Dia do Senhor 3

Leitura: Gênesis 4, Romanos 1.18-32
Texto: Dia do Senhor 3

Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo,

Esta é a segunda semana em que estamos refletindo sobre a realidade do nosso pecado e miséria. Como vimos na semana passada, embora este tema não seja agradável, é necessário: primeiro porque é fato, e não há conforto a ser encostado fugindo da verdade; e segundo porque este é o ponto de partida para a fé Cristã.

Na semana passada, nós vimos a severidade da nossa condição. Refletimos especialmente sobre o que a Bíblia diz em Romanos 3, que não há nenhum justo, nem um sequer. Refletimos sobre a verdade disso em nossas vidas e em nossa sociedade. 

Agora neste Dia do Senhor, o catecismo vai começar arrancando de nós algumas desculpas e justificativas que frequentemente usamos para nos justificar em nosso pecado ou pelo menos minimizar a seriedade dele. E o primeiro destas desculpas é que de alguma forma, a nossa condição deve ser a culpa de Deus. Esta desculpa é muito antiga. O argumento é compreensível: se Deus é todo-poderoso, ele poderia ter impedido que o homem caísse no pecado. E se ele poderia ter o impedido, então ele deveria ter o impedido. Então a culpa por nossa condição é com Deus. 

Da mesma forma, a pessoa diz: se Deus de fato criou o homem bom, então ele não deveria ter caído. Se caiu, é porque foi defeituoso. E não adianta dizer que é a culpa do diabo, porque a questão só vai mais para trás: então quem criou o diabo? E se ele foi feito bom, então como é que ele caiu em pecado?

Então esta é uma questão que teremos que enfrentar.

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Tem uma outra questão também. O fato é que nós ouvimos o que Deus diz sobre a condição pecaminoso e miserável do homem, e se formos bem honestos, não acreditamos 100%. Não acreditamos que o homem é tão mal assim. Você vê nos seres humanos muitas vezes uma afeção natural, compaixão, misericórdia. Além disso você vê criatividade, ingenuidade, inteligência muito impressionante. Em crianças também nós vemos uma aparente inocência, ternura, confiança. 

Então isso leva muitas pessoas a dizer: o homem é naturalmente bom. Se ele se corrompe, é por causa de alguma má influência. Deixado por si só, ele se desenvolve para o bem.

Juntando estas duas questões, o descrente tem um argumento muito forte. O homem natural é bom, e a Bíblia não está correta quando retrata o homem como tão mal assim; e na medida que ele é pecador, em fim, ainda tem que ser a culpa de Deus. “De toda forma,” o pecador diz para si mesmo no seu coração, “Deus não tem razão para me condenar.” E assim nós nos consolamos.

Mas vamos ver se estes argumentos se sustentam à luz da Bíblia, a Palavra de Deus. 

1. A Glória do Homem na Criação

Primeiramente, é verdade que não tem como negar a glória do ser humano, e a Bíblia não nega isso. A inteligência e a criatividade do homem é inegável. A sua capacidade de cultivar ou desenvolver a natureza de forma que ela serve aos seus interesses, e que produz beleza e utilidade—quem, pode negar? Talvez hoje em dia nós vemos isso mais de que em todas as gerações passadas. Os micro-processadores e chips com bilhões de transistores produzindo os milagres da modernidade em nossos celulares e computadores; os avanços médicos; a inteligência artificial. As estruturas grandonas—prédios, pontes, represas, estradas—e toda o engenharia necessário para criar estas estruturas, mostra a inteligência e criatividade do homem. O homem tem uma capacidade muito impressionante para criar e desenvolver a natureza.

E nós vemos isso desde os tempos antigos, na verdade, desde o início. Veja a inteligência dos descendentes de Caim. Mesmo depois da queda no pecado, eles usaram seus dons naturais e produziram civilizações, artes, e tecnologias. Jabal era o pai daqueles que vivem em tendas e cuidam de gado. Se você ler sobre os nômades que moram no deserto hoje, você rapidamente descobre que apesar de sua vida aparentemente “simples”, eles usam muita sabedoria e inteligência ao interagir com o mundo natural e com seus animais. 

Jubal era o pai dos tocadores de instrumentos. Desenvolveu as artes musicais: liras e harpas. Melodias e harmonias, cordas e tonalidades. 

E Tubal-Cain, o forjador de instrumentos de bronze e de ferro. Os que praticam estas artes sabem como levam muito conhecimento. Você não encontra estes metais já prontos na terra. Precisa quebrar os seus minérios, derretê-los em temperaturas absurdas e com várias químicas ajuntadas. Pessoas hoje ainda questionam como é que alguém descobriu isso pela primeira vez. 

Então todas estas coisas demonstram a inteligência do homem. E logo nos filhos de Caim, não de Seth. Piedade e inteligência nem sempre vão com mãos dadas. Muitas vezes na história da igreja, o povo de Deus teve que se contentar em ser tecnologicamente inferior, e muitas vezes isso leva os crentes a ter vergonha de sua fé e querer não se associar com o seu povo. Moisés enfrentou esta tentação em Egito, sendo criado na casa de Faraó, rei do Egito, quando Egito era o império mais avançado do mundo. E ele—por fé—deixou a casa do Faraó para se associar com os hebreus, um povo desprezível, que não tinha todo o conhecimento e poder dos egípcios, mas por ser os herdeiros das promessas de Deus a Abraão. Daniel e Neemias conheceram esta realidade nos impérios de Babilônia e da Pérsia. 

Em fim, o ponto é que é inegável que o homem possui grande inteligência e criatividade. Isso reflete sua criação na imagem de Deus.

Gen. 1:26: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.”

Podemos também admitir que o homem demonstra ainda muito afeto natural, e sim capacidade por compaixão e bondade para com seu próximo, especialmente a sua própria família. 

Possui também um certo conhecimento do bom e do mal. Vemos nos filósofos gregos e chineses uma impressionante capacidade de raciocínio lógico e moral. Vemos isso em alguns dos impérios antigos, como no Código de Hamurabi. 

Então a Bíblia não ensina que o homem perdeu tudo. Ainda tem traços e remanescentes de sua glória e beleza original.

2. A Queda e Corrupção do Homem

Mas agora, olhando novamente para Gênesis 4, também temos que reconhecer o outro lado. 

Quando Caim era um bebê, não duvido que era bonito, e tinha uma aparante inocência. Quem ensinou Caim a inveja, e quem lhe deu a ideia de assassinar o seu irmão? A resposta: ninguém. Este mal surgiu do seu mesmo coração.

Seus descendentes que eram tão inteligentes, logo praticaram poligamia, e violência. Suas sociedades eram marcadas por vingança e maldade. Eles se exaltaram, se colocaram na posição de Deus para se vingar, mesmo por ofensas pequenas. 

E seria pura cegueira negar que isso ainda prevalece em nossa sociedade hoje. Sim, Deus graciosamente refreia o mal do homem de algumas formas. Ele instituiu as autoridades civis para punir o mal, e lhes deu a espada para isso. Quando eles obedecem a Deus neste dever, o mal do homem é contido. Mas eles mesmos abusam de seu poder. Se vangloriam. Fazem guerra uns com os outros para expandir seus territórios. O que é punível como crime dentro de seus territórios—assassinato, roubo, e pior—eles praticam sem pena de consciência nos seus inimigos. 

Então, sim, o homem tem uma glória inegável—mas também uma depravação profunda e igualmente inegável. Não devemos imaginar que isso é só o mal de alguns, e a maioria é boa. A história humana testifica contra nós. Todos nós temos uma capacidade para o mal que nos deixaria horrorizados se conhecêssemos plenamente. 

A explicação moderna é que estas pessoas que cometeram grandes maldades—escolhe quem for: Caim, Nabucodonosor, Nero, Genghis Khan, Hitler, Stalin—que eles eram “psicopatas”. E assim se cria uma categoria distinta para estas pessoas. Não eram como nós. A maioria não faria estas coisas. Mas a Bíblia claramente diz “não”. Isto é a condição humana. Alguns tem a oportunidade de praticar toda a maldade do seu coração, e então revelam quem eles são. Mas todos se desviaram, todos buscam o seu próprio interesse, todos caíram em pecado e sob maldição. E todos são capazes de grande mal. Uma das maiores dificuldades para entender, depois da segunda guerra e do horror do holocausto, era: como é que o povo alemão tolerou isso? Como é que uma sociedade civilizada e moderna aceitou isso? Claro, tinha alguns que denunciaram—especialmente os cristãos que ainda levaram sua fé a sério. Mas o fato é, a maioria sabia em termos gerais, o que estava acontecendo, e não fez nada. 

E no outro lado do mundo, os japoneses estavam cometendo atrocidades semelhantes contra os chineses, coreanos, e outros, povos. E não havia nada novo debaixo do sol. Esta é a história humana. Uma história de muita crueldade, injustiça, e violência. 

Como chegamos a esta condição? O apóstolo Paulo em Romanos 1 descreve esta tragédia. O homem foi criado na glória de Deus, e ele trocou esta glória por imundice, vergonha, e tolice. Quanto ao conhecimento que ele tem de Deus—a glória de Deus que é evidente na criação—o homem fechou o seu coração, não honrou a Deus nem deu graças a Ele; substituiu a glória de Deus por imagens de homens ou de animais. Todos os ídolos da antiguidade testificam a este fato.

E a consequência desta idolatria é que isso corrompeu todo o resto da vida do homem. Já que o homem não reconheceu a Deus, Deus também entregou o homem a seu pecado e perversidade. Em sua sexualidade, ele virou perverso. Em seus relacionamentos, o amor e a paz que era o natural para o homem foi substituído por violência, maldade, injustiça, inveja, mentira, malícia, orgulho. E em suas ideias e filosofias, o homem—tão inteligente por natureza—se tornou tolo. 

É exatamente isso que vemos na primeira geração depois de Adão e Eva; é isso que vemos em todos os grandes impérios; e é isso que vemos na sociedade hoje. Por toda a sua inteligência, o homem se mostra tolo de muitas formas. Se tornou cego, incapaz de discernir entre o bem e o mal; perverso, egoísta. Às vezes até consegue dizer com total clareza onde os outros erram, mas então não enxerga o seu próprio pecado.

Irmãos, isto não é somente o claro ensino das escrituras, é também muito evidente e inegável no mundo em que vivemos. 

Acontece com uma certa regularidade que teólogos aparecem querendo minimizar esta queda do homem. Foi isso que o herege Pelágio fez no quinto século: ele ensinou a ideia de que o pecado do homem não é natural, mas é aprendido pela imitação. Crianças aprendem pecar olhando a seus pais.

Os Arminianos do século XVII ensinaram coisas semelhantes. O homem não é tão caído assim. Ele possui muita sabedoria, até para encontrar a Deus e escolher por Deus. 

E sempre tem pessoas que pensam assim. Quem somos nós para contradizer a religião dos outros? 

Mas vemos desde Gênesis 4 até Romanos 1 que esta é a realidade do povo de Deus. Podemos ser tecnologicamente ignorantes, medicinalmente ignorantes, filosoficamente ignorantes, cientificamente ignorantes em comparação com alguns. (Embora tem muitos cristãos mestres em todas estas áreas.) Mas não podemos deixar o temor do homem e admiração pelo homem cegar os nossos olhos e nos levar a rejeitar a verdade de Deus que eles rejeitam. Por toda a sua sabedoria em coisas naturais, os ímpios se mostram muito endurecidos em relação a Deus, e consequentemente muito tolos. Vivem em injustiça e perversidade nesta vida, e depois terão que enfrentar o juízo de Deus na vida vindoura. 

Então junto com o povo de Deus desde o o tempo de Sete, temos que aprender a temer os julgamentos de Deus somente, e considerar todas as nações e toda a sua sabedoria como uma gota no mar. Is. 40:15: “Eis que as nações são consideradas por ele como um pingo que cai de um balde e como um grão de pó na balança; as ilhas são como pó fino que se levanta.”

O julgamento de Deus sobre a suposta “bondade” é bastante sério. O catecismo faz a pergunta, “será que somos tão corruptos que não podemos fazer nenhum bom, e somos inclinados a todo mal?” Ainda parece um exagero. As pessoas fazem muitas coisas boas, não fazem? Não sobrou ainda uma parte da boa imagem de Deus?

Mas o problema é que todas as “boas obras” que o homem natural fez, ele ainda as faz com seu coração fechado para Deus. Não é um serviço de gratidão a Deus. Ele não faz isso honrando Deus em seu coração. 

  • Ele pode fazer por uma certa afeção natural (como uma mãe ama seus filhos—que até os animais fazem). Cristo diz que até os gentios amam aqueles que os amam. Mas isto é auto-interesse. 
  • Ou ele pode praticar “boas obras” para impressionar o seu próximo. Ou para acalmar sua própria consciência e se convencer de que é “gente boa”. 

Podemos especular em muitos outros motivos. Mas o ponto é: Deus diz que tudo que o homem faz em sua rebeldia, não vale mais que traços imundos. A suposta “justiça” do homem não pesa nada diante de Deus. Fazemos o “bem” com uma mão, enquanto praticando o mal com outra. 

Não, para o homem fazer o bem, primeiro ele precisa se voltar a Deus. O primeiro e principal dos mandamentos é: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, e com todo o seu entendimento.” Enquanto não fazemos isso, nada mais do “bem” que fazemos terá valor diante de Deus, porque ainda vem de um coração rebelde.

Então, mais uma vez, temos que aprender destemer o homem, e temer a Deus. Quando o homem é muito grande para nós, então Deus será pequeno. Quando Deus é muito grande para nós, então o homem será pequeno.

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Mas ainda não respondemos ao segundo argumento. Mesmo se aceitamos que a nossa condição seja realmente muito séria, não seria, no final, a culpa de Deus? Afinal, foi ele que nos criou, e se Ele quisesse nos impedir de cair em pecado, poderia ter feito isso. 

Em Romanos 9, Paulo aborda este tipo de argumento. Rom. 9:19: “Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade?” 

Se esperássemos uma justificação da parte de Deus; algum argumento pelo qual ele se defende diante desta acusação; então vamos nos decepcionar aqui. Sabe como o Apóstolo Paulo—pela inspiração do Espírito de Deus—responde a este argumento? 

Rom. 9:20: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?”

Podemos ter todos os argumentos no mundo. O pecado não teria entrado no mundo se Deus tivesse feito o homem melhor. Ou se Deus não tivesse criado o diabo. Ou não tivesse permitido a queda do homem.

…E Deus simplesmente responde a nós: “Quem é tú, ó homem, para discutires com Deus?”

Deus responde desta forma não porque ele de fato criou o pecado, mas porque este argumento surge de um espírito rebelde, do orgulho do homem; é o discurso de uma mente caída e perversa que inventa este tipo de desculpa. 

O que podemos dizer, comparando escritura com escritura, é que Deus criou o homem bom e na sua imagem. Em justiça e retidão, para conhecê-lo, amá-lo, e viver com Ele em integridade e justiça, para a glória e honra de Deus. 

E que o homem, à instigação do diabo, mas pela própria culpa dele, caiu em pecado, e se arruinou. 

“Não, mas..” “Mas Deus deveria…” “Como é que…” — Estes são os argumentos de pecadores querendo se justificar. Talvez um dia saberemos mais. Mas o que podemos saber, o que já sabemos, na prática, toda vez que pecamos, é que quem pecou fomos nós mesmos. Deus é soberano sobre tudo, sim; mas eu sei muito bem, no profundo do meu coração, que eu sou responsável por meu próprio pecado, e que não tenho razão nenhuma em culpar a Deus. 

Vemos a mesma dificuldade quando um criminoso é sentenciado por seu crime. Poderíamos apontar para muitos fatores, que são reais, que influenciaram a pessoa. Sua criação, ou falta de criação. Maus amigos, más influências. Bule. Vício a substâncias, que ele pode ter tido desde sua infância por causa dos abusos de seus pais. E muitos outros fatores. Mas quem é responsável pelo crime que ele cometeu? Foi ele. 

E sabemos muito bem que o mesmo se aplica para nós. Não adianta culpa a Deus ou a qualquer outra pessoa. Quem me fez pecar? Ninguém. Meu pecado é meu.

Deus criou o homem com um livre-arbítrio para escolher o bem e obedecer a Deus, não como um robô, mas como um homem livre. E o homem usou esta liberdade para o mal. Podemos passar toda a nossa vida nesta terra se refugiando em argumentos, ou podemos buscar a misericórdia de Deus enquanto ele pode ser encontrado.

3. A Nossa Necessidade pela Intervenção de Deus

E vamos encerrar com esta esperança. A condição do homem é muito séria, de fato. Por todos os dons que podem ainda restar em nós, somos pecadores miseráveis. Deixados sós, jamais iríamos buscar a Deus. Por natureza, fugimos da presença dele. Vivemos em ódio e malícia, contra Deus e uns contra os outros. Graças a Deus pelas autoridades civis (quando de fato cumprem os seus deveres) que pelo menos assim uma certa paz e segurança é preservada (mais ou menos).

Mas isso jamais seria suficiente para nos levar de volta para Deus. Para isso, precisamos de novos corações. Precisamos de uma transformação total. 

Deus prefigurou isso no Antigo Testamento com a circuncisão. Era a remoção da carne, da velha natureza. Todas as vezes que um pai e mãe levaram seu filho para ser circuncidado, eles pronunciaram publicamente: precisamos de salvação. Precisamos da intervenção de Deus, para remover a velha natureza, e nos santificar. 

A circuncisão não realizou isso de alguma forma mágica. Era apenas um testemunho. Um sinal e selo da promessa de Deus. 

E no Novo Testamento, Cristo instituiu o sinal do batismo em lugar da circuncisão. O significado é o mesmo: como a agua remove a sujeira, o sangue e Espírito de Cristo removam a nossa velha natureza, e nos santificam para Ele como um povo limpo e purificado. 

Então, irmãos, mesmo que a nossa condição é muito séria mesmo, de tal forma que em nós mesmos não podemos fazer nenhum bom, e somos inclinados a todo mal; tenhamos esperança, porque Deus em Cristo está separando e santificando um povo para si mesmo; e puramente por sua graça, nós temos o privilégio imerecido de fazer parte deste povo. Como parte deste povo, nós recebemos de Deus o perdão dos nossos pecados, e nós experimentamos também a renovação das nossas mentes, corações, e vidas. 

Temos um longo caminho a percorrer, e a luta contra o pecado vai durar toda a nossa vida. Não chegamos a perfeição nesta vida. Mas sendo reconciliados com Deus, também experimentamos a realidade de sua transformação. 

Isto começa em nossa relação com Deus. Como a nossa queda começou com o nosso relacionamento com Deus (Rom. 1:21: “Tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato…”) também a nossa restauração precisa começar com o nosso relacionamento com Deus. Nada de bom pode fluir de uma fonte poluída. Mas por isso Cristo morreu por nós, para remover o pecado que nos separou de Deus. Assim abriu-se a porta para nós conhecermos a Deus novamente. Nos reconciliou com Deus, e agora não precisamos mais fugir dele como Adão e Eva se esconderam de sua presença, mas podemos invocá-lo como o nosso Pai que nos adotou como seus filhos.

E desta nova fonte, nós vemos também o começo de muitos outros frutos. Uma nova sabedoria. Novo entendimento. Novos desejos, novas afeções. Novas atitudes. E então muitos frutos que fluem destas coisas. Um novo amor por nosso próximo, expressado em palavras e atos. Gratidão pela bondade de Deus. Sabedoria em nossas palavras e conversas. Alegria em Cristo. Paz com o nosso próximo. Amor até por nossos inimigos. Fidelidade. Todo o fruto do Espírito. 

Irmãos, esse é nosso chamado. Nós Reformados devemos ser os primeiros a reconhecer a seriedade da nossa condição e do nosso pecado e miséria. Sim. Mas não devemos parar ali. Se de fato cremos na graça e na soberania de Deus, creiamos também no seu poder para renovar as nossas vidas, em todos—todos—os aspectos. Ele é poderoso para limpar o mais vil pecador, e não somente no início de sua conversão, mas cada vez mais ao longo de sua vida. Eis o poder do Espirito Santo, e eis a bondade e graça de Deus em Cristo. 

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Jonathan Chase

Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.