Eclesiastes 09.01-12

Leitura: Eclesiastes 09.01-12
Texto: Eclesiastes 09.01-12

Amada Congregação de Nosso Senhor Jesus Cristo,

Um comentador disse sobre Eclesiastes 9 que este capítulo é “claramente o capítulo mais pessimista” no livro de Eclesiastes. Talvez é uma forma de ver as coisas. Mas é errada. Em Eclesiastes 9, somos enfrentados com o realismo, e não com o pessimismo. Salomão é absolutamente honesto aqui, sobre as realidades da vida, e sobre a realidade da morte. Não é pessimista. Não é deprimente. É libertador, e no fim das contas, quando recebemos o quadro geral, é glorioso. Mas se você ler as palavras de Salomão neste capítulo, e, na verdade, em todo o livro de Eclesiastes, como pessimistas ou optimistas, depende no seu ponto de partido. E o que é a verdade sobre nossa visão de Eclesiastes é a verdade sobre a nossa visão da vida em geral. O que é esta vida? Essa é a pergunta maior. Qual é o propósito? Dada a realidade da vida debaixo do sol, a vida ainda vale a pena? Tem objetivo? Por quê?

Nos primeiros 12 versículos de Eclesiastes 9, Salomão providencia:

Uma avaliação realista da vida debaixo do sol.
Uma avaliação positiva da vida debaixo do sol.
Um programa de ação para a vida debaixo do sol.
Primeiramente, é uma avaliação realista da vida. As nossas vidas estão na mão de Deus. Ele está no controle, e a vontade dEle será feita. Se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabe o homem, Salomão diz. E isso significa que não podemos conhecer como está o nosso relacionamento com Deus simplesmente por olharmos à maneira em que os eventos da nossa vida estão acontecendo. Se estamos bem-sucedidos, não podemos imaginar que estamos bem-sucedidos porque Deus nos ama – que o sucesso é uma indicação absoluta do favor de Deus. E se, nos olhos do mundo, estamos fracassos totais, não devemos imaginar que isso é porque Deus nos odeia. Debaixo do sol, não existe uma correspondência absoluta entre o favor de Deus e a prosperidade, ou o ódio de Deus e as falhas pessoais.

Pode ser rico, empresario bem-sucedido, ter uma família grande e feliz, desfrutar boa saúde, possuir uma casa bonita. Pode viver uma vida que parece, exteriormente, a boa vida. E nada disso necessariamente significa que Deus te ama, como o filho dEle. E, por outro lado, pode estar pobre, vivendo com dores ou doenças crônicas, com problemas na família, e o mundo pode te ver como falhado, enquanto ao mesmo tempo você é o objeto do amor infalível e misericórdia de Deus. Se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabe o homem. Precisamos de algo mais do que evidência externa, física, para nos mostrar a nossa posição perante de Deus.

Porque é a mesma coisa para todos. Se piedoso ou ímpio; se bom ou mal; se puro ou imundo; se você sacrifica ou não sacrifica – no fim, é tudo a mesma coisa. O destino do ímpio é o mesmo do que o destino do justo: todos nós vamos morrer. Todos nós vamos viver neste mundo manchado por pecado. Todos nós vamos ser filhos de Adão, com corações naturais que são inclinados a mal. Todos nós vamos sofrer o mesmo tipo de loucura do coração enquanto nós vivemos – a loucura do pecado. E isso não é simplesmente as nossas inclinações pecaminosas, que pelo menos podemos entender.

Podemos entender quando gente fazem mal com propósitos egoístas. Até podemos entender sobre nós mesmos quando caímos em pecado, quando caímos por causa de algum suposto benefício. Por que aquele homem roubou um milhão de reais? A resposta pode ser bem simples, e muito clara – quando um homem rouba um milhão de reais, é provável que ele faz isso por causa de egoísmo. Gente querem ser ricos, e querem todos os benefícios que vem com as riquezas. Aquele desejo, um desejo simples, básico, pode levar um homem a roubar.

Quando um homicídio acontece, pode fazer a pergunta, “Por que aquele homem tirou a vida do outro?” E aqui, mais uma vez, a resposta poderia ser óbvia. Homicídio pode ser cometido como uma questão simples de interesse próprio. Alguém assassina uma outra pessoa porque esta pessoa fica no caminho da realização dos seus próprios desejos. É repreensível tirar uma vida, mas, a algum nível, podemos entender por que acontece.

Mas isso não é sempre a verdade – de fato, muitas vezes a motivação de uma pessoa de cometer qualquer pecado é completamente inescrutável. E Salomão sabia isso. Então, ele diz algo mais sobre o pecado – sobre o mal que infectou os filhos de Adão – neles há desvarios enquanto vivem. Desvarios. É loucura. É algo que não podemos explicar, ou racionalizar, ou entender.

Por isso, muitas vezes o pecado parece tão absurdo – porque é! Mas apesar da insensatez de tudo isso, até nos encontramos fazendo exatamente isso. Até o Apóstolo Paulo viu aquela verdade em jogo na sua própria vida. Porque, ele disse em Romanos 7.19, “Não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.” E assim é a vida, debaixo do sol. Somos infectados com maldade, com perversidade, nós comportamos sem razão, e então, depois de uma vida caraterizada por estas coisas, morremos. E ninguém, não importa quão santo, não importa quão justo, não importa o quanto ele tenta evitar a loucura do pecado, está isento.

Pessimista? Parece pessimista, né? Pense no que Salomão diz em termos da Lei de Deus, que Ele sabia intimamente. O que ele diz aqui em capítulo 9 é realmente chocante – não importa se você sacrificar ou não, não importa se você está puro ou impuro. E tudo isso depois Deus deu mandamentos detalhados, intrincados, acerca da pureza ritual, sobre as ações necessárias quando você não consegue manter esta pureza cerimonial. Tudo isso depois da explicação de Deus no livro de Levítico, dez-e-sete capítulos, sobre o sistema de sacrifícios, sobre a importância de cada sacrifício, a importância de guardar estes mandamentos, explicados cuidadosamente. No fim das contas, Salomão diz, sua pureza cerimonial e sua obediência à lei de Deus não vai se ajudar a evitar o sepulcro.

Todo mundo fala sobre “jornadas” hoje em dia. Todos nós estamos numa jornada, em várias maneiras, ou algumas jornadas, nas várias áreas de nossa vida. A vida é uma jornada. E na perspectiva de Salomão em Eclesiastes 9, depois do processo de descobrimento das profundezas da verdade, da tentativa de entender a vida, na aplicação de sabedoria em todas estas coisas, a conclusão é que a nossa jornada é uma jornada universal, que acaba no túmulo. E enquanto você está nesta jornada, você será afligido por um tipo de loucura que terá influência negativa na sua vida.

Pessimista? Não, é realista. É a vida. Precisamos ver a vida, entender a vida, como é. Não como nós desejamos que seria. Não como nós imaginamos que a vida deveria ser. Precisamos viver no reconhecimento das realidades que vamos enfrentar. Não podemos nos esconder da natureza da realidade, ou evitar esta realidade quando falamos àqueles que não são Cristãos. Eclesiastes, de todos os livros da Escritura, é uma revelação clara desta realidade – e precisamos desta perspectiva. Karl Marx disse que a religião é o ópio do povo. Mas quanto a verdadeira religião, à fé Cristã, ele não poderia ser mais distante da verdade. Ópio se faz dormir; a verdadeira religião se acorda. Não tentamos negar a realidade – queremos entender a natureza da realidade.

Nos últimos versículos desta seção, Salomão volta ao mesmo tema. No bem-conhecido versículo onze, ele fala a verdade claramente, e com força: Vi ainda debaixo do sol que não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes, a vitória, nem tampouco dos sábios, o pão, nem ainda dos prudentes, a riqueza, nem dos inteligentes, o favor; porém tudo depende do tempo e do acaso.

“Acaso” – não é uma palavra de que gostamos muito, e não é um conceito que usamos. Entendemos a providência de Deus – como nosso catecismo diz, “todas as coisas na verdade, não nos vêm por acaso, mas procedem da mão paternal de Deus.” Mas quando você examina a vida da perspectiva humana, parece que muitas coisas acontecem por acaso – aleatoriamente. As coisas mais estranhas acontecem, inesperadamente. Não podemos adivinhar o que vai acontecer, e muitas coisas parecem ser nada mais do que resultados de puro acaso. Sabemos por fé o que Deus revelou na Sua Palava – que Ele dirige cada molécula no universo com os Seus próprios propósitos – que nada realmente acontece por acaso. Mas quando nós descrevemos o mundo somente em termos do que nós experimentamos e vemos, entendemos o que Salomão significa quando ele diz, “tudo depende do tempo e do acaso.”

Não é sempre dos ligeiros o prêmio. Um atleta bem-preparado pode tropeçar no início da corrida, e um outro, menos habilitado, pode ganhar a corrida. O exército maior nem sempre ganha a batalha; a história é repleta de exemplos de derrotas inesperadas de grandes exércitos enfrentados por um inimigo inferior. Um homem sábio pode morrer de fome mesmo como um tolo. O homem educado pode ser rejeitado, enquanto o homem sem sentido alcança a posição de poder. É a vida. Não é justa. É cruel. É complicada. Não pode reduzir a vida a uma série de proposições matemáticas. Mas assim é a vida.

Mas Salomão não somente nos dá uma avaliação realista da vida; ele também nos dá uma avaliação positiva da vida. Com tudo que ele disse, por que não simplesmente desistir? Este é nosso segundo ponto. O homem vivo tem esperança. Um cachorro vivo é melhor do que um leão morto. Alguns comentadores acham que Salomão não sabia nada sobre a vida após a morte. Mas claramente isso não é a verdade, como podemos ver em outros lugares. Uma coisa é verdadeira: ele não sabia tanto como nós sabemos, baseado na revelação completa da Escritura. Mas ele, e o povo de Deus antes dele, sabia a realidade da vida após a morte, e o futuro que o povo de Deus vai experimentar quando esta vida chega ao seu fim.

Então, Salomão não está dizendo aqui que esta vida é tudo que existe. O que ele está dizendo e que apesar de tudo que ele ja disse, a vida permanece dom de Deus. A vida permanece preferível à morte. Porque os vivos tém esperança. Há um ditado que diz, “Onde há vida, ha esperança.” E isso é a verdade, especialmente quando pensamos na nossa vida da fé.

Cada dia dada a nós por Deus é mais um dia em que podemos arrepender, deixar nossos pecados, e voltar para Deus. Cada dia desta vida é mais um dia de preparação para encontrar Deus – outro dia de preparação para a eternidade. Todo dia que recebemos é outro dia em que temos a oportunidade de glorificar a Deus, em que podemos falar e viver a mensagem do evangelho, em que podemos trabalhar para o reino de Deus, para a Sua glória, para o louvor do Seu nome. Há coisas que não podemos fazer no céu que podemos fazer aqui e agora – e uma dessas coisas é testemunhar ao Deus que nos criou, que nos sustenta, que nos salva, àqueles que não O conhecem. Uma vez que nosso corpo é colocado naquele túmulo, não teremos mais a oportunidade de fazer isso.

Salomão não está apenas nos dando uma perspectiva do Antigo Testamento sobre a vida e a eternidade, uma perspectiva de ignorância sobre o céu e o inferno, uma perspectiva pré-cristã. Podemos saber disso porque o próprio Senhor Jesus diz a mesma coisa em João 9.4: “É necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.” A vida, até a vida no mundo caído, vivida como filho de Adão, ainda vale a pena ser vivida, porque esta vida é dada a nós por Deus. Quando lembramos disso, quando somos lembrados de nosso propósito, podemos entender que, apesar dos horrores e desastres que muitas vezes caracterizam a vida debaixo do sol, esta vida ainda é dom precioso; ainda vale a pena viver.

E isso nos leva ao nosso último ponto, que está intimidante ligado com este: depois de dar esta avaliação positiva da vida, Salomão procede a descrever um plano de ação para a vida debaixo do sol. Como podemos, nas palavras do apóstolo Paulo em Efésios 5.16, fazer o melhor uso do tempo, porque os dias são maus?

A resposta que Salomão nos dá nos versículos 7 a 10 é direta, simples, e clara. E se encaixa exatamente no que ele já disse várias vezes – mas é como uma explicação lindamente detalhada sobre o que já ouvimos. Se a vida é dom, e deve ser vivida, como devemos fazê-lo? Talvez você prefira uma resposta mais “espiritual.” Uma resposta que está mais preocupada com a tempo que passamos nas orações e devoções pessoais, e em lágrimas e luto e miséria. Mas essa não é a resposta que Salomão nos dá. Em vez disso, ele nos diz:

Come com alegria o teu pão.
Bebe gostosamente o teu vinho.
Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes.
Jamais falte o óleo sobre a tua cabeça.
Goza a vida com a mulher que amas.
Faze o teu trabalho conforme as tuas forças.
Come com alegria o teu pão. Desfrute boa comida. A comida é mais do que combustível para o seu corpo – é uma bênção de Deus. Desfrute este dom. Regozije-se neste dom.

Bebe gostosamente o teu vinho. Use os dons de Deus para celebrar a vida que Ele se deu.

Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes. Mais uma vez, isso tem a ver com celebração – roupa branca significa roupa da festa. Os convidados ao casamento usariam roupa branca, símbolo de pureza e alegria. Mostre a sua alegria na maneira que se veste. Não deixa o abuso deste dom por outras pessoas te impeça no seu uso, na maneira apropriada.

Jamais falte o óleo sobre a tua cabeça. Talvez este conselho foi literalmente entendido cinquenta anos atras, quando foi a moda usar óleo no cabelo, mas de novo, como o conselho de Salomão sobre a roupa branca, precisamos adaptar esta mensagem a nossa própria cultura. Talvez não colocamos óleo no rosto ou no cabelo, mas tomamos banho e fazer esforços a não aparecer em público como nojentos – se bem-sucedido ou não – porque é dom que Deus nos dá.

Goza a vida com a mulher que amas – o com o marido que amas. O casamento, e a sexualidade, são dons que Deus nos dá, dons que podemos desfrutar, que podemos celebrar, que podemos usar com alegria. O casamento não é simplesmente uma questão de procriação, de ter filhos – é também uma dádiva de Deus, algo em que nós podemos nos alegrar. Entao, ame a sua esposa. Ame o seu marido. E goza esta vida, porque isso é o que Deus quer de você. Deus já de antemão se agrada das tuas obras, Salomão diz – porque Ele criou todas estas coisas para trazer alegria aos corações do homem.

E, finalmente, faze o teu trabalho conforme as tuas forças. Qualquer trabalho você faz, não importa quão insignificante, faça bem. Trabalhe com força. Não faça coisas com pouco entusiasmo. Quando você tem a oportunidade de trabalhar, trabalhe com vigor, usando as habilidades que recebeu de Deus, quaisquer estas habilidades sejam, desenvolvendo estas habilidades, usando o seu potencial. A vida é curta. O tempo voa. Trabalhe. É dom de Deus.

O Reformador Martin Lutero amou esta mensagem da Escritura. Se você sabe algo sobre a personalidade de Lutero, você sabe que ele era homem humilde, prático. Ele não era homem super-espiritual, com a cabeça nas nuvens. Ele não passou todo o tempo reclamando e gemendo sobre o estado do mundo e o estado do seu próprio coração. Então, Martin Lutero deu o mesmo tipo de conselho que encontramos neste capítulo de Eclesiastes aos homens que ele aconselhou.

Em 1534, Martin Lutero escreveu uma carta a um príncipe Alemão – um homem deprimido e desanimado. Ele sofreu, foi dito, de “melancolia e desânimo da alma.” Assim escreveu Lutero ao este príncipe:

“Eu quero encorajar o jovem senhor, a sempre se alegrar, se envolver em cavalgar e caçar, e procurar a comunhão de outros que possam se alegrar com o senhor de uma maneira piedosa e honrosa. Porque a solidão é venenosa a moral para todas as pessoas, e especialmente para um jovem. Assim, Deus nos ordenou que nos alegremos na presença dEle; Ele não deseja um sacrifício sombrio. Ninguém percebe quanto dano faz um jovem que evita prazer e que cultiva a solidão e a tristeza.

O senhor tem muitos amigos. Se alegre com eles; porque a alegria e o bom ânimo, quando decentes e apropriados, são o melhor remédio para um jovem – de fato, para todas as pessoas. Eu mesmo, que passei muito tempo com tristeza e sofrimento, procuro e encontro alegria onde eu possa. Seja Deus louvado, agora temos entendimento suficiente da Palavra de Deus para nos alegrar com boa consciência e para usar as Suas dádivas com ação de graças, pois Ele os criou para este propósito e Ele está satisfeito quando os usamos.”

Irmãos, pergunto-me se este tipo de conselho é o conselho que nós daríamos a alguém que sofre de depressão espiritual. Vai, diverte-se com seus amigos Cristãos. Desfrute a comunhão deles. Busque a comunhão daqueles que podem compartilhar na alegria Cristã numa maneira piedosa e honrosa. Seja feliz, de bom ânimo – não numa maneira mundana, não como meio de afogar as suas dores com gente que estão tentando esquecer as realidades da vida – mas numa maneira piedosa, glorificando a Deus, como algo exigido por Deus, destinado a louvar a Ele.

Talvez este conselho não parece suficientemente “espiritual.” Talvez você pense que seria melhor aconselhar um jovem ler a Bíblia mais, orar mais, examinar a sua alma para descobrir por que ele está deprimido. Talvez você exortasse a solidão e a meditação – mas isso é exatamente o que Martin Lutero não fez – e a não fazer isso, ele estava simplesmente seguindo os passos de Salomão, que tinha a sabedoria de Deus. Viva a vida ao máximo, no entendimento das suas limitações. Regozije-se na vida, entendendo que esta vida não é tudo que existe. Alegre-se, porque você tem razão para se alegrar.

E na verdade nós temos razão para celebrar. O mundo, fora de Cristo, tem razão de ser pessimista. Qualquer tipo de otimismo sem Cristo é otimismo insensato. Qualquer celebração sem Cristo não faz sentido. A única resposta racional a vida sem Cristo é chorar e gritar e lamentar. Porque esta vida, com a sua tristeza, com a sua miséria, com a sua dor e sofrimento, com sua falta de sentido, dentro de nós e ao nosso redor, se isso é tudo, com certeza não é digno de celebrar. Um cão vivo é melhor do que um leão morto se, e somente se, a mensagem do evangelho é verdadeira. A vida é melhor do que a morte, e pode ser celebrada, somente se sabemos o seu propósito, se nós temos sido chamados conforme o propósito de Deus, se nós somos redimidos pela sangue de Cristo, se pertencemos ao povo de Deus.

Cristo nos resgate da futilidade desta vida. Ele nos resgate da vida debaixo do sol, tendo descendido à terra de além do sol, se submetendo à vida debaixo do sol, como o ser humano que sofreu o mesmo destino de todos os outros seres humanos – a morte, e o túmulo. Mas o túmulo não conseguiu segurá-lo. E porque o túmulo não conseguiu segurá-lo, não pode nos segurar tampouco, se nós confiamos nEle. Ele nos dá razão para celebrar, e na Sua Palavra, Ele nos mostra como nós podemos celebrar – celebração verdadeira, significativa, sem arrependimentos, sem ressacas, sem vergonha, sem culpa.

Então, se você quer ser Cristão fiel, se quer seguir a Cristo, como Martin Lutero disse, não evite prazeres e cultive solidão e tristeza – não há nada pior para a sua vida espiritual do que fazer estas coisas. Busque a comunhão de outros que podem alegrar contigo numa maneira piedosa e honrosa. Você tem outros, seus irmãos, que podem compartilhar nesta alegria. Felicidade e alegria, como Lutero disse, são o melhor remédio para um jovem – e de fato, para todos. Graças a Deus, podemos nos alegrar com uma boa consciência, podemos usar os dons de Deus com ações de graça, porque Ele os criou com este propósito, e agrada Ele quando nós os usamos.

Nas palavras de Salmo 104.14,15, Ele faz crescer a relva para os animais e as plantas, para o serviço do homem, de sorte que da terra tire o seu pão, o vinho, que alegra o coração do homem, o azeite, que lhe dá brilho ao rosto, e o alimento que lhe sustém as forças.

Irmãos, a vida é boa. A vida, com todos os problemas causados por pecado, é boa, porque Deus é bom, e porque Ele tem sido bom para conosco, fazendo a vida significativo em Cristo. Portanto, tendo recebido este dom precioso, podemos concluir com as últimas palavras do mesmo salmo: “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR! Aleluia!”

Amém.

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Jim Witteveen

Pr. Jim Witteveen é ministro da Palavra servindo como missionário da Igreja Reformada em Aldergrove (Canadá) em cooperação com as Igrejas Reformadas do Brasil. Atualmente é diretor e professor no Instituto João Calvino.

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.