deus chegou e Satanás está sendo preso. Esse é o “homem forte” em sua pequena parábola. Se você quiser saquear a casa de alguém, primeiro você tem que amarrar a pessoa. Só assim você vai poder saquear a sua casa.
Então Jesus disse: “é isso que estou fazendo”. Estou amarrando Satanás – expulsando Seus servos – porque depois eu pretendo saquear sua casa. E qual é sua “casa”? É o seu domínio, o mundo.
Vamos voltar para João 12, então. A que Jesus está se referindo quando diz: “agora será expulso o príncipe deste mundo”?
Ele está dizendo que o poder de Satanás está prestes a ser amarrado, e que o domínio de Satanás está chegando ao fim.
Agora temos que perguntar: Quando foi que Jesus fez isso?
Mais uma vez, não podemos dizer que isso se refere a algo em um futuro distante, porque Jesus diz “agora.” Jesus está falando sobre algo que está prestes a acontecer. É uma referência à morte, ressurreição e ascensão de Jesus ao céu: por meio de qual, Jesus diz, Satanás será expulso.
E isso nos leva à última coisa que Jesus diz.
“E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”.
Agora, há um jogo de palavras aqui. João deixa isso claro: ele diz que Jesus disse isso para indicar de que tipo de morte ele iria morrer: ele seria fisicamente “levantado da terra” por meio da cruz.
Mas Jesus não está falando apenas sobre sua morte. Ele também está claramente falando sobre sua ascensão. O povo, ouvindo Jesus, entendeu que Ele estava dizendo que iria embora. E Jesus não nega isso. Ele diz, alguns versículos depois (versículo 35): “Ainda por um pouco a luz está convosco. Andai enquanto tendes a luz.” Então Cristo não estava apenas falando sobre sua morte, mas também sobre sua ascensão e sua saída desta terra, que Ele será “levantado” desta terra para o céu, e atrairá todos os homens para se mesmo.
E foi exatamente isso que aconteceu—ou pelo menos começou—quando Cristo ascendeu ao céu. Satanás, o homem forte, foi preso (Ap. 20:2)—o que significa que Seu poder de enganar as nações e assim dominar sobre elas foi removido—e Cristo começou o processo de saquear sua casa. Esvaziando seu domínio. Atraindo todos os homens para si.
O primeiro grande ataque que Cristo lançou foi no dia de Pentecostes. Pela Providência de Deus, nesta grande festa em Jerusalém (que era a festa da colheita e apontava a colheita das nações)—nesta grande festa, povos de muitas nações do mundo conhecido foram reunidas em Jerusalém – judeus e gregos de todo o Império Romano – e então Cristo veio em poder com Seu Espírito sobre os apóstolos, dando-lhes o dom de línguas, para que o Evangelho explodisse de Jerusalém para todos os cantos da terra. Atos 2 registra como partos, medos, elamitas, residentes da Mesopotâmia, Judéia e Capadócia, Ponto e Ásia, Frígia e Panfília, Egito e as partes da Líbia pertencentes a Cirene e visitantes de Roma, tanto judeus como prosélitos, bem como cretenses e árabes, todos ouviram o Evangelho em sua própria língua nativa. Assim, Cristo começou o ataque ao domínio de Satanás.
No capítulo 1 de Atos, você pode ler o relato bem conhecido da ascensão de Cristo ao céu. Enquanto ele falava, ele foi elevado ao céu, enquanto os discípulos olhavam para cima, até que as nuvens o encobriram de sua vista.
Em Daniel 7—500 anos antes de Cristo—o profeta Daniel tem uma visão, e vê, em suas palavras, “alguém como o Filho do Homem, vindo sobre as nuvens do céu, vindo diante do trono de Deus: e a Ele foi dado domínio, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas O servissem.” Veja—foi uma visão do mesmo evento, da ascensão de Cristo – visto da perspectiva dos anjos no céu. E aqui, a importância da ascensão de Cristo fica clara: o que aconteceu na ascensão de Cristo? Cristo Se apresentou diante do trono de Deus Pai, como alguém que havia completado a obra que fora enviado a fazer; e, portanto, tendo comprado as nações por Seu sangue, Deus o Pai deu a Ele domínio sobre todas as nações do mundo.
É por isso que, pouco antes de Sua ascensão, em Mateus 28, Cristo conduziu seus discípulos a uma alta montanha e disse a Seus discípulos: “toda autoridade no céu e na terra me foi dado. Ide, pois, e fazei discípulos de todas as nações.”
E irmãos, é isso que Cristo está fazendo agora, tendo ascendido ao Alto e sentado à direita do Pai. Ele está trabalhando, através do Seu Espírito, conquistando o domínio de Satanás que Ele comprou com seu sangue.
E qual é a promessa de Jesus em João 12? “Eu, quando for levantado, atrairei todos os homens para mim mesmo.” Todos os homens. Isto é, a terra inteira.
Irmãos, esta foi a promessa de Cristo. Ela não veio para saquear apenas uma pequena parte da casa de Satanás, mas a casa inteira. Então mesmo que nós vemos as nações conspirando contra Deus e sua igreja, e desprezando sua lei, não devemos ser abalados. O pessimismo que muitas vezes aflige as igrejas conservadoras não deve ter lugar entre nós. O pessimismo que diz que o mundo está ficando cada vez pior, e o cristianismo está morrendo. Isso é enfaticamente não o que Cristo nos ensina a pensar sobre o futuro da igreja e o futuro desta terra.
Podemos de fato sofrer perseguição neste país. Certamente deveríamos estar preparados para isso. E se essa é a vontade de Deus para nós, então Ele pode usar nossos sofrimentos para Seus bons propósitos. Mas podemos confiar que, se é da vontade de Deus que soframos, esse sofrimento não será em vão. Ele usará nossos sofrimentos para promover Seu Reino.
A visão que Cristo nos apresenta do futuro do mundo, agora que Ele ascendeu e está sentado à direita de Seu Pai, é que Ele estará progressivamente tirando o mundo para Si mesmo, já que agora o mundo pertence a Ele; que mais e mais a Sua igreja crescerá; e que, à medida que as boas novas da morte e ressurreição de Cristo conquistarem os corações dos homens em todo este planeta, eles serão mudados; que vidas serão mudadas; que os lares serão mudados; que as comunidades serão mudadas; e que as nações também serão transformadas, até o dia que Cristo voltará.
Jesus ensina isso repetidamente nos evangelhos. Nas parábolas do Reino de Mateus 13, ele compara o Reino de Deus a um grão de mostarda que começou como a menor das sementes—120 discípulos trêmulos e algumas mulheres em Atos 1 – e esta pequenina igreja cresceu na maior de todas as árvores, de modo que os pássaros do céu faziam ninhos em seus galhos. Ou no mesmo capítulo, Ele comparou o Reino de Deus com fermento que, uma vez lançada na massa, penetra e leveda a massa inteira. Essa “massa” é o mundo. O futuro que o Senhor Jesus nos ensina a esperar é aquele em que o mundo inteiro é transformado pela pregação do Evangelho e torna-se, por assim dizer, um novo mundo.
Claro, ainda haverá oposição. Ainda haverá joio semeado no meio do trigo. Mas não deixa de ser, por isso, um campo de trigo.
E Jesus não estava ensinando nada novo. Essa era a esperança do Antigo Testamento. Essa foi a promessa de Deus para Abraão: “em ti e na tua descendência, todas as famílias da terra serão abençoadas.”
Essa foi a promessa dada no Salmo 2 a respeito do Messias:
Sal 2:7–8: “Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão.”
Essa foi a promessa feita em Isaías 2 e Miquéias 5:
Is. 2:2–4: “Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém. Ele julgará entre os povos e corrigirá muitas nações; estas converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra.”
Isso não é uma visão apenas para depois que Jesus volta. É uma visão para a era da igreja— os “últimos dias” — que o Novo Testamento indica claramente começou no dia de Pentecostes. Pedro cita o profeta Joel dizendo:
Acts 2:17: “E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos;”
É nestes últimos dias — os dias que se seguem à ascensão de Cristo à glória e ao recebimento de Seu Reino — que o Evangelho está sendo divulgado e Cristo está realizando coisas poderosas.
Pense em quão pequena a igreja era 2.000 anos atrás, no dia de Pentecostes. Pense em como ela cresceu imensamente.
E por mais que pareça estar diminuindo no Ocidente, em todo o mundo, Cristo está crescendo Sua igreja em muitas nações. O evangelho continua sendo pregado e crescendo; igrejas fieis continuam testemunhando fielmente sobre a fé uma vez por todos entregue aos santos; os pais cristãos continuam educando seus filhos no temor do Senhor; e muitos cristãos continuam corajosamente e fielmente vivendo vidas piedosas em nome de Cristo.
Mas não colocamos a nossa fé em nenhuma destas coisas. Depositamos as nossas esperanças na promessa de Cristo, que agora mesmo, ele construirá sua igreja e as portas do inferno – mesmo que sejam barricados e reforçados – não vão prevalecer contra o avanço da igreja de Cristo e do Reino de Deus.
A fé cristã olha para o futuro com esperança—alias, não apenas esperança, mas a certeza que Cristo está reinando e Seu reino está avançando. Ele nos promete que atrairá todos os homens para si mesmo. Ele nos ensina a orar por isso também, na Oração do Senhor: “venha o teu Reino.” Esta petição não é uma oração por alguma realidade futura quando Cristo voltar, mas uma oração pelo mundo agora mesmo, até que Cristo volte.
Então, irmãos, o julgamento do mundo já chegou na cruz. Satanás agora está lançado fora do céu, e seu poder de enganar as nações foi quebrado. Não que ele não seja ativo no mundo, mas ele é impotente, porque o poder de Satanás era condenar e, em Cristo, essa condenação é tirada de todos os que crêem.
E, agora, Cristo está no alto, e por meio de Seu Espírito e Sua Palavra, está atraindo todos os homens para Si.
Saber disso deve mudar totalmente nossa atitude em relação ao mundo. Não temos motivos para temer o mundo. Não temos absolutamente nenhuma razão para temer o fim do cristianismo.
Em vez disso, devemos fazer o que Cristo nos ordena: ir a todas as nações – e em nossas comunidades – e testemunhar o Evangelho de Cristo; confiando que Ele fará uma obra poderosa através de nossos pequenos esforços.
E se essa obediência leva a resistência do mundo, não devemos nos surpreender – Jesus também nos ensina que enfrenaremos esperar perseguição – mas devemos nos consolar em Cristo de que nossos sofrimentos não são em vão. Se for a vontade de Cristo que nós soframos por Seu Nome, então podemos ter confiança que nosso galardão é grande, e que até estes sofrimentos serão usados por Cristo para promover Seu Reino. Sua promessa é que Ele reinará, de mar a mar e e desde o rio até aos confins da terra. Este mundo é o Seu domínio, e Ele o conquistará.
Deixe-me concluir recontando a história do martírio de Hugh Latimer, o bispo de Worcester que viveu no final dos anos 1400 até o início dos anos 1500 – os primeiros dias da Reforma. Ele era um fervoroso católico romano, pregador e capelão da universidade em Cambridge. Ele fez sua dissertação bem na época do início da Reforma e a dedicou a refutar as doutrinas de Philip Melanchthon – um reformador antigo que trabalhou com Martinho Lutero. Durante esse tempo, ele foi – em suas próprias palavras – “um papista tão obstinado quanto qualquer outro na Inglaterra”. Mas um dia, um estudante que ouviu sua disputa, que era um convertido aos ensinamentos de Lutero, veio e falou com ele pessoalmente; e suas palavras tiveram tal impacto em Latimer que daquele dia em diante ele desistiu de seu papismo e abraçou as doutrinas reformadas.
Latimer juntou-se aos primeiros reformadores na Inglaterra – reunindo-se na Taverna do Cavalo Branco. Ele começou a pregar as doutrinas da Reforma e a pedir a tradução da Bíblia para o inglês. Essa foi uma jogada perigosa, porque a primeira tradução, feita por William Tyndale, acabara de ser banida. Ele se tornou uma voz poderosa na Inglaterra, promovendo a Reforma ali.
Mas então as coisas pioraram. Maria, a Rainha dos Escoceses – uma fervorosa católica romana, também conhecida como “Maria Sangrenta” por sua perseguição aos reformadores – subiu ao trono na Inglaterra. Latimer soube imediatamente que seu destino estava selado. Ele sabia bem o que estava por vir. E foi mesmo. Ele foi preso, interrogado por suas crenças e ensinamentos, e foi condenado a ser queimado na fogueira, junto com Nicholas Ridley, o bispo de Londres e também reformador.
Mas as últimas palavras de Latimer para Ridley não foram palavras de desespero. Enquanto se preparava para que seu corpo fosse incendiado, ele demonstrou plena confiança de que nada poderia impedir a obra que Cristo estava prestes a realizar na Inglaterra. Então, em suas últimas palavras, ele se voltou para o bispo Ridley e disse:
“Seja o homem, Mestre Ridley; vamos hoje acender uma vela, pela graça de Deus, na Inglaterra, que espero que nunca se apague.
Que essa seja também a nossa confiança, baseada não em otimismo ingênuo, mas na promessa de nosso Salvador.
Jonathan Chase
O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.