Dia do Senhor 17

Leitura: Romanos 6.1-14, 1 Coríntios 15
Texto: Dia do Senhor 17

Irmãos em nosso Senhor Jesus Cristo,

A pergunta que eu quero fazer hoje de manhã é por que a ressurreição de Jesus Cristo é importante?

Talvez isso pareça algo que nem precisa ser perguntado. Mas então, como você responderia 

Pense nisso: se alguém for lhe pedir para resumir a mensagem do Evangelho de Cristo: como você faria isso? [Pausa]

Aposto que a maioria de nós, que conhece bem nossa doutrina, diria algo assim: a mensagem do Evangelho é a boa notícia de que Jesus Cristo morreu na cruz por nossos pecados. A maioria de nós, quando pensamos na obra de Cristo, pensamos em Sua morte. Não—pelo menos em primeiro lugar—Sua ressurreição. 

E a maioria de nós, se alguém for nos perguntar “por que a morte de Jesus importa?” provavelmente seria capaz de responder a isso bem. “Importa porque assim meus pecados foram punidos, para que eu pudesse ser perdoado por Deus.”

Mas se lhe perguntassem: “por que a ressurreição é importante?” … você seria capaz de responder a essa pergunta com a mesma rapidez e confiança? 

A maioria de nós, eu suspeito, lutaria mais para responder a essa.

Mas vejam, irmãos: quando os apóstolos e os primeiros cristãos falaram da mensagem do Evangelho, eles falaram sobre a ressurreição pelo menos tão frequentemente (se não mais) de que falaram da morte de Cristo. Pensem nessas palavras de 1 Pet. 1:3: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a… ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.” Talvez nós teríamos falado, através da morte de Jesus Cristo. Ou escutem isto, as primeiras palavras da carta aos Romanos: Rom. 1:1–4: “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus, o qual foi por Deus, outrora, prometido por intermédio dos seus profetas nas Sagradas Escrituras, com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi e foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor.”

E pense no que Paulo diz em 1 Coríntios 15: “Se Cristo não ressuscitou, então nossa pregação é vã e sua fé é vã”.

Para os apóstolos e a igreja primitiva, a ressurreição de Jesus era absolutamente essencial para sua fé e sua compreensão do Evangelho.

Então, com isso em mente, esta tarde eu quero fazer a pergunta por que. Por que a ressurreição de Jesus é importante? O que se segue disso? Por que nossa fé repousa sobre isso?

Quero examinar cinco razões dadas nas Escrituras para explicar por que a ressurreição é absolutamente essencial e por que nossa fé depende dela:

#1: A ressurreição é a prova que Jesus é Filho de Deus.

Ouça novamente o que Paulo diz em Rom. 1:4: “Ele foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos.” A ressurreição demonstrou que Jesus é o Cristo enviado por Deus.

Isso foi muito importante para os apóstolos quando eles pregaram o Evangelho nos primeiros anos. Foi a Ressurreição que virou totalmente suas vidas de cabeça para baixo. Foi a ressurreição que destruiu seu mundo antigo. Quando o discípulo Tomé viu o Senhor Jesus ressuscitado, qual foi a Sua reação? Ele disse: “Meu Senhor e meu Deus!” A ressurreição provou-lhes que Jesus era o Messias, o Filho de Deus.

Agora é verdade que outras pessoas ressuscitaram da morte. Existem relatos de ressuscitação em outras partes das Escrituras. O profeta Eliseu ressuscitou um menino dentre os mortos. O Senhor Jesus ressuscitou Lázaro dos mortos. Mas nesses casos, eles foram apenas ressuscitados temporariamente e ainda morreram novamente.

Mas a ressurreição de Jesus é absolutamente única. Por um lado, Ele disse que iria morrer e ressuscitar. E então Ele fez. Isso não é verdade para mais ninguém.

Além disso, Jesus foi sepultado em um túmulo, e uma pedra pesada foi colocada na entrada e selou a entrada. E foi guardado por um grupo de soldados. E, no entanto, Jesus não apenas ressuscitou da morte, mas um anjo de Deus removeu a pedra à vista dos guardas. Isso não tem comparação.

E o mais importante, Jesus ressuscitou, para nunca mais morrer. Ele ressuscitou glorificado. Ele ressuscitou como alguém que não apenas adiou a morte, mas a superou.

E assim a ressurreição foi a vindicação poderosa de Deus de Seu Filho Jesus Cristo. Ao ressuscitá-lo dos mortos, Deus demonstrou ao mundo que Jesus era exatamente quem Ele afirmava ser: o Cristo, o Filho de Deus, o salvador enviado por Deus.

Muitas vezes Deus havia afirmado isso. No batismo de Jesus, Ele falou do céu dizendo “este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Mas as pessoas ali presentes pensaram que tinha apenas trovejado. Novamente no Monte da Transfiguração, Deus disse aos três discípulos que estavam com Jesus: “Este é o meu Filho amado. Ouça a Ele.” E Deus demonstrou Seu favor por Jesus de outras maneiras também. Quando Jesus morreu, as rochas se abriram, de modo que o centurião e os que estavam com ele, vigiando a execução, declararam: “Certamente este era o Filho de Deus!”

Mas a demonstração mais poderosa de todas está no fato de que Deus o Pai ressuscitou seu Filho dos mortos. 

E foi isso que transformou os discípulos aterrorizados e confusos em apóstolos corajosos, que – cada um deles – deram suas vidas para proclamar o Evangelho. É por isso que o sermão inaugural de Pedro no Pentecostes foi sobre a ressurreição. Nisto Deus demonstrou, mais poderosamente do que em qualquer outro lugar, que Jesus era verdadeiramente o Messias enviado por Deus. Então Pedro diz em Acts 2:31–32: “Davi, prevendo isto, referiu-se à ressurreição de Cristo, que nem foi deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção. A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.” E alguns versículos depois ele diz novamente: “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.”

A ressurreição era tão central para os apóstolos porque era a evidência irrefutável, do próprio Deus, que cada um deles tinha visto com seus próprios olhos, que Jesus realmente era quem Ele afirmava ser, o Cristo, o Messias enviado por Deus.

Então, em primeiro lugar, é uma vindicação da identidade de Jesus.

#2. A Ressurreição Acaba com a Maldição da Morte

A ressurreição põe fim à maldição da morte para aqueles que pertencem a Jesus.

Para entender isso, preciso dizer algo sobre a morte de Jesus—algo que pode não ser óbvio. Acho que parte da razão pela qual muitos cristãos lutam para explicar por que Jesus precisava ressuscitar dos mortos é porque não entendemos corretamente o que aconteceu em Sua morte.

Entendemos que Cristo morreu como um substituto— em nosso lugar. Isaías capítulo 53 diz: “Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.”

Porém, quando pensamos em Cristo como nosso substituto, em que sentido ele é um substituto? Alguns entendem isso como uma simples troca. Como se nós simplesmente trocamos de lugares. Cristo ficou em nosso lugar (de pecadores) e nós ficamos no lugar dele (inocentados). 

Mas a Bíblia não trata a morte de Cristo desta maneira. A bíblia tem uma visão pactual. Ou seja, Cristo morreu como nosso cabeça. Como um pai por seus filhos. Como cabeça da nova aliança. Existe uma substituição, sim—ele foi fisicamente pregado na cruz, e nós não—mas é uma substituição representativa. Neste sentido, Deus considera que nós estávamos ali na cruz com Cristo. Não é somente que ele morreu e nós não—biblicamente, nós morremos com ele.

Vou mostrar como isso afeta nosso entendimento da ressurreição de Cristo. Mas parando por um momento mais na morte de Cristo, é importante que entendemos isso. Às vezes os ímpios hoje desprezam a mensagem da morte substitutiva de Cristo porque consideram isso uma injustiça. Como é que Deus castiga uma pessoa no lugar de outra? Mesmo se Cristo fosse voluntariamente para a cruz, isso não é justo. Um estrangeiro não pode morrer por outra pessoa. 

Mas eles não entendem que Cristo não é um estrangeiro. Deus nos adotou em Cristo. Nós pertencemos a Ele. Cristo é—neste sentido—nosso pai, o cabeça da nova aliança. A bíblia o chama de o segundo Adão—o Pai da nova humanidade redimida. E (pelo menos nas sociedades antigas) um pai podia sim levar a punição em lugar de seus filhos; da mesma forma como um general é disciplinado pelos erros de seus subordinados. Mesmo que seja a culpa deles, ele é responsabilizado. 

Então Cristo morreu como nosso substituto, mas não é qualquer substituição. É uma visão pactual. 

Por isso—voltando para ressurreição—Deus nos considera como tendo morrido com Cristo. Pactualmente falando, nós estávamos ali na cruz com Cristo.

  • 2 Cor. 5:14: “Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.”
  • 2 Cor. 5:21: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.”

Somos contados juntamente com Cristo.

Lemos isso também em Romanos 6. Rom. 6:3: “Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?” Novamente o versículo 5, “nós fomos unidos com ele na semelhança da sua morte,” e novamente o versículo 8, “nós morremos com Cristo”. Sua morte é a nossa morte. Aos olhos de Deus, nós estávamos lá na cruz com Jesus.

Se entendermos isso, poderemos entender muito mais facilmente por que a ressurreição é necessária para nossa salvação. Porque se nós, unidos a Cristo, morrêssemos em Sua morte, sob a maldição da lei… então sem a ressurreição, ainda estaríamos ali – sob a maldição da lei, onde Cristo, nosso Cabeça, também estaria.

É por isso que Paulo diz: “Se Cristo não ressuscitou, então vós ainda estais em vossos pecados.” Você ainda estaria debaixo da maldição.

Se a morte de Cristo fosse uma simples troca, uma simples substituição, então poderíamos dizer que a ressurreição fosse desnecessária. Já seríamos justos na morte de Cristo, e não precisamos de nada mais. Cristo passaria a eternidade no inferno, e nós no céu.

Mas se estamos unidos a Ele – como ensinam as Escrituras – então a ressurreição é absolutamente necessária para nossa salvação, caso contrário, nós, junto com Ele, ainda estaríamos sob a maldição da morte.

Resumindo, quando Cristo morreu, nós morremos. Quando Cristo ressuscitou, nós ressuscitamos. 

Ao ressuscitar dos mortos, Cristo pôs fim à maldição da morte, para todos aqueles que pertencem a Ele.

Ouça isso também de Pedro, novamente em Seu sermão inaugural no Pentecostes: Ele disse: Acts 2:24: “Deus o ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela.” Assim, a ressurreição de Cristo foi o momento em que o poder da morte foi quebrado, tanto para Cristo, como para todos os que pertencem a Ele.

Assim, Paulo também diz no texto que lemos em 1 Coríntios 15: “Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.” É através de Sua vitória sobre a morte que nós também somos vitoriosos.

Assim, a obra de salvação que Cristo realizou por nós não foi completada na cruz: ali Seu sofrimento foi terminado; mas foi em Sua ressurreição que nossa salvação foi completada.

Então, razão nº 1: por que a ressurreição era necessária: porque nela Deus declarou ao mundo que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus.

Razão #2: porque na ressurreição, Cristo pôs fim à maldição e poder da morte para todos aqueles que pertencem a Ele e estão unidos a Ele.

Razão #3. (Ligado com a última razão): Em Cristo – porque estamos unidos a Cristo – nós não apenas morremos para a maldição do pecado e ressuscitamos para a vida eterna; nós também morremos para o poder do pecado e ressuscitamos para a nova vida já agora. Este é um grande tema no Novo Testamento.

Cristo não morreu somente para tirar de nós a culpa e condenação pelo pecado; Ele também morreu—e nós com Ele—para assim crucificar o velho homem; e quando ressuscitou—e nós com Ele—Ele nos fez uma nova criação, novas pessoas, com uma nova vida.

Paulo diz em Rom. 6:6–9:

“sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos…Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele.”

É isso que fundamenta o argumento de Paulo de por que nós Cristãos não deveríamos viver no pecado. Você poderia dizer (como muitos alegam contra a fé evangélica) que se você já foi justificado, então não importa como você vive. Afinal, de toda forma será salvo!

Nós poderíamos responder a este equivoco de diversas maneiras. Poderíamos dizer, por exemplo, como Tiago diz, que a fé sem obras é morta. Ou seja, não é uma fé verdadeira. A fé verdadeira produz fruto. Isso é verdade.

Poderíamos dizer também que nós cumprimos a lei de Deus agora por questão de gratidão a Deus. Mostramos em nossas vidas a nossa gratidão pela salvação que recebemos. Isso também é verdade. 

Mas existe uma resposta ainda mais básica: Que a nova vida faz parte—inseparavelmente—da própria obra de Cristo! Ele morreu e ressuscitou justamente por este fim. Não somente para tirar a nossa condenação, mas também a corrupção do pecado, para nos fazer novas criaturas. Você não pode ter apenas a metade de Cristo, ou a metade de sua obra. Quem ele justifica, ele também santifica

Essa é a lógica de Paulo em Romanos 6:1-4:

Rom. 6:1–4: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos? Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.

Por que nós deveríamos obedecer a lei e andar em novidade de vida? Paulo não fala (como poderia) da obediência como sendo marca da verdadeira fé ou fruto da gratidão; mas ele vai para a questão mais fundamental: nós andamos em novidade de vida, porque é isso que significa estar unido a Cristo. Ninguém fica unido com Cristo em sua morte por nossos pecados, mas separado de Cristo em sua ressurreição para a nova vida. Ninguém fica unido a Cristo para justificação, mas separado de Cristo quanto a santificação. Isso não existe.

“Portanto (versículo 12) não reine o pecado em seus corpos mortais.”

Se Deus tanto odeia o pecado que Ele enviou seu Filho para morrer para assim crucificar o pecado em sua vida, que verdadeiro Cristão vai querer continuar vivendo neste pecado? Ser unido a Cristo significa que você odeia o pecado como ele mesmo o odeia; você quer libertação do pecado como Cristo também quer isso por você.

E assim também, agora que Cristo ressuscitou para uma nova vida, você—com Ele—também ressuscitou. Uma nova vida de paz e comunhão com Deus, de santidade e amor, de justiça e retidão. Estes são os dons que a ressurreição de Cristo trouxe para você.

Você morreu com Cristo, louvado seja Deus! O velho você — a pessoa que você já foi ou que você seria separado de Cristo — este morreu. Mesmo que ainda esteja chutando, essas são as contrações musculares de um corpo morto. E assim como você morreu com Cristo, você ressuscitou com Cristo para uma nova vida.

Razão #4. Por que a ressurreição era absolutamente necessária? Porque Cristo comprou a sua igreja com seu sangue para viver com ela e reinar sobre ela. É o Cristo vivo que envia Seu Espírito, que edifica Sua igreja e que chama pecadores ao arrependimento que conduz à salvação.

Em outras palavras, a missão de Cristo não acabou com sua morte, nem mesmo com sua ressurreição. É apenas o início de sua obra. Ele agora reina nas alturas, conquistando o domínio que Ele comprou com seu sangue e Paulo diz em 1 Cor 15 que Ele reinará até que ponha todos os seus inimigos debaixo de seus pés.

Ele não faz isso por meio de força militar—da forma como os muçulmanos esperam conquistar a terra; ele não faz isso por meio de politicagem. Cristo, ressurrecto e entronizado nas alturas, conquista seu domínio por meio de sua Palavra e seu Espírito. Pedro diz assim em Seu sermão inaugural, no dia de Pentecostes, em Atos 2:

“A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.”

Cristo ressuscitou para reinar. Ele comprou as nações terra com seu sangue, e Ele ressuscitou e ascendeu ao trono de Deus para conquistar o domínio que agora pertence a Ele por direito.

Lembra da grande comissão, que Cristo deu aos seus discípulos pouco antes de ascender ao céu?

“Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.”

Essa última frase é crítica. Se Cristo não estivesse com Sua igreja – se Ele estivesse morto e ainda na sepultura – então Sua igreja nunca cresceria. Nem mesmo Seus discípulos teriam se tornado crentes, muito menos os bilhões de cristãos que creram nEle nos últimos dois mil anos e ao redor da terra hoje.

É o Cristo vivo que agora edifica Sua igreja e transforma as vidas de seu povo. É o Cristo vivo que agora está sentado ao lado do Pai e reina sobre o céu e a terra. É o Cristo vivo que envia Seu Espírito para despertar nossos corações e criar fé e nos fazer crer e sermos justificados e assim compartilharmos da justiça que Ele obteve para nós por Sua morte.

E finalmente, Razão #5. A ressurreição de Cristo é as primícias e a garantia de nossa ressurreição corporal final. É nisso que tudo culmina. Nossa salvação está direcionada a isso, em última análise: o fim da morte, não apenas para nossas almas, mas também para nossos corpos

A esperança da ressurreição não recebe a mesma atenção hoje me dia que nos tempos bíblicos. Muitas pessoas tratam o corpo como algo de menor importância. Podemos ver em muitos hinos que o foco da esperança não está na ressurreição e na restauração da terra, mas apenas no céu. Como se o nosso destino final fosse no céu. E muitos pensam assim mesmo—que vamos passar a eternidade no céu, flutuando com as nuvens, junto com os anjos, tocando harpas—este tipo de religião popular.

Mas esta não é a esperança cristã. A esperança cristã está ligada com a ressurreição do corpo e a restauração da terra. Como Cristo ressuscitou no seu corpo, assim nós também teremos os nossos corpos ressuscitados e glorificados no dia final. Quando enterramos os nossos corpos na terra—ou os corpos dos nossos amados parentes ou amigos em Cristo—nós os semeamos como sementes, na esperança da colheita.

Sim, é verdade que temos o consolo que eles—por enquanto—estão com Cristo na presença de Deus o Pai. Este é um grande conforto. Paulo mesmo disse também: “o viver é Cristo, e o morrer é lucro”. Mas essa não é nossa esperança final. Quando enterramos nossos corpos, não estamos desistindo destes. Não estamos dizendo adeus a eles para sempre. Os enterramos por enquanto, porque sabemos que Cristo os ressuscitará novamente em glória – feitos perfeitos, livres do pecado e gloriosos além de nossa capacidade de compreender.

Os apóstolos sofreram tanto por essa crença, que nossos corpos seriam ressuscitados. Era uma doutrina muito importante para eles, e era muito contra-cultural em seus dias! Os fariseus acreditaram na ressurreição do corpo, mas os saduceus e a cultura grega predominante, não. Eles acharam isso absurdo. Eles acreditaram que o corpo é algo inferior, que até fazemos bem em deixar para trás (como os espíritas também acreditam). Mas o testemunho da Bíblia (antigo e novo testamento) é muito claro a favor da ressurreição do corpo. O túmulo de Cristo estava vazio, porque seu corpo ressuscitou. Os apóstolos o viram em seu corpo, e tocaram suas mãos e seu lado. Sim, seu corpo foi transformado—foi tirado a corruptibilidade e foi feito glorioso—mas foi o mesmo corpo. 

E assim, a ressurreição corporal de Cristo é as primícias da nossa ressureição. O catecismo diz que a ressurreição de Cristo é uma “garantia segura” da nossa gloriosa ressurreição. Isso é baseado no que Paulo diz no versículo 20, que Cristo é as “primícias” de nossa gloriosa ressurreição. As primícias são a garantia de que o resto da colheita está a caminho. Se Cristo ressuscitou, em Seu corpo, e nós estamos unidos a Ele, então nossos corpos certamente também serão ressuscitados.

Os corpos que agora semeamos, um dia sairão da terra aperfeiçoados e gloriosos. Pense na metáfora que Paulo usa aqui no versículo 37: “Quando semeias, não semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão, como de trigo ou de qualquer outra semente. Mas Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar e a cada uma das sementes, o seu corpo apropriado.”

Em certo sentido, o que será levantado do solo são os mesmos corpos que colocamos lá agora quando enterramos nossos entes queridos… como um grão de trigo é o mesmo organismo, em essência, como a planta que nasce… mas ao mesmo tempo, é totalmente transformado e muito mais glorioso, assim como a planta madura é tão inimaginavelmente melhor e mais gloriosa do que a semente plantada. Essa é a metáfora que Paulo usa em 1 Coríntios 15. A semente não tem idéia de quão gloriosa será quando crescer.

Então, pulando para o versículo 42, ele diz: 1 Cor. 15:42–44: “Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.”

O que semeamos são corpos que são quebrados pelo pecado. Corpos nascidos com deformidades. Corpos com partes faltando. Corpos que não funcionam como deveriam. Corpos que se autodestroem lentamente. Corpos que envelhecem, cansados ​​e enrugados. E nós semeamos esses corpos na terra, sabendo que eles serão ressuscitados gloriosamente e perfeitamente, para uma colheita inimaginável. Certamente aqueles que sofreram as doenças mais difíceis agora, serão os que saltarão mais alto com alegria naquele dia.

Este é o futuro glorioso que esperamos, tudo porque Cristo ressuscitou 2.000 anos atrás. Ele ressuscitou porque a justiça de Deus foi totalmente satisfeita nEle; Ele ressuscitou para que Ele também pudesse enviar Seu Espírito para despertar uma nova vida em nós já agora; e porque Ele ressuscitou, nós podemos descansar confiantes de que não plantamos nossos corpos na terra em vão. Estamos ansiosos por aquela colheita gloriosa, da qual Cristo é as primícias. Amém.

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Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.