Dia do Senhor 18

Leitura: João 14.01-03, 16-18; Lucas 24.48-53
Texto: Dia do Senhor 18

Amada igreja do Nosso Senhor Jesus Cristo,

Na noite anterior ao dia da sua morte na cruz, o Senhor Jesus se reuniu com os seus discípulos e lhes falou muitas coisas. Jesus falou especialmente da sua partida (Jo.13.33; 14.19), ou seja, da sua morte que estava para acontecer em Jerusalém. Os discípulos do Senhor ficaram tristes e desanimados, pois o Senhor que tanto amavam não estaria mais com eles no dia seguinte. O que seria deles após a morte do Senhor? Conhecendo a angústia e tristeza dos seus discípulos, o Senhor Jesus aproveitou os momentos finais daquela sua última noite para lhes dar alguns ensinamentos e principalmente consolá-los com suas ricas promessas. “Não se turbe o vosso coração, creiam em Deus e em mim; eu voltarei para vocês e vos receberei; não vos deixareis órfãos, voltarei para vós outros”. Com estas e outras palavras o Senhor trouxe paz, alegria e esperança aos corações tristes dos seus discípulos.

Depois da sua morte, o Senhor ressuscitou dos mortos. Com seu corpo ressuscitado ele apareceu várias vezes aos seus discípulos para encorajá-los a cumprirem sua missão de pregar o evangelho às nações. Depois disso, o Senhor levou seus discípulos para Betânia e de lá subiu ao céu à vista deles. Será que eles iriam ficar tristes de novo, porque o Senhor não estaria mais fisicamente no meio deles? Não. Depois que o Senhor subiu ao céu e foi encoberto pelas nuvens, seus discípulos voltaram para Jerusalém com muita alegria e louvando a Deus (Lc. 24.52,53). A ascensão de Cristo provocou uma grande alegria nos discípulos. Por que? Porque eles entenderam, pelo ensino do próprio Senhor, que era necessário que ele subisse aos céus para cumprir suas promessas em favor da sua igreja. Eles compreenderam que a subida de Cristo aos céus foi um evento necessário e importante para a salvação da igreja de Cristo na terra.

A ascensão de Cristo é um aspecto importante da nossa fé cristã. Cremos que Cristo subiu ao céu. Esta não é uma confissão solta e sem sentido, mas de grande importância para nós. Quando entendemos o que cremos, o nosso coração se enche de consolo e alegria. Cristo subiu ao céu. Esta é a boa nova do evangelho que nos traz alegria e consolo, pois entendemos que sua ascensão aconteceu para o nosso bem, ou seja, foi parte da obra de Cristo em favor da nossa salvação. Com base nisso, eu vos proclamo o evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo sob o seguinte tema:

Tema: Cristo subiu ao Céu para o nosso bem

Vejamos duas coisas em relação à subida (ascensão) de Cristo ao céu:

  1. O Significado da Ascensão de Cristo
  2. Os Benefícios da Ascensão de Cristo
  3. O Significado da Ascensão de Cristo

O nosso catecismo no domingo 18 trata da doutrina da ascensão de Cristo. Na pergunta e resposta 46 ele explica o significado da expressão “subiu ao céu”, a qual faz parte da nossa confissão de fé no credo apostólico (ler pergunta e resposta 46). Quanto ao ensino bíblico acerca da doutrina da ascensão de Cristo, podemos afirmar o seguinte:

Em primeiro lugar, aprendemos que a ascensão de Cristo foi um acontecimento histórico. Assim como o nascimento, a morte e a ressurreição de Cristo, a sua ascensão também aconteceu num determinado momento da história. Exatamente quarenta dias após a sua ressurreição Cristo subiu aos céus, na cidade de Betânia, à vista dos seus discípulos. Enquanto esteve com seus discípulos, Cristo falou da sua ascensão aos seus discípulos (Jo. 6.62; 16.5,10 17,28; 17.5; 20.17). Estes foram testemunhas oculares daquele acontecimento extraordinário da subida de Cristo para o céu (Lc. 24.50,51; At.1.9). Guiados pelo Espírito santo, os apóstolos do Senhor registraram na palavra de Deus o que viram e ouviram da parte de Cristo. Por isso, nós cremos que Cristo subiu ao céu. A Bíblia confirma este fato histórico. Esse artigo da nossa fé não é uma invenção da igreja nem um conto de fadas, mas um fato histórico que aconteceu e é essencial para nossa salvação.

Em segundo lugar, aprendemos que a ascensão de Cristo indica que ele subiu da terra para o céu com o seu corpo glorificado. Jesus foi elevado da terra para o céu e lá está neste momento com o seu corpo glorificado. Segundo sua natureza humana, Cristo não está na terra, mas no céu (pg.47). Ele viveu mais de trinta anos na terra. Depois da sua morte, apareceu aos discípulos e conversou e comeu com eles. Mais depois que subiu ao céu, Cristo foi definitivamente com seu corpo glorificado para a presença de Deus Pai no céu até que volte um dia para julgar os vivos e os mortos. É importante para nós sabermos e crermos nesta verdade, pois há muitos que não entendem e negam este fato. A teologia romanista afirma que Cristo está fisicamente presente no sacramento da eucaristia. Pão e vinho se transformam no corpo e no sangue de Cristo. Mas como pode ser assim, se Cristo está com seu corpo glorificado no céu? Cremos que Cristo está em nosso meio e também na celebração da santa ceia, mas espiritualmente. Pois, além de verdadeiro homem, ele é também verdadeiro Deus e segundo sua divindade, majestade, graça e Espírito jamais se afasta de nós. (perg. 47).

Alguns teólogos modernos negam que Cristo foi com seu corpo glorificado para um lugar chamado céu. Eles não vêem o céu como um lugar espacial, mas apenas como uma condição espiritual superior à vida aqui na terra. Não podemos concordar com isso. Cremos que Cristo foi mesmo para um lugar chamado céu e lá está com seu corpo glorificado. A Bíblia apresenta o céu como um lugar de habitação onde residem os anjos, as almas dos santos e o Cristo Glorificado (Dt. 30.12; Js. 2.11; Sl. 139.8; Rm. 10.6,7).

Em terceiro lugar, aprendemos que a ascensão de Cristo foi uma manifestação de sua exaltação gloriosa. A obra de Cristo para nos salvar envolveu o seu estado de humilhação e o seu estado de exaltação. O Senhor veio ao mundo para salvar o seu povo. Esta obra redentora custou sofrimento e morte para Cristo. Mas depois do seu sofrimento veio a glória. Ele ressuscitou e subiu ao céu onde está em glória. Cristo tinha consciência deste plano de Deus na vida dele, pois ele disse aos seus discípulos: “Vim do Pai e entrei no mundo; todavia, deixo o mundo e vou para o Pai” (Jo. 16.28). Quando subiu ao céu Jesus voltou para o Pai. Sua ascensão não foi simplesmente o ato de subir da terra para o céu, mas foi uma manifestação gloriosa de sua exaltação como Rei Glorioso e Vencedor. O Pai elevou o seu Filho da terra para o céu e lhe deu um lugar de honra á sua direita. Deus o exaltou como Rei e Senhor sobre todos em cima nos céus e embaixo na terra (Fp. 2.9-11) e lhe deu toda autoridade no céu e na terra (Mt. 28.18). Cristo subiu ao céu e lá está com seu corpo glorificado. É um grande consolo para a igreja que peregrina nesta terra saber e crer que Cristo subiu ao céu. Não estamos sozinhos e perdidos neste mundo. Temos um Senhor no céu que cuida de nós. Ele não nos esqueceu nem nos abandonou quando subiu ao céu, mas lá está para o nosso bem, continuando o seu trabalho em favor da nossa salvação. Somos beneficiados com a ascensão de Cristo aos céus, conforme veremos no segundo ponto.

  1. Os Benefícios da Ascensão de Cristo

Observe a pergunta 49 do nosso catecismo (ler pergunta). É uma pergunta bem prática e pessoal. Que importância tem para nós a ascensão de Cristo? O que significa para minha vida como crente peregrino aqui na terra, o fato de Cristo ter subido ao céu? A resposta 49 menciona três bênçãos importantes que Cristo concede à sua igreja por causa da sua ascensão (ler resposta 49). Vejamos cada um destes benefícios que recebemos de Cristo:

2.1. Cristo é Nosso Advogado, lá no céu: O fato de Cristo ter subido ao céu não quer dizer que ele deixou de trabalhar em favor da sua igreja.

Ele continua trabalhando para a salvação do seu povo. Ele é Nosso Advogado á direita do Pai. O que isto significa para mim? Qual é o meu benefício em ter Cristo no céu como meu Advogado? É o benefício da intercessão de Cristo. Como Nosso advogado, Cristo age em nossa defesa, ele intercede por nós ao Pai. Precisamos de sua intercessão, pois somos pecadores culpados e ele é o único que pode nos libertar da condenação, ele é o único a quem Deus pode ouvir, pois ele é justo, ele cumpriu a justiça de Deus para salvar o seu povo. À direita de Deus ele intercede por nós (I Jo. 2.1; Rm. 8.34; Hb. 7.25). Aqui na terra, o crente que pecou, confessa o seu pecado a Deus. Mas ele não está sozinho. Ele tem um advogado do seu lado. No céu, o Filho diz ao Pai: “Pai, eu paguei um alto preço para a remissão completa dos pecados dessa ovelha, perdoa-lhe”. O Pai aceita a intercessão do Filho e perdoa o pecador. É um consolo para nós saber disto. Jesus subiu ao céu para agir em nosso favor como Nosso Advogado.

2.2. Em Cristo temos nossa carne no céu: O fato de Cristo está agora no céu com o seu corpo glorificado é a garantia de que um dia nós também estaremos lá com ele com corpos glorificados.

Pois ele é o nosso cabeça e nós membros do seu corpo. A cabeça não pode viver separada do corpo. Cristo está conosco agora. Ele nos governa do céu com sua Palavra e Espírito. Um dia ele virá pessoalmente buscar sua igreja amada para viver com ela por toda a eternidade no lugar que ele está preparando. A garantia de que estaremos para sempre com Cristo na glória nos é dada por ele mesmo. Ele nos dá uma promessa maravilhosa quanto a isso (ler Jo. 14.2,3). Esta é uma promessa fiel, segura e consoladora para a igreja que peregrina neste mundo em meio a sofrimentos e lutas. Não caminhamos neste mundo com uma vã esperança, mas com uma certeza segura de que estamos indo para a Canaã celestial, para o lugar maravilhoso que Cristo está preparando para nós. Nossa peregrinação pode ser sofrida, mas sabemos para onde estamos indo. Caminhamos para um lugar que a Bíblia chama de paraíso, pátria celestial, Nova Jerusalém, casa de meu Pai, um lugar onde há muitas moradas e onde viveremos felizes para sempre. O povo de Deus que passa por tantas lutas e dificuldades nesta vida precisa ouvir sobre a certeza da vida celestial com Cristo. Quando há sofrimentos na sua vida, você se consola com as promessas de Deus, especialmente com a promessa da glória eterna para os santos? Você está consciente de que o sofrimento aqui nesta terra é passageiro e nem se compara com a glória que vai ser revelada aos filhos de Deus? Você sabe qual é à vontade de Cristo em relação ao seu futuro como filho de Deus? Ouça o que ele diz: “Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo” (Jo. 17.25). Cristo é o Nosso Capitão e Cabeça. Ele já foi à nossa frente. Ele subiu ao céu e lá está com o seu corpo glorificado. É para lá também que estamos indo, pois Cristo nos garante isso. Ele é fiel para cumprir sua promessa e poderoso para nos conduzir em triunfo até a glória.

2.3 Do céu, Cristo nos envia o Seu Espírito: Antes de subir aos céus o Senhor Jesus prometeu aos seus discípulos que estaria sempre com eles: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt. 28.20).

É evidente que esta promessa não se refere à presença física de Cristo no meio dos seus discípulos na terra, pois ele subiu para o céu, mas se refere à sua presença espiritual. Cristo prometeu aos seus discípulos não deixá-los órfãos (Jo. 1418), mas enviar o Seu Espírito, o Consolador para habitar neles e em todos os crentes (Jo. 14.16). Cristo teve de subir para enviar o Seu Espírito sobre a sua igreja. Ele cumpriu a sua promessa no dia de pentecostes e derramou o Seu Espírito sobre a sua igreja (At.2.33). Cristo está conosco mediante o Seu Espírito que em nós habita. Sabe o que isso significa para mim como crente?

Em primeiro lugar, a presença do Espírito de Cristo na minha vida é uma garantia de que estarei com ele na glória. Temos o penhor do Espírito e fomos selados com o Espírito da promessa (Ef. 1.13,14; II Co. 5.1-5). A presença do Espírito em nós é uma garantia da glória por vir. O Espírito nos santifica para a herança dos céus, para herdar a vida eterna com Cristo.

Em segundo lugar, pelo poder do Espírito, devemos buscar as coisas do alto e não as que são da terra (Cl. 3.1,2). Pensar nas coisas do alto e não nas da terra não quer dizer que devemos esquecer do nosso dever aqui e agora. Devemos viver a vida cristã aqui na terra buscando as coisas do alto. Devemos deixar o pecado e viver em santidade. Você deseja habitar com o Senhor na glória? Onde está o seu coração? Em que você tem posto o seu pensamento? Nas coisas do alto (vida santa, vida com Cristo, a glória que nos espera) ou nas coisas da terra (pecado, apego às coisas materiais a ponto de esquecer de nossa maior herança que o céu)? Se desejamos estar onde Cristo está, então, busquemos as coisas do alto. Vivamos em santidade na terra, pois o céu é um lugar para os que vivem em santidade. Não amemos o mundo, mas desejemos o céu, pois nossa pátria, nossa herança, nosso tesouro não está aqui, mas no céu onde Cristo vive e reina à direita de Deus para sua glória e para a nossa salvação (Fp. 3.19-21).

Amém.

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Elissandro Rabêlo

Bacharel em Teologia pelo CETIRB – Centro de Estudos de Teologia das Igrejas Reformadas do Brasil (Atual Instituto João Calvino) (1999-2004). Fez Convalidação de Teologia na Universidade Mackenzie em São Paulo (2017). Ministro da Palavra e dos Sacramentos da Igreja Reformada do Grande Recife (PE), servindo como Missionário da Igreja Reformada em Fortaleza (CE).

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.