Leitura: Atos 07:23-29; Hebreus 11:24-27
Texto: Êxodo 02:11-22
Queridos irmãos em Jesus Cristo,
Acabamos de ler uns trechos da Bíblia. E nestes trechos recebemos um testemunho sobre Moisés. Lemos estas passagens e agora eu pergunto: qual é a sua opinião sobre Moisés? O que achas de Moisés? Imagine que Moisés estivesse nomeado para ser presbítero, você ia escolhê-lo? Aquele homem assassinou uma pessoa. Ele quer controlar tudo; ele é covarde e foi casado com uma mulher incrédula.
São uns detalhes que chamam a atenção, lendo Êxodo 2. Uns detalhes que nos deixam com grandes dúvidas. Estas dúvidas diminuem, lendo os outros textos sobre Moisés, que encontramos em Atos 7 e em Hebreus 11. Estes textos falam positivamente sobre Moisés. Isso deixa Êxodo 2 um pouco complicado. O que o Senhor quer nos ensinar? Qual é o mensagem de Êxodo 2?
Bom, irmãos, vamos descobrir a mensagem do texto, se prestarmos atenção ao contexto. O livro de Êxodo fala sobre o êxodo de Israel; sobre a salvação de Israel. No capítulo 1 se fala sobre a miséria do povo no Egito; e na primeira parte do capítulo 2 se fala sobre o nascimento de Moisés, o salvador do futuro. Então a salvação está perto. Só é uma questão de tempo. A grande pergunta é: quanto tempo falta ainda? Quem decide sobre isso: Moisés ou Deus?
Tema: Deus ensinou a Moisés que salvará Israel no seu tempo
Moisés já recebeu os DONS de Deus;
Moisés ainda não recebeu o CHAMADO de Deus;
Como devemos avaliar a vida de Moisés, irmãos? Ele era crente? Sim ou não? O autor do livro aos Hebreus não tem nenhuma dúvida: Moisés era crente! Ele agiu como os seus pais, Abrão, Isaque e Jacó: com a mesma confiança em Deus. Pois a Bíblia diz: “Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado. Porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão”.
Quando Moisés se tornou homem, ele recusou ser chamado filho da filha de Faraó. Isso lemos no livro de Hebreus e também no livro de Êxodo. O autor do livro de Êxodo dá grandes passos. Primeiramente falou sobre a história de Israel, depois sobre o nascimento de Moisés e sobre a sua adoção pela filha do Faraó. Mas ela deixou Moisés com a sua mãe durante os primeiros anos. E como sempre: estes primeiros anos foram fundamentais. As impressões que Moisés recebeu nestes primeiros anos, ele nunca esqueceu. A semente que foi semeada nestes primeiros anos cresceu durante muitos anos e floresceu. Só assim foi possível que Moisés, depois de 40 anos, tenha decidido – PELA FÉ – voltar para o seu povo Israel. Ele cresceu no luxo do palácio. Não se preocupava com nada. Ele compartilhava na riqueza da casa real; ele recebeu a melhor educação daquela época. Ele foi tratado com respeito; foi servido pelos servos; só precisava estalar os dedos e recebia tudo que queria, pois ele era um príncipe.
Então, Moisés vivia em grande luxo, mas mesmo assim preferia voltar; ele recusou ser chamado filho da filha de Faraó. Ele preferia compartilhar o opróbrio de Israel ao luxo do Egito; preferia estar nos campos de trabalho do que no palácio; preferia ser maltratado com o povo de Deus, do que se aproveitar deste pecado.
Imaginem isso, irmãos! Isso não foi uma atitude normal que Moisés demonstrou. Normalmente as pessoas querem uma vida melhor, e não uma vida pior. Quando os preços no mercado aumentam, todo mundo começa a reclamar, pois eles têm menos poder para comprar coisas e conseqüentemente terão uma vida menos luxuosa. E isso é só um pequeno passo atrás. Mas a mudança de Moisés é enorme. Ele recusou todo luxo. Ele trocou o palácio do Egito pela favela de Israel. Não mais dinheiro no bolso, mas pobreza; não mais abundância na mesa, mas um pedaço de pão seco. Há poucas pessoas que sabem o que um tal mudança significa. Muitas pessoas têm respeito pelos missionários, que trocam o luxo do primeiro mundo pela simplicidade do terceiro mundo; eles respeitam isso, pensando: um dia ele vai voltar. A situação já é diferente quando uma pessoa muda realmente o seu estilo da vida. Quando uma pessoa deixa a riqueza atrás para se tornar pobre. Naquele momento a família pensa diferente; naquele momento as pessoas pensam que aquela pessoa se tornou louca. Mas Moisés não era louco. Ele era CRENTE. Ele recusou a riqueza temporária e optou pela riqueza do futuro, pois ELE CONTEMPLAVA O GALARDÃO.
Então, irmãos! Devemos avaliar Moisés pela sua fé. Por causa da fé ele escolheu contra o Egito e em favor de Israel. Ele preferiu viver com os seus irmãos. Ele visitava-os e viu como eles foram maltratados e torturados; Durante uma dessas visitas, ele viu que certo egípcio espancava um hebreu, um dos seus irmãos. E quando Moisés viu isso, reagiu. Ele não se controlava mais, pois ele amava o seu povo. Eles eram os seus irmãos. Então ele não se controlava mais e matou o egípcio. Que coisa! Como devemos avaliar isso, irmãos? Isso foi um ato de fé? Não está escrito na Bíblia: não matarás!? Então. Como avaliar este caso? Irmãos, esta situação é complicada mesmo! Podemos nos perguntar se Moisés não passou do limite. Ele tinha o direito de matar este egípcio? Conforme o Faraó, não; pois quando Faraó ouviu o que Moisés tinha feito, ele manda assassinar Moisés; e não somente Faraó julga assim, mas também os irmãos de Moisés; pois no dia seguinte ele ouviu um hebreu dizendo: “Quem te pôs por príncipe e juiz sobre nós? Pensas matar-me, como mataste o egípcio?” Nestas palavras sentimos a acusação de que Moisés não tinha o direito de matar aquele homem. Nem Faraó, nem os seus irmãos elogiaram-no. E mesmo Moisés não se sentiu confortável com a situação, pois tentou esconder o que havia feito. Primeiramente ele olhou em redor e quando não viu ninguém, matou o egípcio e depois disso escondeu o corpo na areia. Observando isso, devemos dizer: Moisés não agiu com justiça. Se tivesse agido com justiça, ele não iria esconder o corpo e com certeza seria elogiado, seja pelo Faraó, seja pelo seu povo. Mas nada disso aconteceu. O que ele fez foi julgado pelos homens: ele é um assassino.
Mas mesmo assim… devemos ter cuidado avaliando o caso de Moisés. Pois lendo esta história, nós não ouvimos nada do lado de Deus!!! Deus fica calado! E quando prestamos atenção ao comentário de Estevão em Atos 7, lemos o seguinte: “Quando completou quarenta anos, veio-lhe a idéia de visitar seus irmãos, os filhos de Israel. Vendo um homem tratado injustamente, tomou-lhe a defesa e vingou o oprimido, matando o egípcio” (Atos 7,23).
Conforme Estevão, Moisés PROTEGEU um dos seus irmãos. Ele reagiu EM LEGÍTIMA DEFESA. Ele DEFENDEU a vida do outro e pra fazer isso ele devia matar o Egípcio. Lendo isso, a nossa avaliação deve ser mais humilde: Quando uma pessoa age INJUSTAMENTE, MALTRATANDO UMA PESSOA, BATENDO, batendo, até matando-a, uma terceira pessoa vendo isso tem o direito de ajudar a vitima e defender a vida dela. Isso pode significar que tem de matar aquela pessoa agressora. Neste caso o defensor não é um assassino, ele matou uma pessoa por legítima defesa.
Então, irmãos, ouvindo o relatório de Estevão, nós devemos avaliar o caso de Moisés com mais humildade. Agora devemos contar com o AMOR, que Moisés mostrou para com os seus irmãos. Descobrimos este AMOR ao seu próximo também nas outras duas histórias: por exemplo, quando ele quer ajudar os dois irmãos, que estão brigando. Moisés quer ajudar como Juiz. Isso é um ato de amor; e como ele ajudou as pastoras em Midiã: o motivo foi também amor. E este amor é fruto da sua fé; fruto do Espírito Santo.
Deus está trabalhando na vida de Moisés. Ele recebeu mais dons de Deus. Pois nesta história podemos ver como Moisés toma iniciativa. Ele age como LÍDER e JUIZ. O caminho de Deus na vida de Moisés é com muita sabedoria. Pela providência de Deus Moisés chegou na corte real e lá recebeu uma educação excelente. Moisés foi educado em toda ciência dos egípcios (Atos 7,22). Desta maneira Moisés foi preparado para o futuro, sendo líder de Israel. Isso não era fácil. Liderar um povo. Manter a ordem e a paz. Uma líder precisa de sabedoria. Deus cuida disso. Deus arranjou tudo de tal maneira que Moisés recebeu uma educação excelente para cumprir o seu trabalho no futuro. E esta vontade de ser líder do seu povo se mostra nesta história. Em primeiro lugar na história sobre o egípcio que ele matou. Estevão leu esta história e deu um comentário, dizendo: “Ora, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os queria salvar por intermédio dele; eles porém, não compreenderam”(Atos 7,25); Isso é uma notícia importante. De novo sentimos a fé na vida de Moisés. Ele sabia que Deus queria salvar o seu povo PELA SUA MÃO. Como Moisés descobriu isso? Nós não sabemos. Pode ser que a sua mãe Joquebede o tivesse ensinado quando ele era criança. Pode ser que Deus lhe tenha revelado duma outra maneira. Em todo caso podemos dizer que Moisés sabia que ele seria o líder de Israel. Ele queria que os seus irmãos aceitassem isso. Mas isso não aconteceu. Isso ele descobriu no dia seguinte, quando visitou o seu povo de novo. Naquele momento ele viu dois homens, disputando. Eles tiveram uma discussão e esta discussão se tornou numa briga. Moisés viu isso e quis ajudar. Ele entra no campo e fala ao partido culpado, dizendo: Por que espancas o teu próximo? Eu não sei se Moisés esperou uma resposta razoável. Dificilmente uma pessoa reage assim numa tal situação. E neste caso o homem reage logo e diz: O que queres? Quem te pôs por príncipe e juiz sobre nós? Uma pergunta certa. E prestem atenção, irmãos! Pois muitas vezes quando há um conflito entre dois irmãos, esta pergunta surge. Quase sempre o partido culpado, se for acusado, reage dessa maneira, apontando o dedo ao pastor ou ao presbítero que repreende, dizendo: O que queres? Quem te pôs por príncipe e juiz sobre nós? E muitas vezes eles fazem um contra ataque, dizendo: tu queres me repreender? Olha para si mesmo. Nunca fez alguma coisa errada?
A mesma coisa acontece aqui. No primeiro lugar o homem diz: Quem te pôs por príncipe e juiz sobre nós? E logo depois o contra ataque: Pensas matar-me, como mataste o egípcio? Ele faz um gol. Um a zero! Moisés pode pensar nessas palavras.
O homem deu um nocaute em Moisés, pois Moisés não sabe como reagir. Ele fugiu. Uma pessoa reage assim se tiver uma consciência pesada. Isso não conta somente para Moisés, mas para qualquer oficial ou qualquer irmão, que tem uma consciência pesada. Quando há certos pecados na sua vida e quando você não se converteu deles e não se arrependeu honestamente, isso impede o seu falar com Deus; isso também impede o seu falar na congregação; esta história prova isso. Moisés não tem nenhuma réplica. Ele não sabe defender-se.
O homem, que é acusado, fez uma pergunta certa: Quem te pôs por príncipe e juiz sobre nós? É muito importante para um oficial saber se ele foi chamado por Deus. Essa sempre é a primeira pergunta que um presbítero deve responder se for separado: Estás convencido que Deus mesmo te chamou pela sua congregação a este ofício santo? Deus chama ao oficio. Ele faz isso pelo Seu Espírito e pela Palavra dele. Na Palavra de Deus encontramos regras sobre o chamado dos oficiais. A Palavra de Deus nos mostra quem deve ser escolhido para servir a Deus; e Deus ajuda a congregação com seu Espírito, para que a congregação escolha o homem, que vive conforme a palavra de Deus; o homem que mostra na sua vida os frutos do Espírito Santo. E quando um homem foi escolhido duma tal maneira legitima, ele deve considerar isso como um chamado de Deus. Deus chama pela congregação. Assim acontece no Novo Testamento.
A situação não era assim no Antigo Testamento. Os profetas no AT foram chamados por uma revelação especial. Eles receberam uma mensagem de Deus e esta mensagem foi acompanhada com sinais e milagres. Deus confirmou o seu chamado. Os reis foram ungidos pelos profetas e assim apontados como servos do Senhor; O rei Saul e o rei Davi foram chamados dessa maneira. Os servos de Deus foram sempre chamados duma maneira especial. Isso falta na vida de Moisés. Ele ainda não é chamado para ser líder e Juíz. E por causa disso a pergunta do homem é certa: Quem te pôs por príncipe e juíz sobre nós? Pois é! Quem fez isso? Não foi o Senhor! Foi Moisés mesmo que se levantou e queria ser líder e Juíz.
Mas ele é prematuro. É cedo demais. Por causa disso a sua tentativa não deu fruto. Deus não abençoou a sua tentativa para libertar Israel. Deus não deu apoio, pois Deus não o chamou ainda. Por isso ele ficou sem palavras. Uma pergunta certa. Moisés começou o seu trabalho sem ser chamado; ele não tinha um oficio; ele não tinha um chamado. O povo não o aceita e ele deve fugir. Mas Deus não o deixou sozinho. Deus continua cuidando de Moisés. Pois ele chega em Mídiã e recebe hospitalidade na casa do sacerdote Jetro. Ele fica na casa dele e se torna um PASTOR. Moisés, que se exaltou, é humilhado por Deus. Moisés queria ser líder do povo de Israel, mas termina sendo líder dum rebanho de ovelhas. Deus humilhou Moisés e ensinou Moisés a ser humilde. Durante 40 anos Moisés ficou sendo líder das ovelhas. Deus ensina a Moisés humildade e paciência para que ele tenha paciência com o povo de Israel. Um povo complicado e orgulhoso.
Quarenta anos pastor, isso foi uma escola para Moisés. Durante estes quarenta anos ele se casou com uma das filhas de Jetro. Parece que ele esqueceu Israel e parece que ele se mudou definitivamente para Mídiã. Mas não é assim. O primeiro filho recebeu um nome significante: Gérson. Moisés queria dizer: Sou peregrino em terra estranha; Mídiã não era a sua pátria. Ele não queria ficar lá; Ele queria voltar. Ele não esqueceu Israel. Ele queria ajudá-los. Mas só na hora de Deus. Deus ia libertar o seu povo. E Deus vai fazer isso como quer e quando quer. Amém.
Abram de Graaf
O pastor Abram de Graaf é “Doctorandus” (Drs) em Teologia e um dos professores do Instituto João Calvino (Aldeia, Camaragibe-PE). Ele é pastor da Igreja Reformada de Hamilton, Canadá, enviado como missionário às Igrejas Reformadas do Brasil, desde o ano 2000. É Diretor do Projeto Dordt-Brasil. Ele mora em Maceió e também desenvolve projetos nessa cidade. Acesse o site graafeditora.com
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.