2 Reis 23.26-27

Leitura: 2 Reis 22.1,23.30
Texto: 2 Reis 23.26-27


Irmãos em nosso Senhor Jesus Cristo,

Não sei se estes são os dois capítulos mais felizes do livro dos reis, ou os dois mais tristes.

São os dois mais felizes, porque Josias é o melhor rei que Judá já teve. Desde sempre. Melhor de que Ezequias. Melhor até de que Daví. Capítulo 22:2 diz que ele “fez o que era reto perante o Senhor, andou em todo o caminho de Davi, seu pai, e não se desviou nem para a direita nem para a esquerda.” Esta frase: “não se desviou nem para a direita nem para a esquerda” se lembra das Palavras de Moisés em Deut. 5:32: “Cuidareis em fazerdes como vos mandou o Senhor, vosso Deus; não vos desviareis, nem para a direita, nem para a esquerda.” 

Também lemos no final de capítulo 23:25: 2 Kings 23:25: “Antes dele, não houve rei que lhe fosse semelhante, que se convertesse ao Senhor de todo o seu coração, e de toda a sua alma, e de todas as suas forças, segundo toda a Lei de Moisés; e, depois dele, nunca se levantou outro igual.”

E não houve uma reforma em toda a história de Judá como a reforma que aconteceu debaixo da liderança de Josias. Imagine a alegria da igreja daquele dia, dos fieis que estavam esperando por isso. Imagine a alegria naquela celebração da páscoa! 2 Kings 23:22: “Nunca se celebrou tal Páscoa como esta desde os dias dos juízes que julgaram Israel, nem durante os dias dos reis de Israel, nem nos dias dos reis de Judá.”

Mas então, o que faz estes capítulos tão tristes é que, aparentemente, nada disso mudou a decisão do Senhor de destruir a Jerusalem. Versículos 26-27:

“Nada obstante, o Senhor não desistiu do furor da sua grande ira, ira com que ardia contra Judá, por todas as provocações com que Manassés o tinha irritado.”

É isto que faz estes capítulos tão tristes. Depois de toda esta reforma, Deus não deixou a sua ira com a nação de Judá, e nada podia salvá-los. Que palavra dura! 

E isto nos faz perguntar: qual o valor de toda esta reforma? Se a reforma não salva a nação do juízo de Deus, será que ainda vale a pena?

Esta é uma pergunta relevante para nosso país hoje, e para todo o mundo ocidental, porque o ocidente tem seguido os mesmos pecados que levaram a Israel e Judá para além da tolerância de Deus e da esperança de recuperação. Toda a idolatria e falsa religião. As perversidades sexuais. O sacrifício infantil que hoje é praticado como aborto. Será que a nossa nação, e as demais nações do mundo ocidental, vão escapar o julgamento de Deus? Será que Deus deve poupar a nossa nação? Se Sodoma e Gomorra não escaparam o juízo de Deus, e se Jerusalem mesmo depois da reforma de Josías não escapou; se Roma não escapou o juízo de Deus depois das reformas de Constantino e os imperadores cristãos, então será que Deus deveria perdoar a nossa nação?

E se de fato a nossa nação está debaixo do juízo de Deus, será que ainda deveríamos trabalhar para reforma e reavivamento?

——

Vamos olhar para a vida Josías. Josías teve oito anos quando se tornou o Rei. Isto porque o pai dele, Amon, foi assassinado aos 24 anos de idade. 

Agora, como já vimos, o texto dá uma avaliação muito positiva do reinado de Josías. Mas devemos reconhecer que a reforma de Josías realmente não começou até o 18º ano do seu reinado. Agora, durante os primeiros 10 anos (mais ou menos), certamente Josias estava debaixo de guardiões—era rei apenas em nome, enquanto ainda uma criança. Mas mesmo assim, passou mais 8 anos (mais ou menos) antes que começou a reforma, e toda a idolatria de Manassés e Amon estava acontecendo. Então podemos ver claramente que Josías não foi criado no temor do Senhor. Ele teve que aprender tudo do zero. Foi criado como um pagão, o filho e neto de homens ímpios, não sabendo nada diferente. O seu nome “Josías” (se era de fato o nome de nascimento dele) é um nome bíblico que inclui o nome de Javé, mas isso era normal, até mesmo em Israel do norte. Era sincretismo. 

Mas no 18º ano do seu reinado—aos 26 anos de idade—ele mandou Safã o seu secretário para iniciar uma reforma no templo de Javé. Pelos profissionais que ele mandou—carpinteiros, construtores, pedreiros—parece ser uma reforma bem séria. Não que o templo estava abandonado; lembra-se que o templo estava sendo usado até para o culto aos outros deuses, mas estava precisando de uma reforma grande.

Ao fazer esta reforma, alguém encontrou, lá atrás em uma despensa, um rolo. E quando abriram e leram, eles descobriram que era justamente o “livro da lei.” No caso, o Pentateuco. Assim nós vemos a profundeza da corrupção da religião debaixo de Manassés e Amon: a lei de Deus, a bíblia, já foi esquecida completamente. E não é tão surpreendente que a bíblia deixou de ser lida: afinal, estes livros condenam tudo que Manassés praticou. Então obviamente ele não iria deixar que estes livros continuassem lidos publicamente. O que é mais surpreendente é que uma cópia ainda existiu. Já que Manassés matou os profetas, imagino que ele teria se esforçado também para destruir todas as cópias da bíblia. Então talvez algum sacerdote, cujo nome não foi registrado, arriscou a sua vida e resolveu guardar e não destruir a lei de Deus. Nós não sabemos. 

Mas o fato é, o conhecimento da lei de Deus foi apagado de Judá durante estes 55 anos de Manassés. Josías nem sabia que existia tal livro; ou se sabia que existia, obviamente nunca tinha lido.

Mas quando encontraram este rolo lá guardado no templo, eles deram ao sumo sacerdote Hilquias, que o leu (evidentemente ele também não o conheceu!) e disse, “temos que levar isto para Josías.” Então levaram para ele. 

E quando Josias o leu, ele ficou assolado. Pela primeira vez, ele soube quem era este Deus Javé, cujo nome ele carregava e cujo templo ele estava reformando; pela primeira vez ele entendeu quem era de fato a nação de Judá; e quem ele mesmo era como filho de Davi. Ele teria lido as maldições da aliança que Deus havia pronunciado muitos séculos antes se Israel praticasse idolatria—que já estava acontecendo por muitas décadas. 

E Josias se humilhou diante da Palavra de Deus! Que resposta bela. Isso deve sempre ser a resposta do homem piedoso diante da palavra de Deus. Que a leva a sério! Que se humilha! Assim deve ser sempre a nossa atitude diante desta palavra, que é a palavra do Senhor. Como diz Is. 66:2: “Diz o senhor, o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra.”

Então Josias ouviu a palavra de Deus, e se humilhou, e rasgou as suas vestes em arrependimento. E então, ele agiu. Ele produziu fruto de arrependimento. Ele mandou uma delegação de cinco homens a Hulda, uma profetiza, que morou em Jerusalem. 

Sobre esta questão de profetizas, não devemos nos escandalizar. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, tem exemplos de profetizas, e eram mulheres piedosas, dotadas pelo Espírito Santo para servir como porta-voz de Deus naquele tempo. É diferente da questão de ter mulheres no ofício na igreja—que tanto no Antigo quanto no Novo Testamento é visto como algo vergonhosa e impróprio. Os ofícios de liderança são dados apenas aos homens, mas os ofícios extraordinários de inspiração e revelação foram dadas a diversas pessoas, homens e mulheres, novos e idosos, educados ou simples. Os profetas eram muitas vezes as pessoas mais improváveis, justamente para mostrar que foi Deus falando por meio deles.

Então, embora não devemos inverter a ordem da criação, colocando mulheres para reger ou ensinar sobre a igreja, reconhecemos que o Espírito de Deus opera sem nenhuma discriminação. Por isso também Priscila, no Novo Testamento, junto com seu marido, chamou o homem Apolo à parte e o instruiu na doutrina correta. Ela não estava assumindo um papel de liderança na igreja, mas usando o conhecimento que ela tinha e a compreensão dada pelo Espírito Santo para instruir e corrigir. 

Então Josias mandou esta delegação para a profetiza Hulda. E ela teve duas coisas para dizer a Josías. 

A primeira menagem é que já é tarde para Judá. Toda a idolatria cometido, todo o sangue derramado, vai ter sua justa retribuição. Vv 16-17:

“Assim diz o Senhor: Eis que trarei males sobre este lugar e sobre os seus moradores, a saber, todas as palavras do livro que leu o rei de Judá. Visto que me deixaram e queimaram incenso a outros deuses, para me provocarem à ira com todas as obras das suas mãos, o meu furor se acendeu contra este lugar e não se apagará.”

É uma mensagem sóbria. Hoje em dia, muitas pessoas pensam que Deus é obrigado a perdoar. Não. Ele não é obrigado a perdoar. E neste caso, Ele disse que não iria. Pelo menos, não iria deixar de julgar a Judá, por tudo que já fez. A nação já passou este ponto.

A segunda mensagem é para Josias particularmente. Vv 19-20:

2 Kings 22:19–20: “Porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante o Senhor, quando ouviste o que falei contra este lugar e contra os seus moradores, que seriam para assolação e para maldição, e rasgaste as tuas vestes, e choraste perante mim, também eu te ouvi, diz o Senhor. Pelo que, eis que eu te reunirei a teus pais, e tu serás recolhido em paz à tua sepultura, e os teus olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este lugar.”

Então esta é a resposta de Deus. Embora já é tarde para a nação, Deus terá misericórdia sobre Josias. Ele mesmo não viria todo este desastre.

Podemos achar estranho que Deus prometeu a Josias que morreria em paz, quando de fato ele morreu na guerra. Mas o ponto é que ele não veria todo o desastre de Jerusalem. Embora ele pessoalmente morreu, mas a cidade permaneceu em paz durante seus dias. 

Então, qual a resposta de Josias depois de ouvir esta palavra tão dura do Senhor?

Ele poderia ter descansando em paz, como seu biz-avó Ezequias, sabendo que pelo menos estas coisas não virão em seus dias. Ele também poderia ter dito, “não adianta reformar o país, já que Deus vai destruí-lo de toda forma.”

Mas não foi isso que ele fez. Ouvindo estas palavras do Senhor, Josias lançou uma reforma mais radical de que qualquer outro momento na história de Judá. Capítulo 23 conta sobre isto em todos os detalhes. Lemos sobre tudo que Josias fez, derrubando os altares, esmagando-os ao pó, poluindo os altos para que nunca mais fossem usados, queimando os ossos dos sacerdotes idolatras falecidos, derrubando as moradas das prostitutas religiosas, tirando os altares ilícitos que foram montados no palácio do rei…e foi até para o norte, para Betel, onde Jeroboão havia instituído o culto aos bezerros de ouro muitos séculos antes, e poliu este altar também. E o capítulo continua com muitos mais detalhes. 

Agora, por que Josias fez isso? Depois de ouvir que já era tarde para Judá. Por que ele ainda fez esta reforma?

Bom, o capítulo não nos diz a razão, fora de que Josias temeu ao Senhor. 

Possa ser que ele pensou—como nós vimos em Davi e em Ezequias—“quem sabe?” Quem sabe o que Deus poderia ainda fazer? Nunca é tarde, enquanto ainda vivemos. Lembram quando Ezequias recebeu a palavra definitiva do Senhor que ele certamente morrerá? E ele chorou e implorou ao Senhor, e o Senhor concedeu mais 15 anos de vida a ele. Pode ser que Josias pensou da mesma forma: “mesmo que Deus disse que já é tarde, quem sabe?” Sempre quando Deus pronuncia seu julgamento, ele o faz para chamar pecadores a arrependimento. Lembra quando Jonas pregou contra Níneve? “40 dias e esta cidade será destruída!” E o povo—até o rei—se humilhou diante do Senhor, e Deus reteve sua mão. Nunca se sabe. Nunca é tarde.

Se este foi o pensamento de Josias, em fim teremos que dizer que não deu certo. Depois de todas as reformas que Josias fez, versículo 26 ainda diz, “Nada obstante, o Senhor não desistiu do furor da sua grande ira.”

Então isto nos deixa com a pergunta que fizemos no início. Por que buscar reforma em um país que esteja debaixo do julgamento de Deus, talvez além da recuperação?

Não tenho dúvida que o nosso país está se aprofundando em sua rebeldia contra o Senhor. Não digo que Brasil era antes, de fato, um país cristão. Embora era católico romano em nome, o catolicismo romano é culpado do mesmo erro de que o culto nos altos lá em Judá, ou até mesmo dos bezerros de ouro que Jeroboão montou em Dã e Betel. É culto ao Senhor em nome, mas contrário à sua palavra. Vemos claramente aqui no livro de Reis que Deus não aceita este culto. Deus não muda, e não abaixa a sua justiça para acomodar os nossos desejos. 

Ao mesmo tempo, podemos dizer que o país foi de mal para pior. Deixou o culto nos altos ou nos bezerros de ouro, e foi para Baal. Foi para o mundo. Abraçou ideologias contrárias à palavra, e todas as abominações que acompanham esta religião ímpia: homossexualidade, prostituição, e até mesmo o sacrifício infantil que se chama aborto. Será que Deus deve perdoar a nossa nação?

Nós não sabemos. Sabemos que Cristo está reinando, e que todos os reis e nações são chamados a se curvarem diante dele, de beijar o filho, para que não pereça em sua ira. Toda nação e todo rei que não se submete a Cristo, será esmagado, e outra nação mais digna será levantada em seu lugar. Cristo disse que construirá a sua igreja, e os portões do inferno não a resistirão. Ele está conquistando seu domínio, e todos os que se opõem a ele serão um dia envergonhados e esmagados. 

Se é o caso para nosso país, que já está debaixo da condenação—o que não sabemos—então a questão fica: o que a igreja deve fazer? 

Sabemos o que Josias fez. Ele deu toda sua vida, toda sua força, para promover reforma.

Em fim, nós sabemos, isto não salvou a nação. O que Deus já disse a Josias de antemão. Mas mesmo assim, Josias buscou reforma com toda sua força. 

Seja o que for que virá sobre este país, Deus nos chama a buscar o seu reino e a sua justiça, tanto em nossa própria vida, quanto—na medida que podemos—na sociedade. Onde temos jurisdição, devemos ser leais ao nosso rei. Então, em meu papel como marido, como pai, como pastor, como cidadão, devo buscar promover a vontade e o reino de Cristo. Não há um centímetro desta terra que Cristo não reivindica como seu. Então, não obstante o que vier, devo buscar servir ao Senhor e promover o seu nome onde estou.

Então não sabemos o futuro, e não sabemos se Deus ainda terá misericórdia do nosso país; e até mesmo se a nação já passou o ponto de não ter mais volta, mesmo assim vale a pena ser obedientes e frutíferos hoje. No caso de Josias, mesmo que Deus não desviou o julgamento, o fato que ele se humilhou e voltou ao Senhor levou o Senhor a adiar o julgamento por mais uma geração. Já isso vale a pena.

Se o nosso trabalho de reforma e obediência faz apenas que Deus adie o juízo da nossa nação por mais uma geração, isso também não vale a pena? E se agrada a Deus usar a nossa obediência e testemunho para mudar o coração de um vizinho, um colega, um familiar…isto também não valeria a pena? 

E se os nossos trabalhos não chegam a produzir o fruto de arrependimento em nossa nação?

O fato é que não temos garantia de que, mesmo trabalhando com muito zelo e coragem para reforma em nosso país, que produza o fruto de justiça que desejamos. 

Os cristãos, em diversos momentos da história em diversos países, são usados por Deus de diversas maneiras. Alguns vão trabalhar suas vidas inteiras para promover o evangelho e a glória de Deus, e não verão nada de resultado—porém, seu trabalho será como a semente que posteriormente produz o fruto. Podemos pensar nos reformadores como Jan Huss, que, um século antes da Grande Reforma, for queimado no fogo por seus esforços de reformar a igreja, e ele nunca viu o resultado deste trabalho. Podemos pensar nos mártires da Guanabara, os primeiros reformados que chegaram no Brasil em 1557 e foram logo martirizados. 

Outros terão o privilégio de estar presentes para a colheita deste fruto. Terão a alegria de ver Deus usando suas vidas e seus esforços de forma maravilhosa. 

Mas ainda haverá outros cujas vidas não serão usadas nem para semear a semente nem para colher o fruto, mas cuja vidas fiéis e sua morte por Cristo servirá como testemunha contra sua nação e sua terra no dia do julgamento. Existem histórias nunca contadas e nem lembradas (aos homens) de homens e mulheres em Jerusalem que morreram debaixo de Manassés, de homens e mulheres que morreram no império romano, ou nos “campos de ferro” da europa pagã, ou na Grande Reforma, ou na União Soviética, e em muitos outros lugares hoje—cujas vidas e mortes não resultaram em mudança cultura, ou na salvação dos seus compatriotas. Mas serão usadas por Deus, não para salvar, mas justamente para condenar a sua nação e os seus perseguidores no dia final. 

Você não tem o poder de decidir o que Cristo fará com sua vida. Isto não está no seu controle. Mas você pode viver fiel, pelo poder do Espírito. Você pode dizer—como Josué—“quanto a mim e a minha casa, serviremos ao Senhor.” E dentro deste compromisso, que sejamos não-somente obedientes na privacidade das nossas casas, mas também zelosos para promover o nome do senhor e a obediência da nossa nação a ele. 

Lá no Canadá, as nossas igrejas irmãs tem uma associação de ação política que tem trabalhado por algumas décadas já para promover o Senhoria de Cristo e para promover leis justas e de acordo com a Palavra de Deus. Hoje em dia, eles estão trabalhando em uma cultura totalmente oposta ao Senhor. A visão para o futuro não é boa. Parece que a cultura está cada vez mais rebelde contra Deus, as leis são cada vez mais perversas, e a cultura está se aprofundando na perversidade. E o que eles vão fazer? Vão continuar. Vão continuar trabalhando, defendendo a santidade da vida, se opondo à destruição da família, promovendo leis justas, e testificando contra leis injustas. Fazer o quê? Eles reconhecem que a corrente da cultura está fluindo na direção oposta. Mas mesmo que todo este trabalho seja totalmente desprezado, ainda valeu a pena. Servirá de testemunho contra a nossa terra no dia do juízo. 

Assim também podemos estabelecer escolas e empresas, fazer ações políticas, e buscar ser frutíferos em nossa sociedade, mesmo que não sabemos o resultado.

Não depende de nós decidir o que Deus fará com nossos trabalhos. O nosso chamado é de ser fiel e frutíferos para o reino de Deus.

É isso que Josías entendeu. Reforma, mesmo se não dura para sempre, mesmo se não desvie o julgamento, ainda vale a pena. Obediência ao Senhor sempre vale a pena. O Deus a quem servimos merece o nosso serviço, e isso é sempre a coisa certa.

——

Uma última palavra.

Ao refletir sobre estes capítulos, é bom reconhecer como Deus continuou a realizar seu plano de salvação, mesmo depois do julgamento de Judá. Embora Judá já havia passado o ponto de ser poupado, e em breve será eliminada da terra, mesmo assim, Deus teve planos maravilhosos para depois do julgamento. 

Setenta anos depois do exílio, um pequeno grupo de exílios iriam voltar para a terra, e uma nova vida brotaria.

Sim, a nação como Josias a conheceu já era, e nunca mais será como antes. Nunca mais haveria um rei ou seria uma nação independente. O templo, embora seria reconstruído, não seria nem perto do que era antes. 

Mas Deus estava preparando algum melhor no lugar da antiga nação que pereceu. Estava preparando o caminho para a vinda de Cristo. 

Os propósitos de Deus não são quebrados, mesmo quando uma nação cai em juízo. Pelo contrário, estes julgamentos produzem a nova realidade sobre qual Cristo avança o seu reino. Quando ele destrui, ele destrui para construir algo melhor. 

Josias mal poderia ter imagino o que Deus tinha preparado para Judá e para a linha de Daví. O julgamento, sim, foi muito pior do que qualquer pessoa poderia ter imaginado. Mas ao mesmo tempo, Deus usou Josias para preparar o caminho, ainda no futuro distante, para a vinda de Cristo. Embora a reforma de Josias não durou mais que uma geração e foi usado por Deus para preservar as escrituras e o conhecimento do Senhor, para preservar a igreja, para servir de testemunho contra os demais filhos de Davi, e assim para preparar o caminho para Cristo.

Cristo tinha que vir para fazer o que Josias não tinha capacidade de fazer: para produzir a reforma interna do coração humano, pagando o preço por nossos pecados e nos reconciliando com Deus. Esta é a base da reforma duradoura. E esta reforma não é somente para a descendência de Judá, mas para toda a humanidade. Josias mal podia ter imaginado como o evangelho sairia com poder de Jerusalém, levando cativo todas as nações. Como nós, no Brasil, dois mil anos depois, estaríamos lendo sobre o legado dele, e adorando a Cristo, o filho de Davi e o filho dele pela carne, sendo também o filho de Deus. Como nós faríamos parte agora do reino de Cristo. 

Então este capítulo deve nos lembrar que, mesmo se a nossa nação estivesse mesmo destinado para o juízo por seus muitos pecados, Cristo ainda vai continuar a realizar suas propostas poderosas no outro lado deste juízo. Talvez nossas vidas aqui serão usadas por Deus como semente para outra geração ver a colheita; talvez teremos a alegria de ver a colheita em nossa nação ainda em nossas vidas; talvez nossas vidas servirão apenas como testemunho contra uma geração perversa. Mas podemos ter certeza que Deus continuará a realizar suas propostas maravilhosas, levando o reino de Cristo para frente: o reino de justiça e retidão e misericórdia. E um o chegará quando a glória de Deus e a obediência a seu nome encherá toda a terra, como as aguas enchem o mar. 

Então vamos nós, por nossa parte, nos regozijar nas bençãos que recebemos em Cristo, pelo fato que pertencemos ao sei reino, por sua graça—e vamos dar as nossas vidas no serviço dEle. Vamos ensinar os nossos filhos sobre a justiça e misericórdia de Deus em Cristo. Vamos dar de nosso tempo e esforço para fazer o evangelho ser conhecido em nossos lares e fora dos nossos lares. Vamos promover o nome de Cristo e a sua justiça em nosso país, à medida que Deus nos dê oportunidade, confinando nele para fazer dos nossos esforços segundo sua boa vontade em Cristo.  

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Jonathan Chase

Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.