Leitura: Gn 11.1-9; Apocalipse 7.9-17
Texto: Atos 02.01-13
Amada igreja do nosso Senhor Jesus Cristo,
Segundo a revista Mundo Estranho, existem no mundo hoje em dia 6909 línguas diferentes. A maioria destas línguas nós não ouvimos. Elas correspondem a 94 % do total das línguas. São línguas espalhadas por tribos e povos mais fechados e distantes. Os outros 6% das línguas, ou seja 389 idiomas, são mais perceptiveis.
O chinês é a língua mais falada no mundo (bilhões de falantes), enquanto que o ayizi, também da China, é falado por apenas 50 pessoas. Línguas correm o risco de deixarem de existir. 500 idiomas hoje em dia correm o risco de ser extintos. Línguas podem mudar. O português, por exemplo, é uma variação do latim que já foi língua comum no passado. Podemos até dizer que o português e o espanhol, são um latim com sotaque.
Línguas existem para a comunicação. São códigos. Podem ser escritas ou faladas. Há hoje em dia uma linguagem para surdos, mudos e também cegos, a língua dos sinais e o braile (código para os cegos).
Quem criou a linguagem? Deus! Deus resolveu se comunicar com o homem desde o Éden. Pela linguagem, Deus transfere ao homem a sua vontade neste mundo.
Muitas pergunta pairam sobre as línguas. Qual é a língua que Deus fala nos céus? Qual é a língua que Deus se comunicava com Adão e Eva? Não sabemos. Isto não importa muito! O que importa é a comunicação. Por isso a Palavra de Deus (A Bíblia) é muito importante hoje em dia.
Linguas podem ser uma benção ou castigo. Vemos os dois nas Escrituras. Vemos isto em Atos 2. Neste capítulo Cristo cumpre a sua promessa ao seu povo. A promessa de enviar o Espírito Santo.
Jesus envia o seu Espírito 10 dias após a sua ascenção. Na Festa de Pentecostes. Por que isto aconteceu? Para que propósito? Neste dia de Pentecostes, eu vos convido a ouvir o evangelho que pode ser resumido neste tema:
Tema: Na Festa de Pentecostes, o Espírito Santo derrama novas línguas sobre os discípulos.
O significado da festa
O presente da festa
O significado da festa
Nós lemos no versículo 1 do nosso texto: Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos num só lugar.
Qual é o significado desta festa? No Antigo Testamento também é chamada de Festa das Semanas ou Festa da Colheita. Era uma festa onde os israelitas ofereciam a Deus os primeiros frutos da colheita.
Um livro na Bíblia que narra este contexto da festa das semanas é o livro de Rute. Este livro narra uma grande colheita. Lá podemos ler que Boáz deixa Rute pegar muitas espigas que caíam no chão. Essa festa previa isto: que os pobres pudessem também colher para ter o que oferecer a Deus. Está é uma das três principais festas de Israel. Tem a ver com a história da salvação. Deus havia dado uma terra que emana leite e mel, agora o povo estava consagrando os primeiros frutos a Deus. É um dia de alegria que todos deveríam comemorar em Jerusalém. Essa festa acontecia 50 dias após a Páscoa. É muito interessante como Cristo escolhe a Festa de Pentecostes para mostrar mais esta obra redentiva. Jerusalém será como um epicentro da dinamite do Espírito Santo. Ali o Espírito Santo será derramado e se espalhará para longe. Para ilustrar isso, pense quando você joga uma pedra na água. A pedra forma na água círculos com um mesmo centro. As ondas vão saindo do centro e vão ficando maiores.
Que lugar era este em que os discípulos estavam? Jesus havia dito para os seus discípulos ficarem em Jerusalém! 120 pessoas (incluindo os 12 discípulos, Maria Madalena, Maria a mãe de Jesus e seus irmãos) estavam numa casa. Os discípulos estavam orando. O número dos 12 havia sido completado novamente com a eleição de Matias. Eles estavam esperando a promessa do Espírito Santo e eis que chega o dia da festa de Pentecostes.
Jerusalém será a colheita dos primeiros frutos de Cristo a Deus. Estes frutos virão pelo Espírito Santo. Esta colheita do Espírito Santo começará em Jerusalém, depois Samaria e até os confins do mundo. Esta é a ordem do livro de Atos.
Versículo 2: De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados.
Um som de vento lemos aqui não um vento. Era como um vento de tempestade. Nada se movia do lugar. Apenas o som encheu aquele lugar. O som do vento é essa manifestação do Espírito Santo.
Nas Escrituras a palavra espírito tem a ver com nossa palavra em português pneu. Então tem a ver com sopro, ar, vento, fôlego. O Espírito Santo está presente nas Escrituras desde o início. O Espírito de Deus se movia sobre a face das águas (Gênesis 1.2). Ele trouxe a vida aqueles esqueletos no vale dos ossos secos (Ez 33). Veja como Ele está presente na obra de criação (Gênesis) e recriação (o vale dos ossos).
Aqui em Pentecostes começa uma nova etapa na história da redenção. O Espírito Santo começa a trazer pessoas a vida. Pessoas que estavam mortas em seus delitos e pecados, mas que agora terão vida em Jesus Cristo. Pessoas que serão regeneradas.
O Espírito Santo vem em pentecostes para dar poder aos discípulos de Cristo. Os frutos da colheita começam a ser apresentados. Os discípulos serão instrumentos dessa colheita. A descida do Espírito é como uma unção que desce até eles. No Antigo Testamento o azeite da unção que era derramado sobre certas pessoas apontavam para a unção do Espírito Santo. Aquelas pessoas foram capacitadas para os ofícios de profeta, sacerdorte e rei.
No batismo de Cristo, não mais há este azeite, mas o próprio Espírito desce em forma de uma pomba. Agora este Espírito está descendo sobre seus discípulos. Para que eles sejam suas testemunhas (cf. Atos 1.8). No pentecostes os discípulos recebem o Espírito Santo para testemunharem de Cristo. Esse poder é um presente. Como este pode se manifestou neste capítulo? Isto nos leva ao segundo ponto.
Isto nos leva ao segundo ponto: O presente da festa
Versículo 3-4. A manifestação do Espírito Santo foi visível. As pessoas viam sobre a cabeça das outras pessoas a visão de um fogo, tal como podemos ver nas velas acesas. Fogo na Bíblia aponta para Deus. Também pode apontar para o seu zelo, a sua ira.
De fato o fenômeno das línguas foi uma benção da presença de Deus, mas também uma maldição. Por que? A benção é que as pessoas estão falando as grandezas de Deus em outros idiomas que não são delas. Que língua os discípulos falavam? Provavelmente aramaico e talvez o grego.
Mas agora eles estão falando em outros idiomas. Para eles foi uma surpresa! Talvez nem compreendiam o que falavam. Mas os ouvintes do lado de fora da casa? Para eles aquelas línguas não eram desconhecidas. Veja o versículo 8 em diante. Lemos ali judeus que moravam em pelo menos 15 lugares diferentes. Todos com suas próprias línguas maternas. Eles estavam ouvindo galileus naquela casa. Os galileus eram consideradas pessoas rudes, sem muita cultura. Mas agora eles estão falando e sendo entendidos por pessoas de outras línguas e culturas. Isto foi um presente do Espírito Santo para eles! Isto foi uma benção!
Agora, é preciso desfazer um equívoco que há sobre o pentecostes. Algumas igrejas hoje em dia estão tentando recriar o capítulo 2 para hoje em dia. Pastores estão soprando no microfone e simulando o som do Espírito. Pessoas movidas pela emoção tem caído para trás. Outras estão pulando e girando, falando em línguas incompreensíveis dentro da igreja.
Há uma verdadeira confusão hoje em dia sobre o pentecostes. Pentecostes é um movimento único na história, assim como a ressurreição e ascensão são únicos. Não pode ser repetidos no mesmo sentido que temos aqui. É claro que Deus pode prover e proveu grandes conversões em massa em outros momentos da história. No grande avivamento nos Estados Unidos no século XIX há casos em que depois que um poderoso pregador pregava seu sermão, pessoas reconheciam as suas misérias e se humilhavam diante de Cristo. Outras choravam e se agarravam nas colunas da igrejas reconhecendo que precisam de Cristo para a salvação. O Espírito Santo pode agir poderosamente em determinados momentos da história.
Mas o que temos nas igrejas pentecostais de hoje em dia? Muito barulho e simulações. As pessoas não ouvem sobre pecados. Não ouvem nada sobre o Senhor Jesus Cristo. No culto pentecostal há todo um movimento para se atingir um climax. O climax é quando as pessoas estão caindo no chão, ou se batendo no chão da igreja. Isto não tem nada a ver com o Espírito Santo. As pessoas também nem podem entender aquelas línguas que são faladas dentro daquelas igrejas.
Linguas quando não são entendidas são um sinal não de benção, mas de castigo. Em Gênesis 11 nós lemos sobre a primeira rebelião contra Deus em massa da história. Os povos depois de Noé estavam se juntando contra Deus e sua ordem de encher a terra. O que Deus fez para frustrar aqueles planos? Ele deu línguas diferentes as pessoas. Num dado momento aqueles pessoas estavam falando aos outros: Ei! Vamos construir uma torre e tornar o nosso nome famoso! De repente estavam falando: Que passa (espanhol)? What is happening(inglês)? Então ninguém poderia mais trabalhar junto.
Na história do povo judeu, uma das ameaças de Deus contra o pecado do povo, era de que eles teriam em suas terras um povo cujas línguas eles não entederiam. Isaías 28.11 – “Pois bem, com lábios trôpegos e língua estranha Deus falará a este povo”. Nós sabemos mais tarde que esta profecia se cumpre com a chegada dos Assírios e Babilônios. Interessante é que neste capítulo de Isaías, Deus chama o povo de bêbado (veja os versos 7-8).
Deus então vai dar como maldição a eles, invasores que eles não vão entender. Estes vão falar de um jeito que parecerá ser um bêbado, quando fala palavras incompreensíveis.
Agora veja como isto se cumpreem nosso texto, versículo 12-13 de Atos 2 (ler). Os que não puderam entender, disseram: Eles estão bêbados! Esses aqui estavam recebendo juízo de Deus! O presente do Espírito não tinha caído sobre eles naquela ocasião. Mas os que puderam entender ficaram atônitos, maravilhados!
As línguas para os que compreenderam foram um sinal da benção de Deus. O propósito de Deus desde o início era que muitos povos iriam servi-lo.
Veja Gênesis 12.3 – por meio de você (Abraão) todas as famílias da terra serão abençoadas (o cumprimento vem em Cristo). Isto começa a ser ativado aqui, no dia da festa de Pentecostes. A colheita será muito grande. Veja Apocalípse 7.9-17. Vemos a imagem mais clara desta grande colheita. O evangelho na boca de várias línguas: uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé, diante do trono e diante do Cordeiro.
Jesus escolhe este dia como um dia especial na história. Um dia marcante! Um dia de colheita da alma. Os primeiros frutos oferecidos a Deus. No versículo 41 deste capítulo 2 podemos ver que 3000 pessoas são convertidas e batizadas.
Esta onda do Espírito Santo chegou até nós. Nós não recebemos este milagre de novas línguas, pois já temos a benção de ter a Palavra de Deus em outros idiomas. Somos holandeses e brasileiros aqui presentes. Talvez outros tenham nascido em outros países além desses. Mas todos recebemos a Palavra de Deus. Todos temos a Palavra de Deus em nossos lares. A maioria de nós tem Bíblias em em holandês e português. Outros talvez tenham em inglês. Eu também tenho em Grego e em Hebraico.
As línguas são uma benção. Recebemos o evangelho em nossa própria língua. Somos testemunhas de Cristo em nossas línguas. Não precisamos mais ficar com medo de Babel. O efeito de Babel não é tão poderoso que Cristo não possa transpor. Hoje, lá do céu, Cristo, por meio do seu Espírito Santo está trazendo mais e mais pessoas para junto dele.
Primeiro foi em Jerusalém, depois Samaria, depois o mundo antigo. Agora até as ilhas mais distantes pessoas conhecem o nome de Jesus. A cruz não o prendeu. A sepultura não o engoliu. Ele ressuscitou. Ele vive. Ele está conosco através do seu Espírito. Ele venceu! E continuará seu trabalho de colheita até o fim. Nenhuma fronteira é tão grande ou língua tão incompreensivel que Cristo não possa chegar e resgatar homens, mulheres e crianças. Nada irá parar o Senhor Jesus Cristo.
Amém!
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.