Leitura: Isaías 48.1-11, Jeremias 23.16-40, Mateus 7.15-23
Texto: Dia do Senhor 36
Irmãos e irmãs em nosso Senhor Jesus Cristo,
Nas últimas semanas, estudamos os Dez Mandamentos com o objetivo de conhecer melhor nosso Deus e aprender o que significa “viver em liberade” agora que Ele nos libertou. Só para relembrar: O primeiro mandamento, “não terás outros deuses diante de mim”, existe porque nós fomos feitos para nos relacionarmos com Deus e que nada nos dá maior alegria ou liberdade do que conhecê-Lo, amá-Lo e viver com Ele. Ele—sendo Deus—merece essa honra, e nós prosperamos dentro desse relacionamento como Suas criaturas.
Na semana passada, vimos o segundo mandamento, que tem a ver com o uso de imagens e como adoramos a Deus. Deus nos chama para conhecê-Lo como Ele realmente é, e não para substituir nossas idéias sobre Ele ou nossas preferências sobre Ele por quem Ele realmente é. A verdadeira adoração acontece quando nós O conhecemos corretamente e O servimos como Ele nos manda servi-Lo – e este mandamento também é para o nosso bem. Deuses feitos por nós mesmos, ou uma representação de Deus em nossa própria imagem de acordo com nossas próprias preferências, que faz dEle o tipo de Deus que gostaríamos que Ele fosse, e adorar essa versão de Deus – é auto-enganador e corrompe nosso relacionamento com ele.
Agora chegamos ao terceiro mandamento, e tem a ver com o nome de Deus:
Ex. 20: 7: “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.”
Então, isso tem a ver com a forma como usamos o nome de Deus.
Tomar uma coisa “em vão” significa tratá-la como coisa leve. A palavra “vão” significa simplesmente “vazio”. A palavra hebraica nos Dez Mandamentos tem a ver com coisas que são vazias e sem valor.
Em outras palavras, não podemos tratar o nome de Deus como se fosse “sem valor” para nós.
Agora precisamos saber como Deus se importa com isso. Deus se importa muito em como nós usamos Seu nome. Pode parecer estranho para nós que Deus se importe tanto com o uso de Seu nome que isso mereça um mandamento especial, e ainda mais uma advertência severa. Mas então, nós devemos estar dispostos para ser corrigidos por Deus. Para que seus valores se tornem nossos valores.
Podemos ver um pouquinho da preocupação de Deus com Seu nome em Isaías 48.
Quando essa profecia foi dada, o Reino do Norte de Israel já estava no exílio na Babilônia, e Isaías estava falando ao povo de Judá, o Reino do Sul, que já estava enfrentando a mesma possibilidade de ser levado cativo.
Então neste capítulo, Deus fala para o povo de Israel e fala sobre um futuro tempo em que Ele derrotaria a Babilônia e traria Israel de volta.
Mas ao revelar isso, Deus quer primeiro deixar uma coisa muita clara: que a Sua bondade para com eles não foi devida à justiça ou ao mérito deles, mas ao compromisso de Deus para honrar seu próprio nome.
Versículo 9:
“Por amor do meu nome, retardarei a minha ira e por causa da minha honra me conterei para contigo, para que te não venha a exterminar.
Eis que te acrisolei, mas disso não resultou prata; provei-te na fornalha da aflição. Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a dou a outrem.”
O motivo para a salvação de Deus é por causa do Seu próprio nome. Para que Seu nome fosse honrado, e não profanado.
Irmãos, Deus zelosamente guarda Seu nome. E precisamos entender que Deus está certo em fazer isso. Essa é a diferença entre Deus e nós. A glória de nossos nomes é uma glória pequena. Podemos até defender nossos nomes também em algumas circunstâncias, se fossemos caluniados ou injustamente difamados, mas temos que fazer isso com um justo entendimento sobre o limite do valor da nossa própria honra. Podemos defender nossa honra, mas o fazemos sabendo que é uma honra limitada.
Mas a honra de Deus é infinita. Na verdade, Deus nos criou – e a todo o universo – para exibir Sua glória. Nós existimos para a glória e honra de Deus. O honra de Deus merece o compromisso total de Deus. A nossa honra não.
Também, se nossa honra for insultada, nós ainda temos um juiz sobre nós, que pode nos vindicar. Mas Deus não. Ele é o árbitro final: se Ele não defende Sua honra, não há nenhum deus acima Dele em quem ele possa confiar para defendê-la. Ele tem todo o direito de defender Sua honra, e a Bíblia deixa muito claro que Ele assim faz.
É disso que trata este mandamento. Deus leva muito a sério a maneira como falamos Dele, porque Ele insiste (justamente) em ser honrado de acordo com o Seu valor, e é errado e mau difamar Ele. Ele não está sendo presunçoso ou arrogante quando defende Sua honra – qualquer um de nós faria a mesma coisa – e sua honra é infinitamente mais digna de ser defendida de que nossa.
Então, aqui, nós precisamos aprender as prioridades de Deus e deixar para trás nossas próprias prioridades. Precisamos saber que o nome de Deus vale mais do que qualquer outra coisa.
E então, Deus diz: “Não terei por inocente aquele que toma o meu nome em vão.” Quem trata meu nome como se fosse inútil, ou quem me difama.
Quando Deus diz: “Não terei por inocente”, isso não significa que Deus não perdoa esse pecado – Ele perdoa, e você pode pensar em Pedro, por exemplo, que negou Jesus três vezes e até jurou pelo nome de Deus que ele não conhecia Jesus, mas ainda assim foi perdoado. O que Deus está dizendo aqui é simplesmente que Ele não considera uma coisa indiferente abusar Seu nome. Se você já usou o nome de Deus em vão, não pense que Ele vai deixar pra lá. Procure o Seu perdão. Leve a sério, porque é sério.
Existem várias maneiras específicas em que o nome de Deus é tomado em vão, e devemos pensar cuidadosamente sobre elas.
Perjúrio
A violação mais óbvia deste mandamento tem a ver com questões de juramentos em nome de Deus—jurar uma coisa em nome de Deus e depois não cumpri-la. Chamamos isso de perjúrio. Num. 30:2 diz: “Quando um homem fizer voto ao Senhor ou juramento para obrigar-se a alguma abstinência, não violará a sua palavra; segundo tudo o que prometeu, fará.”
Há uma hora e um lugar para fazer um juramento em nome de Deus. O Dia do Senhor 37 trata esta questão mais detalhadamente, olhando a questão de quando e como podemos fazer juramentos. Mas a questão agora é simplesmente esta: se você fizer um juramento, deverá cumpri-lo. Quando Deus diz: “Não terei por inocente aquele que tomar meu nome em vão”, uma lição importante disso é que Deus não vai aceitar nossas desculpas se decidirmos não guardar nosso juramento.
- Novamente, isso não significa que não pode haver perdão para aqueles que quebraram seus juramentos. Existe perdão, e Pedro é a prova disso. Mas o ponto é, isto não é algo que Deus passa por cima. Se houver perdão, será perdão em Cristo, obtido pela cruz. Deus não vai aceitar nossas desculpas.
- Se você está ciente de juramentos que você fez e não cumpriu, e se não é pecado cumpri-los, você deve cumpri-los. Deus não tolerará o abuso de Seu nome.
- Nem podemos atrasar em cumprir nossos juramentos.
- Deut. 23:21–23: “Quando fizeres algum voto ao Senhor, teu Deus, não tardarás em cumpri-lo; porque o Senhor, teu Deus, certamente, o requererá de ti, e em ti haverá pecado. Porém, abstendo-te de fazer o voto, não haverá pecado em ti. O que proferiram os teus lábios, isso guardarás e o farás, porque votaste livremente ao Senhor, teu Deus, o que falaste com a tua boca.”
- Ec 5:4 diz a mesma coisa: Eccl. 5:4: “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes.”
- Obediência atrasada é desobediência. E se estamos vivendo em desobediência, então realmente devemos temer por nossas almas. Cumpra seus votos a Deus.
Então, a primeira e mais óbvia violação deste mandamento é quando as pessoas juram falsamente em nome de Deus. Ao fazer isso, eles tratam o nome de Deus como algo sem valor. Eles mostram que isso não significa nada para eles.
Lev. 19:12 diz: “Não jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso Deus. Eu sou o Senhor.” “Profanar” significa fazer algo deixa de ser sagrado. Deus considera a profanação de Seu nome como um insulto extremo, e Ele leva isso muito a sério.
O perjúrio também pode acontecer quando juramos em nome de Deus sobre algo que não é verdade. Esse tipo de coisa pode acontecer em um tribunal, quando as testemunhas são obrigadas a jurar em nome de Deus para falar a verdade. Fazemos a mesma coisa hoje. Embora que vivemos numa cultura muito secular, ainda reconhecemos que o Nome de Deus deve ser santo, e por isso temos a prática de jurar pela Bíblia como a Palavra de Deus. Se fizermos isso falsamente, também profanamos o nome de Deus, e ainda mais porque usamos o nome de Deus para cometer injustiças contra uma pessoa inocente.
Profanidade
Uma outra violação deste mandamento é quando o nome de Deus é usado em profanidade, ou seja, como um tipo de palavrão ou expressão de sentimento forte. Infelizmente isto é muito comúm aqui no Brasil. Dizer “meu Deus” ou “Meu pai” ou “Meu Jesus” como expressão leviana. Irmãos, nós temos que saber quão profundamente ofensivo isso é para Deus. Não tem nada a ver com lábios cristãos e não deve ter nenhum lugar, nem em nossos lábios nem em nosso entretenimento – nos filmes que assistimos, na música que ouvimos.
Eu sei que este é um ponto difícil de aceitar. Mas ouça bem: o abuso do nome de Deus não tem lugar em nossas casas.
Não tolere isso.
Esta não é uma posição irracional. Não é.
Afinal, qual realmente é o valor de ter os melhores filmes e televisão? Eu sei que às vezes assistimos alguma coisa por motivos maiores de que mero entretenimento. OK, então lamentamos que isso às vezes acontece. Mas muitas vezes os cristãos até toleram um abuso grosserio do nome de Deus, sem nem parecer se incomodar. Quais são as suas prioridades?
Davi diz no Psa. 101:3: “Não porei coisa inútil diante dos meus olhos.”
Para pensar de outra forma: se o próprio Senhor Jesus estivesse na sala, você ainda toleraria o abuso de Seu nome? E de fato, Ele está presente.
Irmãos, não tolerem o abuso do nome de Deus.
Isso não é legalismo. É simplesmente dizer: “meu Deus e meu Salvador deixou claro que Ele odeia o abuso de Seu nome, e então eu, porque o amo e devo minha vida a ele, farei tudo o que puder para prevenir isso. É uma questão de fé.
Então rogo aos irmãos, se não fizeram já, resolvam fazer tudo o que puder para preservar a santidade do nome de Deus em sua casa.
Este mandamento também levanta a questão de como falar com nossos amigos e colegas quando o nome de Deus é abusado. O que nós devemos fazer quando eles abusam do nome de Deus? O catecismo faz a pergunta: “Será que blasfemar o Nome de Deus por juramentos e maldições é um pecado tão grande que Deus se ira também contra aqueles que não impedem nem proíbem isso o tanto quanto podem?” E ele responde: “Certamente que sim. Porque nenhum pecado é maior nem provoca mais a ira de Deus do que blasfemar o Seu Nome.”
É importante notar a frase “o tanto quanto podem”. Existem ocasiões em que o abuso do nome de Deus por outras pessoas está fora do nosso controle. No trabalho, por exemplo: se estivermos em uma posição de autoridade, temos o direito e o dever como cristãos de estabelecer um ambiente de trabalho que proíba o abuso do nome de Deus. Na maioria dos casos, as emprezas podem manter padrões de decência, desde que sejam igualmente aplicados a todas as pessoas e religiões. Mas às vezes, se não estamos em uma posição de autoridade, então estamos limitados no que podemos fazer.
Não podemos criar uma lei aqui. É questão dos nossos corações. É questão de nosso amor a Deus e respeito por Seu nome. Quando aprendemos a honrar o nome de Deus na mesma maneira como o próprio Deus valoriza sua própria honra, nossas palavras e ações refletem este amor. Imagina: se você ouvisse o nome da sua esposa sendo insultado; ou o nome de um amigo querido sendo difamado—então você faria tudo para defender sua honra. Essa é a atitude do coração que Deus também nos ensina a respeito do nome dEle. Talvez você não está numa posição de autoridade para proibir o abuso do nome de Deus, mas você ainda pode agir dentro da sua capacidade para conversar com aquele que o abusa, ou pelo menos não participar numa conversa que o abusa.
O catecismo nos diz que não devemos ser espectadores silenciosos do abuso do nome de Deus. Na maioria dos casos, uma simples conversa respeitosa com a pessoa que costuma de abusar o nome de Deus já vai longe. Eles podem até rir ou ficar chateados, mas na maioria dos casos, eles ainda prestarão atenção e, normalmente, serão mais atenciosos. Claro que ainda tem uma hora e um lugar certo para isso; não é que invadimos um novo local de trabalho e já exigimos que todos mudem sua linguagem para se conformar aos nossos padrões, mesmo que sejam bons e bíblicos. É necessário um elemento de sabedoria. Mas quando é feito com respeito e por amor genuíno à honra de Deus, uma simples conversa já vai longe.
Em tudo isso, é claro, a principal influência que teremos sempre é o nosso próprio exemplo. Col. 4:5–6: “Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.”
Falando falsamente em nome de Deus
Ainda tem mais algumas coisas que devemos falar sobre este mandamento.
Já consideramos como o perjúrio – falsos juramentos – e palavrões abusam do nome de Deus. Mas ainda há outra maneira em que o nome de Deus é abusado, que é a falsa profecia – falando falsamente em nome de Deus.
Este é um tema muito frequente na Bíblia, e especialmente no livro de Jeremias: Deus detesta os falsos profetas. Jer. 14:14: “Disse-me o Senhor: Os profetas profetizam mentiras em meu nome, nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu íntimo são o que eles vos profetizam.”
Há momentos em que podemos sim falar em nome de Deus. Por exemplo, isto é a minha responsabilidade, como um ministro da Palavra. Paulo diz em Titus 2:15: “Dize estas coisas; exorta e repreende também com toda a autoridade. Ninguém te despreze.” E também tem momentos em que todos nós estamos chamados a fazer isso uns com os outros em nossas conversas. Como Pedro diz em 1 Pet. 4:11: “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus.” Mas isto é o ponto: nós só podemos fazer isso “em nome de Deus” quando realmente estamos baseando nossa instrução na Palavra de Deus.
Inúmeras seitas do Cristianismo já surgiram quando alguém declara que Deus falou por meio dele, sem fundamentar essa verdade na Palavra de Deus. E isso é tomar o nome de Deus em vão.
E nós temos que ter muito cuidado com isso também. Não estou dizendo que Deus nunca pode falar conosco em sonhos ou visões—a escritura não diz isso, então também não vou. Mas devemos ter muito, muito cuidado ao dizer “Deus me disse …” Porque, muitas vezes, o que realmente estamos fazendo é estamos usando o nome de Deus para aumentar nossa credibilidade à custa da credibilidade de Deus. As Escrituras estão repletas de advertências sobre isso:
- Jer. 23:16: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam e vos enchem de vãs esperanças; falam as visões do seu coração, não o que vem da boca do Senhor.”
- Jer. 23:21: “Não mandei esses profetas; todavia, eles foram correndo; não lhes falei a eles; contudo, profetizaram.”
- Matt. 7:15: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores.”
- 1 John 4:1: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.”
Devemos ter muito cuidado ao dizer: “Deus me disse”, mesmo que estejamos convencidos de que é Deus nos ensinando alguma coisa. Não tome Seu nome em vão. Você pode estar errado. Por que você precisa dizer “Deus me disse” ou “Deus está me dizendo” e não somente, “eu acho que Deus está me ensinando tal e tal”? Cuidado para não aumentar sua credibilidade à custa da credibilidade de Deus.
Esse abuso do nome de Deus era tão comum nos dias dos profetas que você pode até sentir a grande irritação de Deus através dos profetas verdadeiras. Ezequiel, um sacerdote treinado na Palavra de Deus, declarou em Ezek. 7:26: “Virá miséria sobre miséria, e se levantará rumor sobre rumor; buscarão visões de profetas; mas do sacerdote perecerá a lei (em outras palavras, a Palavra de Deus – eles chamam os primeiros cinco livros da Bíblia de “lei”)—do sacerdote perecerá a lei, e dos anciãos, o conselho.” Isaías diz a mesma coisa em Is. 8:20: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva (em outras palavras, uma verdadeira revelação).”
Parece que às vezes alguns cristãos querem falar desta forma porque eles acham que assim nós vivemos mais intimamente com Deus, se Ele fala diretamente conosco. Mas não precisa disso não. Não é de alguma forma “menos espiritual” insistir que a Palavra (escrita) de Deus seja nossa única e última autoridade. A Palavra de Deus é a Palavra do Espirito de Deus! Quando Paulo diz em Eph. 5:18–19: “Enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais,” ele diz a mesma coisa em outro lugar (Col 3:16) substituindo “O Espirito” com “A palavra de Cristo,” porque a Palavra é a palavra do Espirito. Seja cheio da Palavra de Deus; deixa que a palavra habite ricamente no seu coração, e você vai ver que a presença do Espirito acompanha a Palavra.
Então, irmãos, a Palavra de Deus é a nossa medida do que Deus realmente quer que nós saibamos e declaremos com autoridade. Se tivermos uma visão ou um sonho, podemos guardá-lo em nosso coração ou até falar sobre isso com cautela e humildade uns com os outros, mas devemos ter muito, muito cuidado ao dizer que isso é Deus falando. Não tomarás o nome de Deus em vão. Leve isso a sério.
A esse respeito, também devemos ter cuidado ao dizer coisas como: “Deus me conduziu a fazer isso …” É verdade que Deus nos guia por meio de Sua Palavra e pelas circunstâncias de nossas vidas, abrindo e fechando portas; mas essa linguagem também pode frequentemente ser usada para justificar uma decisão que nós já fizemos por outros motivos. E, novamente, é uma questão de usar Seu nome para aumentar nossa credibilidade e, ao fazer isso, diminuímos Sua credibilidade. Em vez disso, podemos dizer mais simplesmente: “Eu acho que Deus quer que eu faça isso,” ou “eu sinto convencido de que aquilo é o caminho certo pra eu tomar,” sem precisar do invocar a autoridade de Deus. Assim falamos com honestidade e sinceridade, sem abusar o nome de Deus.
Tudo isso se resume em reverência pelo nome de Deus. É questão de considerar Deus tão digno de nossa honra e respeito que não ousaríamos difamá-lo de forma alguma.
Hipocrisia
Nós já consideramos perjúrio (falsos juramentos), profanação e falsa profecia; tem mais uma forma de abusar o nome de Deus que nós devemos pensar mais, e talvez não seja tão óbvio. E é isso: afirmar ser o povo de Deus, sem refletir o caráter de Deus. Em outras palavras, é a hipocrisia.
Se você olhar novamente para Isaías 48, você pode ver que esta é a acusação que Deus traz contra Israel no versículo 1:
1 Ouvi isto, casa de Jacó,
que vos chamais pelo nome de Israel,
e saístes da linhagem de Judá,
que jurais pelo nome do Senhor
e confessais o Deus de Israel,
mas não em verdade nem em justiça.
2 Da santa cidade tomam o nome,
e se firmam sobre o Deus de Israel;
cujo nome é Senhor dos Exércitos.
O que Deus está dizendo a eles é: “vocês tomam meu nome para vocês mesmos – o que é certo, porque eu lhes dei meu nome em aliança com vocês – mas então vocês não vivem como meu povo.” “Vocês confessam o Deus de Israel … mas não em verdade nem em justiça.”
Deus falou isto porque eles estavam, ao mesmo tempo de confessar o Seu nome, também adorando outros deuses. Eles estavam se chamando pelo nome de Deus, mas, na prática, não estavam dando a Ele sua adoração exclusiva. E isso também leva o nome de Deus em vão. O trata como se não tivesse valor.
Deus é zeloso para a honra de Seu nome.
Podemos dizer a mesma coisa sobre o nome “cristão”. É o nosso nome, e Cristo o deu a nós, e é certo que nos chamemos pelo Seu nome. Ser cristão significa assumir o nome de Cristo. Quer dizer, “Cristo é meu Senhor”. Mas se tomarmos esse nome, então também devemos nos certificar de que Seu nome seja realmente honrado por nós. Tomar o nome de Cristo para nós mesmos, enquanto não refletir o caráter de Cristo ou cumprir os mandamentos de Cristo, é tomar Seu nome em vão. O próprio Senhor disse isso em Lucas 6:46: “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” Ter o nome de Cristo e guardar os mandamentos de Cristo deve sempre andar de mãos dadas. A esse respeito, também, Deus não terá por inocente aquele que tomar Seu nome em vão.
Agora, Deus não está falando aqui sobre aqueles que tomam o nome de Deus, mas lutam, imperfeitamente, para cumprir Seus mandamentos. Esse não era o caso em Isaías 48. A lei de Deus é contém em se o Evangelho. Os próprios mandamentos de Deus incluem também o mandamento de reconhecer e confessar nossos pecados. O que Deus está falando aqui, e o que Cristo estava falando em Lucas 6, é uma profissão e uma vida que são totalmente contraditórios. É uma profissão falsa. É assim que Deus fala em Isaías 48: “Eles confessam o Deus de Israel, mas não em verdade.” É uma recusa em ouvir a Deus e se submeter a Ele.
E esse tipo de hipocrisia tem consequências para a honra de Deus. As pessoas vão tirar conclusões sobre o caráter de Deus olhando para a vida do povo de Deus. Se o povo de Deus está reconhecendo e confessando seus pecados, e se esforçando na graça de Deus para viver conforme a vontade de Deus, então Deus fica honrado – mesmo quando estamos ainda longe de ser perfeitos. Mas se confessarmos o nome de Deus, enquanto vivemos em pecado e recusamos a confessá-lo, então isso será visível, e Deus receberá a desonra por causa disso. É isso que Deus diz aos líderes de Israel apenas alguns capítulos depois em Isaías 52: “o meu nome é blasfemado incessantemente todo o dia [por causa de vocês].”
Então, este mandamento é muito abrangente. Não é uma questão de simplesmente ter cuidado com a nossa linguagem, mas é fundamentalmente uma questão de nosso coração. Deus nos chama, com razão, para ter amor e reverência por Seu nome, e é um amor e reverência que nos torna muito cuidadosos para garantir que Seu nome seja honrado em nossas palavras e também por nossas vidas. É o que o Senhor Jesus também nos ensinou no sermão da montanha: Matt. 5:16: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” Isto também deve ser o desejo mais profundo do nosso coração: que nosso Deus e Salvador, que tanto fez por nós em Cristo, e que está sempre tão perto de nós, seja honrado, glorificado e louvado por nós em tudo o que nós dizemos e fazemos. Esse é o cerne deste mandamento, e é isso que Deus coloca diante de nós hoje.
Vamos cantar nossa oração em resposta a Deus no Salmo 138.
Jonathan Chase
O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020.
© Toda a Escritura. Website: todaescritura.org.Todos os direitos reservados.
* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.