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Êxodo 01

Leitura: Gênesis 46:01-06, 27b; 50:22-26; Salmo 105:01-03
Texto: Êxodo 01

Queridos irmãos em Jesus Cristo,

A providência de Deus é um consolo, quando experimentamos a benção de Deus na nossa vida. Mas onde está a providência de Deus se sofremos? Onde está Deus naquele momento? Os sofrimentos na nossa vida podem causar muita confusão. Há pessoas que crêem em Deus na prosperidade, mas se afastam na adversidade. Há pessoas que experimentam sofrimentos e que logo se perguntam: onde está Deus? Deus realmente existe? Se Deus existe, e se Deus é amor, porque Ele não me ajudou?

A leitura do livro de Êxodo nos ensina que Deus existe. Este livro nos ensina que Deus está trabalhando na história; Este livro nos ensina também COMO Deus está trabalhando na história. Considerando a história do povo de Deus, devemos dizer que a Bíblia é muito mais do que um livro histórico. Claro, a Bíblia nos conta a história do povo de Israel, mas a Bíblia conta esta história sob um certo ponto de vista. A Bíblia conta a história da Salvação. O caminho que Deus trilha com o seu povo Israel… para dar ao seu povo, e pelo seu povo, a todo o mundo… a Salvação em Jesus Cristo.

Este caminho é um caminho longo; e neste caminho Deus encontra muita resistência. O início da Bíblia já mostra isso. No início do Livro de Gênesis encontramos Deus, Adão e Eva,… e satanás: o inimigo de Deus. Este inimigo de Deus fez amizade com Adão e Eva. Ele queria destruir o plano de Deus, mas Deus não aceitou. Deus reagiu e colocou inimizade entre o diabo e Adão e Eva. Deus disse (Gn. 3,15): “Porei inimizade entre ti e a mulher; entre tua semente e sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. Então, irmãos, Deus colocou INIMIZADE; Inimizade entre as pessoas, que temem a Deus e as pessoas que não temem a Deus. Este conflito existe desde a fundação do mundo. Este conflito domina toda a HISTÓRIA. Os filhos de Deus sofrem por causa deste conflito. Esta INIMIZADE encontramos também neste livro de Êxodo.

O livro de Êxodo continua a história de Gênesis. No primeiro livro lemos como Deus criou o mundo e como Deus criou o seu povo Israel. O fim de Gênesis fala sobre Jacó e os seus filhos; eles viviam em Canaã, mas tinham que mudar para o Egito por causa duma grande fome. E Deus já tinha providenciado tudo. Pois lá no Egito estava o irmão deles, José. Ele se tornou um governador importante. José os ajudou e ele conseguiu uma terra boa onde Jacó e os seus filhos podiam morar. Naquele momento a família de Jacó tinha setenta pessoas. Eles migraram para o Egito e ficaram lá. Não umas semanas, nem uns meses, ou alguns anos. Nada disso! Eles ficaram lá alguns séculos!!! Em Atos 7,6 Estevão diz que Israel morou mais do que quatrocentos anos no Egito! E depois desses quatrocentos anos Moisés nasceu. Então, irmãos, este primeiro capítulo de Êxodo cobre um período longo da história de Israel. Não dá para ver, mas entre o versículo 1 e o versículo 22 há uma história de QUATROCENTOS ANOS!

E durante estes quatrocentos anos aconteceram muitas coisas, mas há algo que chama a atenção. E isto é enfatizado por Deus, pois Deus fala várias vezes sobre isso neste capítulo. É como um refrão que é repetido várias vezes. Prestem atenção nisto irmãos, pois quando Deus repete as coisas, Ele quer nos ensinar algo. Este refrão começa no versículo 7. Lá está escrito: “E os filhos de Israel frutificaram, aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos GRANDEMENTE; de maneira que a terra se encheu deles”. E depois disso, de novo, no versículo 12: “Mas quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam, e tanto mais cresciam; de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel”. E, finalmente, no versículo 20: “Portanto Deus fez bem as parteiras. E o povo se aumentou e se fortaleceu muito”.

Este é o tema deste capítulo. A mensagem que foi repetida várias vezes é essa: o povo de Israel foi frutífero, aumentou muito e multiplicou-se. Isso chamou a atenção durante estes 400 anos. Uma família pequena se muda para o enorme país do Egito. E lá tudo anda bem. Tudo anda extremamente bem. Mais do que normal. Nasceram filhos, netos e bisnetos. Eles foram fortalecidos GRANDEMENTE; de maneira que a terra se encheu deles. Nestas palavras sentimos uma certa admiração. O que aconteceu foi ANORMAL. O crescimento foi ANORMAL. O crescimento mostra a benção de Deus! Podemos dizer isso. Pois Deus mesmo prometeu a Abraão que a descendência dele ia crescer enormemente. Deus mostrou a Abraão o universo (Gn. 15,5) e disse: olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência! Numerosa seria a descendência dele. Como as estrelas nos céus; como a areia da praia. Deus prometeu isso a Abraão. E Deus repetiu esta promessa a Jacó, quando Jacó tem duvidas e não quer ir para o Egito. Naquele momento Deus aparece a Jacó num sonho e diz (Gn. 46,3): “Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer ao Egito, porque eu te farei ali uma grande nação”. Deus prometeu isso a Jacó. E o livro de Êxodo começa com esta promessa. Pois logo no início, logo no primeiro capítulo, vimos como Deus está trabalhando para realizar a sua promessa. Podemos ver como Deus abençoou o povo de Israel e como este povo cresceu e se tornou forte.

Nesta onda de nascimentos podemos ver O PODER DE DEUS, irmãos. É bom para pensar nisso, pois muitas pessoas não pensam mais assim. Ter filhos é uma coisa entre um homem e a sua mulher; Eles decidem sobre isso. Deus nada tem a ver com isso — pensam muitas pessoas. Fertilidade não é mais considerada uma benção, mas quase uma maldição, considerando a legião de mulheres que ligaram os seus ovários, pois não querem mais ter crianças. Em certos casos há uma necessidade física, eu sei; naquele momento o medico deve fazer isso; mas há também mulheres que fazem isso sem este motivo. E o que pensar sobre isso? O que DEUS acha disso? Como a Bíblia fala sobre isso?

A Bíblia deixa bem claro que filhos são uma benção. E Deus deve dar a sua benção sobre isso. A vida dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó mostra isso claramente. A história deles mostra que o homem não decide sobre isso. Por exemplo: Abraão e Sarai. Durante muitos anos eles estavam sem crianças. Conforme as normas humanas, não havia mais a possibilidade de ter filhos. Mas Deus criou esta possibilidade. Deus deu Isaque a Sarai, que tinha noventa e nove anos de idade. E mais um exemplo: Rebeca! A Bíblia nos diz que ela era infértil. Mas Isaque orou em favor dela e eles receberam gêmeos. E mais um exemplo: Raquel, a segunda esposa de Jacó. Quando ela viu que Léia recebeu crianças e ela não, ela reclama com Jacó. Mas Jacó ficou com raiva e disse (Gn. 30,2): Estou EU no lugar de Deus, que te impediu o fruto de teu ventre?

Então, irmãos, a Bíblia nos ensina que ter filhos depende do poder de Deus. Crianças são um presente de Deus. Deus está envolvido nisso. Abraão ensinou isso a Isaque e Isaque transmitiu isso ao seu filho Jacó. DEUS ia tornar-lo uma grande nação. ELE ia fazer isso. Tudo depende da BENÇ O de DEUS. É isso que vimos nesta história. Deus cumpriu a sua promessa e abençoou o povo de Israel para que se tornasse grande e forte.

E no início isso não foi um problema. Os egípcios moravam na sua terra e Israel na área deles, separado dos Egípcios. Eles moravam lá em paz. Aproveitando-se de gloria de José. Mas num certo momento isso acabou. Pois se levantou um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José. Quem foi este rei, nós não sabemos com certeza, mas com certeza não foi o sucessor do rei, que vivia na época de José. Provavelmente o texto quer dizer que chegou um rei no trono que não conhecia José. Então deve ter sido um rei que nasceu um bom tempo depois do reino de José. Pode ser um rei que viveu mais de duzentos anos depois dele. (Provavelmente Ramsés II, que viveu de 1298 à 1232 d.C.).

Este rei viu que havia muitos estrangeiros no seu país, e ele não gosta disso. Pensando politicamente, ele acha que este grupo é um perigo para o país. Os descendentes de Israel moravam na fronteira do país. Se um inimigo atacar o Egito, e se estes estrangeiros se juntarem com os inimigos, o país estaria perdido. Assim pensa este rei. Ouvindo os pensamentos dele, podemos concluir que Israel, durante todos os anos, não se misturou com os Egípcios. Eles entraram no Egito como estrangeiros e não mudaram. Isso mostra a fé de Israel. Egito não era a terra prometida. Deus lhes prometeu Canaã. Canaã era a pátria deles. Jacó ensinou isso aos seus filhos antes de falecer. Ele queria ser enterrado em Canaã. E José entendeu. Ele fez os seus filhos jurarem que levariam seus ossos para Canaã no dia em que voltaram para lá. José sabia: o Egito não é a nossa pátria, e sim Canaã. E durante todos estes séculos os israelitas não esqueceram disso. Eles não se misturaram com os Egípcios, mas ficaram como visitantes, estrangeiros. E por causa disso foram considerados suspeitos. Os Egípcios viram cada vez mais “gringos” e eles estavam com medo. Eles acham que o governo deve fazer alguma coisa para limitar o crescimento deste povo. Seria bom limitar a onda de nascimentos. O rei deve controlar esta situação. E o rei fez isso. Ele tomou algumas medidas.

Em primeiro lugar, eles foram obrigados a ajudar construir as cidades armazéns de Pitom e Ramssés. Este trabalho foi muito pesado. Eles deviam cavar canais, britar, carregar as britas e construir os muros. E tudo isso no sol quente. O rei fez isso de propósito, pois dessa maneira ele queria exterminar o povo. Sabemos que durante estes trabalhos mais de 120.000 escravos morreram por obra. E se não morressem, com certeza estariam cansados demais para procriar. Assim o rei queria controlar o crescimento de Israel.

Mas de novo se mostra o poder de Deus. Pois, quanto mais pesadas as medidas, tanto mais frutífero os Israelitas. Eles se multiplicam apesar dos sofrimentos. Eles crescem tanto que os Egípcios ficam com medo. O que acontece, não combina com a lógica. Israel cresce apesar da repressão. Os Egípcios observaram isso e ficaram com medo. Mas eles não desistiram. Ao contrario, eles endureceram o coração e aumentaram as medidas. Os Israelitas deviam fazer o trabalho dos escravos e dos prisioneiros e foram tratados com dureza.

E em cima disso O rei chamou as parteiras egípcias, que ajudavam os Israelitas, e teve uma conversa secreta com elas. Ele as mandou assassinar todos os filhos das hebréias. Isso foi um plano vil e covarde. Um plano indigno, pois uma parteira recebe uma confiança completa nas casas onde entra. Especialmente em Israel. A parteira controla tudo no dia do parto, pois o pai não pode estar presente na sala do parto, conforme os Judeus. Então, a parteira está sozinha e pode fazer o que quiser. Ela pode matar o nenê. Como o nenê vai se defender? Como a mãe exausta vai saber? Se uma parteira não é confiável, a família, e o povo está perdido. Por causa disso os Judeus escolhem cuidadosamente as suas parteiras.

O rei do Egito quer usar estas parteiras para matar os filhos das hebréias. Os filhos devem terminar a sua vida sem choro, mas as moças podem continuar. Um plano satânico. Todo mundo sente isso. Um ato satânico, como qualquer outro ato que uma pessoa possa fazer para terminar a vida duma criança. Cada aborto ativo é um ato inspirado pelo diabo. Quem toma veneno, pílulas ou ervas para terminar a vida duma criança, é uma assassino covarde. Uma pessoa tão má quanto este rei do Egito.

Mas felizmente Deus que cuida do seu povo. As duas parteiras temeram mais a Deus do que ao rei do Egito. Duas vezes lemos isso neste capítulo: as parteiras temiam a Deus. Isso é muito especial, sabendo que as parteiras foram mulheres egípcias. Poderíamos esperar que elas fossem obedecer ao rei do Egito e que adorassem os deuses de Egito. Mas nada disso. Pode ser que estas mulheres já sentissem que esta onda de nascimentos era causada pelo poder de Deus. Que o Deus de Israel estava presente com a sua benção. Pode ser que elas tenham descoberto que o poder de Deus é maior do que o poder do rei de Egito. Não sabemos muito sobre os seus pensamentos. Só isso: elas temiam a Deus e não ao rei do Egito. Elas respeitavam a Deus e mostravam o seu temor respeitando A VIDA que Deus deu ao seu povo. Elas respeitavam AS CRIANÇAS que Deus deu ao seu povo. Elas não abortavam as crianças, mas cuidavam da vida delas.

Com certeza o rei descobriu que o seu plano não funcionava. Quanto tempo ele precisou para descobrir isso, não sabemos. Pode ser que tenham se passado alguns anos. Pode ser também alguns meses. Não sabemos. Mas em todo caso o rei descobriu que ainda nasciam meninos nas casas das hebréias. E ele quer saber mais sobre isso e por causa disso chama as parteiras e lhes perguntou como isso é possível. E as parteiras lhe respondem: “É que as mulheres hebréias não são como as egípcias; porque são vivas, e já têm dado à luz antes que a parteira venha a elas”.

Como devemos avaliar esta resposta? Muitas pessoas já discutiram sobre este assunto. O problema é este: as parteiras falaram a verdade? A maioria acha que não. Eles dizem que as parteiras enganaram o rei. Elas contaram uma MENTIRA. Uma mentira, que nasceu na emergência. Uma mentira de emergência. E a pergunta é a seguinte: Isso pode? Podemos mentir em certas situações? Por exemplo: podemos mentir para salvar uma vida?

Consideramos a história destas parteiras, devemos confirmar que elas realmente enganaram o rei. No versículo 17 está escrito claramente que elas não fizeram o que o rei tinha mandado. Elas deixaram os meninos vivos. Isso quer dizer que elas tinham tido a oportunidade de matar estes meninos, mas elas não o fizeram. Ao rei elas disseram que estavam atrasadas e que não tinham nenhuma chance de matar estes meninos, mas isso foi uma mentira. Uma mentira de emergência.

E se nos perguntarmos como devemos avaliar isso, devemos avaliar como DEUS MESMO avaliou o trabalho destas parteiras. No versículo 20 está escrito: Portanto Deus fez bem às parteiras. Deus não desprezou o trabalho delas e também não as castigou. Ao contrario. Ele FEZ BEM às parteiras. Isso é uma avaliação da conduta delas. Elas salvaram a vida dos meninos e usaram uma mentira para continuar o trabalho. Se tivessem dito a verdade, com certeza o rei as teria matado e depois designado outras parteiras para cumprir seu plano. As parteiras destruíram o plano do rei e por causa disso foram abençoadas por Deus, que lhes deu uma família.

O crescimento milagroso de Israel e a benção de Deus na vida das parteiras foram coisas que chamaram a atenção. Israel descobriu que o Deus dos seus pais, Abraão, Isaque e Jacó, ainda existia. Até depois dum período de 400 anos. Deus cumpriu as suas promessas. Ele abençoou o seu povo.

Isso não quer dizer que não houve perguntas? Porque eles deviam sofrer tanto sob a mão dura do rei de Egito? Com certeza houve perguntas particulares, mas a resposta geral é essa: Deus está trabalhando. Deus não deixou o seu povo. O mal que o rei planejou, Deus usou para planejar o bem do seu povo. Pois por causa da medida de Faraó para afogar os meninos, a princesa de Faraó encontra o menino Moisés; assim Moisés chegou na corte real e foi preparado para a sua tarefa de guiar o povo de Deus para Canaã. Deus já estava preparando o Êxodo do seu povo. O plano de Deus continua. Às vezes nós não entendemos nada das coisas que aconteçam, mas Deus sabe o porquê.

O plano de Deus é como um bordado. Nós olhamos o lado de trás. Este lado é uma bagunça. Não faz nenhum sentido. Nós não entendemos. Mas Deus olha a frente e sabe como é o desenho. Devemos confiar nisso.

Amém.

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Pr. Abram de Graaf

Abram de Graaf

O pastor Abram de Graaf é “Doctorandus” (Drs) em Teologia e um dos professores do Instituto João Calvino (Aldeia, Camaragibe-PE). Ele é pastor da Igreja Reformada de Hamilton, Canadá, enviado como missionário às Igrejas Reformadas do Brasil, desde o ano 2000. É Diretor do Projeto Dordt-Brasil. Ele mora em Maceió e também desenvolve projetos nessa cidade. Acesse o site graafeditora.com

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.