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Números 12:04-09

Leitura: Hebreus 03
Texto: Números 12:04-09

Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo

Na realização de seus planos e propósitos, o Senhor Deus, em sua soberania, usa seres humanos. É maravilhoso vermos como homens frágeis e limitados são guiados pelo Poderoso Deus a fim de executarem a sua obra. Contemplamos esse fato marcante em toda a história da Bíblia. No Antigo Testamento, o SENHOR Deus usou vários homens para a execução de sua vontade. Em Números 11.16-30 lemos que Deus escolheu setenta homens para ajudarem Moisés no trabalho de liderança do povo. No Novo Testamento, vemos o Senhor Jesus Cristo escolhendo doze homens frágeis e os capacitando para serem seus apóstolos e juntamente com ele pregarem a palavra de Deus e espalharem seu evangelho em vários lugares.

Esse ato glorioso de Deus de levantar homens para cumprir seus planos e propósitos é visível também aqui na igreja. Existe em nosso meio homens fracos e limitados (pecadores) que foram escolhidos por Cristo e capacitados pelo Espírito Santo para cuidarem do rebanho do Senhor. São eles os pastores, os presbíteros, os quais são responsáveis pelo governo e cuidado pastoral da igreja em submissão a Cristo, bem como os diáconos, que devem exercer a misericórdia entre os irmãos. Jesus colocou nas mãos dos oficiais de sua igreja uma missão excelente mas também de grande responsabilidade. Na igreja de Cristo eles ocupam uma posição especial. Com isto não quero dizer que eles são superiores ou melhores do que os irmãos, mas que eles desempenham uma função específica na igreja. Os oficiais não são os senhores do rebanho, mas servos do Senhor do rebanho que é Cristo. A vontade de Deus é que eles sejam fiéis no exercício de seus ofícios e um exemplo para a igreja (I Co. 4.2; I Tm.4.12) e também que a congregação os respeite e considere com amor por causa do trabalho que realizam ( I Ts.5.12,13).

Um dos homens escolhidos por Deus para executar a sua obra foi Moisés. Certamente os irmãos conhecem bem a história de Moisés. Ele foi um homem poderosamente usado por Deus. O SENHOR Deus, em sua soberania, o escolheu para libertar Israel da escravidão do Egito (Ex.3.10). Pelo poder de Deus ele realizou esta obra. Além disso, o SENHOR lhe deu uma outra grande responsabilidade: guiar a nação de Israel durante quarenta anos pelo deserto, o que de fato foi uma tarefa difícil. Moisés enfrentou muitas dificuldades na liderança do povo. Diante das tribulações daquela longa jornada tais como a perseguição dos egípcios, a falta de comida e água, o povo reagia com rebeldia e ingratidão, murmurando contra Moisés e contra o próprio Deus.

Atentemos agora para o texto da nossa pregação. Lemos no verso 4 que Deus reuniu Moisés, Arão e Miriã na tenda da congregação, que ficava fora do arraial, a fim de se encontrar e conversar com eles. Por que Deus fez isto? Por que ele chamou Moisés, Arão e Miriã? E o que ele tinha para conversar com eles? Antes de respondermos estas questões, precisamos entender o que estava se passando naquele momento entre Moisés, Arão e Miriã e também saber qual era a posição que eles ocupavam diante de Deus na liderança do povo de Israel. Sabemos que Arão e Miriã eram os irmãos mais velhos de Moisés. Eles tinham o dever e privilégio de ajudar Moisés na liderança do povo. No entanto, Moisés era o principal responsável pela liderança do povo. Ele recebeu diretamente de Deus o chamado e a responsabilidade de governar o povo somente sob a autoridade divina. Era, portanto, de se esperar que todos os israelitas reconhecessem a Moisés como aquele que os liderava em nome e debaixo da autoridade de Deus e assim aceitassem o seu governo sobre eles, o qual fora estabelecido por Deus para o próprio bem do povo. Especialmente aqueles que ajudavam a Moisés na liderança do povo, como seus irmãos Arão e Miriã deveriam ser seus colaboradores fiéis, auxiliando-o com humildade e reconhecendo a posição de liderança que Moisés recebera de Deus.

Infelizmente, o nosso texto mostra que uma coisa muito triste e lamentável aconteceu no relacionamento entre Moisés e seus irmãos Arão e Miriã. Miriã e Arão se revoltaram contra Moisés. No verso 1 lemos que eles criticaram Moisés porque este tomara uma mulher estrangeira para ser sua esposa. Eles ofenderam Moisés por causa deste problema particular. Porém não era este o problema principal que os levou à revolta contra Moisés. A mulher estrangeira (cuxita) foi apenas um pretexto, uma brecha que eles acharam para revelar o motivo principal de sua grande revolta contra Moisés. Que motivo era este? Qual era o problema principal de Arão e Miriã com relação a Moisés? A inveja e o ciúme que tiveram de Moisés como o líder superior do povo. Eles não se contentavam com o segundo lugar que lhes competia na chefia do povo, mas pretendiam alcançar uma posição superior. Isso se torna evidente nas palavras deles no verso 2: “Tem falado o SENHOR somente por Moisés? Não tem falado também por nós?” Em outras palavras, eles estavam dizendo: “Quem Moisés pensa que é? Ele acha que vai governar sozinho? Nós também não somos líderes à altura dele?” Na verdade, Miriã e Arão tinham razão ao afirmar que o Senhor também falara por meio deles, pois a Bíblia diz que ambos eram também profetas (Arão – Ex.4.14; Miriã – Ex.15.20). Ao lado de Moisés, eles lideravam o povo (Mq.6.4). Mesmo tendo uma posição de liderança, Arão e Miriã estavam insatisfeitos e cheios de inveja quanto à posição que Deus deu a Moisés na liderança do povo. Irmãos, podemos aprender alguma coisa com isto. Cada um de nós deve reconhecer qual é a nossa posição na vida e no corpo de Cristo e contentar-se com ela. Devemos ser humildes e fiéis na posição que Deus nos colocou. Longe de nós querermos ocupar uma certa posição por meio de inveja e insatisfação. Ao contrário, devemos esperar no Senhor que chama as pessoas certas na hora certa para desempenharem a tarefa que ele tem designado para cada um.

Observe ainda um outro detalhe do nosso texto. Vemos que Moisés foi vítima das críticas e acusações do seu irmão. Mas como ele reagiu? Será que ele falou duro contra seus irmãos? Será que ele os repreendeu de imediato? Talvez dizendo: “Procurem o lugar de vocês! Eu sou maior que vocês! Obedeçam-me e parem de me criticar!” Não. Moisés não falou assim. Diante das críticas de seus próprios irmãos, ele agiu com mansidão e humildade. No versículo 3 lemos que “era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”. Moisés suportou com paciência as ofensas que lhe foram dirigidas por Arão e Miriã. Aqui nesta situação, Moisés nos dá uma grande lição de humildade. Como nós agimos diante das críticas e acusações que recebemos? Será que rebatemos com palavras duras? Não devemos fazer isso. Precisamos ser mansos. A mansidão é um aspecto do fruto do Espírito Santo e, portanto, deve caracterizar a vida dos filhos de Deus que são guiados pelo Espírito de Deus. Os mansos esperam em Deus e sabem que Deus está atento às suas aflições. Ao agir com mansidão, Moisés entregou aquele problema com seus irmãos nas mãos do Senhor para que ele resolvesse. Por outro lado, os amantes da discórdia e da revolta, agem como se Deus não estivesse atento às suas ações. Porém, eles se enganam, pois Deus, que é onisciente e onipresente, está observando dos céus o proceder de todos os homens e retribuirá a cada um segundo as suas ações.

Por ser onisciente e onipresente, Deus estava presente naquela situação que envolvia Moisés e seus irmãos Arão e Miriã e sabia o que estava acontecendo. Ele ouviu as críticas de Miriã e Arão contra Moisés (vs.2) e também contemplou a mansidão do seu servo Moisés. Diante daquela lamentável situação, o Senhor Deus tomou uma atitude imediata. Ele não esperou que Miriã e Arão acalmassem os ânimos, mas logo os convocou para uma conversa séria na tenda da congregação (vs.4). Por que o SENHOR reuniu os três líderes imediatamente? Qual era a sua preocupação? Deus agiu imediatamente para que a revolta causada por Miriã e Arão não tomasse partido no meio do povo e causasse uma divisão entre eles. De um lado estariam os partidários de Arão e Miriã, e do outro, os de Moisés. E dessa forma, a confusão estaria formada no meio do povo de Deus. Porém, o SENHOR Deus não quer ver discórdias e divisões no meio do seu povo. Ele não é um Deus de confusão e sim de paz. Ele se agrada de que a sua igreja, tanto os seus servos que compõem o conselho como os demais membros, sejam fiéis e unidos e trabalhem harmoniosamente com os dons que receberam e na posição que ocupam visando a edificação da igreja e glória do nome de Deus.

Veja agora como Deus se fez presente para resolver o problema entre Arão, Miriã e Moisés. Ele já tinha convocado os três para a tenda da congregação. Em seguida ele desceu numa coluna de nuvem e se colocou à porta da tenda da congregação e chamou Arão e Miriã para conversar com eles (4,5). E Deus os repreendeu dizendo: “Ouçam bem o que vou lhes dizer, se entre vós há profeta, eu, o SENHOR em visão me faço conhecer a ele e em sonhos falo com ele. Não é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas, pois ele vê a forma do SENHOR; como pois não temestes falar contra o meu servo, contra Moisés?” (vs.6-8). Com estas palavras Deus revelou sua indignação contra Arão e Miriã por terem falado mal de Moisés, e ao mesmo tempo defendeu a Moisés, afirmando que ele era um servo fiel e um profeta e líder superior a eles, conforme a sua própria vontade.

Moisés recebeu de Deus o privilégio de ser o maior profeta do Antigo Testamento. Ele falava pessoalmente com Deus. Ele recebia a palavra de Deus diretamente e não por meio de sonhos e de enigmas – que era a forma normal de Deus se revelar aos demais profetas. Ao falar com Deus, Moisés contemplava a manifestação da presença gloriosa de Deus. Deus se revelou a ele de forma extraórdinária. Moisés foi um grande homem de Deus. Deus o usou poderosamente. Pelo poder de Deus ele fez grandes coisas: operou grandes sinais, recebeu a lei de Deus e liderou a grande nação de Israel. Sendo Moisés um grande profeta e também o líder superior do povo, conforme o desíginio de Deus, era dever de todo o povo e também dos seus colaboradores fiéis o respeitarem e se submeterem ao seu governo, pois este era um governo diretamente autorizado por Deus.

Podemos ficar maravilhados com Moisés, como Deus o usou de forma extraórdinária no desenvolvimento do seu plano redentivo em favor do seu povo. No entanto, nossa atenção deve estar inteiramente voltada para aquele que é maior do que Moisés e do que todos os demais profetas de Deus: Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Os santos do Antigo Testamento tiveram um papel importante no plano de Deus e até abriram o caminho para a chegada de Cristo. Mas Cristo é superior a todos eles. Moises e sua obra apontavam para Cristo. Observe como o Novo Testamento nos apresenta uma série de comparações entre Moisés e Jesus. Moisés foi mediador de Israel assim como Jesus. Ambos foram profetas (At.7.37). Ambos agiram com mansidão diante dos seus acusadores (I Pe.2.23). Porém, enquanto Moisés não passava de um servo fiel na casa de Deus, Jesus era o filho da casa, a qual ele mesmo estabeleceu (Hb.3.2-6). O autor aos hebreus até compara Moisés e Jesus quanto à fidelidade a Deus, mas os contrasta quanto à honra. Cristo é considerado digno de maior honra do que Moisés. O escritor reconhece a supremacia de Cristo. Cristo merece a honra porque ele é o próprio Deus, o construtor divino de todas as coisas junto com o Pai. Deus Pai o constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio Dele fez o universo (Hb.1.2). Ele é o Deus Filho Supremo e Glorioso (Cl.1.14-19), enquanto que Moisés, mesmo recebendo uma posição privilegiada de Deus, era um simples servo do próprio Cristo. Moisés não era perfeito assim como Cristo, mas era pecador e, portanto, carecia também como todos nós da mediação perfeita de Cristo para ser salvo. Somente pela graça de Deus em Cristo ele e os demais santos do AT foram salvos. Somente Jesus Cristo deve ser honrado e glorificado por todos nós.

Como podemos honrar a Cristo que é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores? Confiando na salvação que ele já conquistou para nós e submetendo-nos ao seu senhorio mediante uma vida de obediência aos seus mandamentos. Uma maneira prática de expressarmos a devida honra e obediência a Cristo é respeitando os oficiais da igreja que foram por ele mesmo instituídos para cuidar da igreja. Cada membro deve reconhecer os oficiais como representantes de Cristo e, portanto, aceitar com mansidão seu ensino e repreensão. Longe de nós agirmos como Miriã e Arão, que se rebelaram contra Moisés e conseqüentemente contra o próprio Deus. O texto nos diz que eles sofreram por esta má atitude. A ira do SENHOR se acendeu contra eles (v.9). Miriã, que liderou a revolta, foi castigada por Deus com a doença da lepra (v.10). Arão, por sua vez, sofreu com a doença da irmã e reconheceu o grande erro que ele e Miriã haviam cometido (v.11).

A ira do SENHOR também se acenderá contra aqueles que se mantêm rebeldes contra Cristo (Jo.3.36). Portanto, irmãos, “hoje, se ouvirdes a sua voz não endureçais o vosso coração”, não sejais incrédulos e rebeldes contra Cristo e seus servos fiéis, mas recebam com fé, mansidão, humildade e alegria a voz do Bom Pastor, a qual produz vida e salvação para as vossas almas.

Amém.

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Elissandro Rabêlo

Bacharel em Teologia pelo CETIRB – Centro de Estudos de Teologia das Igrejas Reformadas do Brasil (Atual Instituto João Calvino) (1999-2004). Fez Convalidação de Teologia na Universidade Mackenzie em São Paulo (2017). Ministro da Palavra e dos Sacramentos da Igreja Reformada do Grande Recife (PE), servindo como Missionário da Igreja Reformada em Fortaleza (CE).

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.