Leitura: Marcos 4.26-32
Texto: Marcos 4.26-32
Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo e caros ouvintes
Os judeus que viveram na época de Jesus aguardavam com grande esperança a chegada do Messias Prometido. Deus prometeu no A.T. enviar um rei para trazer libertação ao seu povo e reinar sobre eles eternamente. Embora cressem na promessa do Messias, os judeus não entenderam o que ela significava. Eles achavam que o Messias Prometido seria um Rei Guerreiro que viria montado em seu cavalo com uma espada na mão e com um grande exército para destruir os romanos e estabelecer um reino físico e terreno em Jerusalém. Essa era a expectativa! Os próprios discípulos de Jesus tinham esse entendimento errado acerca do Messias e do seu reino (At.1.6).
Mas que surpresa para eles! O rei que chegou era bem diferente do que esperavam. Um homem humilde de Nazaré sem exército e nada nas mãos, apenas com seu ensino e pregação, se apresentou como Rei enviado por Deus. Se Jesus não veio para libertar Israel do jugo dos romanos e reinar sobre eles em Jerusalém, que tipo de reino, então, Ele veio estabelecer entre os homens? Jesus disse que o seu reino não é deste mundo, mas é um reino espiritual (Jo.18.36). O reino de Deus trazido por Jesus significa o domínio da sua Palavra e do seu Espírito na vida e nos corações das pessoas (Lc.17.21). Jesus não veio estabelecer um trono físico em Jerusalém e reinar apenas sobre os judeus. Ele veio firmar o seu trono e domínio espiritual nos corações de todos que o reconhecem como Senhor e Salvador.
Para corrigir o erro dos discípulos acerca do reino de Deus e ajudá-los a entender a verdadeira natureza deste reino, Jesus lhes contou muitas parábolas. Nestas parábolas, o Senhor usou elementos comuns do dia a dia para ensinar verdades eternas sobre o reino de Deus. Nas parábolas da semente germinando no campo (Mc.4.26-29) e do grão de mostarda (Mc.4.30-32), aprendemos a seguinte verdade sobre o reino de Deus: JESUS ESTABELECE O REINO DE DEUS NO CORAÇÃO DO PECADOR
1) A Fonte de Crescimento do Reino de Deus
2) A Expansão do Reino de Deus
1) Na parábola da semente, Jesus compara o reino de Deus há um agricultor que simplesmente lançou a semente na terra e continuou a sua rotina normal do dia a dia. Ele dormia, se levantava, realizava todas as suas atividades diárias e, enquanto isso, algo acontecia com a semente que ele lançara sobre a terra. A semente de forma misteriosa e sem a contribuição do agricultor, germinava, crescia e frutificava até ao ponto do fruto ficar maduro e pronto para ser colhido (Mc. 4.26-29).
O trabalho do agricultor é semear. Ele não pode fazer mais nada para que o fruto cresça. Ele pode até limpar e fertilizar o solo, mas não pode produzir a chuva para fazer o fruto crescer. Resta-lhe ser paciente e confiar o resultado da colheita nas mãos de Deus. A colheita pode até demorar um pouco, mas no tempo certo ela virá, porque isso não depende do homem, mas de Deus.
Jesus afirma que o reino de Deus é como essa semente lançada no campo e que cresce secretamente sem a ajuda do agricultor. Perceba a expressão “a terra por si mesma frutifica” (v.28). Ela indica que o fruto cresce e se desenvolve sem a intervenção humana, automaticamente; que algo misterioso está acontecendo sem que o agricultor o saiba; um poder sobrenatural está operando na terra a tal ponto que a simples semente se torna um fruto maduro. O que Jesus quer dizer com isso? A lição é simples: a fonte de crescimento do reino de Deus não depende do homem, mas de Deus. Em outras palavras, Deus é soberano na salvação do pecador. É pelo poder de Deus que o seu reino se estabelece na vida e no coração dos pecadores.
O pregador é como o agricultor. Ele apenas lança a semente do evangelho e espera no Senhor. Ele sabe que não pode produzir fé e arrependimento no coração do pecador. É Deus quem faz isso (At.11.18). É Cristo quem converte pecadores e acrescenta à sua igreja os que estão sendo salvos (At.2.47). Ele faz isso pelo poder da sua palavra e do seu Espírito. A Palavra é poderosa para salvar nossas almas (Tg.1.21) e o Espírito Santo nos faz nascer de novo para entrar no reino de Deus (Jo.3.5).
O pregador realiza sua tarefa contínua de instruir os membros da igreja com a palavra de Deus, mas o crescimento e amadurecimento espiritual destes membros é fruto do poder de Deus. É Deus quem opera neles tanto querer quanto o realizar e completa a boa obra que neles iniciou (Fp.2.13; 1.6). Ele nos amadurece para a colheita. Ele nos prepara para a glória. Do início ao fim a nossa salvação e participação no reino de Deus é fruto da graça e do poder de Deus.
Meus irmãos! Nesta parábola, Cristo nos encoraja a semear a sua palavra com fidelidade e confiando no poder de Deus. É muito fácil ficarmos desanimados quando não vemos pecadores se convertendo a Cristo e os membros amadurecendo na fé por meio da pregação fiel do evangelho. Podemos ser tentados a produzir algum tipo de entretenimento para atrair pecadores à igreja, talvez um culto mais alegre com muita música e peças teatrais no lugar da pregação do evangelho. Ou quem sabe somos tentados a pregar as coisas que as pessoas gostam de ouvir para atraí-las à igreja.
Porém, não é este o caminho bíblico para o crescimento saudável da igreja de Cristo. A fé vem pelo ouvir a palavra de Cristo (Rm.10.17). Devemos ser pacientes e fiéis na tarefa de semear a palavra de Deus e confiar no poder de Deus que, no seu tempo, vai fazer germinar a semente e produzir frutos maduros (ver I Co.3.6,7). Seja um cooperador de Deus na semeadura da palavra. Lance a semente na terra, anuncie Cristo a seus parentes e amigos, convide-os ao culto para ouvir a pregação, clame pela salvação deles, viva a sua vida comum do dia a dia, dê o seu testemunho de Cristo e confie os resultados nas mãos do Senhor que é poderoso e cheio de graça para salvar pecadores. Cristo não quer salvar apenas você e a mim. Ele quer estender a sua graça e estabelecer o seu reino na vida e nos corações de outros pecadores. Ele quer expandir e aumentar o seu reino na terra. Isso veremos agora no próximo ponto.
2) A Expansão do Reino de Deus
Jesus se utilizou de outra figura bem conhecida pelos seus ouvintes para ensinar mais uma verdade sobre o reino de Deus. Jesus compara o reino de Deus a um grão de mostarda. Era comum entre os judeus possuir um pé de mostarda em seu quintal ou horta. Eles sabiam muito bem que um pequeno grão de mostarda, quando semeado na terra, transformava-se numa planta de três ou quatro metros, a maior de todas as hortaliças, com muitos ramos espalhados onde as aves faziam seus ninhos para se abrigar das tempestades e do calor do sol (Mc.4.30-32).
Naqueles dias a expressão “grão de mostarda” simbolizava algo pequeno e insignificante (Mt.17.20; Lc.17.6). Quando alguém queria dizer que algo era pequeno e sem muito valor, comparava isso a um grão de mostarda. Por que Jesus compara o reino de Deus a um grão de mostarda? Ele está dizendo que o seu reino é pequeno e sem valor? Entenda bem a comparação que Jesus faz aqui. Na verdade, nos dias de Jesus aqui na terra, o reino que ele trouxe não era nada em comparação com o grande império romano que dominava o mundo. Aos olhos dos romanos e dos judeus incrédulos, o reino de Deus trazido por Jesus era algo pequeno e sem valor.
De fato, o reino de Deus nos dias de Jesus se apresentou de modo insignificante. O rei deste reino não nasceu num palácio, mas numa manjedoura. Ele não se manifestou aos homens com grandes riquezas e exércitos, mas era um homem simples de Nazaré, filho de um carpinteiro. Ele não estava cercado de homens influentes, mas escolheu alguns pescadores galileus para anunciar o evangelho do seu reino. Ninguém dava nada por eles. O próprio Jesus foi desprezado pelos seus parentes e conterrâneos judeus. Os romanos escarneciam deles. O rei deste reino morreu crucificado diante de todos. Para o mundo da época o reino de Deus pregado por Jesus e seus discípulos não deu em nada. Era algo sem valor. Mas será que eles tinham razão? O reino de Deus fracassou com a morte de Jesus? Ou será que este reino ia se expandir na terra com a pregação da mensagem da cruz por meio de alguns camponeses e pescadores da Galiléia?
Perceba que na parábola, o propósito de Jesus ao mostrar que uma grande árvore surge de um pequeno grão é indicar a verdade de que o seu reino irá se expandir e crescer na terra a partir de um pequeno começo. A lição que Jesus nos ensina aqui é que o reino de Deus, aparentemente pequeno e sem valor aos olhos do mundo, se expandirá por toda terra e se tornará benção para todos que entram nele. Tem de ser assim, irmãos! Pois não importa o que as pessoas pensam do reino de Deus, mas sim o que Deus está fazendo. Ele é poderoso para fazer grandes coisas de algo aparentemente pequeno e sem valor.
A Bíblia nos mostra isso irmãos! Veja em primeiro lugar que a expansão do reino de Deus na terra é uma promessa de Deus no Antigo Testamento (Ez.17.22,23). Jesus será levantado por Deus como o Grande Rei vindo de Judá e pecadores de todas as nações encontrarão refúgio nele. Jesus sabia disso e por isso contou a parábola do grão de mostarda. Jesus sabia quem era e o que veio fazer. Ele não seria mais um rei derrotado como foram Joaquim e Zedequias nos dias do cativeiro babilônico. Seu reino não fracassou com a sua morte, mas expandiu-se. Pois Jesus ressuscitou e tem toda autoridade no céu e na terra. A mensagem da cruz ganhou o mundo. Como diversas espécies de aves encontram abrigo na mostardeira, assim também pecadores de várias nações encontram salvação em Cristo.
Em segundo lugar, a expansão do reino de Deus foi realizada por Cristo. Jesus enviou e capacitou seus apóstolos a pregar o evangelho a toda criatura (Mc.16.15; At.1.8). Ele deseja que a sua mensagem de salvação saia de Jerusalém e chegue até aos confins da terra. Quando Jesus subiu aos céus, sua igreja tinha uns 120 membros (At.1.15). Mas o que aconteceu depois que Jesus derramou o seu Espírito sobre a Igreja? Pela pregação do evangelho, em poucos dias o número dos discípulos subiu para umas cinco mil pessoas (At.4.4). Em seguida, Jesus fez de Paulo um grande missionário que espalhou sua mensagem dentro e fora do império romano (At.9.15). O resultado disso é que milhares de pessoas creram no evangelho e encontraram abrigo e salvação em Cristo. Nós também hoje e milhões de cristãos no mundo inteiro estamos refugiados em Cristo. E vai chegar o dia em que uma multidão que ninguém pode contar de todas as tribos, línguas e nações encontrarão refúgio em Cristo e o louvarão para sempre (Ap.7.9,10).
Nesta parábola o Senhor nos ensina pelo menos duas lições. Em primeiro lugar, Jesus nos ensina a não desprezar um início pequeno. Diante do poder de Deus, grandes resultados podem surgir a partir de um começo humilde. Doze homens simples e um carpinteiro abalaram o mundo com a mensagem da cruz. Uma conversão de um pecador pode dar início a uma igreja. Duas ou três crianças pode ser o começo de uma escola cristã. Quatro seminaristas podem resultar num seminário com vários alunos. Uma igreja pequena que persevera na oração e no testemunho pode atrair uma cidade inteira para Cristo. Um pequeno grupo de igrejas fiéis pode fazer grande diferença num determinado país com a fiel pregação do Evangelho e enviar missionários para outros países. Enfim, Deus pode fazer grandes coisas em nós e através de nós. Não desprezemos algo porque é pequeno nem julguemos pela aparência. Deus é poderosos para fazer grandes coisas de pequenos começos.
Em segundo lugar, Jesus nos chama a orar pela expansão do seu reino na terra.É Jesus mesmo quem faz a sua igreja crescer. É ele quem edifica a sua igreja e acrescenta nela os que estão sendo salvos. Isso não significa que nós devemos ficar parados e deixar que o Senhor realize a sua obra. É verdade que Jesus não precisa de nós para fazer sua igreja crescer. Mas ele deseja nos usar como seus instrumentos nesta tarefa. E a primeira coisa que temos de fazer é orar: “Senhor, venha o teu reino, faze a tua igreja crescer”!
Acredito que é seu desejo ver pecadores se convertendo a Cristo e a igreja crescendo. Certamente você gostaria que todos os seus familiares e amigos desfrutassem do refúgio que você tem em Cristo! Mas o que você tem feito? Tem orado por eles? Tem clamado a Deus pela conversão deles? Que Deus nos ajude a ser uma igreja de oração e faça a nossa igreja crescer!
Agora é bom lembrar que o crescimento que Jesus busca para sua igreja não é apenas em número, mas principalmente em qualidade. Jesus não quer somente ter muitos discípulos. Ele deseja que estes discípulos sejam fiéis e influenciem o mundo com o testemunho de Cristo. O catecismo fala de membros vivos da igreja de Cristo. Ser cristão, portanto, não significa apenas ir à igreja no domingo ou só orar e ler a Bíblia. É mais que isso. Significa dar testemunho de Cristo em tudo o que fazemos em cada dia de nossas vidas. Tudo o que fazemos deve ser feito para Cristo, o Rei a quem servimos (ver Cl. 3.23,24).
Você é um verdadeiro crente? O evangelho de Cristo domina cada área de sua vida? Você tem honrado a Deus em sua vida familiar? É íntegro em seus negócios e trabalho? Deus tem sido honrado na maneira como você lida com o dinheiro? Tudo o que você faz, as decisões que você toma tem glorificado a Deus? O Senhor te chama hoje a influenciar o mundo com uma vida cristã exemplar.
Faça a diferença! Honre a Cristo, o seu Rei! Coloque-se debaixo do seu domínio! Jesus quer reinar na sua vida! Ele quer fazer grandes coisas em você e através de você! Que você seja um vaso de benção nas mãos do Senhor! Ele quer usar você para a glória dele, a edificação da sua igreja e o crescimento do seu reino até o dia em que Ele será tudo em todos e reinará conosco para sempre! Amém!
Elissandro Rabêlo
Bacharel em Teologia pelo CETIRB – Centro de Estudos de Teologia das Igrejas Reformadas do Brasil (Atual Instituto João Calvino) (1999-2004). Fez Convalidação de Teologia na Universidade Mackenzie em São Paulo (2017). Ministro da Palavra e dos Sacramentos da Igreja Reformada do Grande Recife (PE), servindo como Missionário da Igreja Reformada em Fortaleza (CE).
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.