You are currently viewing Deuteronômio 07.06-08

Deuteronômio 07.06-08

Leitura: Deuteronômio 07.01-11
Texto: Deuteronômio 07.06-08

Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo

O livro de Deuteronômio traz em seu conteúdo as palavras que Moisés recebeu do SENHOR para transmiti-las a Israel num momento importante na história de seu povo. A situação de Israel naquele momento era a seguinte. A jornada de quarenta anos do deserto estava chegando ao fim e o povo de Deus encontrava-se perto das margens do Rio Jordão, ansioso para entrar e possuir a terra prometida de Canaã. Pelo poder de Deus, eles já tinham vencido alguns povos e conquistado algumas terras no lado de cá do Jordão. Mas faltava ainda atravessar o Jordão e conquistar Canaã, conforme a promessa de Deus.

É importante sabermos também que aquela geração que estava à porta de Canaã era uma geração diferente da que saíra do Egito. Eles não tinham conhecido a idolatria daquele país e estiveram sob a liderança de Moisés por quarenta anos no deserto. Eles testemunharam do poder e da graça de Deus sobre eles durante toda aquela jornada e depositaram sua confiança nele. No entanto, devemos lembrar que eles eram pecadores que tinham seus problemas e fraquezas e, portanto, necessitavam de instruções e exortações para viver a vida de santidade que Deus exigia deles.

Por isso, naquele momento, o SENHOR em sua bondade deu a Moisés as palavras de exortação para seu povo. Moisés, consciente do fim de sua missão e de que o povo estava prestes a conquistar a terra prometida, dá instruções e exortações a Israel baseado na lei de Deus. Exortações acerca da maneira como eles deveriam se conduzir em Canaã. No livro de Deuteronômio encontramos três grandes sermões de Moisés, além de uma série de leis que ele proclamou ao povo em nome do SENHOR. Eram as últimas palavras de Moisés ao povo. De um modo geral, Moisés lembra ao povo sobre o passado (cuidado de Deus), exorta-os quanto ao presente (exigência de amor e santidade para Deus) e encoraja-os com a promessa de Deus para o futuro (Deus mantém a sua aliança).

No primeiro sermão (1.5-4.40), Moisés relembra algumas das experiências de Israel sob a sua liderança (cuidado de Deus, vitórias, terras, etc). Já no seu segundo sermão (4.44-11.32), no qual está inserido nosso texto, Moisés apresenta ao povo uma série de exortações. Neste sermão ele repete a lei de Deus e chama o povo à santidade e obediência.

Duas coisas importantes Moisés enfatiza em seus sermões para Israel: 1) O amor do SENHOR por Israel (Dt.4.37;10.15 ); 2) A resposta de Israel a este amor em obediência e santidade (Dt.6.1-5).

A situação de Israel iria mudar (não mais a peregrinação no deserto, mas estabelecimento na terra de Canaã); porém sua posição diante de Deus permaneceria a mesma: Em Canaã, Israel continuava sendo o povo exclusivo de Deus, pois Deus o escolhera dentre todos os povos da terra para ser o seu próprio povo. É isso que lemos no nosso texto:

DEUS ESCOLHEU O SEU PRÓPRIO POVO SOBRE A TERRA

Vejamos duas coisas a respeito dessa escolha divina:

A Base da Escolha
O Propósito da Escolha

  1. A Base da Escolha

Moisés afirma que o SENHOR Deus escolheu Israel para ser seu povo (v.6). O povo de Israel, a quem Moisés se dirige como povo eleito, eram os descendentes diretos de Abraão, Isaque e Jacó, com quem Deus firmara uma aliança. Deus escolheu Abraão para ser o Deus dele e dos seus descendentes. Israel recebeu as promessas de Deus e a benção de ser seu povo exclusivo. Por que Deus fez isso? Por que Deus escolheu Israel para ser o seu próprio povo? Será que Deus viu em Israel algo de bom? Era Israel uma nação melhor que as outras e por isso digna de ser escolhida por Deus para desfrutar de suas bençãos? Nada disso. Deus escolheu Israel não baseado em algum mérito da parte de Israel mas, somente com base no seu grande amor. “Não vos teve o SENHOR afeição nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos, mas por que o SENHOR vos amava…”(vs.7,8). Deus se ligou a Israel e o escolheu para si mesmo simplesmente baseado no seu grande amor. Esse texto nos ensina duas coisas sobre a eleição de Deus:

1 – A eleição não depende de qualquer mérito humano. Deus não escolheu Israel porque vira algo de bom neles. Israel era até o menor de todos os povos (população, cultura, posses). Mas os israelitas eram também pecadores como os outros povos. Encontravam-se na mesma posição diante de Deus: pecadores dignos do castigo. No entanto Deus os escolheu, mas não com base em algo de bom neles, pois eram pecadores. Algumas pessoas ensinam que a eleição de Deus está condicionada a alguma qualidade própria do homem. Deus previu aqueles que creriam nele e seriam obedientes e portanto resolveu escolhê-los. Essa é a doutrina arminiana que dá ao homem mérito por sua eleição. Porém, não é isso que a Bíblia ensina. No Novo Testamento, este ensino sobre a eleição de Deus sem levar em conta algum mérito humano é mais claro ainda. Veja os seguintes textos: (ler Rm. 9.11; II Tm.1.9; Tt.3.4,5). “Não segundo as nossas obras…”; “não por obras de justiça praticadas por nós…”. A palavra de Deus é clara em mostrar que o homem não tem mérito algum de si mesmo para ser escolhido e salvo por Deus.

  1. A eleição está baseada no grande amor de Deus. “Mas porque o SENHOR vos amava”. Moisés enfatiza a Israel que a posição privilegiada deles como povo escolhido de Deus é tão somente resultado do amor de Deus. Esse tema do grande amor de Deus por Israel é também presente em outros textos (ler Jr.31.3;Os.11.4; Rm.11.13). Deus escolheu Israel por seu grande amor.

Mas o que é o amor de Deus? Merecemos este amor? Quando a Bíblia fala do amor de Deus não está falando de um mero sentimento qua há em Deus, mas de algo que é essencial a ele. O amor é a essência de Deus pois Deus é amor. O seu grande amor se estende às suas criaturas caídas, as quais não são dignas desse amor. Deus não está debaixo de uma obrigação para amar todos os homens. Nenhum ser humano caído é digno do seu amor mas da sua ira, pois todos se rebelaram contra ele em Adão. No entanto, aprouve a Deus, conforme sua livre vontade e por causa do seu grande amor, escolher dentre toda a humanidade caída algumas pessoas para serem redimidas por Cristo e se tornarem seu povo exclusivo.

Aos seus escolhidos Deus manifesta o seu amor a fim de salvá-los. Atente para Israel. Deus manifestou o seu amor por eles com atos de redenção. O SENHOR os libertou da escravidão do Egito para cumprir suas promessas aos pais, e isso com base no seu grande amor por seu povo.

A base da nossa eleição é o grande amor de Deus por nós pecadores. É isso que a Bíblia ensina (ler Ef.1.5; IITm.1.9; Tt.3.5). Nós não merecemos nada de Deus, mas por sua graça e amor Deus nos escolheu.

A grande manifestação do amor de Deus por nós pecadores foi a dádiva do Seu Filho para morrer por aqueles que ele antes da fundação do mundo escolhera. Em Cristo nós fomos escolhidos por Deus (ler Ef.1-3-7).

A eleição de Deus quanto àqueles que serão salvos é uma só e se deu na eternidade. Não é assim que existiu uma eleição de Israel no AT e outra da igreja no NT. A eleição é uma só para todos os que são salvos tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Os eleitos são objeto do amor de Deus revelado em Cristo.

Precisamos nos manter humildes em reconhecer que nossa eleição e salvação não dependem de nós mesmos, mas de Deus somente. Não por nossas obras mas por causa do seu amor em Cristo somos salvos (I Co. 1.30,31).

A doutrina da eleição com base no amor de Deus é uma fonte de grande consolo para nós. Reconhecendo nossa indignidade diante de Deus e o que ele fez por nós em Cristo, só podemos nos encher de consolo. Além disso, essa doutrina nos motiva a pregar o evangelho para a conversão de pecadores. Não sabemos quem são os eleitos de Deus; só o Senhor conhece os que lhe pertencem. Nossa tarefa é pregar a palavra, pois as ovelhas de Cristo ouvirão a sua voz e o seguirão.

É de fato o maior privilégio que existe ser escolhido para pertencer a Deus. O povo que pertence a Deus desfruta dos seus benefícios salvíficos. O povo escolhido de Deus também tem uma responsabilidade. Deus escolheu o Seu povo com base no seu grande amor em Cristo não somente para a salvação mas também para refletir a santidade de Deus em sua caminhada na terra. O povo eleito é também um povo santo.

  1. O Propósito da Escolha

Para que Deus escolheu Israel? Para ser o próprio povo de Deus (v.6). Israel era propriedade particular de Deus. Nessa posição especial, eles tinham o privilégio de desfrutar das bençãos de Deus e também a responsabilidade de ser um povo santo. “Porque tu és povo Santo ao SENHOR” (v.6). Eis o propósito para o qual Deus escolheu Israel: ser o seu povo santo. Deus exigia santidade do seu povo (Lv.19,1,2). Se Deus é santo, aqueles que pertencem a ele devem também ser santos. Quando a Bíblia diz que Deus é Santo ela quer expressar que Deus é perfeito em si mesmo e separado de todo e qualquer pecado. Por causa de sua santidade ele odeia o pecado e exige santidade dos que lhe pertencem.

O que significava para Israel ser santo? Ser santo significava ser separado do mundo e do pecado para servir somente a Deus. Israel tinha nas mãos a responsabilidade de refletir no meio dos povos pagãos a santidade de Deus expressando seu ódio pelo pecado e sua total dedicação ao SENHOR.

Como Israel demonstraria a santidade de Deus em Canaã? Nos primeiros versículos do capítulo 7 encontramos a resposta. Moisés explica ao povo qual deve ser a conduta deles na terra que estão para possuir a fim de refletir a santidade de Deus. Vemos aqui pelo menos três coisas que Israel deve fazer para mostrar que Deus é santo e que eles são o povo santo do SENHOR:

1 – Destruir totalmente as nações pagãs sem ter piedade delas (1,2): Talvez você ache isso uma ordem muito severa da parte de Deus. Como pode Deus exigir do seu povo que destrua outros povos? Precisamos entender a situação daquelas nações diante de Deus. Aquelas nações eram pagãs e por muito tempo viviam na prática de todo pecado (idolatria, prostituição,etc). O Deus Santo abomina o pecado e através do seu povo Israel quer exercer juízo sobre aqueles povos pagãos. O tempo do julgamento de Deus para aquelas nações tinha chegado com Israel. O povo santo de Deus não devia ter misericórdia daqueles povos ímpios. Deus queria castigá-los por um justo julgamento.Também não devemos esquecer que o SENHOR também advertiu o seu povo para não cometerem os erros daquelas nações para também não serem destruídos (Dt.28.15-68).

2 – Não fazer nenhum tipo de aliança com aquelas nações ímpias (2-4): Israel é chamado por Deus a expressar santidade por meio de separação. Essa separação não significava isolamento dos outros povos. Mas significava não manter nenhum tipo de relacionamento íntimo com aquelas nações para não se contaminarem com eles. Deus proibia o matrimônio entre os membros do seu povo com os membros daquelas nações ímpias. Com esta ordem, Deus quer poupar o seu povo de ser influenciado pelos pecados daquelas nações a fim de não castigá-los por um castigo justo. Infelizmente, a história de Israel nos mostra que eles não mantiveram a santidade que Deus exigia deles e se contaminaram ao fazer aliança com outros povos (época dos juízes: Jz.2.2;3.5,6; Sl106.37-39).

3 – Destruir todo objeto de culto idólatra (5): Deus também ordenou ao seu povo que destruísse tudo que tinha função ou um destino no culto idólatra daquelas nações. Altares, imagens, estátuas, postes-ídolos, tudo deveria ser destruído. Mesmo se fosse material precioso (ouro, prata) tinha de ser destruído totalmente. Com isso Deus quer mostrar que ele é o Único Deus que deve ser adorado e também quer livrar o seu povo de ser contaminado com a idolatria daqueles povos ímpios. A história posterior de Israel nos mostra que Israel se deixou contaminar com a idolatria daqueles povos e por causa disso foi castigado por Deus.

Deus nos escolheu para sermos santos. A igreja eleita de Deus é chamada a viver em santidade no mundo (I Pe.1.15,16; 2.9). Como podemos expressar a santidade do nosso Deus hoje? Será que Deus quer que matemos seus inimigos? Que destruamos todo objeto de idolatria que está ao nosso redor? Não é isso. Devemos entender que a situação do povo de Deus no AT era diferente da nossa. Israel vivia numa teocracia (governo de Deus). Eles recebiam do SENHOR ordens para exercer juízo no meio das nações ímpias. Muitas coisas que Deus ordenou a Israel não se aplicam a vida da igreja hoje. No entanto, a ordem imutável de Deus para seu povo permanece em todas as épocas: Tu és povo santo ao SENHOR.

Como podemos expressar a santidade de Deus hoje? O que temos de destruir? De quem devemos nos separar? Todo pecado que nos impede de viver em santidade diante de Deus deve ser banido de nossa vida. Devemos nos separar de tudo o que é impuro a fim de nos consagrarmos ao nosso Deus. Não quer dizer que vamos nos isolar do mundo, mas sim que vamos evitar todo tipo de compromisso que pode nos levar a pecar contra Deus. As palavras do apóstolo para a igreja de Corinto refletem bem o propósito para o qual Deus nos escolheu: ser seu povo santo (ler II Co.6.14-7.1). O povo escolhido de Deus com base no seu grande amor é um povo santo. Deus nos exorta a viver em santidade no meio da corrupção do mundo em que vivemos. Que Deus nos ajude a viver conforme o chamado que ele nos fez: em santidade diante dele e dos homens a fim de que seu nome seja glorificado em nossas vidas.

Amém.

Voltar ao topo

Elissandro Rabêlo

Bacharel em Teologia pelo CETIRB – Centro de Estudos de Teologia das Igrejas Reformadas do Brasil (Atual Instituto João Calvino) (1999-2004). Fez Convalidação de Teologia na Universidade Mackenzie em São Paulo (2017). Ministro da Palavra e dos Sacramentos da Igreja Reformada do Grande Recife (PE), servindo como Missionário da Igreja Reformada em Fortaleza (CE).

© Toda a Escritura. Website: todaescritura.org.Todos os direitos reservados.

Este curso é gratuito. Por isso, apreciamos saber quantas pessoas estão acessando cada conteúdo e se o conteúdo serviu para sua edificação. Por favor, vá até o final dessa página e deixe o seu comentário.

* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.