Leitura: Atos 04:01-31
Texto: Atos 04:32-37
Amados irmãos no Senhor,
Jesus Cristo já tinha ascendido ao céu. Ele foi para junto de seu Pai e de lá governar em seu nome. Mas antes de ascender ao céu, ele ordena que seus discípulos permaneçam em Jerusalém até que a promessa do Pai se cumpra (At 1.4). Era a promessa do consolador. Ele iria lembrar aos apóstolos de tudo o que Cristo tinha ensinado. Mas antes, Jesus tinha que subir para poder enviar seu Espírito. O Espírito iria descer sobre os seus discípulos como diz Atos 1.8: “Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”. Aqueles discípulos fracos, depois da descida do Espírito, se tornaram em grandes testemunhas da ressurreição de Cristo. Pelo poder do Espírito pregaram ousadamente, até agora em toda Jerusalém. Eles se tornaram o fundamento da igreja. A igreja cristã está fundamentada na doutrina dos apóstolos. Isso mostra como foi grande a obra do Espírito na vida daqueles homens.
Antes de pentecostes havia apenas cento e vinte pessoas que pertenciam à assembléia dos santos. Depois da descida do Espírito são convertidos quase três mil pessoas após a pregação de Pedro. Não é mais um pequeno grupo, mas uma grande multidão que cresce a cada dia. A igreja começa a crescer rapidamente de um modo que as pessoas ficam pasmas. Eles podem ver a obra grandiosa do poder de Deus na vida daquelas pessoas. A obra do Senhor começa a se espalha em toda Jerusalém e que depois chegaria até aos confins da terra. É o evangelho sendo pregado pelo mundo inteiro. Porque o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.17).
Com todo esse crescimento, como vivia a comunidade cristã? Havia união? Amor entre os irmãos? Irmãos, no texto da pregação de hoje, nós vamos ver como viviam aqueles irmãos da igreja em Jerusalém após pentecostes. No capítulo 2.42-47 de Atos, fala que eles perseveravam na doutrina dos apóstolos; na comunhão com Cristo na ceia e oravam a Deus. Os apóstolos com muito esforço e amor se empenhavam em ensinar aos novos convertidos sobre Cristo. Eles estavam unidos no Senhor. Perseveravam nas coisas em comum depois de morrerem para o pecado e viverem para Cristo. E agora ouvimos a palavra de Deus dizendo novamente: “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma”. O nosso texto fala da mesma coisa. O amor, compaixão pelos irmãos estava na vida de todos. Com toda a sua vida estavam dispostos a servir ao Senhor de suas almas. Existia um mais rico, outro mais pobre, mas isto não tirava o aroma suave de vida no meio deles. Eles serviam ao mesmo Senhor de suas almas. Um só Deus e Senhor. Um só Cristo e Salvador. Um só Espírito e Santificador. Por isso, tudo “lhes era comum”. Não havia partidarismo entre eles. Tudo o que existia entre eles era comum no Senhor. Existia uma imensa comunhão entre os irmãos.
Nessa comunhão, nesse ambiente a igreja de Cristo vivia. A cada dia uma nova alma era ganha para Cristo. A igreja começou a crescer a cada dia. Esse crescimento se deu graça à pregação pura do Evangelho pelos apóstolos. Isso mesmo! Não é por acaso que o verso 33 está no meio destes versos. Aqueles homens fracos que abandonaram a Cristo quando foi preso, crucificado e assassinado. Cristo os transformou em homens corajosos e ousados. Prontos para dar as suas vidas por Cristo. As palavras de Cristo em Atos 1.8 estão sendo cumpridas. Eles têm o poder do Espírito. O Espírito Santo os tornou ousados. O texto diz que “Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus”. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus. Eles têm grande força para pregar a Cristo. Eles podiam dar testemunho, não apenas porque conviveram com seu Mestre. Mas porque eles foram testemunhas também da sua ressurreição. A morte não conseguiu vencer-lo. O sepulcro está vazio. O Cristo vive! O esforço dos judeus, governantes e dos gentios foi em vão. Antes contribuíram para o plano de Deus, de dar seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Ele venceu a morte. Esta vitória sobre a morte era o motor do testemunho dos apóstolos. Porque se Cristo não tivesse ressuscitado dentre os mortos, a pregação deles era vã. Não adiantava nada se esforçar tanto por uma causa morta e vazia. Algo sem esperança. Também seria em vão estarmos aqui hoje. Mas Cristo venceu a morte. E por isso os apóstolos podem pregar as boas novas do evangelho.
Eles agora podem dizer: venham para Cristo. Só em seu sangue há perdão. Só no seu sacrifício há salvação. Convertam-se dos seus pecados e olhem para a cruz de Cristo. Através dele é que podemos ser reconciliados com Deus. Essa era a mensagem urgente que os apóstolos tinham que pregar. O Cristo vive! E eles cheios do Espírito fizeram o que Cristo mandou. Eles foram tremendamente abençoados por Deus em seu trabalho. Estão ganhando alma para Cristo. Foram transformados em pescadores de homens. A igreja cresce imensamente.
Os judeus ficam com inveja e começam a perseguir os apóstolos; prender-los; chicotear-los e ameaçar-los. Mas apesar desse perigo não desistiram. Pelo contrário, oram com a igreja para que não fracassassem no seu trabalho de pregar o Evangelho. O Senhor atende o pedido. Eles ousadamente pregam e com grande poder anunciam o evangelho. As artimanhas de Satanás fracassaram. Mas a igreja de Cristo cresce a cada dia. O poder de Deus é manifesto na vida daquelas pessoas que se convertem ao Senhor. O amor está no meio dos irmãos que perseveram no Senhor a cada dia. A pregação era pura.
E a vida dos irmãos? Estavam vivendo em conformidade com o santo Evangelho? Como podemos notar isto?
Quando há crescimento da igreja de Cristo também surgem irmãos com necessidades. Enquanto um tem, outro passa necessidade. As nossas igrejas são pequenas. Mas mesmo sendo pequenas, surgem alguns irmãos com necessidades. E o que fazemos? Nós ajudamos aquele irmão. Pense agora na igreja após o pentecostes! Que de uma só vez houve um acréscimo de quase três mil pessoas (At 2.41) e a cada dia esse número aumenta. Será que não havia nem sequer um irmão que passasse necessidade? Claro que existia irmãos, pessoas que precisavam de ajuda. Porém meus irmãos, vemos uma declaração maravilhosa, sublime e que ao mesmo tempo para nós, parece estranha. A palavra de Deus declara no verso 34 que: “nenhum necessitado havia entre eles”. Essa declaração mostra o amor de Deus agindo na vida de cada irmão, POIS NENHUM NECESSITADO HAVIA ENTRE ELES.
Por que esta afirmação é tão forte e chocante: “nenhum necessitado havia entre eles”? Em Atos 2.42-47 fala, como eu já disse, do mesmo assunto, mostrando como viviam os primeiros cristãos. Mas aqui há uma novidade. Em Atos 2 não houve perseguição. Aqui em Atos 4, a igreja enfrenta a primeira perseguição. A situação ficou mais difícil. No entanto, mesmo com a primeira perseguição dos líderes judeus, não dissolveu a comunhão dos santos. Ao contrário, a perseguição fazia a igreja crescer em amor. Provação leva a perseverança (Tg 1.3). “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma”. O amor daqueles crentes não era algo superficial, só de palavra. Porque se fosse, a comunidade se dividiria por qualquer probleminha. Mas a comunidade cristã estava bem alicerçada na fé. O amor fraternal era profundo. O Espírito Santo sabe penetrar no coração humano e renovar o homem. Eles não apenas estavam unidos no mesmo Senhor e na mesma doutrina. Era também uma união na prática, união em ação.
O texto ainda diz que: “os que possuíam terras ou casas, vendiam” (At 4.34). Não era comunismo irmãos. Pois sempre havia irmãos que vendo a necessidade da congregação, vendiam propriedades para ajudar os membros da família de Deus. Eles não podiam ser egoístas e individualistas. O texto fala de judeus que voltaram de outros países para Jerusalém. Eles queriam ficar mais perto do lugar onde o Messias deveria vir. Então, compraram terras e casas em Jerusalém. Porém, agora criam que o Messias havia chegado e, por isso a posse de terrenos ou casas em Jerusalém havia perdido seu valor.
Então, estes judeus crentes resolveram vender seus bens voluntariamente. Essas vendas era algo espontâneo e não obrigatório. Sua mudança de convicção resultava em obras de caridades. O testemunho dos apóstolos, sobre a ressurreição do Senhor, edificava a comunhão dos irmãos. Ninguém perderia nada em ajudar seu irmão que tivesse em necessidade. Pois em todos havia abundante graça. Realmente não havia nenhum necessitado na igreja em Jerusalém. Porque os irmãos mostravam o amor na prática. Suprindo as necessidades dos que precisavam. Eles consideravam tudo o que tinham sendo do Senhor. E publicamente diziam que o Senhor é dono de tudo e demonstravam isto na prática. Por isso estavam dispostos a ajudar ao necessitado. Tudo que tinham provinha do Senhor e deveria ser usado para a glória de Deus. Assim faziam o que a lei pedia em Deuteronômio 15.4, de não haver pobres no meio do povo. E na igreja de Jerusalém não havia necessitado. Eles não se apegavam as coisas deste mundo. Eles acumulavam um tesouro no céu. E assim serviam ao Senhor com grande amor. O Espírito colocava este sentimento de ajudar na vida de cada santo.
Essas vendas não era algo obrigatório. Era uma pratica espontânea. Cada um ajudava se quisesse. Como Pedro disse a Ananias e Safira em Atos 5. Se eles ficassem com o dinheiro não tinha problema algum, porque o dinheiro era deles. Mas, o que fizeram de errado foi mentir para Deus. Esse foi o pecado do casal. Esse foi um exemplo negativo no meio da igreja de Cristo. Mas logo o Senhor puniu o pecado.
O amor para ajudar o próximo era tão grande que o Espírito Santo destaca, um exemplo positivo, a ajuda voluntária de Barnabé, um levita. Ele conheceu a Cristo e com um grande amor ajuda aos santos. Este levita antes sustentado pelo povo de Deus, sustentava agora seus irmãos na igreja de Cristo. É um exemplo de amor a Deus e ao próximo. O dinheiro da venda era entregue aos apóstolos e distribuídos “a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade” (At 4.35). Quando alguém necessitasse de ajuda, os apóstolos utilizavam o dinheiro para suprir aos irmãos que passasse por necessidade.
Assim a igreja mostrou que servia ao Senhor não apenas de palavra, mas em atos de amor. Colocando sua fé em prática. Mostrando o amor de Deus também através daquilo que possuíam. Eles sabiam que Deus foi quem concedeu seus bens. Por isso, ajudavam aos seus irmãos. Não faziam por vanglória ou partidarismo. Mas para a glória do Senhor. Nós também podemos fazer o mesmo! Podemos ajudar ao próximo. Não precisamos vender o que temos. Mas, apenas ajudar com o que estar em nossas condições. Tudo o que fizermos, façamos para o louvor da glória de Cristo.
Amém.
Alexandrino Moura
É formado pelo Centro de Estudos Teológicos das Igrejas Reformadas do Brasil. Serve à Igreja Reformada do Grande Recife (PE) como Ministro da Palavra e dos Sacramentos.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.