Tito 1.02-04

Leitura: Tito 01.01-04
Texto: Tito 1.02-04

Amada Congregação do Senhor Jesus Cristo,

No último domingo aprendemos que o apóstolo Paulo escreveu esta carta a Tito, que estava como seu representante junto as igrejas em Creta, a fim de concluir ali, o trabalho de plantação daquelas igrejas.

Uma das dificuldades enfrentadas por Tito em seu trabalho nas igrejas em Creta, foi a oposição de falsos mestres cuja doutrina não era de acordo com a verdade, e cuja vida não era piedosa. Assim sendo, desde os primeiros versículos, o apóstolo como que coloca todas as armas sobre a mesa.

Ele procura destacar sua autoridade apostólica, e consequentemente a autoridade de Tito que agia em seu nome.

Para isso, no v. 1, Paulo se apresenta como ministro da Palavra de Deus, para promover a fé que é dos eleitos de Deus, no pleno conhecimento da verdade que é segundo a piedade.

Dessa forma, estivemos olhando para a íntima relação entre o ministério da Palavra, a fé, a verdade e a piedade.

Como já observei, tanto o v.1, como os versículos 2-4, que são o texto da pregação desta noite, fazem parte do que chamamos de abertura da carta – a saudação inicial. Temos aqui, os elementos que eram muito comuns às cartas daquela época: o remetente, o destinatário, e a saudação. No entanto, se percebe que esta saudação é um pouco mais extensa do que a saudação que encontramos em outras epístolas de Paulo. E a razão para isso é que aqui, Paulo está enfatizando sua posição como apóstolo, para pôr o peso de sua autoridade por trás do ministério de Tito, que era seu representante junto às igrejas em Creta.

O tema que domina esta abertura é a esperança da vida eterna. Isso se percebe claramente quando sabemos que no texto grego temos apenas 3 verbos nesta abertura: prometeu, manifestou, me foi confiada. Portanto, no texto grego, há nesses primeiros versículos, um destaque para “a esperança da vida eterna”.

É por isso que nesta noite eu vos anuncio a Palavra Deus sob o seguinte tema: A Esperança da Vida Eterna.

Diante do que ouvimos no último domingo, podemos fazer algumas perguntas: Qual o serviço para o qual o Paulo, e também Tito, haviam sido chamados por Deus? O ministério da Palavra. Qual a tarefa que tinham de cumprir no desempenho deste serviço? Promover a fé que é dos eleitos de Deus, e o pleno conhecimento da verdade. Que fruto deveria surgir de tal fé e conhecimento? Piedade.

Agora se perguntamos, qual o fundamento desta fé? Qual o fundamento deste conhecimento? A resposta será a esperança da vida eterna.

No texto grego há uma preposição, que indica que fé e conhecimento se fundamentam na esperança da vida eterna. Poderíamos traduzir: “por causa da esperança da vida eterna”.

De tal forma que a esperança da vida eterna não aparece aqui somente um estímulo e conteúdo da pregação, mas também como estímulo para a confiança dos eleitos em Deus e para o crescimento no conhecimento da verdade que leva a uma vida de piedade.

Por que o ministro deve pregar? Por que vocês desejar crescer na fé e no pleno conhecimento da verdade? Por que devemos viver de forma piedosa? Por causa da “esperança da vida eterna”.

Mas o que é a vida eterna? De maneira simples podemos dizer: “vida eterna” é salvação em seu mais pleno desenvolvimento. É aquela vida com Deus e para Deus por toda eternidade, durante a qual, cumpriremos todo o propósito para qual Deus nos criou e nos redimiu em Cristo.

É a completa restauração de nosso relacionamento com Deus. É a nossa vida por causa dEle, por meio dEle e para Ele.

Haveremos de amá-lo e conhecê-lo por toda eternidade. Haveremos de glorificá-lo e ter prazer nEle para sempre. Não haverá, tristeza, morte, doenças, pecado algum, somente a eterna bem-aventurança de ser e fazer tudo o que Deus determinou. É isso que nos é prometido no evangelho, e é isso que esperamos.

Essa esperança da vida eterna é aqui apresentada como uma promessa da parte de Deus. Quando em nossos dias ouvimos sobre promessas, nós temos a tendência de ficar desconfiados, uma vez que em nossa sociedade geralmente as promessas não são cumpridas. Os cretenses eram conhecidos como mentirosos (1.12), o que parece indicar que naquela cultura as promessas também não eram cumpridas. Mas aqui está uma promessa que entra em contraste com as promessas do mundo de ontem e de hoje – a promessa da vida eterna. E três coisas são ditas a respeito dessa promessa a fim de indicar a sua confiabilidade.

Primeiro, é uma promessa eterna.
Paulo nos diz que Deus prometeu a vida eterna “…antes dos tempos eternos”. Isto é, antes que houvesse a contagem do tempo, antes da Criação, na eternidade, quando nenhum dos eleitos de Deus existia ainda.

A quem então Deus fez esta promessa? Podemos entender isso, quando lemos em 2 Tm 1.9. Onde o apóstolo nos fala sobre Deus dizendo:: “… que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos.”

Antes que o tempo existisse, a graça foi concedida e a vida foi prometida em Cristo Jesus. Os eleitos são considerados como dados pelo Pai a Cristo, para que herdassem a vida eterna.

Isto quer dizer que nossa salvação tem sua origem no plano redentor de Deus na eternidade. Deus prometeu a Seu Filho Jesus Cristo, dar a vida eterna, a todos aqueles que o Pai deu ao Filho. É maravilhoso pensar sobre isso: a esperança que agora temos, está baseada em uma promessa feita na eternidade.

Isto quer dizer que a salvação não nos foi prometida depois que oramos por ela, ou depois que a buscamos por ela, mas antes dos tempos eternos. Tal afirmação se opõe a todos os méritos humanos, eles não contam, porque não servem de nada para salvação.

Portanto, a promessa de Deus no que concerne à vida eterna, à nossa salvação, é graça do começo ao fim. Ninguém pediu, ninguém foi até Ele rogando que prometesse. Mas foi uma iniciativa graciosa de Deus, independente dos homens.

Em segundo lugar, esta promessa é confiável.
Muitas pessoas fazem promessas que não podem cumprir. E muitas outras, esperam por essas promessas que nunca serão cumpridas. Mas nossa esperança é real e genuína porque é baseada na promessa do Deus que não pode mentir. Nossa esperança é baseada na veracidade absoluta de Deus.

Deus fez a promessa, e nós podemos confiar nessa promessa, porque é impossível à natureza de Deus que Ele minta. “Ele não pode mentir”.

Portanto, se você pertence a Cristo, se você é um dos que foram dados a Cristo na eternidade, você pode ter a certeza de que em Cristo você tem a vida eterna. Se você pertence a Cristo, pode ter certeza, que Deus cumprirá sua promessa, você haverá de glorificar a Deus e ter nEle prazer por toda eternidade. Pois a promessa de Deus é infalível e plenamente confiável.

Portanto, quando estiver aflito, quando seus pés vacilarem, você nova e novamente pode encorajar sua alma com essa promessa. Pode dizer a si mesmo: “Não se abata minha alma, pois Aquele que não pode mentir, na eternidade fez a promessa de que todos os que lhe pertencem haverão de herdar vida eterna.”

Então temos esse consolo: Deus não mente. Suas promessas no evangelho são fiéis e verdadeiras.

Então o fundamento da nossa esperança é a promessa de Deus na eternidade, a veracidade de Seu Ser. Não nossas virtudes e méritos, mas Deus mesmo é o fundamento de nossa esperança.

Se você fundamentar sua esperança em você mesmo, logo perceberá que não a pode manter nem por uma hora se quer. Logo suas fraquezas e pecados lhe acusarão como indigno da vida eterna.

Mas o Espírito Santo quer que nossa esperança seja fundamentada em base sólida, por isso, nos faz olhar para a veracidade e a imutabilidade do Ser de Deus. Foi o Deus que não pode mentir quem prometeu a vida eterna.

Em terceiro lugar, é uma promessa proclamada.
Lemos que esta promessa foi manifestada no tempo apropriado. Paulo não só diz que Deus fez a promessa na eternidade, mas que também, no tempo apropriado Ele a manifestou, isto é, a fez conhecida por meio da pregação de Sua Palavra.

Assim, a esperança da vida eterna não é somente um estímulo para a pregação, mas também o conteúdo da pregação.

A Promessa da vida eterna foi feita na eternidade, não plenamente revelada no A.T., diz Paulo, agora é plenamente manifestada, por meio da proclamação do evangelho, por meio da pregação apostólica.

Pregação aqui se refere à proclamação feita por um arauto. Por alguém chamado e ordenado para este fim, de falar em nome do rei.

Por isso, Paulo diz, que essa pregação lhe “foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador”. Não foi Paulo quem se fez pregador, mas ele se tornou pregador por ordem de Deus. Por mandato, implica que como ministro da palavra recebeu a ordem de Deus. Todo ministro deve estar ciente desse chamado. Não é algo dado a todos, mas àqueles que são chamados por Deus.

Como Deus nos comunica a vida eterna? Por meio da pregação. Não por meio de teatro, músicas, jograis etc. Mas por meio da proclamação do evangelho, através do ministério da Palavra.

Ligado assim a “esperança da vida eterna”, a seu ministério, Paulo indica que o que o inspirava em todos os seus labores e o capacitava a suportar alegremente as aflições, é justamente essa esperança. É como se dissesse, Tito apesar das lutas envolvidas no ministério, sou encorajado a prosseguir porque aquilo que anuncio, é o meio escolhido por Deus para trazer à fé os eleitos de Deus, e a fortalecê-los nessa mesma fé, fazendo-os olhar para essa esperança da vida eterna.

Com isso também, Paulo está atacando os falsos mestres que estavam se infiltrando na igreja. Os falsos mestres cretenses não podiam reivindicar nenhuma autoridade como essa para suas mentiras. Deus mesmo confiou a Paulo a pregação sobre a esperança da vida eterna, ou seja, o próprio evangelho. E é esta mesma mensagem que Tito como representante de Paulo estava ensinando em Creta.

Isso fica evidente quando o apóstolo diz (v.4): “A Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum”. O termo “filho” combina duas ideias: que Paulo foi o instrumento de Deus para a conversão de Tito e que Tito lhe era muito querido.

Mas notem que Tito era um “verdadeiro filho, segundo a fé comum”, isto é, Tito tinha a mesma fé que Paulo, estava a pregar a mesma mensagem que fora confiada a Paulo. Colocando isso em destaque, Paulo deseja mostrar a autoridade do ministério de Tito em Creta.

Agora, sobre este filho genuíno, o apóstolo pronuncia graça e paz. “Graça” é o favor imerecido de Deus, é seu amor perdoador e fortalecedor em Cristo. “Paz” é aquela consciência de haver sido reconciliado com Deus e com seu povo por meio de Cristo.

Esta graça e esta paz têm sua origem em Deus Pai, e foram conquistadas para o crente por meio de Cristo Jesus. Nesse contexto, o Pai e o Senhor Jesus Cristo são chamados de “nosso Salvador”. Porque nossa salvação é uma obra do Deus Triúno. A salvação vem de Deus, não é uma obra humana.

Amados irmãos, a vida eterna é motivo de zombaria por parte dos ímpios e incrédulos. Não podem aceitar tais palavras. Tão pouco admitirão a veracidade da promessa de Deus. Mas os eleitos de Deus, tem pela graça de Deus confessado este importante ponto da doutrina cristã, creio na vida eterna.

Além disso, a meditação na esperança da vida eterna deve fortalecer nossa fé, nos encorajar no crescimento do pleno conhecimento da verdade, e nos conduzir á piedade.

Nós já estamos cientes da promessa que Deus fez na eternidade. Nós passamos a desfrutá-la quando ouvimos a pregação do evangelho, e cremos no Senhor Jesus Cristo, o nosso Salvador.

Portanto, temos a esperança da vida eterna. E para nos preparar para a vida eterna Deus nos a pregação da Sua Palavra. E por isso, devemos tê-la na mais alta estima, por que ela é o meio que Deus usa para fortalecer a nossa fé, aumentar nosso conhecimento da verdade, levar-nos à vida piedosa.

O que liga a promessa feita eternidade ao seu cumprimento na eternidade é que no tempo presente Deus manifesta a vida eterna por meio da proclamação do evangelho.

Assim compreendemos que em sua tarefa de promover a fé que é dos eleitos de Deus, no pleno conhecimento da verdade segundo a piedade, Paulo fez com seu olhar se voltasse para a esperança da vida eterna.

Se evidencia assim, que todo mestre, que desvia nosso olhar da esperança da vida eterna, para uma esperança nesta vida, ou neste mundo, é o falso mestre, que deseja nos desviar da verdade.

Sim nos precisamos lidar com muitas coisas desse mundo, com muitas coisas do tempo presente. Mas se nossa esperança está nessas coisas, se nosso consolo se encontra nelas, então não sabemos ainda o significado das palavras do apóstolo.

Por isso mesmo, devemos nos perguntar constantemente: Que valor você tenho dado a pregação? Como tenho me aproximado para ouvi-la? Como tenho reagido depois de ouvi-la?

Amada igreja de Cristo, devemos estar encorajados e cheios de gratidão, porque em Cristo temos a promessa da vida eterna, porque Ele derramou seu sangue para o perdão dos nossos pecados. Essa vida eterna manifestada nEle, enquanto Ele viver nós a teremos, enquanto Deus continuar verdadeiro nós a teremos.

Essas garantias são necessárias porque ao olharmos para nós mesmos, e ao olhar ao nosso redor, podemos rapidamente desesperar. Somos pecadores, como pode ser que vamos desfrutar da vida eterna?

Ao dizer que essa esperança da vida eterna nos é proclamada, refere-se ao Evangelho, isto é, à proclamação de Deus, do que Ele fez por nós em Cristo Jesus. Portanto, o desfrute dessa esperança não se encontra em fazermos algo, mas confiarmos em Cristo. A esperança se mantém vida, não porque temos feito algo, mas porque Cristo fez algo.

Então quando você ouve: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3.16

É certo que a verdade nos conduz à piedade, mas não temos a vida eterna porque somos piedosos, mas por causa de Cristo. João 6.29 “Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado.”

Você deve ter certeza, se eu creio em Cristo, eu tenho a vida eterna. O Evangelho nos oferece Cristo, e a vida está nEle.

É isso que a Santa Ceia nos lembra, é em Cristo que somos sustentados para a vida eterna. Ele é o alimento e a bebida que nos sustenta para a vida eterna. Ele é nosso sustento agora e será por toda a eternidade. Por isso, comemos do pão e bebemos do cálice na certeza de que a esperança se concretizará. Aquilo que Deus prometeu na eternidade, e que manifesta agora por meio de Sua Palavra através da pregação, chegará à sua plena concretização.

Chegará o dia em que nos assentaremos não para celebrarmos a Ceia do Senhor, mas as bodas do Cordeiro.

Amém.

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Elienai Batista

O Pastor Elienai Batista está servido como ministro da Palavra desde dezembro de 1998. Até o momento, pela graça de Deus, ele tem contribuído para a plantação de três igrejas reformadas: Igreja Reformada em Cabo Frio-RJ (2001-2013); Igreja Reformada do IPSEP, Recife-PE (2013-2016); Igreja Reformada em Paulista-PE (2016-2019). Atualmente possue um trabalho missionário na cidade de Campinas-SP.

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.