Leitura: Romanos 1.18, 2.5
Texto: Dia do Senhor 4
Irmãos e irmãs em nosso Senhor Jesus Cristo
As primeiras palavras do nosso texto nos dizem que a ira de Deus é revelada contra toda impiedade e injustiça dos homens. Mas a maioria das pessoas não concordaria com isso. Em meu país do Canadá recentemente foi feito um estudo mostrando que mais da metade dos canadenses acreditam no paraíso, mas menos de um terço deles acreditam no inferno. De onde vêm essas idéias? As chances são de que a maioria deles nunca tenha raciocinado, mas é uma crença confortável de ter.
Entre esta terceira parte dos canadenses que têm visto o suficiente mal neste mundo que eles acreditam no inferno, ainda a maioria deles estão convencidos de que eles não são suficiente pecadores para merecerem o inferno. A maioria das pessoas – e não importa se são a pessoas “religiosas” com histórico bonito, ou estudantes universitários, ou bandidos na cadeia – a maioria das pessoas que chegam a acreditar no inferno ainda acham que ele existe para pessoas que são um grau ou outro pior do que elas mesmas . Então eles dizem algo como “Bom, eu não sou perfeito, mas quem é? Eu não acho que Deus me mandaria para o inferno, porque há pessoas que são muito piores do que eu. O inferno é para essas pessoas.
E se formos honestos, temos que confessar que esse pensamento existe na igreja também.
Então pergunto, de onde as pessoas tiram essa ideia? O que faz alguém pensar que nós qualificamos como “a média da moralidade” ou um pouco melhor que a média, e por isso Deus não puniria pessoas comuns como nós? É incrível, mas a realidade é que a maioria das pessoas estão dispostas a acreditar nisso sem nunca consultar as próprias Escrituras … simplesmente porque elas não gostam da idéia de um Deus que coloca um preço em seus pecados . Mas, então, devemos nos perguntar: quantas vezes é que a realidade simplesmente corresponde ao que gostaríamos de ser verdade? Podemos fazer alguma coisar se tornar realidade simplesmente porque desejamos que fosse verdade? Obviamente, a resposta é não. Mas então, porque nós nos iludimos com estas questões mais importantes, que tem consequências para nossa vida eterna? O que temos a ganhar nos enganando sobre isso? A vida ou morte eterna está em jogo.
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O texto da palavra de Deus quer acabamos de ler é bastante claro. Ele nos diz que a ira de Deus “é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade em injustiça”. Assim, de acordo com as Escrituras, Deus não faz exceções. Ele não está marcando as notas numa curva, dando consideração ao fato de que existem pessoas piores do que nós. Deus não opera assim. Ele nos adverte agora, que punirá toda impiedade e injustiça. Ele coloca um preço em todo pecado.
Então, nesta manhã, eu prego para vocês a Palavra de Deus, conforme também resumimos em nosso catecismo, com o seguinte tema: Em Sua justiça , Deus castiga o pecado. Veremos primeiro que Ele tem todo o direito de puni-lo. Então, vamos olhar honestamente para a verdade bíblica que Ele definitivamente irá puni-lo . Finalmente, veremos que, por causa de Sua justiça, Ele tem que puni-lo. E embora este seja um assunto pesado, certamente terminaremos com algumas palavras de esperança.
1. Deus tem todo o direito de punir o pecado.
Deixe-nos lidar primeiro com a idéia de que “ninguém é perfeito”, o que as pessoas dizem, e pelo qual elas querem dizer: “Deus não pode esperar que eu seja perfeito (já que ninguém é), e Ele não pode me punir se eu falhar de vez em quando.” Essa é a mesma idéia que o catecismo coloca com a pergunta: “Deus não faz injustiça ao homem exigindo em Sua lei o que o homem não pode fazer?” Se ninguém consegue viver segundo o padrão de Deus, é realmente justo que Deus me puna por não alcança-lo?
Pra dizer de outra maneira, É certo que Deus nos julgue segundo um padrão que ninguém alcance?
As Escrituras ensinam que sim, Deus tem todo o direto de nos julgar assim. Deus se recusa a fazer exceções para nós porque, por natureza, fomos criados capazes de manter sua lei. Adão e Eva foram criados à imagem de Deus, e Deus nos diz em Gênesis 1 que eles foram criados bons . “Deus viu tudo o que Ele fez e eis que foi muito bom”.
Agora poderíamos entrar em uma discussão filosófica sobre de onde veio o mal veio – de onde vêm minhas más decisões, o que acontece dentro da minha vontade quando eu vou fazer alguma coisa – esse tipo de pergunta, mas isso não importa. Criminosos fazem esse tipo de pergunta – “quem será que eu posso culpar pelas decisões que eu fiz? Como eu posso me tornar a vítima?” Mas esse tipo de raciocínio não trará benefício a ninguém no último dia. Deus não se deixa escarnecer.
O que precisamos entender é que quando Satanás tentou Adão e Eva, eles foram perfeitamente capazes de resistir e escolheram para pecar. Quando eles seguiram o conselho de Satanás, eles mesmos, por sua livre e espontânea vontade, deliberadamente escolheram ir contra a vontade revelada de Deus, e assim permitiram o mal entrar em seus corações, e corromperam toda a sua natureza. E, como seus descendentes, todos nós agora nascemos com a mesma natureza pecadora; os pecadores geram pecadores.
Então, quando dizemos “Ei, ninguém é perfeito”, o que estamos dizendo é que Deus vai ter que mudar seus padrões, porque nós agora não somos capazes a alcançá-los, por causa do pecado de nossos primeiros pais. E isso é uma grande suposição e uma suposição errada. O mal continua a ser o mal, e Deus não vai – de fato, ele não pode – chamar o mal de algo diferente simplesmente porque todos nós temos sido corrompidos.
Além disso, quando dizemos “Ei, ninguém é perfeito”, nós tratamos o nosso pecado como algo menor do que realmente é. [PAUSA] Ou quando dizemos “eu nasci assim, não tive escolha”, estamos afirmando que nosso pecado é de algum modo diferente do de Adão e Eva. Como se eles escolhessem pecar, mas nós não faríamos o mesmo. Mas isso não é a verdade completa. Sim, nós caímos no pecado por causa deles; mas, como Adão e Eva, no final do dia, nós sabemos muito bem o que é certo, e nós mesmos escolhemos a não fazê-lo. Ninguém nos força a pecar. É isso que Paulo enfatiza em Romanos 1. Versículo 21: “porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.” Nós conhecemos o Deus verdadeiro, e portanto, conhecemos o que é certo diante dEle, e escolhemos a não fazê-lo. Nosso vício pelo pecado não nos desculpa. E mesmo que nossas consciências não estejam mais funcionando como deveriam, e não nos perturbem mais como deveriam, isso é somente porque nós as fizemos ficar calejadas por nossa própria vontade deliberada de pecar.
Portanto, não ganhamos nada se culpamos os nossos primeiros pais, Adão e Eva, por nossa condição. O certo e o errado são igualmente claros para nós como eram para eles, e, assim como eles, nós mesmos escolhemos não fazer o que é certo e, em vez disso, fazer o que está errado. Então a estratégia de apontar para a origem de nossa pecaminosidade para nos desculpa não fará nada para tirá-la ou torná-la menos ofensiva a Deus.
De fato, vocês bem sabem disso – a maioria dos criminosos, bandidos, abusadores, traficantes, pais negligentes ou ausentes — podem falar sobre várias influências que os levaram a ficar do jeito que são. Por isso muitas vezes eles são chamados “vitimas da sociedade.” E de fato, por um lado isto é verdade. Os violentos muitas vezes foram maltratados em casa. Os abusadores muitas vezes foram abusados fisicamente ou sexualmente. Os traficantes muitas vezes são pressionados por outros a se juntarem a suas gangues. Mas nada disso tira sua culpa em fazer as decisões que eles fizeram. O seu pecado pertence a eles. Cada um de nós é responsável por nosso próprio pecado.
Podemos ver Adão e Eva usando o mesmo tipo de desculpa, se olharmos para Genesis 3. Adão culpou Eva por seu pecado (e, em certo sentido, ele está certo: Eva pecou contra ele, dando o fruto para ele). E ela, por sua vez, aponta para Satanás (e, em certo sentido, ela também estava certo: Satã pecou contra ela por enganá-la). No entanto, todos os três tomaram uma decisão deliberada de pecar, e vemos que Deus responsabiliza os três – todos os três levam uma maldição por seus próprios pecados.
Assim, podemos culpar Adão e Eva, ou nossos pais, ou outra pessoa por nossa pecaminosidade, mas isso não nos ajuda nada – Deus não nos fez assim , e toda vez que pecamos, fazemos a mesma escolha que Adão e Eva fizeram. Sim, nos tornamos viciados em pecado. A saída do pecado se torna mais difícil, e até impossível. Sim, nossas naturezas são profundamente corrompidas. Mas isso não significa que as nossas escolhas não são mais nossas. Se reconhecermos a culpa de Adão e Eva, também temos que reconhecer nossa própria culpa.
Então, Paulo, quando ele começa a descrever a condição do mundo, ele não se concentra em uma discussão filosófica sobre onde o pecado começou, mas ele fala sobre qual é a nossa condição hoje. Ele descreve isso no versículo 28 e seguintes:
Rom. 1:28–32: “E assim como eles rejeitaram o conhecimento de Deus, Deus, por sua vez, os entregou a um sentimento depravado, para fazerem coisas que não convêm; estando cheios (observe, ele está falando sobre como as coisas estão agora , estando cheias até agora) de toda a injustiça, malícia, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, dolo, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pais; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, sem misericórdia; os quais, conhecendo bem o decreto de Deus, que declara dignos de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que as praticam.”
Nós sabemos , Paulo diz, o justo julgamento de Deus que aqueles que fazem tais coisas merecem a morte. Podemos talvez não gostar do justo juízo de Deus, e podemos decidir que não concordamos com Ele — como se isso nos ajudasse no dia final — mas uma coisa não podemos: não podemos dizer que não sabíamos o bem e o mal.
Porém, à parte da graça de Deus, nós não apenas continuamos a fazer essas mesmas coisas (Paulo diz), mas até mesmo aprovamos aqueles que as praticam.
Então, a desculpa: “Ei, ninguém é perfeito” não nos ajuda nada. Não faz diferença que ninguém é perfeito. Todos sabem o que é certo e escolhem a não fazê-lo. Não importa quem tenha pecado primeiro para que as coisas terminem assim, o que importa para Deus é quem nós somos agora, e o que nós mesmo fizemos. Não importa quantos outros cometam os mesmos pecados, nós teremos que responder a Deus por nossos pecados—não pelos pecados deles. Ele não vai abaixar seus padrões perfeitos de justiça, mesmo que cada pessoa que já vive fique aquém do alcance deles. Ele tem todo o direito de punir seus pecados. E ele certamente vai puni-los.
2. Este é o nosso segundo ponto: que Deus certamente punirá o pecado.
A realidade é que a maioria de nós já sabemos disso. Até mesmo os descrentes sabem disso, quando eles encontram injustiças horríveis – eles falam de “karma” ou de algum conceito etéreo de justiça -, afirmando que as pessoas sempre receberão o que merecem. Então somos capazes a julgar estas coisas muito bem em relação aos pecados de outras pessoas, mas somos muito habilidosos em evitar as mesmas conclusões em relação aos nossos próprios pecados.
Assim, Paulo diz no capítulo 2 versículo 2: “Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade, contra os que tais coisas praticam.” Sabemos que Deus julgará e que certos pecados merecem o castigo de Deus na vida vindoura.
Mas, Paulo diz em versículo 3: “E tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?” A palavra de Deus é profundamente incisivo, e, se formos honestos, sabemos exatamente do que Paulo está falando. Demonstramos todo o tempo que sabemos perfeitamente bem que existe uma lei moral neste universo e que certas coisas são erradas. Toda vez que nós condenamos alguém, servimos de testemunhas de que existe um certo e um errado, e que essas categorias não são nossas para decidir.
E ainda assim, muitas vezes agimos como se estivéssemos acima da lei. Quando se trata de nós, assumimos o papel de legislador, juiz e júri; e de repente aparecem mil razões pelas quais não devemos ser culpados por nossos “erros.” Pessoas tão tolas que somos, para supor que podemos nos absolver da justiça de Deus! Quem somos nós , para presumir que a nossa opinião contará qualquer coisa no tribunal de Deus? Esquecemo-nos de que estamos apenas meros homens, como Paulo nos lembra no versículo 3. Não fazemos a lei; a lei já foi feita, e nós estamos debaixo dela . Então novamente Paulo nos pede no versículo 3: “E você pensa assim, ó homem , você que julga aqueles praticando tais coisas, e fazendo o mesmo, que você escapará do julgamento de Deus?” Não, nós não iremos. Não há tribunal de apelação na sala do trono de Deus, porque os Seus juízos já são perfeitamente justos e não precisam de nossas opiniões para aperfeiçoá-los.
O ponto é este: a menos que nos acostumemos agora , nesta vida, a nos silenciar diante de Sua Palavra e Seus julgamentos, nos encontraremos, no último dia, sendo silenciados por Ele ao futilmente oferecer as nossas opiniões para ele sobre como ele deve nos julgar. Viver dessa maneira agora é apenas armazenar ira contra nós mesmos, quando seus julgamentos justos serão revelados no ultimo dia.
E a ira de Deus é terrível de fato. É tanto terrível quanto eterno. Em Mateus 13, o Senhor Jesus – (que, a propósito, fala mais sobre o inferno do que qualquer outra pessoa na Bíblia) – ele nos diz que, no fim dos tempos (Mt. 13:41–42): “Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes.” Em outros lugares, Jesus também descreve o inferno como uma experiência de trevas exteriores. Extrema solidão e distância de Deus e outras pessoas. Em Apocalipse, é descrito como tão terrível que todos os que o enfrentam anseiam pela morte … pelas pedras para esmagá-los. Em outro lugar, é comparado a um lago de fogo.
Além disso, é eterno. Jesus adverte seus discípulos no sermão do monte: “Se a tua mão te faz pecar, corta-a. É melhor você entrar na vida mutilado do que com as duas mãos ir para o inferno, onde o fogo nunca se apaga. E se o teu olho faz te pecar, arranque-o. Melhor é para entrar no reino de Deus com um olho do que ter dois olhos e ser lançado no inferno, onde “seu verme não morre, e o fogo não se apaga”. Novamente, em Apocalipse, lemos: “A fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre. Não há descanso dia ou noite para aqueles que adoram a besta e sua imagem, ou para qualquer um que receba a marca de seu nome.” Não há noção alguma de que alguém possa eventualmente pagar sua saída. Não há fim para o sofrimento. Após anos sem fim, está apenas começando.
Esta é a visão honesta da ira de Deus contra o pecado, que Ele nos fala em Sua própria palavra. Este é o justo julgamento de Deus pelo pecado, e estamos certos de que este julgamento virá como resultado do nosso pecado. A Palavra de Deus não é ambígua nem incerta. Ela deixa isso bem claro. Como o nosso catecismo nos ensina, “Ele está terrivelmente irado com nosso pecado original, bem como com nossos pecados atuais. Portanto, ele irá puni-los por um julgamento justo agora e eternamente.” “Por causa de sua justiça, Ele não permitirá que tal desobediência e apostasia fiquem impunes.”
3. Deus tem que punir o pecado
Este é o nosso terceiro ponto, que Deus tem que punir o pecado.
É algo que muitos de nós nos perguntamos: por que Deus precisa punir o pecado? Considerando o quão terrível é o castigo, por que ele não pode passar por cima do nosso pecado?
A resposta tem a ver com a justiça de Deus. A justiça de Deus é um dos seus atributos essenciais, isto é, que faz parte de quem Ele é, e Ele não pode violar sua justiça sem violar Seu próprio caráter essencial. Seria contra sua própria natureza deixar a injustiça em paz.
E já que somos feitos na imagem de Deus, temos algum senso dessa justiça. Sabemos que seria errado deixar a violência e o abuso impunes, ou recusar-se a punir genocídio e semelhantes crimes. Já que somos feitos na imagem de Deus, sabemos que isto violaria a dignidade humana para ignorar essas coisas ou permitir que essas pessoas andassem livres. Vemos muito bem esta revolta em nossa sociedade por causa dos criminosos que andam soltos depois de pouco tempo. Então, como nós já vimos Paulo dizendo: “nós sabemos que o julgamento de Deus é de acordo com a verdade contra aqueles que praticam tais coisas”. Sabemos que tais coisas não são apenas um mal “relativo” – ou seja, o que é certo para você é certo para você e o que é errado para você é errado para você – mas verdadeiramente mal, não sujeito às nossas opiniões subjetivas, e merecedor de punição.
Ao mesmo tempo, depois da queda no pecado, esse senso interior de justiça foi profundamente corrompido. Não queremos andar por aí sabendo que o julgamento de Deus contra nossos pecados é justamente merecido. Então, todos consideram que as pessoas que merecem o julgamento de Deus são pessoas realmente más – em algum lugar pior do que elas mesmas -, mas que não seria justo se Deus punisse os nossos pecados. Isso é parte do que Paulo se refere em Rom 1.18 quando ele fala sobre “homens que suprimem a verdade por sua maldade”. Assim, reconhecemos o mal absoluto nos outros, mas depois falhamos em ver a mesma coisa em nós mesmos. Como quase todos os criminosos já condenados, insistimos que a punição é mal servida ou desproporcional ao crime. É natural que sentimos que Deus deveria ignorar o pecado – porque nós somos os pecadores. Como pecadores e devedores da punição, temos um senso de justiça profundamente torcidos. Mas, também, como qualquer criminoso, não estamos em uma boa posição para questionar o julgamento de Deus.
Mas então, vamos empurrar a questão ainda mais. Será que a punição é desproporcional ao crime? Será que uma eternidade de sofrimento é uma punição apropriada por apenas uma vida de pecado?
A única resposta que podemos levar das Escrituras é sim. Como já vimos, Deus declarou que o pecado é merecedor de morte eterna, e aqui está a coisa: O julgamento dEle é o único que vale. Ele não apenas é o Criador, mas também é o único que não é culpado de pecado – o que significa que Ele é o único qualificado para fazer esse julgamento. Como seres humanos caídos, não estamos mais sensibilizados para a gravidade do pecado cometido contra a majestade de Deus. Ele nos diz que o nosso pecado merece a morte eterna, e nós podemos ou resistir – e tentar corrigir os julgamentos justos de Deus em nossos próprios cérebros caídos – ou aceitá-lo, e olhar para Ele para uma salvação deste julgamento.
E é assim que vamos terminar o sermão hoje. O que faremos com o conhecimento de nossa culpa e merecimento do julgamento de Deus? Existe apenas uma coisa que podemos fazer, que é olhar seriamente para Deus por uma maneira de sermos reconciliados.
Se as Escrituras são claras sobre a ira de Deus, são igualmente claras sobre o fato de que Cristo foi mandado como o único salvador, que suportou a ira total de Deus por nós para que pudéssemos ser restaurados a Ele. De modo que todo aquele que verdadeiramente reconhece o julgamento justo de Deus contra nós e se submete a Ele como o Juiz perfeito, pode também olhar para Ele por misericórdia.
Isso significa que precisamos confessar nossa pecaminosidade e nos submeter aos julgamentos de Deus. Se não nos submetamos a esses julgamentos, ou se temos reservas ou contra-argumentos guardados em nossos corações (caso precisemos deles mais tarde), então, biblicamente falando, ainda não nos arrependemos e não podemos dizer que estamos verdadeiramente confiando em Sua misericórdia.
Em vez disso, nossa resposta deveria ser como a de Davi no Salmo 51: “Contra ti, contra ti somente, pequei, e fiz o que é mau diante dos teus olhos; de sorte que és justificado em falares, e inculpável em julgares.” Essa deveria ser nossa confissão. O arrependimento começa em reconhecer o julgamento justo de Deus contra nós. Não podemos acreditar em Cristo e, ao mesmo tempo, ter argumentos reservados sobre a justiça de Deus se for nos condenar. Nós não podemos crer em Cristo e ainda não estar dispostos a confessar a Deus que “Tu es absolutamente certo em nos condenar, e não faria mal algum se Tu nos colocasses no inferno agora mesmo – e nos deixasses lá para sempre.” O caminho à misericórdia de Deus começa com um reconhecimento honesto da justiça de Deus em nos condenar.
Nesta quinta-feira passada, teve um homem nos estados unidos que foi executado pelo estado por um homicídio que ele cometeu em 1988. Talvez vocês tenham visto isso nos jornais. Embora este homem confessou seu envolvimento (já tinha provas incontestáveis), ele fez de tudo para evitar a pena de morte. Passou 30 anos no sistema, lutando contra, em vez de se submeter à justiça de Deus, que Deus mesmo instituiu para ser feito por meio da esposa do governo. E até mesmo na última hora, em suas últimas palavras ele pronunciou que a “humanidade retrocedeu” ao permitir a execução, e ele tentou segurar sua respiração para causa uma cena e talvez interromper o processo.
Irmãos, o verdadeiro arrependimento é uma mudança de coração, com a aceitação das consequências aqui na terra e uma submissão e entrega a justiça de Deus, buscando apenas sua misericórdia e perdão. Infelizmente, este homem não demonstrou isso até onde podemos ver.
E o mais triste e culpado neste sentido é o seu pastor capelão, que o encorajou em todo este processo a resistir a tentar bagunçar o sistema para que a execução não ocorra. Em vez de pastorear a alma deste homem e prepará-lo para estar diante do seu Criador com coração limpo, ele o afirmou em sua rebeldia. E ele certamente terá que prestar conta a Deus por isso.
Se reconhecemos os nossos pecados e a justiça de Deus em nos condenar, então nós também podemos correr para Cristo, o Salvador que Ele mesmo nos deu. E Cristo prometeu tão claramente que todos os que se viram para ele em arrependimento honesto e confiança, não enfrentarão a ira de Deus que ele ou ela merece, porque Cristo mesmo já foi lá em nosso lugar e pagou o preço total pelos nossos pecados. Assim, Ele nos chama, em João 7:37: “Se alguém tem sede—[isto é sede para a justiça e amor de Deus]—venha a mim e beba.” Ele nos promete: “Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e todo aquele que vem a mim, Eu jamais expulsarei.” Como o apóstolo João escreve em 1 John 1:8: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.” Mas “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” “Temos um advogado com o Pai – Jesus Cristo, o Justo. Ele é o sacrifício expiatório pelos nossos pecados.” Então, coloquemos toda a nossa esperança Nele, não retendo nada, porque Suas promessas são verdadeiras e seguras, e nEle está toda a justiça e salvação de que precisaremos. Todos os que o Pai deu a Ele virão a Ele, e os que vem a Ele, ele jamais os expulsará. Então, confessem seus pecados a Ele e uns aos outros, arrependam-se do coração, e voltem-se para Ele novamente.
Jonathan Chase
O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.