Leitura: Jonas 1;
Texto: Jonas 1.1-3.
Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo, algo extremamente honroso e magnificente acontece aqui com Jonas: Jonas recebe uma vocação, um chamado do próprio Deus. E o que é uma vocação? Vocação vem do verbo latino voco, vocare, que quer dizer “chamar”. Quem faz algo por vocação, portanto, sente e sabe que é chamado a isso pela voz do próprio Deus que é quem verdadeiramente dá o sentido e a finalidade da vida. E por sentido da vida aqui eu me refiro àquela resposta a seguinte pergunta: “quem devo ser e o que é que eu devo fazer que não pode ser feito por mais ninguém, absolutamente ninguém exceto eu mesmo, pois Deus a isso me chama (me vocaciona) e me colocou aqui nesta situação?” Esse é o sentido de vocação como chamado de Deus.
Porém, algo extremamente chocante e sem precedentes na história registrada dos profetas acontece. Jonas recusa a vocação, o chamado de Deus. Mas, quem se atreveria a tal coisa? Quem em sã consciência rejeitaria o chamado de Deus para sua vida? Já de antemão vos previno, pois, como humano conheço a natureza humana: fácil é, esquecendo de si próprio, condenar e abominar a Jonas pelo que ele fez. Antes, reflitamos: não seríamos nós herdeiros espirituais de Jonas? E como o próprio Jonas herdeiros de nosso primeiro pai Adão que também lançou fora sua vocação, seu chamado?
Nesta história temos dois personagens principais e um deles é central: Um é Altíssimo, Senhor de toda terra, que têm planos e caminhos elevados, que muitas vezes opera como jamais esperaríamos que Ele operasse e que sempre cumpre seus planos e realiza sua vontade irresistível. Ele é soberano, porém extremamente compassivo e misericordioso: esse é YAHWEH, Deus de Israel e do mundo. Ele é o PERSONAGEM CENTRAL. O outro é um simples ser humano com todas as suas fraquezas e limitações humanas e pessoais, porém, com um chamado nobre de representar a Deus como seu porta-voz, como seu profeta: esse é Jonas. Sua visão e seu coração são limitados. Ele é crente, porém equivocado e pecador. Jonas não é apresentado como herói, mas como o vilão da história.
E eis que o Senhor nos leva a considerar seu ensino de vida contido aqui em Jonas 1.1-3. O que esse evento e história bíblicos e reais nos ensinam, irmãos? Como seremos edificados e dirigidos a Cristo por este ensino? Ouçamos a palavra de Deus no seguinte tema:
Tema: O Deus de toda terra vocaciona a Jonas com uma missão profética
A Desafiadora Vocação de Deus;
A Decepcionante Volição de Jonas. (volição: ato de por a vontade em ação, ou seja, a resposta de Jonas ao chamado)
Amados, nosso texto começa com algo extremamente especial e extraordinário: nós vemos o Deus Altíssimo, Deus de toda criação e glória dirigindo sua palavra a um homem. Isso não acontece sempre. Isso não acontece com todos. E isso é feito a um homem em específico: Jonas. Jonas e somente ele, recebe de Deus uma singular vocação, um chamado. Vocação, observe aqui, é um chamado específico feito por Deus para uma obra ou missão designada por Ele e para glória final dEle; e que fica sob a responsabilidade do vocacionado de realizá-la com a ajuda de Deus. Então, assim já começa o pequeno livro de Jonas: “Veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai”.
Quando Jonas recebe este chamado ele já era um profeta. Ele era filho de Amitai da tribo de Zebulom, nascido na cidade de Gate-Hefer em Israel no reino do norte. Isso sabemos pelo texto de II Reis 14.25. O início do livro de Jonas também atesta a vocação profética de Jonas, pois ele é igual a dos profetas menores, como Oséias, Joel, Miquéias e Sofonias. Repare que esta fórmula “palavra do Senhor que veio a fulano de tal, filho de beltrano” ou uma variação dela é usada sempre para o recebimento de uma profecia, de um oráculo divino, por um profeta. Essa fórmula aparece pelo menos 112 vezes no AT. É, portanto, uma maneira padrão para descrever uma revelação recebida por um profeta. E é isso que acontece aqui. É, de fato, algo extremamente especial e extraordinário: nós vemos o Deus Altíssimo, Deus de toda criação e glória dirigindo sua palavra a um homem.
E aí vem a missão, a vocação do Senhor a Jonas (há pelo menos três imperativos aqui): 1) Levanta-te! 2) Vai! e 3) Proclama! “Levanta-te, vai a Nínive, a grande cidade, e anuncia contra ela que a sua maldade chegou até mim”. Que chamado! Que desafio! Que missão!
A vocação de Jonas é desafiadora! É desafiadora por vários motivos:
- Jonas é chamado a pregar em solo estrangeiro. Há algo surpreendente novo aqui, sem precedentes. Sim, era comum os profetas anunciarem profecias contra outras nações. Isaías fez isso! Jeremias fez isso! Isso não era novo. Mas, agora Jonas é chamado a pregar, a falar contra Nínive, e anunciar o juízo de Deus no meio de uma nação, de uma cidade pagã e gentia. Jonas não ia pregar em solo nativo para benefício dos seus concidadãos israelitas. Jonas ia viajar uns 800 quilômetros de Israel a Nínive e lançar nos ouvidos, no meio dos destinatários da mensagem, num lugar estrangeiro e distante, na cara deles e diante de seus deuses as podridões e pecados dos ninivitas e anunciar o juízo do Deus de Israel sobre eles. E mais: Deus está sendo retratado aqui como um Rei Suserano. Um Rei Suserano era um grande e poderoso rei que dominava outros reis menores que seriam seus vassalos, seus súditos. O Rei Suserano oferecia sua proteção e os reis vassalos seus tributos e submissão. Jonas, portanto, é o embaixador e porta-voz deste Rei Suserano que é Deus. Jonas deve ir, então, a cidade do rei, do imperador de Nínive, em solo estrangeiro de um povo pagão e diante de outros deuses exigir a submissão ao Deus de Israel e de toda a terra. Jonas vai ser o primeiro a fazer isso. Que desafio!
- Jonas é chamado a pregar em ambiente esperadamente hostil. Quem eram o ninivitas? Eles eram moradores da grande e importante cidade da Assíria. A Assíria era o poderoso reino que estava se levantando no horizonte e se tornando um grande império nessa época. E os assírios e, em particular, os ninivitas, eram famosos por sua crueldade contra os inimigos. Em Naum 3.1-7 lemos o seguinte sobre a Sentença sobre Nínive, a prostituta:
“1 Ai da cidade sanguinária, toda cheia de mentira, repleta de despojos, onde não cessa a rapina! 2 Estalido de chicotes, estrépito de rodas, cavalos a galope, carros que pulam, 3 ginetes que empinam, reluzir de espadas, cintilar de lanças, multidão de feridos, mortos em massa, cadáveres sem fim, tropeça-se em seus cadáveres! 4 Por causa das inúmeras prostituições da prostituta formosa, hábil feiticeira, que vendia as nações por suas prostituições e os povos por suas feitiçarias. 5 Eis-me contra ti – oráculo de Iahweh dos Exércitos. Levantarei tua roupa até à face, mostrarei às nações a tua nudez e aos reinos a tua ignomínia. 6 Jogarei sobre ti imundície, desonrar-te-ei e farei de ti um espetáculo. 7 Então, todo aquele que te vir fugirá de ti e dirá: Nínive está devastada! Quem terá compaixão dela? Onde posso procurar consoladores para ti? 19 Não há cura para a tua fratura, tua ferida é incurável! Todos os que ouvem notícias sobre ti batem palmas a teu respeito; pois, sobre quem não passou continuamente a tua maldade?”
Dos Assírios é dito que eles não tinham misericórdia e não eram muito de fazer presos de guerra. Eles arrancavam a língua, cortavam as mãos e os pés e vazavam os olhos dos seus inimigos. Serravam ao meio, jogavam óleo quente quando não arrancavam a pele da pessoa viva. Inclusive a Assíria já tinha feito incursões em Israel demonstrando seu interesse por essa terra. Que perigo para Israel, para o povo de Jonas! E é para lá, para a Assíria, para Nínive que Jonas é enviado? Sim! Que missão!
- Jonas é chamado a pregar uma mensagem bem diferente da sua primeira profecia. Diferente e nada popular (II Reis 14.23-27). Jonas já era um profeta conhecido. Ele é um dos profetas mais antigos de Israel, pois ele vem logo depois do profeta Eliseu e exerceu seu ofício na época próxima de seus colegas Amós e Oséias. Jonas foi da época do Rei Jeroboão II e certamente era conhecido do Rei. Pois foi o profeta Jonas o único que foi usado por Deus para anunciar bênçãos e prosperidade a Israel com as conquistas e expansão territorial. Infelizmente, apesar de todas as bênçãos Israel permaneceu infiel e rebelde. Mas este ministério profético de denúncia de pecados ficou com Amós e Oséias. Não ouvimos nada de Jonas. Amós, inclusive, já sinaliza a possibilidade da Assíria ser o instrumento da ira de Deus contra Israel quando ele profetiza a queda de Israel em Amós 5.27dizendo: “Eu vos deportarei para além de Damasco, disse Iahweh”. Ora, se olharmos no mapa para além de Damasco estava a… ASSÍRIA. Será que Jonas conhecia essa profecia e essa possibilidade também? Se sim, não dá para nós imaginarmos a terrível luta interior de Jonas? Que ministério difícil e impopular o de Jonas. Mas, mesmo que Jonas não tivesse essa noção do perigo, em todo caso Jonas, antes herói e certamente aplaudido, agora apareceria como um vilão e, talvez, traidor da nação. Pois foi levar a palavra do Senhor aos inimigos de Israel. Uma palavra dura, é verdade! Mas, no fundo, era o “evangelho da segunda chance”! Que chamado o de Jonas!
- Jonas é chamado a pregar uma segunda chance em benefício de quem ele acha que merece o castigo e destruição. E aqui vemos duas coisas sobre Deus que perpassa todo o livro: a soberania e a compaixão de Deus. Em primeiro lugar, Deus, aqui em Jonas, é retratado como um Deus soberano que controla e reina sobre toda a criação. Ele arroga sua autoridade e senhorio sobre todos e chama todos a servi-lO. Deus se mostra aqui como Deus para além das fronteiras de Israel. Como Deus dos marinheiros pagãos do navio para Társis, como Deus da idólatra Nínive e de todas as nações. Nínive é grande, diz o texto, porém, Deus é maior. Repare que quando Deus fala, Ele fala dos céus, do trono do universo, de cima para baixo (Jn 1.1-2). E Ele fala como Deus dos pagãos. Ele desconsidera as falsas religiões, Ele faz pouco caso (ou melhor: nenhum caso) dos outros deuses. Ele simplesmente manifesta sua devida posição e manda seu embaixador, seu profeta anunciar a sua vontade, seu poder, sua glória, sua punição. É Ele quem manda e desmanda; quem faz e desfaz; Ele manda no vento, no mar, no peixe, na planta e em cada canto da criação. O destino de todos os povos e indivíduos está em suas mãos. Dele é a terra e a sua plenitude. Os marinheiros perguntaram a Jonas quem ele era e o que fazia. “Ele lhes respondeu: Sou hebreu e temo ao SENHOR, o Deus do céu, que fez o mar e a terra.” (Jn 1.9). Esse é o Deus de Israel e de toda a terra.
Mas, vemos também a tão grande compaixão de Deus aqui em Jonas. Ao enviar Jonas a Nínive Deus está claramente mostrando sua compaixão e abrindo a possibilidade de arrependimento, de uma segunda chance ao ninivitas. Deus não desistiu dos perversos e pecaminosos ninivitas, bem como Ele também não desistiu do rebelde Jonas, como ainda veremos no decorrer do livro. Que compaixão! Que misericórdia! É, por isso, que Davi quando foi lhe dado escolha preferiu ser julgado por Deus e não pelos homens. Pois Davi conhecia o amoroso e compassivo Deus da Aliança. É por isso que o livro de Jonas é conhecido por alguns como o evangelho da segunda chance. Que “Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que se arrepende do mal” é o nosso Deus. Deus dá uma segunda chance ao inimigo de seu povo que é assassino, idólatra, perverso e odioso. Que vocação incrível a de Jonas! O que tem de maravilhosa e nobre, pois reflete a soberania e compaixão de Deus, tem de desafiador.
Queridos irmãos, o fato de Deus chamar Nínive ao arrependimento; de Deus chamar Nínive a reconhecê-lo como Deus, vemos aqui Deus revelando a verdadeira vocação (vocação que foi perdida) de toda humanidade: essa vocação é SERVÍ-LO. Como Deus chamou a Adão, a Abraão e os Hebreus, Deus chama também a Assíria e toda humanidade a reconhecê-lo como Deus. Pois foi para isso que fomos criados, cada um de nós, independente de sua raça ou cultura. É como maravilhosamente confessamos no Domingo 3: “Deus criou o homem bom e à sua imagem, isto é, em verdadeira justiça e santidade, para conhecer corretamente a Deus seu Criador, amá-lo de todo o coração e viver com Ele em eterna felicidade, para louvá-lo e glorificá-lo”. Esse é o chamado e vocação de toda a humanidade. E é esse o chamado de Deus através de Jonas para Nínive, para a Assíria.
A mensagem de Jonas, portanto, é uma mensagem de misericórdia, de salvação sem acepção de pessoas e para todas as nações. Essa mensagem precede e aponta o Pentecostes. O chamado do evangelho é para todas as raças, povos, tribos e nações. E olha que coisa: Os assírios estavam lá representados em Atos 2. Você sabia disso? Mas, também você brasileiro, você aqui desta cidade, deste lugar, todas as nações e todas as pessoas são chamadas a curvarem-se diante do Deus verdadeiro e único. Todas as nações são chamadas a reconhecer Cristo como seu Senhor e Salvador.
Essa mensagem precede e aponta também para a mensagem, obra e pessoa de Jesus Cristo. Foi Cristo quem derrubou o muro de separação entre judeus e gentios. Cristo veio chamar a humanidade inteira de volta ao seu primeiro amor e primeiro chamado e VOCAÇÃO. Eis o evangelho resumido em João 3.16: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Por amor de nós, quando ainda éramos seus inimigos, Deus enviou seu Filho para nos resgatar e pagar o preço e a pena do pecado que nos condenava ao inferno.
Jonas é uma história e uma mensagem de esperança para nós. É uma mensagem de reencontro. Reencontro conosco mesmos e com Deus. Estávamos perdidos e sem rumo, como os ninivitas. Mas Deus teve compaixão. Sem sentido era nossa vida. Mas, Cristo veio e nos oferece nova vida, esperança, salvação, reencontro. Você crê nisso? Alguns só têm uma chance, outros duas, alguns conseguem até mais. Quantas chances você acha que já teve ou ainda terá? A verdade é que ninguém sabe! Converta-se, portanto, HOJE! Atenda o chamado e vocação de Cristo HOJE! Pois a bíblia diz que HOJE é o dia da salvação! Deus te criou para, em Cristo, “conhecê-lo, amá-lo de todo o coração e viver com Ele em eterna felicidade, para louvá-lo e glorificá-lo”. E se HOJE tu ouvires e atenderes o chamado de Cristo, HOJE encontrarás salvação, vida, sentido, esperança. Jonas tinha que anunciar esta grande mensagem. O que fez Jonas com tão grande vocação? Vamos ao último ponto!
Tema: O Deus de toda terra vocaciona a Jonas com uma missão profética
A Desafiadora Vocação de Deus;
A Decepcionante Volição de Jonas.
Volição, meus irmãos, é o ato de por a vontade em ação. Jonas fez isso ao receber o chamado, a vocação de Deus. O texto diz que Jonas se dispôs, se levantou. E, de fato, não há como ficar neutro diante do chamado de Deus. O próprio ato de não responder ou ficar parado já responde e corresponde a reação ao chamado. Jonas se dispôs, se levantou e agiu.
Mas, qual foi a atitude de Jonas? Qual foi sua resposta? É decepcionante! Jonas se levanta, mas é para desobedecer a Deus. É decepcionante e chocante! Pois já vimos outros profetas e vocacionados lutarem e se debaterem com o próprio Deus em relação a sua vocação. Moisés fez isso! Jeremias fez isso! Mas Jonas simplesmente desobedece a Deus e toma uma atitude louca, insensata: ele foge e simplesmente toma como plano de ação, direção e até de vida o extremo oposto do chamado de Deus.
Veja a ênfase do texto: Jonas toma um navio para Társis, para longe da face de Deus. Társis é comumente identificada com Tartessus na Espanha. Biblicamente é descrita como uma cidade portuária e comercial de legendária riqueza. Mas, talvez seja Isaías quem melhor capta a razão de ser Társis o destino da fuga de Jonas quando a descreve como sendo uma das “terras do mar mais remotas, que jamais ouviram falar de [Deus] mim, nem viram a minha glória [de Deus]” (Is 66.19). Assim, um ponto é claro: Jonas faz exatamente o oposto da ordem de Deus.
Jonas não aceita sua missão. Por quê? Medo? Preguiça? Não! É porque Ele conhece quem é Deus. Ele diz em Jonas 4.2: “Ah! SENHOR! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso, me adiantei, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrependes do mal.” Ele simplesmente não deseja a salvação de Nínive e aí ele foge.
Por que Jonas foge? Há algum problema com a teologia ou entendimento de Jonas sobre quem é Deus? Não! Ele sabe que Ele está em todo lugar e é Senhor, “Deus do céu, que fez a terra e o mar”. É o pecado e a negação da realização da vocação de Deus que provoca essa insensatez e loucura no homem. Jonas foge como Adão. Só que Adão foge porque desobedeceu a Deus e Jonas porque não quer obedecer a Deus. Jonas chega a gastar até uma fortuna, abandonar o seu país, parentes, amigos, toda sua vida e tenta ir a terra (talvez uma ilha) mais remota que existe onde jamais se ouviu falar de Deus ou viu a sua glória. O homem ao fugir de Deus é igual a Jonas: desce cada vez mais baixo. O homem entra em derrocada e se arruína se não for a misericórdia do Senhor. Com isso vamos concluir e receber algumas aplicações do texto.
CONCLUSÃO – Irmãos, falamos muito sobre vocação nesta mensagem. Talvez você deve estar se perguntando: qual deve ser minha vocação específica? Qual é o chamado singular de Deus para mim? Qual o sentido particular de minha vida e passagem aqui nesta terra? Eu não sei responder a isso. É um assunto difícil. Não é para um sermão e nem para muitos. É algo para muitas conversas, reflexão e oração. Um chamado como de Jonas foi algo extraordinário e você não deve esperar algo do tipo para você.
Todavia, sua vocação maior e geral é simples de se saber. E é conhecendo e desenvolvendo essa vocação maior e geral que você encontrará a sua vocação específica. Qual é sua vocação maior? Deus quer que você glorifique e sirva a Ele onde quer que você esteja e no que quer que você faça. Seu chamado é usar sua vida como sacrifício vivo e agradável ao Senhor. É glorificá-lo em todas as coisas. É reconhecer o senhorio de Cristo em cada área da sua vida, em cada situação, até nas mais penosas e humilhantes.
Eis o problema para o brasileiro de hoje. As pessoas marcadas por uma visão materialista têm perdido a noção de vocação. É como se disse: “A realização superior do homem na vocação é então substituída pela mera busca do emprego, visto apenas como meio de subsistência e sem nenhuma importância própria no que diz respeito ao conteúdo.” E quando as pessoas perguntam a razão porque você faz o que faz elas logo perguntam: é por prazer ou por dinheiro? Eis, então, revelado os deuses dos brasileiros: o dinheiro e o prazer.
Isso vem de Adão quando se afastou de Deus. Dois dos três pecados foram exatamente esses: a concupiscência da carne e a concupiscência dos olhos. O primeiro é amor mórbido por si mesmo e o apetite desordenado. O objeto dessa concupiscência é tanto a gula quanto o sexo desordenado, que é o vício da luxúria. O segundo, a concupiscência dos olhos, é o desejo desordenado por possuir coisas e bens. Foi exatamente o que aconteceu na Queda. O homem viu que “a árvore era boa para secomer, agradável aos olhos…”. E é assim que muitos vivem, numa vida vazia, materialista e egoísta onde nada tem sentido e onde só se vive a luz do desejo da carne ou dos olhos do momento para já depois satisfazer o próximo desejo que nunca satisfaz.
Irmãos, anuncio-lhes a Cristo, o segundo Adão, aquele venceu as tentações do primeiro Adão e de cada um de nós. Já no início de Seu ministério satanás O atacou poderosamente. Jesus não estava num Jardim perfeito e maravilhoso, mas num deserto. Ele o Rei dos reis, Filho de Deus, estava em pobreza, humilhação e extrema fome. 40 dias sem comer. E aí o diabo usa as mesmas tentações. Vou citar as duas que estou tratando. Ele ataca e incita a concupiscência da carne mandando transformar as pedras em pão. Parece algo tão simples, mas Jesus estava sendo tentado aqui a buscar os prazeres em si mesmo e fazer o que Ele queria e até precisava em primeiro lugar ao invés de fazer e buscar a vontade de Deus, do Pai. E o diabo ainda O incita a concupiscência dos olhos oferecendo-Lhe todos os reinos do mundo e a sua glória. “Tudo vai ser seu Jesus” – diz o diabo! “É só largar essa sua vocação besta!” Ou de forma mais sutil: “Vamos adiantar o processo! Você não veio para ser Rei? Eu tenho um caminho melhor, mais fácil, mais rápido!” Quem não quer riqueza, fama e glória? Mas Jesus vence todas as tentações do diabo e do inferno. Jesus faz isso por amor de nós. Encontramos a mesma misericórdia e compaixão de Deus do livro de Jonas em Jesus Cristo. Esse amor misericordioso se torna, aliás, muito mais claro e tremendamente maravilhoso. Cristo vem e nos resgata e nos salva de nós mesmos; de uma vida sem sentido; de uma vida perdida; de uma vida egoísta e miserável; de uma vida fadada a decepção e fracasso; de uma vida que é uma verdadeira morte.
Queridos ouvintes, encerro a mensagem de hoje dizendo: Deus te chama em Cristo e te vocaciona para céu, para a vida bem-aventura e feliz em Deus. Deus te chama para “conhecê-lo, amá-lo de todo o coração e viver com Ele em eterna felicidade, para louvá-lo e glorificá-lo”. É como disse St. Agostinho: “Fizeste-nos para ti SENHOR e inquieto está nosso coração, enquanto não repousa em ti.” Deus te chama, portanto, a viver a luz da eternidade, de Sua existência e chamado. E Deus estará conosco nessa jornada. Também sou testemunha disso. Não importa quem você é ou o que você faz. Você foi criado por Deus e para Deus. Não importa se você é ninivita, não importa o seu passado, não importa se você foi o pior e mais podre pecador. Você foi criado para Deus! Hoje Deus te dá uma segunda chance! Sirva a Cristo em sua profissão. Sirva a Cristo na sua família, no seu casamento. Sirva a Cristo na sua comunidade. Sirva a Cristo em toda sua vida. Faça tudo para glória de Deus. Faça tudo em Cristo, para Cristo e por Cristo. Essa é sua vocação. Cristo nos diz: Eu tudo já passei por ti, agora tudo passarei contigo! Eu te amei, agora vai e amas-me! Essa é nossa vocação! Creia e Cristo estará contigo cada dia de sua vida e em todas as circunstâncias; e o Seu chamado prevalecerá em sua vida. Volte e viva para Deus. Ele te chama!
Amém.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.