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Êxodo 15:22-27

Leitura: Deuteronômio 08
Texto: Êxodo 15:22-27

Queridos irmãos em Jesus Cristo,

Quando eu me mudei para Brasil, o meu conselheiro financeiro queria me segurar por tudo. Um seguro de saúde; um seguro contra roubo; um seguro contra invalidez; um seguro contra isso e contra aquilo… Vendo todos os tipos de seguros, eu me perguntei: eu preciso disso? Não posso me segurar contra tudo. E num certo momento, eu disse a ele: o meu seguro está aqui: Salmo 121: “De onde vem o meu socorro? O meu socorro está em nome do Senhor, criador do céu e da terra”. Este é o meu seguro nesta vida. O Senhor quer nos ensinar isso. O povo de Israel devia confiar nisso. E nós também. A história, que vamos ler agora mostra isso. [ ler Êx. 15, 22-27]

Tema: O Senhor é o teu médico

Ele sara águas amargas
Ele sara corações amargos

  1. Ele sara águas amargas

“EU SOU O SENHOR QUE TE SARA”. Estas palavras são boas. Elas poderiam ser colocadas na parede em frente da igreja. “EU SOU O SENHOR QUE TE SARA”. Palavras boas. Mas quem quer entender estas palavras, deve estudar a situação em que estas palavras foram ditas. Sempre devemos fazer isso, se queremos entender bem as palavras duma pessoa. Também nesta situação. Como está a situação? O que aconteceu?

O povo de Israel está ali: à beira do mar Vermelho. Eles olham para a água. Dentro da água encontram-se os cadáveres de cavalos junto com os corpos de soldados. O que sobrou do exército dos egípcios. Eles foram afundados no mar. Faz pouco tempo que o povo de Israel passou por este caminho. Os soldados seguiram o mesmo caminho, mas quando os últimos homens de Israel chegaram à beira do mar, Moisés levantou os seus braços e quando baixou-os, o muro de água baixou também e caiu em cima dos cavalos e dos soldados. O povo passou pela água. Foi um milagre. O Senhor os tinha ajudado. Depois disso, eles ficaram um tempinho à beira do mar. Houve uma festa durante estes dias. Mas depois de três dias Moisés lhes ordenou continuar com a viagem. Eles deviam continuar. Não podiam mais voltar. O caminho para o Egito estava afundado na água do mar. Eles deviam continuar em frente. Mas à frente deles havia UM DESERTO. E lendo o texto da bíblia, dá para entender que o povo não tinha muita vontade de viajar. Moisés vai exortá-los. Ele dá uma ordem: Vamos! Eles deviam continuar. Eles deviam passar por este deserto. E dá para entender por que o povo hesitava. Sentados aqui na igreja, nós esquecemos facilmente o que isso quer dizer: UM DESERTO.

Um deserto é como o sertão: seco e rochoso. Durante o ano completo caía menos do que 20 mm de água. O deserto é um lugar seco e quente. Ali não crescia quase nada. E as poucas plantas que cresciam serviam para os camelos e as cabras. O deserto não era um lugar para morar; não era um lugar para esta multidão de homens, mulheres, crianças e idosos, com todo o seu rebanho. Onde se encontra comida para esta multidão? E onde se encontra água para todos os animais? Comida e água são as coisas fundamentais que uma pessoa precisa se quer viajar; água e comida são necessárias se se quer passar por um deserto. Hoje em dia ainda é assim, e naquela época tanto mais.

Então, não é surpresa se lemos que o povo andava três dias pelo deserto sem achar água. Três dias, irmãos! Uma meia semana. Parece pouco tempo, mas não é. Imagine esta situação. Você está viajando. Andando com um ônibus, cheio de crianças. O sol está batendo e não há mais água.
”Mainha, tem água?”
”Não, minha filha, não tem mais;”
”Painho, já estamos perto dum poço?”
”Não sei, meu filho.”

Perguntas lógicas duma criança; perguntas chatas, se o tempo continua e não se acha água; Três dias parecem um tempo curto; mas três dias com crianças, que estão chorando, são dias longos. Mas finalmente o povo encontra Mara. Uma fonte. Água! O grito passa da frente até o final. Água! Todos começam a correr. Mas que decepção! Pois quando os primeiros chegaram perto da água e tomaram, eles logo cospem a água no chão. “Éca! Amarga! Não dá para beber esta água.” O povo reage logo. Está escrito: “e o povo murmurou contra Moisés”. “Murmurar” quer dizer o quê? O dicionário diz: reclamar. Mas esta palavra é um pouca fraca. Seria melhor dizer: o povo ficou brabo. O povo estava com raiva e ficou rebelde. A água amarga deixou o coração amargo. Eles reclamam: “Que havemos de beber?”

Por um lado, podemos entender esta reação; considerando que o povo já está três dias num deserto. Mas, por outro lado, não podemos entender esta reação, considerando que só se passaram três dias desde que eles atravessaram o mar Vermelho. Faz uma meia semana que eles estavam cantando: CANTAREI AO SENHOR, PORQUE TRIUNFOU GLORIOSAMENTE; LANÇOU NO MAR O CAVALO E O SEU CAVALEIRO. O Senhor era o Herói deles naquele momento. O GRANDE SALVADOR. Faz três dias; menos do que uma semana; e agora? Agora o cântico se transformou numa choradeira; a fonte amarga deixou o coração amargo; e palavras amargas brotam das bocas deles. E mais uma vez: podemos entender esta reação observando os três dias no deserto; mas observando o tempo ANTES destes três dias; observando o Êxodo do Egito, uma pessoa poderia dizer: PORQUE ELES REAGEM ASSIM? Eles esqueceram tudo o que aconteceu? Eles esqueceram COMO o Senhor os libertou? Eles esqueceram do poder de Deus?

Irmãos, nós podemos facilmente acusar Israel, mas como está com vocês? Vocês sempre pensam no PODER de DEUS? Especialmente se tiverem um problema? Talvez você não esteja na mesma situação, ao lado duma fonte amarga, mas há muitas outras coisas que tornam o nosso coração amargo. Não é somente água amarga que não agüentamos. Há muitas outras coisas: DESEMPREGO; A INCAPACIDADE DE TRABALHAR; A INCAPACIDADE DE RESOLVER OS PROBLEMAS CONJUGAIS; UMA DOENÇA CRÔNICA, OU INJUSTIÇA podem tornar o coração amargo e rebelde. Às vezes Deus nos dá algo amargo para beber. Às vezes Deus prova o coração dos seus filhos.

Deus faz isso, pois foi Deus quem os libertou do Egito; Foi o Senhor quem abriu o Mar Vermelho; foi o Senhor quem os mandou entrar no deserto e quem os guiou até esta fonte amarga. E POR QUÊ? O Senhor fez isso com que motivo? Bom, o Senhor fez isso porque queria saber o que estava no coração deles. Queria saber se Israel confiava nEle. Pensem em Deuteronômio 8: “E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te provar, para saber o que estava no teu coração”.

É isso o que o Senhor quer saber quando prova os seus filhos: Ele quer saber o que está no seu coração. Então, irmãos! O que está no seu coração? Ninguém sabe. Às vezes nós mesmos estamos com dúvidas. Mas o Senhor pode revelar o que está no nosso coração provando-nos. Assim funciona Mara. No dia do domingo podemos glorificar o nosso Deus, mas na Quarta-feira vamos ver se o nosso cântico foi sincero; Três dias depois disso Deus pode nos provar para ver se cantamos de coração; Israel viu o poder de Deus à beira do Mar Vermelho, eles cantaram um hino para glorificar a Deus; e três dias depois já esqueceram tudo; e o problema não foi a água amarga, mas o coração amargo deles.

Deus revela isso. Deus humilha o seu povo; Deus revela a fraqueza deles; Deus abre os olhos deste povo e lhe mostra que são meninos ainda; meninos, que são dependentes do seu Pai. Assim era o povo de Deus; e nós somos iguais. Somos filhos de Deus; meninos de Deus. Às vezes nós nos apresentamos como adultos; às vezes pensamos que podemos fazer tudo; mas há certos momentos em que Deus abre os nossos olhos e nos mostra que não conseguimos nada sem Ele; Uma doença pode ser um tal momento. Aqui no nosso texto o deserto e a fonte amarga servem para mostrar isso. O povo ficou amargo naquela situação. E a ira do povo dirige-se a Moisés. O homem que Deus apontou para guiar o seu povo. O pastor que vai à frente. O mediador entre Deus e o povo. Moisés mostra o caminho ao povo de Deus, quando eles estão frente a ele cheios de raiva. Ele lhes mostra o caminho, pois ele clamou ao Senhor. Moisés lhes mostra o caminho para cima. Eles devem buscar a Deus. E quando fazem isso, O Senhor ajuda. Muitas vezes isso não acontece logo, mas nesta situação sim. Pois o Senhor mostrou-lhe uma árvore; Moisés lançou-a nas águas e as águas se tornam doces.

Muitos descrentes tinham dúvidas sobre este milagre. Eles tentaram diminuir este milagre dizendo que há certas árvores que podem fazer isso: tornar água amarga em doce. Dizendo isso, eles querem diminuir o poder de Deus. MAS, irmãos, seja qual for, se existir este tipo de árvore, ainda é um milagre que Deus criou; e também é o poder de Deus que deu este conhecimento a Moisés. É um milagre que Deus fez quando formou a sua criação. Deus mostra a Moisés que há ervas e plantas e árvores que têm poder para curar; sabendo disso nós podemos investigar a natureza e buscar plantas e ervas que têm poderes medicinais; o homem pode usar material químico para fazer remédios, que curam. Deus colocou tudo isso na natureza que Ele criou. E nós podemos usar este material. E devemos agradecer a Deus, pois Ele é o Senhor que nos sara. Pode ser que sejamos dependentes dos médicos no hospital ou no pronto socorro, que nos ajudam, mas nunca devemos esquecer que é o Senhor que nos sara.

Deus nos mostra nesta história que Ele cuida do seu povo num deserto onde não há nada; Deus cuida de nós quando a terra não pode nos ajudar; ou quando o médico está sem jeito; Deus pode nos ajudar. Ele dá comida, bebida, remédios e todos os meios, que eles precisam fisicamente. E Deus dá mais. Além de tudo isso, Deus cuida espiritualmente do seu povo.

  1. Ele cura corações amargos

O que chama a nossa atenção neste trecho é o fato de que o Senhor não somente cura as águas, mas ele dá também mandamentos e estatutos. O Senhor faz isso com um motivo. Ele mostrou em primeiro lugar qual era o problema do seu povo; o problema do povo não era a falta da água, mas a falta de confiança. E houve um problema mais profundo ainda: foi a natureza pecaminosa do povo. E não só o povo de Israel tinha isso, mas todos os crentes têm isso; e não somente fora da igreja, mas também dentro da igreja as pessoas sofrem por causa disso. Neste momento Deus mostrou este defeito no coração do seu povo. Ele apontou a fraqueza do seu povo. E depois disso ele vem com o remédio. O REMÉDIO DE DEUS É OS SEUS MANDAMENTOS E OS SEUS ESTATUTOS; O povo de Deus recebe uma cura, uma dieta que devem cumprir. Deus cura a relação deteriorada entre Ele e o seu povo com uma reavaliação espiritual.

A relação entre Deus e o seu povo está doente, pois o coração do povo está doente; o povo não tem confiança. Mara revelou isso. E assim Mara tornou-se um monumento. Mara tornou-se um símbolo, que fala sobre o apoio permanente do Senhor. Deus deixa registrado tudo o que aconteceu. E Por quê? Porque o povo é esquecido. Faz três dias que o Senhor os salvou pelo Mar Vermelho, e eles já esqueceram. O remédio de Deus para pessoas esquecidas é o registro dos seus atos. Ele faz um registro, para que o povo nunca mais esqueça o que Ele tinha feito; ele lembrará ao povo o que Ele fez. E este registro se torna UM MANDAMENTO. Eles TÊM DE LEMBRAR. Por causa disso o Senhor lhes disse: Vocês devem OUVIR ATENTAMENTE! SE OUVIRES ATENTAMENTE, nada vai acontecer. OUÇA ATENTAMENTE os mandamentos e os estatutos, que o Senhor lhe dá. Pois só assim entrarão na terra prometida. Se não ouvires atentamente ao Senhor, vocês se ferirão. Mara mostrou isso. No momento que o povo esqueceu do Senhor, a vida do povo complicou-se no deserto. O povo ficou sem saída. E para evitar isso, o nosso Salvador diz: Devemos estabelecer regras; devemos estabelecer compromissos, pois só assim a nossa relação se tornará saudável. Quer dizer: SE OUVIRES ATENTAMENTE a voz do Senhor teu Deus. Pois quem não quer ouvir a voz do médico, não será curado. O povo do Egito descobriu isso. O Faraó não queria ouvir a voz do Senhor, e eles ficaram doentes. Todo o Egito foi torturado por doenças horríveis; a vida deles foi destruída; seu país se tornou uma ruína; a saúde se tornou ruim; a água se tornou amarga. Pois ELES não queriam ouvir atentamente ao Senhor! Mas para aquele que ouve atentamente a água amarga se torna doce; para ele a vida se torna saudável; para ele o futuro é bom, pois Deus é bom. Quem considera o Senhor, ele está no bom caminho. Pois ele é O Senhor que sara; Ele é o Salvador. Ele faz o que promete. O povo podia sentir isso. A água amarga tornou-se DOCE. O povo não pode esquecer isso. Eles devem guardar este sabor. Eles devem se lembrar deste sabor. Salmo 34,8 diz: PROVAI, E VEDE QUE O SENHOR É BOM; BEM AVENTURADO O HOMEM QUE NELE CONFIA. Este é o sabor que o povo deve lembrar. Eles não podem esquecer, pois ainda há uma viagem longa pela frente.

Deus escreveu aqui a CONSTITUIÇÃO para o seu povo. Esta constituição é simples: CREIA EM MIM! ACONTEÇA O QUE ACONTECER. CONFIE EM MIM! Isso é o que há de mais fundamental na vida dum crente: a confiança no Senhor. O Senhor quer saber se temos confiança nele. Ele investigará isso. Ele fez isso também no deserto. O Senhor examinou o seu povo ali no deserto. Ele guiou o povo para lugares sem água ou para lugares com água amarga. O Senhor prova o seu povo, ensinando-os a confiar nele. A PROVA na nossa vida é uma AULA, IRMÃOS. Não é agradável se somos provados, mas se acontecer, aquele que confia no Senhor e permanece firme descobrirá que o Senhor é fiel.

Israel descobriu isso também. Aqui em Mara a água foi sarada, mas isso foi quase nada. Porque depois disso eles chegaram em Elim: um lugar maravilhoso, com 12 fontes e 70 coqueiros. Um oásis. Um paraíso no deserto. As rochas deram água; e os coqueiros deram sombra. O povo encontrou um lugar para descansar. E ainda não chegaram no seu destino. A terra prometida está adiante. E também a terra prometida não é o final, pois, conforme Hebreus 4, Deus nos prometeu o descanso eterno, no seu Paraíso.

Então, irmãos! O texto que lemos hoje à noite é o inicio duma viagem longa. O que ouvimos hoje é um remédio para todos nós. Este texto nos mostra como Deus cuida dos seus filhos fracos; como ele cura o nosso coração fraco com a sua Palavra. Ele é o Senhor que nos sara. Devemos acreditar nisso. Sabemos que isso é verdade. Pois Cristo confirmou esta promessa de Deus. Jesus Cristo é o Senhor que te sara. Ele pediu a confiança das pessoas; e quando elas se aproximaram, ele as curou. Ele curou os cegos, os surdos ouviram a sua voz; até os mortos foram ressuscitados; Israel podia ver: ele é o Senhor que nos sara; ele é o Salvador. Ele sara a tua vida. Ele realmente sara a tua vida, irmão. Ele nos dará a vida eterna. Ele é a única pessoa que nos pode curar da nossa doença, a qual Deus apontou em Mara: o nosso coração rebelde. Cristo nos cura. Ele morreu na cruz para conseguir isso. De novo um pedaço de árvore. O primeiro pedaço de árvore tornou água morta em água viva para os homens; isso é Mara; o segundo pedaço duma árvore tornou corações mortos em corações vivos para Deus. Isso é o Gólgota. Tudo isso foi feito pelo Senhor, que nos sara. O nosso Salvador: Jesus Cristo.

Amém.

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Abram de Graaf

O pastor Abram de Graaf é “Doctorandus” (Drs) em Teologia e um dos professores do Instituto João Calvino (Aldeia, Camaragibe-PE). Ele é pastor da Igreja Reformada de Hamilton, Canadá, enviado como missionário às Igrejas Reformadas do Brasil, desde o ano 2000. É Diretor do Projeto Dordt-Brasil. Ele mora em Maceió e também desenvolve projetos nessa cidade. Acesse o site graafeditora.com

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.