Mateus 25:01-13

Leitura: Mateus 24:01-14; 32-44
Texto: Mateus 25:01-13

Queridos irmãos,

Vivemos o fim do ano, os últimos dias, diz a Bíblia. Nós vivemos nos últimos dias. Mas quem pensa nisso? Nós temos bastante coisa na nossa cabeça. Especialmente num dia assim: o último dia do ano. Num tal momento, nós nos lembramos que de novo passou um ano; um ano em que muitas coisas passaram. Nós ficamos mais velhos. A nossa vida mudou, não é igual à nossa vida de um ano atrás. Para alguns, as mudanças foram pequenas. Mas, para outros, foram enormes. Muitas lembranças voltam no fim de um ano. Olhamos para trás, mas também para frente. Cuidadosamente fazemos planos: Planos de férias, planos para construir uma casa ou uma igreja, planos com a nossa família, planos de mudança e mais e mais. Dessa maneira enchemos a nossa agenda até o fim do ano que vem, supondo que tudo vai acontecer como planejamos. Mas, sejamos honestos: Quem, aqui, fazendo esses planos, conta com o fato de que nós vivemos nos últimos dias? Quem conta com a vinda de Cristo?

Cristo não tem razão quando ele diz: “Tal como foram os dias de Noé, assim será a vinda do Filho do Homem. Pois assim como, naqueles dias antes do dilúvio, comia-se e bebia-se, casava-se e dava-se em casamento até o dia em que Noé entrou na arca, e de nada se suspeitava até que veio o dilúvio que os levou a todos, tal será a vinda do Filho do Homem. Vigiai, pois, porque não sabeis o dia em que vosso Senhor virá”?

Essa é a mensagem, que Cristo manda para o mundo. O Senhor voltará. Conte com isso!

Muitas pessoas não creem nisso e não contam com isso. Eles não creem em Deus. Não há Deus, eles dizem. Assim pensavam as pessoas antes o dilúvio; assim pensavam as pessoas na época de Davi, que escreveu Salmo 14: “Os insensatos dizem a si mesmo: ‘Não há Deus!’”. Assim pensavam muitas pessoas na época em que Jesus viveu; e assim pensam ainda muitas pessoas. Não há Deus! Nada de novo sob o sol.

Por outro lado, há também muitas pessoas que acreditam. Noé cria em Deus; e Davi; Jesus mostrou que Ele foi o Filho de Deus; e nos séculos depois sempre houve uma igreja que guardava aquela mensagem e a transmitia para o mundo; e assim nós estamos reunidos aqui esta noite, nesta igreja, porque também acreditamos que Deus existe.

Assim podemos dividir este mundo em dois grupos. Um grupo que não pode nem quer acreditar que há Deus e que não conta com Ele; e uma parte que realmente crê nisso e que tenta contar com Ele.

Na Bíblia nós encontramos esta separação também; ela fala sobre “insensatos” e “prudentes”. Isso não é igual a inteligentes e estúpidos. Prudência — na Bíblia — quer dizer que respeitamos a Deus e seguimos as regras dele. É o que está escrito no Salmo 111: “O principio da sabedoria é temer ao Senhor”. Quem não faz isso, não tem respeito por Deus; Quem pensa que pode viver sem Deus, é chamado de um “insensato”. Pense no Salmo 14: “Os insensatos dizem a si mesmo: Deus não há!”. Então eles não precisam contar com Ele e isso se mostra na vida indiferente que levam.

É bom ter isso em mente quando vamos estudar a história das dez virgens. Cinco eram “prudentes”, e cinco eram “insensatas”. Então, as dez não eram doentes mentais. Esse não foi o problema. O problema foi a atitude delas. A atitude para a festa e para o noivo da festa. Isso é muito importante.

O que também é muito importante, é vermos que esta história é parte duma história maior. Jesus conta essa história depois no seu sermão sobre o que vai acontecer nos últimos dias deste mundo. E Ele fala dessa maneira causando uma tensão nos seus alunos. Jesus fala sobre os sinais da vinda do Filho do Homem. O sol escurecerá, a lua não mais brilhará, e as estrelas cairão do céu; e depois aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem. Ele disse isso de uma maneira que ninguém podia pensar: não será hoje, então ainda posso esperar. Ao contrário, prestem atenção à figueira: “mal os seus ramos ficam tenros e suas folhas começam a brotar, reconheceis que o verão está próximo. Assim também vós, quando verdes tudo isto, sabei que o Filho do Homem está próximo, às vossas portas”. Mas logo depois ele diz: Mas este dia e esta hora, ninguém conhece, nem os anjos do céu, nem o Filho, ninguém senão o Pai, e só ele. Será igual como nos dias de Noé. A vida continuava. E de repente tudo isso acontece. E dois homens estarão no campo: um será tomado, o outro será deixado; duas mulheres a moer na mó: uma será tomada, a outra será deixada. Os dois estarão fazendo o mesmo trabalho, mas o segredo é que o primeiro contará com a vinda do Senhor e o segundo, não. Vigiai, pois, porque não sabeis o dia em que vosso Senhor virá. Pode estar bem pertinho, pode estar muito longe. Nós não sabemos. Esse é o nosso problema.

Esperar é às vezes um problema para muitas pessoas. Esperar o que outras pessoas fazem; Esperar como a nossa vida será no futuro; muitas pessoas não podem esperar; elas querem controlar tudo; querem governar e manipular o que será melhor para elas; querem aproveitar; pensando: “comamos e bebamos, pois amanhã morreremos”. Para elas não existe o amanhã, só o hoje conta. Isso pode ser um problema para os crentes também. Talvez mais do que para os descrentes, porque estes não têm nenhuma esperança. Um crente tem e isso piora a espera. Precisamos de uma fé forte e uma confiança grande, porque seremos tentados mais e mais conforme a hora se adiantar.

Cristo sabe disso. Não é por acaso que ele está ensinando seus alunos com figuras impressionantes sobre o vigiar. A melhor figura, eu acho, é a do homem que recebe uma notícia sobre um bando de ladrões que estava se preparando para roubar suas coisas. Naturalmente, o homem ficou acordado! O outro exemplo é sobre o empregado que ficou como supervisor porque o seu dono estava fora; e que depois se aproveitou para gastar o dinheiro do seu dono. Ele agiu de modo irresponsável e sem visão, porque sabia que ele deveria se responsabilizar pelo seu trabalho. Cristo quer dizer: não seja irresponsável ou indiferente.

Mas isso não é fácil, pois a dificuldade é que esperar custa muito tempo e que nós não sabemos exatamente quando Cristo vai voltar. A tentação será tão grande que nós vamos pensar que ainda pode custar não sei quanto tempo antes de chegar a hora; e que nós vamos fazer o que achamos melhor. Mas isso seria insensato. O homem que tinha recebido uma notícia não vai depois de algumas horas para cama pensando que os ladrões desistiram. Isso seria insensato.

Então, para deixar isso claríssimo Jesus dá esta história sobre as dez virgens, que são convidadas para uma festa. Um casamento. Elas não precisam trazer presentes, mas precisam trazer uma lâmpada, porque isso é muito importante para a festa. Especialmente naquela época. Não havia eletricidade, iluminação nas ruas ou nas casas. Quando a noite chegava, as pessoas iam dormir; não era possível fazer nada por causa da falta de luz. Então, especialmente quando as pessoas queriam organizar uma festa, precisavam de luz. Sem luzes não havia nenhuma festa. Tinha que haver bastante luz e por isso as virgens tinham recebido a ordem para trazer as lâmpadas, por que só assim a festa seria uma festa.

Então, para a preparação da festa essas lâmpadas eram vitais. Imaginem vocês mesmos planejando uma festa cuja organização está nas mãos de outras pessoas. Você pediu a algumas pessoas que preparassem bastantes salgadinhos, docinhos e bebidas. Deve ser suficiente para toda a noite. Então, a festa começa e você descobre que não tem o bastante. E você chama aquelas pessoas à responsabilidade e elas dizem: Sim, desculpe, mas não tive tempo suficiente. Ainda tinha que comprar uma roupa bonitinha para a festa e tinha que fazer isso e isso. Como você vai reagir? O que você pensaria? Você acharia que elas fizeram tudo para fazer de sua festa uma verdadeira festa?

Assim, as pessoas podem se preparar de maneiras diferentes para uma festa. Algumas pessoas, se receberem um convite, pensarão: Ah que bom, uma festa. Gosto disso! Vou me alegrar! Como eu posso me apresentar melhor; ou como eu posso aproveitar ao máximo? Para elas, uma festa significa: Que bom para mim! Elas não se perguntam de quem é a festa. Especialmente se a festa é um casamento. Uma tal festa quer dizer: Que bom para eles!. O noivo e a noiva. É a festa deles! E quem receber um convite será incluído nas preparações. Então, é a mesma coisa nessa história. Dez virgens recebem um convite, mas elas reagem diferentemente. Cinco virgens fazem tudo para cuidar que a festa continue bem até o fim; as outras cinco, não. Elas se preparam para a festa, mas não o bastante. Se dependesse delas, não haveria festa. O noivo ficaria na escuridão com todos os convidados.

As virgens insensatas descobrem isso quando acordam, de madrugada. O dia quase passou. Custou muito tempo, mas finalmente ele está ali: o noivo. “Ele vem para cá, vamos, vamos encontrá-lo!” Elas pegam as suas lâmpadas e as acendem. Cinco começam a brilhar, mas as outras cinco lâmpadas se apagam logo. Insensatas, não há óleo dentro. Elas se esqueceram de manter suas lâmpadas. Se elas tivessem feito isso, logo teriam descoberto que não tinham óleo e então ainda teriam a oportunidade de comprá-lo. Mas elas estavam tão preocupadas consigo mesmas que esqueceram disso. Insensatas!

Olha, tem um pouquinho de óleo para mim? Uma moça pede à outra. Não! Sim, tenho óleo, mas esse é bastante só para esta lâmpada. A minha. Se nós não quisermos ficar sem luz no meio da viagem. Talvez seja melhor que você vá comprar ali. Ainda está aberto. Lá você pode comprar óleo. Agora nós vamos encontrar o noivo. Então, não tem outra possibilidade; e lá vão elas, aquelas moças insensatas…. Elas saem na escuridão da noite. As outras observam, mas só um minutinho porque já está vindo o noivo. Brilhante, sorridente, assim ele dirige os seus convidados para a sala com a iluminação festiva. Todos entram e a festa pode começar. Feche a porta! Mas olha, ainda estão faltando cinco! Talvez uma disse: Oh, que pena, porque elas estão atrasadas. A porta fecha realmente. Alguns minutos depois algumas pessoas estão batendo na porta; algumas vozes estão gritando: Senhor, Senhor, abre-nos! Mas ninguém abre. Uma voz diz: “Em verdade, eu vos declaro: não vos conheço”. E a porta fica fechada. Elas estão atrasadas.

Atrasadas. Isso é chocante nesta história. A porta fecha e não abre mais. Não só para os judeus, que conhecem as leis da hospitalidade, mas também para nós isso é chocante. Isso quer dizer que temos de estar bem adiantados e que temos de nos preparar bem antes. Como está escrito: “Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora”.

Com aquelas últimas palavras, Cristo volta para a realidade dos seus alunos, que vivem nos últimos dias e se preparavam para a vinda dele. Com certeza eles reconheceram muito daquilo. Como aquelas virgens eles estão viajando para uma festa! A vinda de Cristo será para todos os verdadeiros cristãos uma festa, porque naquele momento acabará a tristeza deste mundo. A opressão contra os cristãos neste mundo. Como nos países onde a maioria crê em Alá. Mas não só ali. Também acabará a opressão contra os cristãos na nossa sociedade. Naquele momento não ouviremos mais sobre guerras, assaltos, bombas, criminalidade, etc. Naquele momento ninguém morrerá, ninguém ficará doente, não haverá mais luto, nem clamor, nem sofrimento. Será assim. Nós estamos viajando para uma festa e não para um enterro.

Mas estamos conscientes disso? Estamos conscientes de que estamos viajando para a festa de Cristo? Nós contamos bastante com isso? Vivemos nesta fé? Ou estamos mais preocupados com as coisas dos nossos dias, e por isso não estamos ansiosos para a vinda de Cristo? É possível, sabe? Há muitas pessoas que vivem assim. Que são indiferentes; que não contam com Cristo. Pobres insensatos…

Felizmente, há outras pessoas que contam com a vinda de Cristo. Eles estão felizes por tudo o que Cristo lhe concedeu este ano; são pessoas que estão consolados por Cristo em meio às tristezas; que estão vivendo perto de Cristo a cada dia; dá para ouvir isso quando eles falam e oram. Eles exultam por estar perto do Senhor; eles têm respeito por Cristo, por sua presença e palavras. E eles vivem como qualquer outra pessoa: eles fazem o mesmo trabalho que os descrentes, tudo igual. Só que há uma diferença: o seu amor por Cristo. Quem ama a Cristo, não precisa se preocupar; pode ansiar pela vinda dele; porque está preparado. Ele nunca está eternamente atrasado.

Amém.

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Pr. Abram de Graaf

Abram de Graaf

O pastor Abram de Graaf é “Doctorandus” (Drs) em Teologia e um dos professores do Instituto João Calvino (Aldeia, Camaragibe-PE). Ele é pastor da Igreja Reformada de Hamilton, Canadá, enviado como missionário às Igrejas Reformadas do Brasil, desde o ano 2000. É Diretor do Projeto Dordt-Brasil. Ele mora em Maceió e também desenvolve projetos nessa cidade. Acesse o site graafeditora.com

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.