Hebreus 10.01-25

Leitura: Hebreus 10.01-25
Texto: Hebreus 10.01-25

Amada Igreja do Senhor Jesus Cristo

A carta Aos Hebreus tem uma característica marcante: ela destaca a superioridade da revelação de Cristo em relação a revelação do Antigo Testamento.

Este capítulo dez também mostra isso. Os primeiros dez versículos mostram a superioridade da oferta do corpo de Cristo em relação às ofertas e aos sacrifícios de animais do AT. E, os versículos 11 a 18 mostram a superioridade do sacerdócio de Cristo em relação ao sacerdócio exercido no AT. Os versículos finais (vs. 19-25) falam sobre os benefícios da obra de Cristo para os crentes.

Essa superioridade do sacrifício e do sacerdócio de Cristo garantem que nossos pecados foram perdoados de uma vez por todas. Não há confiança maior para os crentes aparecerem diante de Deus do que esta de ter o coração purificado da má consciência do pecado e de estar lavado completamente com o sangue de Jesus Cristo.

Esta pregação vai falar sobre A entrada de vocês na presença de Deus, garantida pela obra perfeita de Cristo.

Serão destacados durante a pregação três pontos:

A Oferta Perfeita do corpo de Cristo
O Sacerdócio Perfeito de Cristo
O benefício da obra de Cristo para os crentes

  1. A Oferta Perfeita do corpo de Cristo (v. 1-10)

A Lei de Moisés e todo sistema de ofertas e sacrifícios do AT serviam como ilustrações de uma grande benção que estava reservada para o povo de Deus: a remissão completa e definitiva dos pecados (v. 1-2).

Isso não significa dizer que o povo de Deus no AT não recebiam perdão de pecados. Não significa dizer que os crentes do passado tinham de esperar a vinda de Cristo para experimentar perdão dos pecados. Não. O povo de Deus no AT recebia perdão dos pecados todas as vezes que oferecia os sacrifícios pelos pecados. Porém os crentes não recebiam perdão completo e definitivo. O perdão completo e definitivo só aconteceu quando Cristo veio e morreu na cruz.

O texto que estamos avaliando explica por que os crentes não recebiam perdão completo e definitivo. Primeiro: O sacrifícios não eram a realidade que perdoa pecados. Eles eram apenas sombra da realidade; apenas imagem do real.

Quando você está na frente do espelho, você tem uma imagem perfeita de si próprio. Mas, se você sai da frente do espelho, a imagem desaparece. A imagem não é a coisa verdadeira. A imagem depende da coisa verdadeira. Aquela não existe sem esta.

Os sacrifícios eram uma imagem embaçada da realidade. Mais fraca do que a sua imagem no espelho. E quando o animal sacrificado virava cinzas, não restava nem a imagem embaçada para lembrar a realidade.

Segundo: Os crentes do AT não tinham o perdão completo dos pecados porque os sacrifícios eram ineficazes para acabar com o pecado. Nossos irmãos tinham de ir ao templo várias vezes para oferecer os mesmos sacrifícios pelos pecados.

Terceiro: Além de não conseguir remover os pecados, os sacrifícios lembravam cada vez de novo que a pessoa que estava oferecendo o sacrifício era um pecador que precisava de perdão de pecados.

Que lembrança triste! Cada vez que um animal era sacrificado, a pessoa era lembrada que era pecadora. Essa lembrança nunca acabava. Essa lembrança do pecado era um peso que nossos irmãos tinham de suportar.

Apesar disso, o peso da lembrança do pecado servia para fazer o povo de Deus desejar um sacrifício melhor do que o sacrifício diário de animais.

Uma passagem bem conhecida que mostra a esperança do povo de Deus acerca de um sacrifício melhor é Isaías 53.4-9 (LER).

Se os animais sacrificados perdoassem completamente os pecados, nossos irmãos não precisaríam, ano após ano, repetir essas ofertas, nem precisaríam esperar por uma sacrifício melhor. Mas “porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados” (v. 4), Deus prometeu que acabaria com o sacrifício de animais e daria uma oferta muito melhor e superior, em seu lugar.

O escritor Aos Hebreus apresenta a passagens do Salmo 40.6-7 (vs. 5-9) para confirmar essa promessa de um sacrifício superior à matança dos animais.

Foi da vontade de Deus que o primeiro sacrifício fosse tirado para que se estabelecesse o segundo e melhor sacrifício. O Senhor tira os sacrifícios sangrentos de animais e coloca no lugar “a oferta do corpo de Jesus Cristo” uma vez por todas (v. 10).

A rotina de sacrifícios no AT era cansativa. O nosso Senhor sabia o quanto essa rotina de sacrifícios pesava sobre os ombros dos crentes. Até os mais santos se cansavam de repetir dia após dia os mesmos sacrifícios. Por isso Jesus convidou as multidões cansadas:

“Vinde a mim, todos os que estás cansados e sobrecarregados, e eu vós aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossa alma” (Mt 11.28-30).

Deus substituiu a rotina dos sacrifícios de animais por um sacrifício superior. No lugar dos animais, Deus preparou um corpo perfeito para seu Filho. Ao invés do sangue dos animais, Deus toma o sangue de Jesus Cristo para purificar os pecados do seu povo. No lugar de milhares e milhares de animais morrerem em sacrifícios sem fim, O Filho de Deus apresentou-se para morrer no seu lugar, de uma vez por todas. “Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade.” (v. 9).

Nossos irmãos do passado esperavam por esse dia bendito. Muitos morreram esperando o sacrifício perfeito que poria fim aos sacrifícios diários de animais. Eles morreram na fé que buscava a redenção completa dos pecados no Salvador prometido. Salvador que era a oferta perfeita, e que realizava um sacerdócio perfeito.

  1. O Sacerdócio Perfeito de Cristo (vs. 11-18)

No AT, os sacerdotes eram responsáveis por oferecer os sacrifícios a Deus em favor do povo. Além dos dias especiais durante o ano, como o “Dia da Expiação” – Yom Kipur (Lv 16), diariamente, os sacerdotes recebiam pessoas no templo que iam a Jerusalém para ofertar a Deus animais para expiação dos pecados.

Os sacerdotes também eram pecadores, e por isso eles precisavam, primeiramente, oferecer um sacrifício para sua própria purificação, a fim de entrar no santuário de Deus e oferecer sacrifícios pelo povo.

O trabalho cansativo de abater animais, escorrer o sangue, cortar as partes, recolher os excrementos, todo esse trabalho precisava ser repetido muitas vezes no dia, todos os dias da semana (v. 11).

Se você já foi a um matadouro ou mesmo se esteve perto de alguém que esteve sangrando muito, você deve ter se incomodado com o cheiro do sangue. Esse era um cheiro comum no pátio exterior do templo – onde ficava o altar dos sacrifícios. Este era um dos ambientes que os sacerdotes tinham de enfrentar diariamente.

O trabalho dos sacerdotes era duro, mesmo assim não resolvia o problema do pecado. Depois de um dia cansativo de oferecer sacrifícios, eles deviam estar prontos no dia seguinte para mais uma jornada diária de sacrifícios, cada um por seu turno.

Os sacerdotes eram pecadores homens. Seu trabalho era imperfeito, e portanto incapaz de por fim ao pecado. Apesar disso, aqueles que compreendiam o valor dos sacrifícios podiam louvar a bondade de Deus por ter providenciado salvação para eles.

Vocês conhecem o Salmo 73? Aquele Salmo de Asafe que conta que ele tinha inveja da prosperidade dos ímpios? Este Salmo é útil para mostrar que, apesar dos sacrifícios que os sacerdotes ofereciam no AT não acabar de vez com o pecado, o trabalho deles davam esperança aos crentes.

Depois de contar sobre sua inveja por causa da prosperidade dos ímpio (vs. 2-16), o verso 17 representa uma reviravolta na vida do salmista (LER v. 17). Quando o salmista entrou no santuário de Deus, ele entendeu o que era prometido aos filhos de Deus e qual seria o fim dos ímpios.

Ao final das contas, o que Asafe viu no templo que mudou seu entendimento das coisas?

Quando Asafe entrou no templo, a primeira coisa que ele viu foi o altar dos sacrifícios. Quando os peregrinos chegavam ao templo e passavam pelo portão, eram recebidos pelos sacerdotes.

Alguns sacerdotes na entrada, outros no altar dos sacrifícios, outros nas bancadas onde os animais eram cortado. O salmista podia ouvir o grito da morte no berro dos animais que eram abatidos; ele podia sentir o cheiro da morte no sangue que escorria dos animais abatidos; ele podia ver a morte nos animais que estavam sendo sacrificados.

Asafe entendeu que Deus é bom para com Israel (v. 1). Deus havia providenciado os animais como substitutos provisórios para os descendente de Abraão. Os israelitas crentes buscavam o perdão de Deus nos sacrifícios dos animais e esperavam pela salvação completa em um sacrifício superior.

O salmista compreendeu também qual era o fim dos ímpios. Eles sofreríam a ira de Deus por causa dos seus pecados. As nações não receberam esse conhecimento salvador na antiga dispensação.

Mas Deus manteve a esperança de um sacerdócio superior no coração dos crentes do AT. Ele havia prometido o Salvador a Adão e Eva (Gn 3.15), a Abraão (Gn 12.3), e a todo povo de Israel.

Chegou o tempo em que Deus cumpriu sua promessa. O Espírito Santo veio ao encontro do seu povo. Deus escolheu uma moça simples do povo e gerou no ventre da virgem Maria o Salvador prometido. Um corpo perfeito, sem pecado, para ser uma oferta perfeita e sacerdote perfeito.

O Senhor Jesus Cristo é sacerdote por excelência. Os sacerdotes do AT tinham que realizar sacrifícios o tempo todo. Sacerdotes imperfeitos oferecendo sacrifícios imperfeitos. Mas Cristo é sacerdote perfeito, oferecendo sacrifício perfeito.

Os animais não carregavam nossa natureza, Cristo sim; os animais não podiam nos substituir no tocante ao castigo divino, Cristo sim; os sacrifícios de animais não podiam remover os pecados de uma vez por todas, Cristo sim; os sacerdotes não tinham santidade perfeita para oferecer um sacrifício eficaz, Cristo sim; os sacerdotes nem mesmo podiam permanecer muito tempo na presença de Deus depois de oferecer o sacrifício, Cristo sim.

Depois de oferecer o seu corpo santo no altar da cruz, Cristo entrou no santuário celestial e assentou-se no trono de poder (v. 12 – Hb 4.14; 8.2). Ele permanece lá como nosso advogado (1Jo 2.1). Ele está à direita de Deus defendendo o seu povo. Ele não deixa a presença de Deus, mas é para sempre nosso perfeito Sumo Sacerdote.

Ele só deixará o seu lugar no trono celestial, no dia em que descer à terra para estabelecer seu trono entre os homens. Ele vai destruir todos os pecadores que não têm esperado por Ele, mas vai receber na sua glória eterna a todos os que estão sendo santificados; todos aqueles que têm mais do que uma imagem, mais do uma sombra; todos os que têm abraçado com fé verdadeira a realidade que os sacrifícios apontava, o Senhor Jesus Cristo.

O Espírito Santo está escrevendo a Lei de Deus nos corações dos crentes. Não mais a Lei visível nas imagens e sombras do verdadeiro; não mais por meio de sacrifícios de animais. Mas a Lei do Espírito. A Lei gravada no coração dos crentes. A Lei proclamada no evangelho que se torna visível somente pelos olhos da fé. A Lei gravada no coração e que anuncia perdão completo em Jesus Cristo.

Quando o Espírito Santo grava Cristo no coração dos crentes, Ele acaba com a lembrança do pecado (Jr 31.33,34). Cristo é a oferta perfeita que apaga todos os pecados. Não há mais condenação para quem recebe Cristo; não há mais temor do castigo; não há mais necessidade de sacrifícios, pois o sacrifício de Cristo acabou com os sacrifícios de animais (v. 18).

  1. O benefício da obra de Cristo para os crentes

Os versos finais (19-25) servem como um resumo, mas também para aplicar o significado desta passagem que temos visto.

Não entramos em um santuário terreno, com sacerdotes fracos e sacrifícios imperfeitos. Entramos no santuário celestial. Nosso Sumo Sacerdote Jesus está lá, assentado à direita de Deus. Ele já preparou com sua carne e seu sangue o caminho que nos leva a Deus. Percorra esse caminho e você nunca vai errar a presença de Deus (Jo 14.6).

Não deixe que a mentira do pecado confunda a Lei do Evangelho de Cristo que o Espírito Santo escreveu no seu coração. Não desanime por causa das aflições desta vida. Deus não vai abandonar seu trabalho no meio do caminho. Ele é fiel.

Coloque sua fé completamente em Cristo Jesus, pois a obra que ele realizou é perfeita e completa. Cristo não falha em perdoar seus pecados. Ele removeu toda mancha e condenação do pecado, e purificou seu pensamento da lembrança do pecado.

Vamos encorajar uns aos outros com esta promessa de perdão dos pecados. Vamos ajudar uns aos outros a manter nossa confissão. Quando você perceber que alguém está ficando para trás, advirta-o. Lembre-o de que o retorno de Cristo está perto. Precisamos estar juntos, congregados como povo de Deus. A igreja precisa estar unida.

Nosso Salvador Amado está chegando e com Ele sua recompensa para todos que esperam nele.

Amém.

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Pr. Lúcio Manoel

Lúcio Manoel

Pr. Lúcio Manoel é bacharel em Divindade pelo Instituto João Calvino, colaborador do Projeto Dordt-Brasil. Missionário da Igreja Reformada do Grande Recife trabalhando na congregação em Caruaru-PE. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.