Leitura: Salmo 130, Isaías 65.1-7
Texto: Dia do Senhor 5
Congregação do nosso Senhor Jesus Cristo,
Passamos as últimas três semanas analisando profundamente a realidade de nosso pecado e miséria. Não é um tema agradável. E assim fazemos bem em lembrar das palavras que citamos quando tratamos os Dia do Senhor 2: “a coisa que mais precisamos ver está no lugar onde menos queremos olhar, porque é exatamente ali que não procuramos.” Precisamos ver a verdade terrível, feia e desconfortável do nosso pecado.
Precisamos vê-la agora porque a veremos no dia do julgamento, quer queiramos ou não. E então, não haverá mais desculpas. Na sala do trono de Deus, não há tribunal de apelação. Se Deus nos declara naquele dia: “Eu falei sobre seu pecado, eu o mostrei a você, eu o expus em minha Palavra, eu o preguei do púlpito sob o qual você estava sentado, mas você se recusou a reconhecer seu pecado e arrependa-se disso”, então não restará nada para qualquer um de nós dizer. Não vai adiantar discutir o “eu não vi, eu não sabia, por que tu não mandaste um anjo do céu para me avisar, etc.” Se não estivermos dispostos a ir agora aos cantos escuros de nossos corações, cavar fundo e expô-los à luz, permitindo que a Palavra de Deus descubra nossos motivos e fale a verdade em nosso autoengano – se não estivermos dispostos a faça isso agora, então acabaremos de toda maneira vendo tudo no dia do julgamento, quando não houver mais esperança de receber a graça de Deus.
Nesse processo, estamos removendo de nós mesmos todas as desculpas que podemos estar inclinadas a fazer, porque sabemos que elas não servirão para nada diante do trono de Deus. Estamos reconhecendo que são mentiras e estamos jogando-as fora.
- Então, no Dia do Senhor 3, lidamos com a pergunta: “Deus nos criou como pecadores?” Em outras palavras, será que tudo isso é culpa de Deus? “Deus, você me fez assim.” E vimos a realidade de que não, Deus não nos fez assim. Nós nos fizemos assim. Nosso pai e nossa mãe Adão e Eva fizeram a escolha de desobedecer a Deus. Sim, agora nós temos que lidar com as consequências da decisão deles—embora não devemos supor que nós teríamos feito diferente—mas em todo caso, não éa culpa de Deus. E de fato, quando nós pecamos, nós já sabemos muito bem de quem é a culpa: é nossa própria. Não podemos passar a culpa de nossos pecados a mais ninguém. São nossos pecados, nossas decisões, que fluem dos nossos corações.
- James 1:13–14: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.”
- Então, na pergunta 8, lidamos com a desculpa de que talvez nossos pecados não sejam tão ruins. Claro, ninguém é perfeito, mas ainda somos pessoas muito boas. E tivemos que encarar a realidade bíblica de que simplesmente não é assim que Deus nos vê. E a Sua opinião é a única que importa aqui. Vimos a avaliação de Deus em Gênesis 9: “a intenção do coração do homem é má desde a sua mocidade.” Ou, em Romanos 3, “não há ninguém que faça o bem, não, nem um.” Muitas vezes nós medimos nós mesmos por uma medida diferente daquela que Deus usa, mas isso não nos ganha nada no último dia.
- Então, na pergunta 9, lidamos com a desculpa de que não é justo que Deus nos castigue, porque depois da queda no pecado, não há uma alma na terra que seja capaz de guardar a lei de Deus perfeitamente. O que está dizendo, com efeito, que desde que nós caímos em pecado, Deus precisa mudar o Seu padrão perfeito e violar a integridade de Sua justiça para acomodar nosso pecado. E isso simplesmente não vai acontecer. É inútil.
- Gen. 2:17: “mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”
- Salmo 7:11: “Deus é justo juiz. Deus que sente indignação todos os dias.”
- Então, na pergunta 10, consideramos a possibilidade de que talvez Deus não vai nos punir. Talvez Ele possa passar por cima do nosso pecado. E a resposta é clara: abra a Palavra de Deus. Veja por si mesmo. Leia a história do dilúvio. Leia a história de Israel. Leia o livro do Apocalipse. Deus já derramou Seu julgamento na história muitas vezes, e cumpriu Sua Palavra, e Ele é inequivocamente claro em Sua Palavra que o fará novamente, no dia do julgamento, com um julgamento que durará para sempre.
- A pergunta 11 trata ainda da mesma objeção: mas Deus realmente nos punirá? Isto não viola a misericórdia dEle. Afinal, Deus não é amor? Mas isso simplesmente não é o que Deus nos diz. Sim, Ele é amor. É por isso que Ele nos criou, é por isso que Ele enviou Cristo para nos resgatar, e é por isso que Ele nos chama ao arrependimento. Isto é a misericórdia dEle. Mas Ele também é justo. Ele também é um fogo consumidor. Ele coloca um preço em nosso pecado, e é um preço que será pago. Ele deixa bem claro que no dia final, muitos pecadores serão lançados no inferno, e lá sofrerão em terrível agonia, dia e noite, por toda a eternidade, segunda a perfeita justiça de Deus. Podemos discutir sobre isso, mas, novamente, não adianta nada. Deus é o único que é justo. Todos nós, em virtude de nossa própria culpa e nossa própria queda, não estamos em posição alguma de questionar os padrões da justiça de Deus.
Assim, o catecismo tem nos ajudado a trabalhar com as muitas desculpas que nossos corações apresentam, e faz isso por nós para o nosso bem, porque essas desculpas não nos farão bem no dia do julgamento. Estamos em uma posição terrível, como pecadores com corações dominados pelo mal, odiando a Deus e hostis uns aos outros, e tendo que enfrentar a eternidade após uma curta vida aqui na terra.
E assim chegamos ao 5º Dia do Senhor. E a primeira coisa que queremos reconhecer é que o 5º Dia do Senhor começa com uma confissão. É bom para a gente ver isso aí mesmo na pergunta. Se tivermos feito uma busca honesta da Palavra de Deus, então é isto precisamos confessar: “Visto que, de acordo com o justo julgamento de Deus, merecemos punição temporal e eterna…” — Isso quer dizer: “Sim, confesso que os julgamentos de Deus são verdadeiros e justos.” Esta confissão é muito importante. Jamais passaremos nem do primeiro passo de lidar com nossas desculpas e argumentos até que estejamos (pela graça de Deus) prontos para confessar, sem reservas, que “eu mereço a morte na terra e o julgamento na eternidade. Deus é justo para me condenar. Sua avaliação de mim é correta. E Ele não faria mal nenhum se me lançasse no inferno e me deixasse lá para sempre”. Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso. É aqui que devemos começar. Vimos isso na semana passada na confissão de Davi no Sl 51:
Sal 51:4: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar.”
Quando, pela graça de Deus, somos capazes de fazer essa confissão, então o Dia do Senhor 5 começa a fazer a pergunta: o que devemos fazer então? Se abrimos a Palavra de Deus, Deus nos dá alguma esperança? Existe alguma saída?
– E também devemos notar aqui que na verdade existem duas coisas que estamos buscando. Não é meramente para evitar o inferno. Notem isto na pergunta 12. Talvez por causa do horror do inferno, é o pensamento do inferno que mais nos aflige. Mas a realidade é que precisamos de mais de que somente escapar do inferno. Não tem lugar neutro entre o céu e o inferno. Não tem a opção de desaparecimento na inexistência. Nossas almas são imortais. Viveremos a eternidade, em um dos dois lugares. Então, nossa pergunta não é apenas como podemos escapar do inferno, mas também como podemos ser recebidos novamente no favor de Deus? Fomos feitos para Deus: para conhecê-lo, amá-lo e viver com ele. Nossos corações nunca terão paz, exceto sob o amor de Deus. Então não basta somente fugir do inferno, a menos que também estejamos correndo para Deus. Os corações de homens e mulheres pecadores pensam que estariam perfeitamente contentes se pudessem simplesmente escapar Deus. Eles não desejam o amor de Deus, mas vivem aterrorizados com o julgamento de Deus: se ao menos pudessem se afastar completamente de Deus, então tudo ficaria bem. Mas não existe essa opção. Não há como fugir de Deus. Mesmo no inferno, Deus está presente, em terrível julgamento eterno.
Então, se, pela graça de Deus, somos capazes de ouvir Sua palavra e confessar que Seus julgamentos são justos, então nosso clamor não é apenas para sermos libertos do inferno, mas para sermos restaurados ao favor e amor de Deus.
Esse é o foco deste Dia do Senhor. Ele faz a pergunta, há alguma esperança?
Queremos começar lidando com algumas falsas esperanças. É aqui que entra a religião mundana. Assim, como nas últimas semanas, ainda temos algumas opções que precisamos remover da mesa porque não são opções reais.
Religião
Uma opção que está apresentada pela maioria das religiões do mundo – de uma forma ou de outra – é que podemos ainda resolver isso por nós mesmos. Podemos de alguma forma pagar a dívida por nós mesmos e ganhar a aprovação de Deus. Essa crença se baseia em duas mentiras fundamentais com as quais já lidamos.
(1) Uma mentira é que nosso pecado não é tão ruim. É tratável ainda. É uma dívida pequena, e não somos tão corruptos dentro de nós mesmos que não possamos pagá-la se nos esforçarmos.
Isso soa muito piedoso: “vou me esforçar e fazer o que agrada a Deus e consertar as coisas.” Mas não é piedoso não. Não há nada de piedoso nisso porque está minimizando nosso pecado e nossa condição, e fingindo que nossos pecados não são o que Deus diz que são, esperando que possamos forçar a mão de Deus dando um pequeno pagamento simbólico. Na verdade, muitas vezes nós encontramos a mesma coisa em criminosos ou abusadores que tentem dar alguns pequenos passos simbólicos para pagar seus pecados—tipo, “eu vou buscar aconselhamento”; “eu vou começar ir pra igreja”; “eu vou jogar fora meu computador”; “eu vou pagar um valor pra a igreja”—como se fossem capazes de desfazer o que foi feito e, portanto, devem ter outra chance. É minimizar o nosso pecado. Vou à igreja, rezo cinco vezes por dia, faço uma peregrinação a Meca, ofereço sacrifícios, doo dinheiro a uma catedral —qualquer que seja a oferta simbólica — é acreditar que nosso pecado não é grande coisa diante de Deus. E é uma mentira.
A outra mentira por trás desta abordagem religiosa é que (2) Deus não precisa ser justo. Deus não precisa punir meu pecado. Já tratamos desta também. A ideia é que, se eu fizer boas obras suficientes, elas simplesmente equilibrarão as coisas ruins que fiz. Isto não somente implica que as coisas ruins não pesam tanto (dá pra ver o quão pouco eu peso meus pecados pelo tão pouco que eu acho que preciso fazer para compensá-los), mas também estou sugerindo que eles podem simplesmente ser ignorado se houver algo bom para equilibrá-los. Mas não é assim que a justiça de Deus funciona. Mesmo se fosse possível “equilibrar” suas más ações com boas ações, isso ainda não eliminaria as más ações. Se você fizesse tudo de bem de agora em diante, isto seria apenas o seu dever, e não retiraria o mal que você já cometeu. Deus coloca um preço em nosso pecado. “O salário do pecado é a morte.” “No dia em que dele comeres, morrerás” – Gn 3. O pecado não é desfeito pela prática de algo bom. (Se eu matar uma pessoa e salvar a vida de duas outras pessoas, ainda sou um assassino e ainda vou ser responsabilizado. É assim que a justiça de Deus funciona. Não importa quantas coisas boas nós temos feito, nenhuma destas vai pagar pelo pecado e mal que fizemos. E em fim, nós já vimos na Palavra de Deus que não tem nem como chegar perto de equilibrar a balança.)
Mas é exatamente assim que a religião humana funciona. Ela se baseia na ideia de que nossas ações boas e más podem ser pesadas contra umas às outras, e equilibrar umas às outras. As religiões do mundo identificam certas boas ações que, se você as fizer, podem ser contadas contra suas más obras e contribuir para o seu carma ou sua posição diante de Deus. Mas não é assim que a justiça de Deus funciona. Então a mentira por trás de religião humana não é somente que seus pecados são tratáveis, mas também que as boas obras contam contra as más, o que não temos razão para supor na justiça de Deus.
Esse tipo de religião exige que ignoremos a seriedade de nosso pecado e o quebrantamento de nossa condição. Ele responde ao problema do pecado redefinindo o pecado e propondo um sistema de boas obras criado pelo homem que acaba reduzindo a lei de Deus a alguma coisa que nós somos capazes pra fazer. Então, se você fizer um certo número de orações por dia, fizer algumas peregrinações, doar uma certa quantia de dinheiro, banhar um ídolo com leite – seja o que for – essas “boas ações” agora contarão como bondade suficiente para cobrir sua dívida. É uma religião feita pelo homem. E esta mentalidade surge rapidamente dentro do cristianismo também: pessoas que acreditam que porque vou à igreja, pago meu dízimo, leio minha bíblia e oro antes das refeições, posso me considerar uma pessoa “boa” diante de Deus. É auto-ilusão. Deus olha para sua vida, vê você como você é, conhece seu coração e as luxúrias e males que existem lá, e o pecado do qual você é capaz, e Deus declarou, repetidamente, que você é um pecador. Você não é bom em se mesmo. Suas boas ações – mesmo que estivessem livres de quaisquer motivos ímpios, o que não são, nem chegam perto de “equilibrar a balança”. Nem pode ser equilibrada. A religião feita pelo homem – a justiça pelas obras – é uma ilusão. É uma mentira. E é uma ofensa a Deus.
Mas é exatamente assim que a maioria das pessoas no mundo vive. Vivemos em nosso pecado, e quando nossa culpa se acumula a tal ponto que começamos a nos sentir desconfortáveis em nossa consciência, então oferecemos alguma boa obra simbólica para aliviar nossa consciência. Doamos para uma caridade ou doamos um dinheirinho para os mendigos da rua, e voltamos a sentir que somos pessoas boas. Encontramos alguma boa obra simbólica, e acalmamos nossas consciências até não nos sentirmos mais mal, e então continuamos em nosso pecado até a próxima vez.
Então, novamente, o primeiro passo do arrependimento é submeter-se ao justo julgamento de Deus. A religião feita pelo homem não é arrependimento. É ímpio e mau. É levantar-se diante da face de Deus e declarar: “Deus, eu julgarei a gravidade de minha condição e eu determinarei o que é suficiente para pagar minha dívida. Eu serei o juiz do meu coração e da minha vida, e eu decidirei o que é certo e o que é errado.” Embora a religião feita pelo homem possa se expressar em todos os tipos de “boas” ações e expressões piedosas de devoção religiosa, ela é má e perversa em sua essência, e é um ato de rebelião contra o Deus Criador, cuja opinião é a única que importa, e que nos avisa que nossa condição é muito mais séria do que pensamos.
É por isso que lemos em Isaías 65. Deus declara no versículo 1:
“Fui buscado pelos que não perguntavam por mim; fui achado por aqueles que não me buscavam; a um povo que não se chamava do meu nome, eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui.”
Agora, a aplicação neste capítulo é realmente dirigida contra Israel, mas os mesmos princípios se aplicam a toda a humanidade. O que Deus está dizendo é que, apesar de todas as religiões do mundo, a humanidade não está realmente buscando a Deus. A religião é um estratagema, uma farsa, um falso em busca de Deus, que segue os movimentos, mas não se importa com o que o verdadeiro Deus pensa. E é rebelião:
Versículo 2: Is. 65:2: “Estendi as mãos todo dia a um povo rebelde, que anda por caminho que não é bom, seguindo os seus próprios pensamentos.”
O problema não é que essas pessoas não são religiosas. Eles sim seguem uma religião. Mas é algo que eles inventaram.
Deus identifica esta religião inventada no versículo 3:
“povo que de contínuo me irrita abertamente, sacrificando em jardins e queimando incenso sobre altares de tijolos…”
Então aqui temos uma imagem desta religião. O sacrifício em jardins e em tijolos refere-se à prática em Israel de oferecer sacrifícios nos altos, algo que aconteceu ao longo da história de Israel após o tempo de Salomão, por séculos, embora Deus o condenasse repetidamente.
Então entenda a natureza da religião feita pelo homem. Você pode olhar para isso e dizer: “como Deus pode condenar uma religião tão piedosa e devota?” Olha como essas pessoas são sinceras. Encontrar jardins tranquilos, fazer sacrifícios, oferecer orações…Pelo menos estão orando, né? Como Deus pode condenar isso?
Mas pensem do outro lado. Se Deus disse, por séculos, que esta não é a adoração que ele deseja, e você responde a Ele, “bem, esta é a adoração que Tu receberás, então fiques satisfeito”, não importa o quão piedoso você seja. É rebelião. E assim Deus declara: “eles me provocam continuamente na minha face”. Eles podem ser tão piedosos e religiosos quanto quiserem, mas é uma provocação a Deus.
Deus continua no versículo 4:
“que mora entre as sepulturas e passa as noites em lugares misteriosos; come carne de porco e tem no seu prato ensopado de carne abominável;”
Agora, o povo de Israel provavelmente não estava comendo literalmente carne de porco, porque isso era impuro, e era uma das poucas partes da lei de Deus que eles realmente guardavam. Mas o ponto que Deus está fazendo é, no que diz respeito a Deus, poderia bem ser carne de porco, porque de toda forma essa religião feita pelo homem é impura. Seus atos de adoração estão contaminados pelo pecado. A própria adoração está aumentando sua dívida.
E ouça o próximo versículo, porque isso é incrível. Ouça o que Deus declara que essas pessoas estão efetivamente dizendo por sua insistência em seguir suas próprias religiões:
Versículo 5, eles dizem (falando para Deus): “povo que diz: Fica onde estás, não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu.”
Aqui Deus expõe o fundamento da religião humana. Está dizendo: “Deus, Tu não tens o direito de falar comigo. Tu não tens o direito de se dirigir a mim ou me corrigir. Tu não tens o direito de se aproximar de mim. Na verdade, Deus, eu sou santo demais para tu te aproximar de mim. Tú, Deus, é o único com o problema. Cuides da sua vida e mantenhas distância, para Tú não me tornes impuro”. Isto é o que a religião humana declara a Deus. Ela cospe no rosto de Deus e se considera santo demais e religioso demais para Deus.
É por isso que, quando o Senhor Jesus veio, os fariseus se uniram aos saduceus e aos sacerdotes no templo, e crucificaram e mataram o Senhor Jesus. Eles estavam comprometidos demais com sua religião para ouvir a Deus e, na visão deles, Jesus estava estragando sua prática de religião.
Esta é a religião feita pelo homem. Este é o retrato honesto da tentativa do homem de reescrever as contas e pagar sua dívida diante de Deus em seus próprios termos. E é um insulto a Deus. Versículo 7:
“…Os quais queimaram incenso nos montes e me afrontaram nos outeiros; pelo que eu vos medirei totalmente a paga devida às suas obras antigas.”
A justiça de Deus está chegando, de uma forma ou de outra, quer a reconheçamos ou não, mesmo que nós consideremos nós mesmos muito religiosos ou muito bons ou bons demais para Deus nos julgar. Nada disso conta diante do Deus que nos julga corretamente – na verdade, conta como mais pecado e dívida.
Quando o Senhor Jesus falou sobre nossa dívida para com Deus, ele usou a parábola de um homem que devia a um rei 10.000 talentos. Um talento era aproximadamente 20 anos de salário para o trabalhador médio. Então, estamos olhando para o salário de 200.000 anos. Uma dívida impagável, mesmo se você fosse capaz de pagar alguma coisa sem acrescentar mais dívidas ainda. Mas a religião, a piedade e a justiça das obras feitas pelo homem só aumentam essa dívida, pois cospe na face de Deus.
Então, onde isso nos deixa? Há outras coisas que podemos tentar. O catecismo joga fora a ideia de talvez alguma outra criatura pagar essa dívida por nós. Foi assim que alguns judeus entenderam erroneamente o sistema sacrificial. Eles acreditavam que os touros, ovelhas e bodes que eles sacrificavam a Deus de alguma forma levariam seus pecados por eles, embora isso obviamente não fosse a intenção de Deus. Heb. 10:4: “porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.”
Então, onde isso nos deixa? Seria absurdo eu agora instruir vocês, meus irmãos, a ir pra casa e agora começar obedecendo a Deus, levando a sério sua religião, lê mais suas bíblias, orem mais a Deus, irem mais à igreja, etc. Se você fizer isso com o propósito de pagar sua dívida e aliviar sua consciência e se sentir uma pessoa mais moral, é uma ofensa grave diante de Deus.
Então, onde isso nos deixa? Isso nos deixa com nada além de correr para o próprio Deus e orar por Sua misericórdia; para Ele fornecer uma saída que não podemos fornecer para nós mesmos. E é para lá que iremos na próxima semana. Sl 130:3-6:
Psa. 130:3–6: “Se observares, Senhor, iniquidades, quem, Senhor, subsistirá? Contigo, porém, está o perdão, para que te temam. Aguardo o Senhor, a minha alma o aguarda; eu espero na sua palavra. A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã. Mais do que os guardas pelo romper da manhã.”
Não há razão para que Deus tenha que nos dar uma saída. Ele não deve isso a nós.
Mas tal é a misericórdia de Deus, que Ele nos deu em Jesus Cristo. O próprio Deus veio à terra na pessoa de Jesus Cristo, para ser um de nós, para que Ele possa estar em nosso lugar, para viver a vida perfeita que nós deveríamos ter vivido, e morrer a morte que nós merecemos morrer, para ser o mediador entre nós e Deus, e nos dar o dom do perdão que nunca poderíamos obter para nós mesmos.
Irmãos, há apenas uma esperança, e Deus não deve isso a nós. Corra para o salvador que Deus enviou. Confesse que seus pecados são realmente incontáveis, mais do que os cabelos de sua cabeça, e graves aos olhos de Deus. Confesse que Seus julgamentos são perfeitos e justos. Confesse seus pecados, e coloque-os diante do trono de Deus, e não retenha nada. E então lance se mesmo em Sua misericórdia em Jesus Cristo, porque assim como Seus julgamentos são corretos e Suas advertências são extremamente sérias, também Suas promessas, que nos são dadas em Cristo, são verdadeiras e certas, e Ele jamais levará-las de volta. John 6:37: “Todo aquele que o Pai me dá, declarou o Senhor Jesus “esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.” “Vinde a mim, todos os que estais cansados, e eu vos aliviarei.” Is. 55:6–7: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.”
Jonathan Chase
O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020.
© Toda a Escritura. Website: todaescritura.org.Todos os direitos reservados.
* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.