Zacarias 09.09-17

Leitura: Apocalipse 3.7-13
Texto: Zacarias 09.09-17

Amada congregação do Senhor Jesus Cristo,

Em nossa vida nós sonhamos e planejamos muitas coisas. E Muitas vezes olhamos para trás e vemos que muitos dos nossos sonhos não aconteceram, nossos planos e metas não foram alcançados. Então podemos nos perguntar o que eu fiz até agora? Será que se eu tivesse agido de outra maneira teria sido diferente? Será? Meus queridos irmãos, esse tipo de questionamento muitas vezes consomem a nossa cabeça, mas não leva a nada, pois você não pode mudar o passado. O que vai fazer a diferença em sua vida é olhar para o passado como aprendizado, seja nos erros ou acertos, pois em tudo nós temos algo a aprender, e naquilo que erramos podemos nos arrepender confiar na graça de Deus e seguir em frente com novas atitudes.

Em nossa caminhada muitas vezes vamos tropeçar, outras tantas vamos cair. Mas em cada situação Deus está nos dando uma oportunidade de recomeçar. E embora sejamos sempre desafiados pelas nossas lutas, sejam elas internas ou externas, precisamos saber que nós lutamos a batalha do Senhor. A nossa vida não pertence a nós mesmos mais ao Senhor. E nós temos dele a promessa de que: “… O Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. (1Pe 5.10)

No contexto em que o livro de Zacarias foi escrito, o povo de Deus estava voltando do cativeiro babilônico e Zacarias vem exortando, animando, ajudando e trabalhando com o povo. O Senhor estivera indignado com aquela nação, por causa do pecado deles e por isso Ele os mandou para o cativeiro, porém, aquela era a nação escolhida de Deus, o seu povo. E agora o Senhor está dizendo que se a nação se humilhasse perante Ele teria um futuro glorioso. As outras nações seriam rejeitadas, enquanto que Jerusalém prosperaria. E essa futura bênção espiritual será proporcionada pelo Messias.

Enquanto o mundo pagão sofre o julgamento de Deus, Ele protege seu próprio povo. “Acampar-me-ei ao redor de minha casa para defendê-la” diz o Senhor, no versículo 8. A casa de Deus, ou família, é o reino ou a Igreja. Deus está dizendo “Eu vou defender a minha casa como um guarda e fazer a minha vontade”. Segundo os estudiosos bíblicos, esta profecia se cumpriu quando Alexandre, o Grande, passou pela Judéia em seu caminho para o Egito, e voltou pelo mesmo caminho, sem fazer qualquer prejuízo a Jerusalém. Alexandre destruiu muitas nações e submeteu outras tantas, concedeu certos privilégios a todos os judeus em todo o seu império. Porém não é desse rei que o profeta está falando que vem para livrar Jerusalém. Eu proclamo o evangelho nessa noite sob o tema:

“O Rei vem trazendo liberdade, segurança e benção para o seu povo”

1- O Rei vem libertar o seu povo – A promessa é que O Rei virá a Sião de modo humilde, e inaugurará um reino de paz. O profeta convida Jerusalém a regozijar-se com a vinda da salvação prometida na Pessoa de seu Rei. Vejamos novamente o que diz o verso 9 (ler); Note que ele não viria como um poderoso potentado e conquistador terreno, como Alexandre, o Grande. Mateus (21:5) e João (12:15) vêm o cumprimento desta profecia na entrada triunfal de Cristo em Jerusalém no primeiro dia da semana em que foi crucificado. Não existe outro “Rei” de Israel a quem possa se referir. Nosso abençoado Senhor, assumiu que era o Rei predito e deu sinais para que o povo reconhecesse nele o Messias prometido. Aquele que foi predito por todos os profetas, que haviam de ocupar o trono de Davi, e reinar para sempre (Sl 2:6, Sl 45:1,6,7, Is 32:1).

Podia se esperar que o rei chegasse montado em cavalo de guerra, como era próprio aos reis desde os dias de Salomão. No entanto, Ele vem montando sobre um jumento. Demonstrando assim sua condição humilde. O Rei eterno, o Cristo sentou-se sobre um jumento. E assim mostrou que ele próprio não deveria ser considerado um general vitorioso ou um rei mundano, e que Seu reino não deveria ser conquistado ou mantido por armas carnais. “Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6)

Assim o Senhor prossegue dizendo v.10 (ler). Todos os aparelhos da guerra serão removidos, o governo do Messias não está sendo estabelecido pela força física, ou mantido por defesas militares. Aqui fala de Efraim e Jerusalém significando a totalidade do povo de Deus (Ez 37: 15-28).

O arco de batalha representa todas as armas de guerra, e o reino do Messias deve ser pacífico e pacificador, (Sl 72:7, Is 2:4 , Is 9:4-7, comp. Mq 5:10,11). Ele falará de paz não só para o seu povo, mas para todas as nações. Ele estenderá esta paz a todo o mundo. De mar a mar. Significando que nele, segundo a promessa feita a Abraão, serão benditas todas as famílias da terra.

No verso 11 lemos: (ler) Todo Israel, unido em um só povo, travará uma guerra bem-sucedida contra os adversários, alcançará a glória elevada e aumentará em grande número. Se no passado quando o povo entrou na terra prometida desobedeceu a ordem de Deus e não destruiu os inimigos, agora o povo vai travar uma batalha, mas observem que o Senhor destruiu as armas de guerra deles. Então como eles travarão essa batalha e destruirá os seus inimigos? O Senhor mesmo irá pelejar! Esta libertação é dada além das bênçãos prometidas nos dois versículos anteriores. O profeta se dirige à filha de Sião, o povo da aliança, o povo escolhido por Deus. Todos os que vivem longe de sua terra natal são convidados a vir a ela e participar de suas coisas boas. Por causa do sangue da aliança. O pacto é aquele feito no Sinai, selado e ratificado pelo sangue (Êx 24: 4-8). Este foi um sinal daquela aliança eterna selada com o sangue de Cristo, pelo qual o povo de Deus é libertado da escravidão do pecado (Mt 26:28, Hbs 9:15, Hb 10: 14-23, Hb 13:20 ). Nós, cristãos, vemos neste parágrafo uma figura da redenção de um mundo perdido pelo sangue de Cristo. Sim meus irmãos nós que antes éramos inimigos de Deus fomos libertos pela sua graça. Nós que não merecíamos nada senão a justiça e a ira de Deus, fomos libertos por meio do sangue da aliança derramado no calvário.

Vejam o verso 12 (ler) O profeta chama os prisioneiros a aproveitarem a libertação oferecida. Voltem para a fortaleza. Retorna a Sião, a cidade defendida por Deus (Zc 2:5), e capaz de te dar um asilo seguro. (ver Lc 4:18-21) O profeta está falando “da Esperança de Israel”, da qual falou o apóstolo Paulo (Atos 26: 6, 7 e Atos 28:20). “Por esta causa vos chamei, para vos ver e falar; porque pela esperança de Israel estou com esta cadeia”. Assim também meus irmãos a nossa Esperança é Cristo. Ele nos escolheu e cuida de nós hoje e também no nosso futuro. Qual é a sua esperança? O chamado de Deus é para você também hoje. Volte para Cristo, a esperança de Israel. Pois nele há salvação, nele há libertação. Se você hoje está preso pelas armadilhas do pecado, Cristo veio para libertar você e fazê-lo parte do povo de Deus.

2 – O rei vem defender o seu povo – Veja o 9:13 (ler). Segundo os estudiosos bíblicos Esta profecia refere-se a resistência vitoriosa dos Macabeus contra os Seleucidas – Uma figura da vitória do Messias sobre todos os inimigos de Deus. Deus é representado aqui como um guerreiro armado para a batalha, que usa seu povo como as armas de sua guerra. Judá é o arco de Deus. E Deus encheu o arco com Efraim. Efraim é a seta (Salmo 127: 4,5). Efraim representa as dez tribos do Norte. E o que o Senhor está dizendo é que o povo unido são os instrumentos de Deus, e lutam contra o poder do mundo, o pecado e o diabo. Notem aqui a mudança da figura naquele rei que chega humilde sentando num jumento. Mas, não significa que ouve uma mudança na pessoa do rei, antes que o rei de paz é também o Senhor dos Exércitos, que luta para defender o seu povo. E Deus diz: suscitarei ou, eu despertarei Sião contra a Grécia. Notem irmãos, que a Grécia nem existia ainda e os profetas Zacarias e Daniel previam o surgimento desse povo e a luta entre judeus e gregos no tempo dos Macabeus. Como isso é possível, senão pela inspiração do Espírito Santo? E Deus está dizendo que seu povo será usado como uma espada de herói para executar vingança sobre o inimigo. Deus cuida de seu povo. E Deus usa o seu povo como instrumento de defesa contra o mundo, a carne e o diabo.

O verso 14 ainda diz: (ler). O Senhor será visto sobre eles. Para encorajar o povo escolhido na disputa, o Senhor diz que está sobre eles. Deus jamais deixa o seu povo sozinho, a luta do povo de Deus é a sua luta, na verdade a batalha não é nossa, mas, de Deus. As flechas de Deus são os juízos que ele inflige sobre seus inimigos, que surgem repentinamente como relâmpagos, e não podem ser evitados (Sl 18:14 , Hab 3:11). E Ele tocará a trombeta como sinal de batalha e calamidade (Nm 10: 9) Ele virá sobre o inimigo e os varrerá com força irresistível. Como um vento sul que arrasava toda a terra. Quantas vezes tentamos lutar contra os nossos inimigos e não obtemos sucesso, quantas vezes tentamos derrotar o pecado e estamos sempre perdendo a batalha. Mas aqui o texto está dizendo que Deus mesmo fará a guerra, o Senhor mesmo soará a trombeta e marchará no meio do seu povo. Aqui está um Deus guerreiro que assume a batalha contra o pecado, o mundo e o diabo para dá vitória ao seu povo.

E no verso 15 diz: (ler). Deus protegerá o seu povo, significa que ele colocará sobre ele o seu escudo. Muitas vezes parecia que Israel iria desaparecer do mapa, mas Deus protegeu seu povo. Na história da igreja neotestamentária também não é diferente. Porém, esta promessa se cumpriu e continua se cumprindo. (ver Mc 3:24). É por isso que Jesus disse: “As portas do inferno não prevalecerá …” E a promessa não é somente que Deus protegerá seu povo, mas que o povo devorará seus inimigos como um leão devora a caça. O profeta parece ter tido em vista

Números 23:24, onde Israel é comparado a um leão, comendo da presa e bebendo o sangue dos mortos (compare com Mq 5:8).

Agora notem as armas do povo, “fundibuários”, nada mais é que estilingue ou funda, lembra a arma que Davi matou Golias. No NT lemos que: “as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus…”(2Co 10.4) E as pedras que eles usam nas fundas são os próprios inimigos. Diferente das pedras que falam o próximo verso, aqui são pedras sem valor que o povo pisava. Assim são as pedras que se levantam contra o povo de Deus. Por isso, não precisamos temer as ameaças e nem mesmo o ataque dos nossos inimigos, porque a promessa do Senhor é que os nosso inimigos serão destruídos. Não houve um que se levantasse contra o povo de Deus que não fosse destruído. Onde está a Babilônia? Onde está a Macedônia de Alexandre? Onde está Roma? Todos desapareceram. Porém Judá continua de pé. A igreja já sofreu muitos ataques, internos e externos, mas permanece de pé. Nessa batalha vocês são combatentes. Hoje vivemos esse conflito contra o mundo, a carne e o diabo. Um dia iremos compartilhar a vitória de Deus. O dia o rei triunfará e nós vamos triunfar e reinar com ele.

3 – Deus abençoa seu povo – Agora, vejam como Deus vai cuidar do seu povo. Verso 16 (ler): Deus salva o seu povo, mas além de salvar, ele abençoa e cuida do seu povo. E como ele salva seu povo? Como o pastor salva o seu rebanho; Ele mesmo é o pastor do seu rebanho. Ele cuidará do seu povo como um pastor cuida do seu rebanho. No antigo Testamento temos várias passagens em que o povo de Deus é retratado como rebanho do Senhor. “Salmo 77.20: “Guiaste o teu povo, como a um rebanho, pela mão de Moisés e de Arão”. Salmo 100: 3 “Sabei que o Senhor é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio”;

Assim também Jesus chama-se “bom Pastor” e seus discípulos ovelhas ou “pequeno rebanho”. Em João 10:11, Jesus diz: “Eu sou o bom pastor, O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”. E em Lucas 12:32 “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino”. Vocês são ovelhas de Jesus Cristo. Sabe o que isso significa? Que ele cuida de cada um de vocês. Ele mesmo sara as que estão feridas, fortalece as que estão fracas. Ele mesmo coloca em seus ombros e as leva adiante. Nunca esqueçam isso: vocês tem um supremo pastor e esse pastor chama-se Jesus Cristo. Os pastores que ele manda são só seus ministros, representantes dele. E estes são fracos e falhos, mas não se esqueçam: Seu pastor Jesus Cristo é perfeito e poderoso. Quem tem a Cristo como pastor não sente falta de nada, e como o salmista pode dizer: “O Senhor é meu pastor e nada me faltará! Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias” (Sl 23). A maior bênção que você recebe é esta: Ter o Senhor como pastor!

Mas vocês não são somente ovelhas do Senhor. Ele também diz que vocês são Pedras de uma coroa. Você tem ideia do que é isso? No Antigo Testamento o sumo sacerdote usava uma veste especial, uma coroa ou um diadema com várias pedras preciosas. E cada pedra preciosa representava uma tribo do povo de Deus. Meus queridos vocês são essas pedras preciosas que o nosso sumo sacerdote Jesus Cristo carrega com ele. E ele não vai permitir que as pedras da coroa se percam. Imagine um rei que tem duas gemas na sua coroa, ele não vai guarda-las e cuidar para que nada aconteçam a elas? Assim Deus cuida de cada um de vocês e vai continuar cuidando. Deus escolheu você, Deus guarda você e Deus quer fazer de você um templo vivo dele, ele quer habitar em você, ele quer que você resplandeça a sua luz de Cristo e que você seja coluna para proclamar a verdade e apoiar outros.

E tudo isso porque como diz o verso 17, (ler). Deus faz todas essas coisas, por causa da sua bondade. Não, não é porque merecemos, não é porque somos bons, mas porque a sua bondade não tem fim. Somos alvos da bondade do Senhor todos os dias. Desde o nosso nascimento até hoje. Em toda nossa vida podemos ver a sua bondade, a nossa salvação é fruto da sua bondade, estarmos em sua presença é fruto da sua bondade. Somos abençoados, graças a sua bondade. E esse texto não poderia terminar de maneira mais gloriosa. Pois ele diz: “Quão grande é a sua bondade e formosura”, que ele concede bondade e beleza ao seu povo. Meus irmãos, Deus está dizendo que faz do seu povo um povo bom e bonito. Sim Deus concede bondade e beleza ao seu povo. E vejam se não é assim. Pessoas sisudas, amarguradas, tristes. Quando conhecem ao Senhor tornam-se pessoas alegres, felizes, bonitas. O povo de Deus é um povo bonito. E ele termina dizendo que faz isso dando cereal para os jovens e o vinho para as moças. Cereal e vinho novo denota grande abundância e prosperidade.

Mas isso não se refere apenas a prosperidade material, a razão da nossa beleza, não são bens ou vinho, mas é Cristo em nossas vidas. O Salmo 45:2, referindo-se a Cristo diz: “Tu és o mais formoso dos filhos dos homens; nos teus lábios se extravasou a graça”; Cristo é tão lindo e cheio de graça, que a sua beleza erradia a todos os que andam com ele. E esta prosperidade exterior é um símbolo do favor de Deus e da retidão do povo. Nessas coisas, também, podemos ver as bênçãos espirituais do evangelho, que são, como alimento e bebida, para fortalecer e refrescar a alma.

Agora para desfrutarmos da benção do Senhor, precisamos andar em fidelidade para com a sua palavra. O agricultor só colhe se ao chegar a chuva, sua terra estiver preparada. Para o povo de Deus chegar na terra que mana leite e mel, foi preciso passar pelo deserto. Deus nos chamou e nos ajuntou neste lugar. Temos experimentado da libertação, cuidado e proteção de Deus. E tenho certeza que Deus pode fazer grandes coisas neste lugar e através de vocês. Ele é nosso Deus, a sua vida e essa igreja é dele. Vocês só precisam permanecer fiéis e esperar a bondade do Senhor não só para o ano 2018, mas para toda sua vida. E se você ainda não é cristão, lembre que o texto fala de juízo para aqueles que não fazem parte do povo de Deus. Mas ele também fala em misericórdia e libertação para todo aquele que se humilhar perante o Rei, O Cristo. Por isso, você pode também receber essa graça pela fé. Pois Jesus Cristo derramou o seu sangue para a salvação de todo aquele que nele crer.

Amém.

Voltar ao topo

José Pereira Neto

Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Congregacional do Nordeste – STCN (2006). Serve à Igreja Reformada de Unaí-MG como Ministro da Palavra e dos Sacramentos. Casado com Mercia Pereira, pai  de Vanessa e Kallebe.

© Toda a Escritura. Website: todaescritura.org.Todos os direitos reservados.

* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.