Dia do Senhor 10

Leitura: Gênesis 45.1-15, Atos 17.22-31
Texto: Dia do Senhor 10

Irmãos e irmãs em nosso Senhor Jesus Cristo,

Na semana passada, examinamos a doutrina da criação, com o qual começa o Credo dos Apóstolos, e com o qual começa a Bíblia, que é o próprio fundamento da fé cristã, e sem o qual você não pode ter o Evangelho. Diferente das cosmovisões dualistas, panteistas, ou materialistas, o que Deus nos ensina em sua palavra é que Ele é totalmente distinto de Sua criação. A Criação não é Deus, nem um parte de Deus. A criação é obra de Suas mãos, mas Deus é eterno. Ele não tem começo. Ele existe em Si mesmo. Nada sustenta sua existência.

Isso já não é o caso com a Criação. A criação — o universo — tem um começo. Não é eterno. E não existe apenas em si. Ela é sustentada por Deus. E tudo o que acontece na Criação é dirigido por Deus.

É disso que se trata a doutrina da Providência. Você encontra a doutrina da providência no Credo Apostólico na palavra “todo-poderoso”—“Creio em Deus Pai todo-poderoso.” Talvez você não sabia, mas o credo apostólico foi originalmente escrito em Grego—a mesma lingua do Novo Testamento. E no grego original, a palavra traduzida como “todo-poderoso” é pantokrater.Literalmente, isto significa, “quem tudo faz.” Quem tudo faz. Realmente, a palavra “todo-poderoso” não traduz esta palavra muito bem. Você consegue ouvir a diferencia? A palavra “todo-poderoso” significa que Deus pode fazer tudo—ou seja, nada é impossível para Deus. Mas a palavra original que a igreja usava, não significa somente que Deus pode fazer tudo, mas que de fato Deus faz tudo. Em outras palavras, a igreja antiga estava confessando que Deus é soberano. É a confissão de Salmo 115:3: “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada.”

É muito triste que a doutrina da Soberania de Deus, hoje em dia, é tratada como uma peculiaridade da Igreja Reformada. Não é. É a confissão da Igreja Cristã, desde os primeiros séculos. Podemos dizer, desde o Antigo Testamento! 

Então esta é a doutrina que queremos estudar hoje de noite.

Deixe-me dizer algumas coisas sobre a doutrina da Providência antes de começar. Algumas razões pelas quais é tão importante trabalharmos com essa doutrina.

  1. Em primeiro lugar, a ideia da Providência de Deus é, para muitos, a doutrina mais difícil em toda a Bíblia para aceitar. E isso não é porque a doutrina não seja claramente ensinada nas Escrituras. É uma das doutrinas mais claramente ensinadas na Bíblia. Eu poderia listar dezenas de passagens que ensinam claramente que Deus é soberano sobre tudo, e imagino que os irmãos já conhecem diversos textos bíblicos. Não é difícil de aceitar porque não seja clara; é difícil de aceitar porque existe uma barreia emocional para muitas pessoas. A ideia de que Deus é soberano sobre tudo nos deixa com perguntas difíceis como: “Por que Deus permite que tanto mal aconteça neste mundo? Por que Deus trouxe tanto sofrimento para minha vida?” A providência é claramente ensinada nas Escrituras, mas é emocionalmente muito difícil de aceitar.
  2. Em segundo lugar, a outra razão pela qual é tão importante se firmar nesta doutrina é porque o conhecimento da Providência de Deus faz toda a diferença para sua e para sua vida cristã. Você vai enfrentar provações e sofrimento nesta vida, e sem o conhecimento da providência de Deus, esse sofrimento torna-se sem sentido e insuportável. Saber que todas as coisas vêm das mãos de Deus nos permite a aceitar as provações que Deus nos dá e até usá-las para nosso crescimento e para Sua glória. Quando confiamos na providência de Deus e aproximamo-nos Dele nos momentos de sofrimento, estes momentos se tornam os momentos em que nossa fé mais cresce, e Deus é glorificado por nós.

Então, irmãos, vale muito a pena dedicar um tempo para refletir sobre essa doutrina conforme ensinada na Palavra de Deus, para o bem do nosso crescimento e fé.

O catecismo dá uma boa definição da doutrina da Providência: “A providência de Deus é o Seu onipotente e onipresente poder, por meio do qual, com as Sua mãos, Ele sustenta continuamente o céu e a terra e todas as criaturas, e os governa de tal modo que … [nada] nos vêm por acaso, mas [tudo] procede da Sua mão paternal.”

Há dois elementos principais nessa definição. Uma delas é o fato de que Deus “sustenta” o universo, ou seja, tudo continua a existir e se manter unido pelo poder de Deus. Sl 104:29: “Se ocultas o rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem e voltam ao seu pó.” Deus não apenas criou o mundo por Sua palavra e poder, Ele também o sustenta por Sua Palavra e poder. A Bíblia não ensina de forma alguma a noção pagã de que Deus criou o mundo e colocou tudo em movimento, mas agora tudo simplesmente funciona sozinho pelas leis naturais. Isso se chama Deísmo, e é a noção de que Deus é como um relojoeiro, que coloca tudo no lugar, dá corda e põe em movimento, e depois deixa para funcionar sozinho. Você não encontra essa ideia nas Escrituras. As Escrituras ensinam que Deus continua a sustentar cada átomo do universo, e que sem Seu poder sustentador, tudo deixaria de existir.

Nós lemos Atos 17:28, onde o apóstolo Paulo pregou aos gregos pagãos. Depois de dizer a eles que Deus criou o mundo, ele também enfatiza que o mesmo Deus também continua a sustentar o mundo em todos os momentos: Atos 17:28 : “Nele vivemos, nos movemos e existimos.”

Observe os três passos nesse versículo. Em Deus nós vivemos, movemos, etemos o nosso ser.

  • Nele vivemos: cada respiração que damos vem de Deus. Que pensamento para nos lembrar do temor de Deus. Você acordou hoje de manhã, pela graça de Deus. Você chegou aqui, seu coração batendo e seus pulmões funcionando, porque Deus deu cada batimento cardíaco e respiração pulmonar. E muitas vezes nós percebemos a seriedade desta realidade quando de repente, às vezes sem nenhuma explicação médico, o coração simplesmente para de bater. Somos dependentes nEle em cada momento.
  • Ainda mais profundamente, Paulo diz, nEle nos movemos: ou seja, não podemos ir do ponto A ao ponto B sem a vontade de Deus. Uma das questões que incomodou muitos filósofos gregos antigos é como o próprio movimento é possível. Se você gosta de física ou filosofia, procure os Paradoxos de Zenão e, especialmente, a história de Aquiles e a Tartaruga, que mostra por que movimento nem deveria ser possível. Quanto mais aprendemos sobre o continuum espaço-tempo, mais misterioso ele se torna.
  • E em Deus nós temos nosso ser. Essa é a terceira coisa que Paulo menciona. Significa que Deus sustenta nossa própria existência. Podemos perguntar: este mundo é feito de que? Você pode falar sobre moléculas e átomos e continuar dividindo-os, mas no final das contas, estas coisas são feito de quê? No final, se algum dia seremos capazes de reduzi-lo a uma única “essência”, a verdadeira essência do universo é a palavra de Deus. Deus falou, e foi. Este mundo é feito da Palavra de Deus. É disso que este púlpito é feito e é disso que você é feito. Ele fala você à existência, e sustenta a sua existência a cada momento.

As Escrituras ensinam que Deus Pai nos sustenta por meio de Deus Filho. Assim como Deus criou o universo através do Filho, então Cristo também sustenta o universo. Colossenses 1:17 diz (sobre Cristo): “Ele é antes de todas as coisas, e nEle, tudo subsiste.” Hebreus 1:3 diz a mesma coisa, também falando de Cristo: Heb. 1:3: “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder.”

Então Deus, o Pai, sustenta e sustenta o universo – incluindo a nossa existência – em cada momento, através do Filho, por seu poder. Esse é a primeiraafirmaçãoda doutrina da Providência.

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A segunda parte que você vê aí na definição que o catecismo dá é que Deus também “governa” o universo, ou seja, que Deus dirige todas as coisas para Seus propósitos. Como disse o Senhor Jesus em Mateus 10:29: “Não se vendem dois pardais por um denário? E nenhum deles cairá em terra sem o vosso Pai.” Ou Provérbios 16:33: “A sorte é lançada no regaço, mas toda decisão vem do Senhor.” Deus dirige tudo para seus propósitos. Nada acontece exceto por Sua vontade, para servir a Seus propósitos. O catecismo dá uma lista de algumas coisas que são governadas por Deus: ervas e plantas, chuva e seca, abundância e escassez, comida e bebida, saúde e doença, riqueza e pobreza… E essa lista poderia continuar indefinidamente.

E Deus não apenas dirige as coisas da natureza para Seus propósitos – plantas, animais, vírus, tempestades e coisas assim – ele também governa as nações e as pessoas para Seus propósitos, para servir Seus objetivos. Prov. 16:9: “O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos.” Ou volte ao sermão de Paulo em Atenas para os gregos pagãos, em Atos 17:26, onde Ele diz: “de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação.” Ou Dan. 2:21: “é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.” Deus é soberano sobre pessoas e nações. Deus é soberano sobre a história.

O que nos leva a um grande problema: Será que Deus é soberano sobre o pecado?

Em Gênesis 37-50, lemos sobre José, sendo vendido como escravo por seus irmãos. Embora tenha sido vendido como escravo e mais tarde preso, eventualmente, pela bênção de Deus, ele foi promovido a segundo em comando de todo o Egito e, finalmente, ele acabou suprindo as necessidades de seus próprios irmãos que o haviam vendido como escravo. É uma história da providência de Deus. E assim ele lhes diz em Gênesis 50:20: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida.” Na verdade, infelizmente esta tradução não é não muito boa, porque no Hebraico ele diz: “vós intentastes o mal contra mim, mas Deus intentou o bem”—usando a mesma palavra. Em outras palavras, José reconheceu que aquilo que aconteceu pra ele foi parte do plano de Deus. Deus estava soberano até sobre este momento terrível, planejando o bem. Mesmo o pecado não acontece sem o decreto de Deus. Até os piores pecados, como irmãos que se voltam contra o irmão mais novo e o vendem como escravo.

E coisas ainda piores do que isso.

Em Atos 2, no dia de Pentecostes, o apóstolo Pedro falou aos judeus em Jerusalém sobre o fato de terem crucificado o Messias.

Atos 2:22–24: “Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis; sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus (!), vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos.”

Deus foi soberano sobre o pior pecado já cometido na história: a única pessoa inocente que já viveu teve sua pele arrancada com chicotes e foi pregada nas mãos e pés em uma cruz para sufocar e morrer.

E Deus designou isso para o bem. Ele decretou isso para salvar muitos pecadores, incluindo você e eu.

Mas como Deus pode ser soberano sobre o pecado, perguntamos? Isso não faz de Deus o autor do mal? As Escrituras dizem claramente que não.

  • 1 João 2:16: “porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.” E muitas outras passagens.

Mas se Deus não é o autor do mal, então de onde vem o mal?

Deixe-me levar a questão de volta ao começo. Acho que todo adolescente já fez esta pergunta. Se Deus criou Adão bom, então como o pecado poderia ter entrado no mundo? Por que Deus teria dado a Adão a capacidade de pecar?

Esta não é apenas uma questão acadêmica. Para muitas pessoas – acredito que para todos nós – é uma pergunta muito séria. Por que Deus não impediu que o mal acontecesse comigo? Como Deus ainda pode ser bom? Deus é soberano sobre todos os males que os seres humanos fazem um com outro? Como pode ser? Como Deus ainda pode ser bom?

Isso é chamado de problema clássico do mal: se Deus é onisciente, onipotente e completamente bom, como pode o mal ainda existir? 

E muitas pessoas, por causo disso, rejeitam totalmente a existência de Deus.

E não há uma resposta fácil para isso.

Mas também não se resolve esta questão ao rejeitar a existência de Deus. Se dissermos que o céu está vazio e Deus não existe, isso nos deixa com uma pergunta ainda mais difícil: por que eu chamo todas estas coisas de “males”? Em base de quê? Se não há Deus, não existe o mal. É só o universo sem significado, sem proposta, sem valor.

Embora alguns ateístas até chegam a esta conclusão, a maioria não. Isto porque somos criados na imagem de Deus. Paulo diz em Romanos 2 que temos a Lei de Deus escrita em nossos próprios corações. Você nunca vai me persuadir que o assassinato, abuso, crueldade, etc., são coisas indiferentes. Não, são males. São errados. São castigáveis, merecedores de punição. 

Não, eu não vou resolver o problema do mal negando a existência de Deus. Nem tenho este direito de negar meu Criador, mesmo que eu nunca possa resolver este dilema. Quem somos nós, as criaturas, para rebelar assim contra nosso Criador. Pior, a Bíblia nos ensina que o verdadeiro motivo do homem de rejeitar a existência de Deus é porque suas próprias obras são más. Sl 14:1–2: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem.” João 3:19: “O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.” Os argumentos filosóficos que os homens inventam são enganadores; são justificativos que o homem dá para viver uma vida autónoma.

Então não temos esta opção. Mas ainda existe a dificuldade. Por que Deus permite tanto mal neste mundo?

Se abordamos esta questão com humildade, com piedade, com o temor de Deus em nossos corações, tem várias coisas que podem ser ditas nas Escrituras.

  1. Primeiro, o pecado, e todo a destruição que ele causa, é obra do homem, não de Deus. A bíblia fica bem clara sobre isso. Tiago 1:13 diz: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.” Suas escolhas são suas. Deus nos fez com livre-arbítrio—não como robôs—para escolher o bem e rejeitar o mal. Nossos primeiros pais, à instigação do diabo, escolheram o mal, e assim corromperam também a nossa natureza; mas não adianta culpa Deus. Então, embora sim Deus tem Seus bons planos e propósitos, até pra o mal que os seres humanos fazem, isso não nos dá licença a passar a culpa pra Deus. Quando Ele diz que odeia o pecado, é porque realmente o odeia, e certamente o castigará.
  2. Segundo, precisamos entender que nesta vida, nós temos visão e conhecimento limitados. A história ainda não acabou, e é muito cedo para dizer que tudo que aconteceu é tão ruim que não tem como Deus usar pra o bem. Romanos 11:34 faz a pergunta: “Quem conheceu a mente do Senhor?” e ele não está procurando alguém que diga “eu!” Ningém conheceu a mente do Senhor. Talvez agora nós não possamos ver como Deus vai trazer o bem de tanto mal, mas a história ainda não acabou. Não somos mais sábios do que Deus. Deus disse em Is. 55:8–9: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.” Nós temos visão e conhecimento limitados. 
  3. Terceiro, muitas vezes os nossos valores são distorcidos. Se alguém for nos perguntar, quais são os piores exemplos do mal que acontece neste mundo?—nós poderíamos dar 100 exemplos de todo o sofrimento, fome, abuso, crueldade, injustiça, etc., que acontece neste mundo—e há boa chance que em uma lista de 100 exemplos, não mencionaríamos nenhuma vez o fato de que os seres humanos não glorificam a Deus, nem lhe dão a honra que Ele merece. Nossos valores são distorcidos. Temos que chegar a ver, como Davi, que Deus está exalando o Seu Nome e Sua Palavra acima de todas as coisas, e que não existe nada mais necessário e bom do que isso. Quando o homem e a mulher desobedeceram a Deus nos jardim de Éden, Deus amaldiçoou a terra – trazendo morte, destruição, furacões, terremotos, doenças, fome etc. — para não violar Sua própria palavra e justiça, e para exaltar seu Nome nos corações de Adão e Eva e todas os seus descendentes. E se todo o sofrimento desta vida nada mais faz do que nos levar a glorificar a Deus e lhe dar o respeito e temor que Ele merece, então que Deus seja honrado.

Então embora Deus não responde a todas as perguntamos que nós temos sobre o por quê as coisas acontecem, Ele nos direciona de volta a Se mesmo como o Deus que está guiando todas as coisas pra o bem.

E aqui está a coisa: sabendo que todas as coisas vêm da mão de nosso Pai é essencial para sua fé e crescimento como cristão. Sim, o Deus quem envia todos estes sofrimentos e dificuldades em nossas vidas, é o nosso Paiem Jesus Cristo, quem nos adotou, quem nos ama, e quem está procurando o nosso bem. Ele nos acompanha em todos os sofrimentos, nos consola, nos direciona de volta a Ele, perdoa também os nossos pecados, e nunca deixa o nosso lado. Assim, Paulo diz em Romanos 8:28: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.

Sim, todas as coisas. Riquezas e pobreza. Saúde, doença, até a morte!

Não seria fácil para José lidar com a injustiça de ter sido vendido como escravo por seus irmãos. Não seria fácil lidar com a injustiça que ele sofreu de Potifar. Será que isso também veio da mão de Deus? É fácil agora olhar pra trás, sabendo como se tornou em bem, mas José não sabia disse quando estava passando os anos na prisão, sem esperança (humanamente falando) de que iria sair. 

E de fato, muitos crentes fiéis tem passado anos na prisão – anos que eles nunca poderão recuperar. Tem um pastor na China que levou uma sentença de 10 anos, alguns anos atrás, e ainda está lá. Teve uma jovem huguenote na França durante a época da Reforma foi presa por sua fé quando tinha apenas 14 anos de idade. Ela passou os próximos 38 anos de sua vida na prisão porque não renunciaria à sua fé. Será que isso também veio da mão de Deus? Ela reconheceu que sim.

Pela graça de Deus, José foi capaz de continuar confiando em Deus. E no final de tudo, ele pôde testemunhar a seus irmãos que: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus intentou o bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida.”

Nós precisamos este mesmo conhecimento da soberania de Deus sobre nossas vidas, especialmente em meio à dor e ao sofrimento. Quando reconhecemos que até as mais difíceis provações vem até nós exatamente porque Deus as decretou para o nosso bem, então podemos começar a fazer o que o apóstolo Tiago diz em Tiago 1:2–3: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança.”

O catecismo faz a pergunta: o que nos beneficia saber que Deus sustenta todas as coisas por Sua providência? E responde à pergunta: “Podemos ser pacientes na adversidade, agradecidos na prosperidade e podemos, quanto ao futuro, confiar firmemente em nosso Deus e Pai 

fiel, porque criatura alguma poderá nos separar do Seu amor.” 

Essa paciência na adversidade não significa apenas esperando ou suportando o sofrimento até que passa. Muito menos significa tornar-se amargo. Quando Deus nos leva por provações, Ele está nos amadurecendo e purificando. Não devemos desperdiçar o sofrimento simplesmente esperando a hora que passe, nem muito menos expressando nossa insatisfação com sua Providência. Devemos usar estes momentos para crescer em nossa fé e aprender a agradecer a Deus pelo que temos. Podemos aprender “se alegrar” em meio dos sofrimentos e segurar mais firmemente o tesouro da nossa herança em Cristo que é nossa depois que todos os tesouros terrenos desaparecem. 

O outro lado disso é ser grato na prosperidade. Se Deus pode tornar o mal para o bem, quanto mais Ele pode tornar o bem para um bem ainda maior? 1 Ts 5:18 diz “Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” Se essa é a vontade de Deus para você em suas adversidades, certamente também é a vontade Dele para você em momentos de prosperidade. Lembramos em todas as nossas bênçãos terrenas que são imerecidas. Lembramos da misericórdia e bondade do nosso Pai.

E finalmente, estou doutrina transforma as nossas orações. Se Deus é soberano e Ele governa até os menores detalhes de sua vida, o que Ele faz, então nós devemos ser um povo de oração. Não podemos viver lamentando as coisas que acontecem neste mundo, e esquecendo de levar as nossas preocupações ao nosso pai. Orem, pedindo a misericórdia de Deus nas provações, e agradecendo a Ele por todas as bênçãos que Ele deu.

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Jonathan Chase

Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.