Gálatas 03.10-14

Leitura: Mateus 27.27-54
Texto: Gálatas 03.10-14

Amada Igreja do Senhor Jesus Cristo

Jesus era um homem de verdade que morreu de verdade. Mas sua morte aconteceu dentro dos propósitos eternos de Deus. Ela nem foi um acidente de percurso, nem foi um remédio de última hora para evitar o fracasso do plano de Deus para salvar pecadores perdidos.

A crucificação do Filho de Deus cumpriu um papel salvador, redentor em favor dos eleitos. Ouçam sobre isso na pregação desta noite: Cristo foi amaldiçoado até a cruz para que você fosse abençoado para sempre.

Amados irmãos e irmãs, a salvação de vocês está fundamentada na obediência à Lei ou na fé em Cristo? Essa é a discussão do apóstolo Paulo com os cristãos da igreja dos gálatas (Gl 3.10-14).

A relação das pessoas com a Lei, seja judeus ou gentios, é uma relação de maldição. Maldição porque ninguém consegue obedecer a Lei completamente. Portanto, ninguém pode ser salvo por intermédio da Lei.

Paulo cita algumas passagens do Antigo Testamento para defender isso. A primeira delas é Deuteronômio 27.26 que aparece no versículos 10 de Gálatas 3 “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no livro da Lei, para praticá-las”.

Deus deu a Lei para ser cumprida. Quem não a cumprisse permanecia debaixo de maldição. Alguns pecados podiam ser expiados provisoriamente com sacrifícios, a fim de que o pecador não fosse morto. Outros pecados, porém, deviam ser castigados com a morte do pecador.

E existiam alguns pecados que eram tão odiosos que a morte do pecador não era o bastante para deixar claro a gravidade da ofensa a Deus e ao restante do povo.

Nesses casos, o condenado era morto, e depois o seu corpo era levantado em um madeiro. O corpo ficava exposto até o fim da tarde para que todos pudessem ver e temer. As pessoas deviam saber que aquele tipo de pecado era odioso. Ele não seria tolerado de jeito nenhum (Nu 25.4,5; Js 8.29; 10.26,27; 2Sm 21.6).

Isso fica ainda mais claro na outra citação de Deuteronômio que aparece no versículos 13 “Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”. Vejamos que diz Deuteronômio 21.22-23 (LER).

A pessoa não se tornava maldito quando era colocada no madeiro, mas ela era colocada no madeiro porque havia se tornado um maldito de Deus. Por causa dos seus pecados abomináveis, o pecador era morto e exposto num madeiro.

Paulo está usando esse argumento em Gálatas 3. Ele cita Deuteronômio para dizer que Cristo se tornou maldito de Deus e por isso recebeu o castigo dos malditos.

Mas como foi que Cristo se tornou maldito? Quando Ele assumiu a culpa de pecadores e tomou o lugar desses pecadores, na cruz.

Jesus nasceu e viveu debaixo da Lei (Gl 4.4). Durante toda a sua vida, Ele foi impecável (2Co 5.21; Hebreus 4.15; 1Pe 1.19). A Lei não condenava Jesus em nada. Ele podia viver diante de Deus sem nenhuma condenação (GL 3.12 cf Lv 18.5). Por causa dessa justiça, Jesus não poderia ser chamado maldito de Deus.

Quem era maldito de Deus éramos nós. Eu e vocês. Nós fomos concebidos e nascidos em pecado, Jesus não. Quebramos a Lei o tempo todo, Jesus nunca quebrou a Lei. Ofendemos a Deus por palavras, gestos e pensamentos, Jesus só fazia o que era certo, e agradava a Deus em tudo.

Nós, sim, nos tornamos malditos de Deus, porque quebramos não apenas um mandamento de Deus, mas todos eles. Nós éramos pecadores teimosos. Insistíamos em pecar. Tornamo-nos odiosos de Deus e dos homens. Éramos malditos de Deus.

A sentença contra nós já estava determinada: a morte. Mas não somente a morte. Mas também o desprezo de Deus por causa dos nossos pecados odiosos. Nossos corpos deveriam ser expostos na cruz como prova do ódio de Deus contra nossas ofensas. Esse era nosso destino. O horror da Cruz estava reservado para nós.

Como podíamos escapar desta condenação? Nossa única chance de se livrar do inferno da Cruz era encontrar alguém que não estivesse na mesma condição de desgraça que nós estávamos. Alguém que fosse perfeito, justo, santo.

E, se encontrássemos alguém assim, era preciso que Ele aceitasse assumir nossa culpa diante do tribunal celestial. Ele tinha de carregar nossas iniquidades e aceitar sofrer o castigo por causa dos pecados, em nosso lugar. Onde encontraríamos alguém assim? Mesmo entre as melhores pessoas desse mundo, procuraríamos, procuraríamos, procuraríamos, mas não acharíamos.

Mas aquilo que era impossível a nós, Deus o fez, enviando Seu próprio Filho na semelhança da carne do pecado, para anular o pecado em sua carne (Rm 8.3). O verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14).

Muitas pessoas tiveram o privilégio de estar diante de Jesus; olharam o seu rosto; ouviram a sua voz; tocaram em suas vestes; seguraram em seus braços. Apesar disso, muitos não O reconheceram. Não puderam ver no rosto simples do carpinteiro de Nazaré, o Salvador prometido. Não puderam perceber no corpo humilde do filho de Maria e José, o Filho de Deus.

Mas, Ele estava ali. O Salvador andou pelas cidades da Galiléia, de Samaria, de Jerusalém. O Filho de Deus falou e ensinou a judeus, a Cananeus, a sírios, a sidônios. Deus se revelou a pobres e a ricos, a pescadores e a sacerdotes. Ele disse: “Eu Sou o Senhor do sábado”. “Eis aqui quem é maior que Abraão”. “Eu Sou Rei dos judeus”.

Sim, irmãos, o Filho de Deus deixou a glória celestial, para entrar no mundo dos homens. Abriu mão do trono do Altíssimo, para nascer na manjedoura de Belém. Deixou de ouvir o cânticos dos seres celestiais, para ouvir os desprezos dos homens.

Aqueles que deviam amá-lo, o aborreciam dizendo: “Ele expulsa demônios por belzebu”. “Ó tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas? Salva-te a ti mesmo, se és Filho de Deus, e desce da Cruz”. “Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se. É rei de Israel? Desça da Cruz, e creremos nele.”. “Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus.”

Jesus veio para o que era seu, mas os seus não o receberam (Jo 1.11). Mesmo assim “ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos trás a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido.” Isaías 53.1-9

O filho de Deus havia sido levantado da terra e pendurado no madeiro como maldito de Deus. Do alto da Cruz Ele gemia de dor e gritava “Eli, Eli, lamá sabactani”. O justo morrendo pelos injustos. Um inocente morrendo por pecadores (1Pe 3.18).

Qualquer judeu que passasse pelo monte Calvário e visse aquele homem na cruz podia se lembrar das palavras de Deuteronômio 21.22,23 “o que for pendurado no madeiro é maldito de Deus. Mas nem todos podiam compreender que aquele maldito morria na cruz para que se cumprisse também as palavras do profeta Isaías (Is 53).

Nem todos bateram no próprio peito dizendo: “Tem misericórdia deste pecador”. “Eu sei que por minha causa foi esse justo condenado à morte”. “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por mim” (2Co 5.21).

Por volta das três horas da tarde Jesus morreu (Mt 27.46). O evangelho de João acrescenta: “Então, os judeus, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era preparação, pois era grande o dia daquele sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem tirados” (Jo 19.31).

Sem querer, os judeus cumpriam Deuteronômio 21.23. “O seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite”.

Jesus não teve de ficar na cruz muito tempo para satisfazer a justiça de Deus. Somente algumas horas era o bastante para que o sangue puro e inocente do Salvador expiasse o pecado do seu povo. Somente um pouco de tempo e Deus não se lembraria mais dos pecados com os quais o seu povo O havia ofendido.

Amados irmãos e irmãs, a salvação de vocês não está fundamentada na obediência à Lei, mas no sacrifício que o Salvador Jesus Cristo realizou na cruz.

Jesus experimentou nossas aflições durante toda a sua vida. E no final, carregou nossos pecados sobre seu corpo, fixando no madeiro a nota de débito que era contra nós (Cl 2.14).

O sacrifício de Cristo na cruz trouxe até você a bênção de Abraão. Ele conquistou para você justiça e vida eterna.

Cristo foi amaldiçoado até a cruz para que você fosse abençoado para sempre.

Amém.

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Lúcio Manoel

Pr. Lúcio Manoel é bacharel em Divindade pelo Instituto João Calvino, colaborador do Projeto Dordt-Brasil. Missionário da Igreja Reformada do Grande Recife trabalhando na congregação em Caruaru-PE. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.