Leitura: Gênesis 05.01-32
Texto: Gênesis 05.28-29
Amada Congregação do Nosso Senhor Jesus Cristo:
Talvez alguns de vocês ouviram sobre um livro escrito pelo autor Inglês Charles Dickens – Um Conto de Duas Cidades. E se conhece o livro, vai conhecer a primeira frase famosa: “Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos.”
Na história do mundo após a queda e antes do dilúvio, vimos o “conto de duas cidades” que define a história do mundo – a história da cidade de Deus, em oposição a, e sendo atacada pela cidade do homem. Gênesis 4 nos dá os detalhes da vida na cidade do homem antes do dilúvio, enquanto Gênesis 5 nos traz de volta à cidade de Deus, para a família de Sete, a igreja como estava sendo preservado, mesmo nos piores dos tempos.
E este conto de duas cidade é também um conto de dois Enoques e um conto de dois Lameques. A genealogia em Gênesis 5 é muito mais do que uma lista de nomes. Nós fornece um contraste direto entre a vida na cidade de Deus e a vida na cidade do homem. Veremos esse contraste especialmente nesses dois homens, homens que tinham os mesmos nomes, mas homens que eram opostos polares. Começaremos com Enoque e, em nosso segundo ponto, veremos Lameque. Então vamos contrastar o primeiro Enoque com o segundo, e o primeiro Lameque com o segundo.
O primeiro Enoque foi o filho primogênito do assassino, Caim. A primeira cidade do mundo tinha o nome deste Enoque, e este Enoque se tornaria o tataravô do primeiro Lameque – ouvimos falar do guerreiro Lameque e seus filhos anteriormente – sobre como eles dedicaram suas vidas à fama, enquanto o povo de Deus dedicou suas vidas ao serviço de Deus. Não ouvimos muito sobre este primeiro Enoque – mas nos dizem o suficiente para saber que ele seguiu os passos de seu pai; ele não se desviou dos pecados de Caim que separaram Caim e seus descendentes do serviço do Senhor e do próprio Senhor.
O segundo Enoque era um personagem incrível na história. Gênesis 5 diz que ele era o pai de Matusalém, o homem que viveu a vida mais longa na história; mas não é por causa do filho que lembramos Enoque. Quando tinha 65 anos, Enoque tornou-se o pai de Matusalém, mas depois que gerou a Matusalém, viveu trezentos anos, e teve filhos e filhas. Mas o que é realmente importante é aquela breve frase no início de versículo 22: “Andou Enoque com Deus.” E então, resumidamente, concisamente, lemos em 5.24: “Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si.”
Este relato de Enoque tornou-se parte da mitologia judaica; há até mesmo um livro de profecia atribuído a ele. Nunca foi aceito como parte do cânon das Escrituras ou por judeus ou cristãos, exceto por uma parte da igreja na Etiópia. O livro de Enoque pode ser mítico, mas Enoque certamente não é – ele é incluído naquela lista de homens fiéis em Hebreus 11.5:
“Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes da sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a Deus.”
Este segundo Enoque foi homem da fé. Sua vida foi definida por sua fé, e o fim de sua vida na terra serviu como mensagem aos fiéis, à linha piedosa de Sete, que a morte física não marca o fim da nossa existência. Ele era homem de fé exemplar, e Deus recompensou essa fé dando a Enoque um dom único. O breve relato da vida de Enoque e sua entrada na glória quebra o padrão monótono que começa em versículo 5:
“Os dias todos da vida de Adão foram novecentos e trinta anos; e morreu… Todos os dias de Sete foram novecentos e doze anos; e morreu… Todos os dias de Enos foram novecentos e cinco anos; e morreu… todos os dias de Maalalel foram oitocentos e noventa e cinco anos; e morreu… Todos os dias de Jarede foram novecentos e sessenta e dois anos; e morreu…”
Mas Enoque? “Já não era, porque Deus o tomou para si.”
Havia a maldição, o resultado da queda – “certamente morrerás.” Nos séculos entre Adão e Enoque, as consequências do pecado de Adão ficaram claras toda vez que outro buraco foi cavado e outro corpo sem vida enterrado no chão. Mas Deus não deixou seu povo sem esperança. O corpo e a alma de Enoque não foram dilacerados naquela separação antinatural que a morte física causa. O termo usado para descrever o que aconteceu com Enoque é “trasladação.” Ele foi trasladado da vida na Terra para a glória. E o que aconteceu a Enoque serviu como lembrete para o povo de Deus que sua luta nesta vida não foi em vão. Eles estavam lutando contra as forças da maldade que estavam ao seu redor. Gênesis 6 deixará claro que a Cidade do Homem parecia estar quase no ponto de derrotar e destruir a Cidade de Deus.
Mas naqueles dias sombrios, no “pior dos tempos,” a luz do evangelho, as boas novas de salvação e libertação do pecado e da morte, ainda estavam brilhando. Quando a tentação de desistir da luta contra o pecado ameaçou o povo de Deus, o exemplo de Enoque estava sempre diante deles – um homem piedoso, um homem que andava com Deus, um homem que mostrou durante toda a vida o que significava ser verdadeiramente santo, verdadeiramente piedoso.
E quando o Senhor tomou Enoque, quando ele não provou a morte, esse evento foi encorajamento muito especial para o povo de Deus; dizia-lhes para perseverar. Para não desistir na batalha. Para não ceder ao mal que os cercava, o mal que os tentava por dentro. Para continuar. Para continuar lutando. No que pode ter parecido o pior dos tempos, a trasladação de Enoque lembrou ao povo de Deus que o melhor ainda estava por vir. Nenhuma quantidade de prazer terreno, nenhuma quantidade de sucesso terreno, poderia substituir a alegria de andar com Deus nesta vida. Nenhuma visão de vida restrita à este mundo e o que é a vida poderia substituir a antecipação de ser levado a Ele, tomado por Ele, para deleitar-se nele para sempre na vida por vir.
Enoque andou com Deus. Ele não era, porque Deus o tomou para si. Mas apesar da crescente pecaminosidade da humanidade, apesar do deslize na incredulidade e rebelião contra Deus, apesar do fato que parecia que a semente fiel de Sete estava rapidamente desaparecendo, Enoque também deixou sua marca em outros aspectos. Ele gerou Metusalém, e Metusalém era pai de Lameque.
E este segundo Lameque era o oposto do primeiro Lameque. Ele era homem de fé. A fé dos pais foi transmitida aos filhos, como o Senhor tinha pretendido, como ainda pretende acontecer hoje. Obviamente, muitos outros haviam abandonado o Senhor e sua causa, porque no tempo de Noé havia apenas uma família fiel no mundo.
Pense nisso por um momento. Se você considerar que a cronologia de Gênesis 5 não tem lacunas, cerca de 1600 anos se passaram entre a criação e o dilúvio. Naqueles 1600 anos, a população do mundo teria sido, no mínimo, nas centenas de milhões. E menciono esses números porque eles mostram o poder do pecado. Além do trabalho renovador e vivificante de Deus em nossas vidas, nosso estado natural é o estado de hostilidade para com Deus. E nós vemos o que aconteceu antes do dilúvio no próximo capítulo de Gênesis – entre esses milhões de pessoas, não tão longe de nossos primeiros pais, especialmente quando você considera a extensão da vida das pessoas no mundo como existia antes do dilúvio, apenas oito pessoas fiéis permaneceriam – Noé e sua esposa, e seus três filhos e suas esposas.
Então este segundo Lameque era, para dizer o mínimo, um homem excepcional. É difícil o suficiente para nos mantermos firmes diante das pressões que o mundo incrédulo coloca em nós; somos tentados e puxados de um jeito ou de outro pelas influências do mundo. Irmãos, quanta influência deixamos o mundo ter sobre nós e sobre nossas famílias, mesmo com todas as bênçãos que recebemos? Mesmo com a bênção da completa Palavra de Deus, com a bênção do Pentecostes, o derramamento do Espírito Santo? Mesmo com a bênção de saber que a semente prometida da mulher veio e que a batalha foi vencida?
Quantas vezes nós, como povo de Deus, esquecemos quem somos, escolhemos viver como pessoas que não somos, escolhemos os prazeres fugazes do pecado ao andar com Deus? Quantas vezes não cedemos às vozes que nos chamam, de dentro e de fora, e com que frequência não nos permitimos cair nos esquemas do inimigo? Pense em Lameque e agradeça todos os dias pelas bênçãos que você recebeu que homens como Lameque nunca receberam.
Porque no pior dos tempos, Lameque estava ansioso para um dia melhor, e ele estava confiando no Senhor para trazer aquele dia. Ele deve ter recebido uma revelação especial quando seu filho Noé nasceu. Ele chama esse bebê Noé, que soa como o verbo hebraico que significa “confortar, ou trazer alívio.” E o nome também parece estar intimamente relacionado à palavra hebraica para “descanso,” ou “salvação.” Lameque ouviu o evangelho e acreditou nas promessas. Ele deve ter sabido sobre a semente prometida da mulher, sobre a promessa da libertação de Deus. E ele pode até ter assumido que Noé seria aquele que acabaria por trazer essa libertação, esse consolo, esse descanso.
E quando Noé nasce e recebe seu nome, Lameque profetiza: “Este nos consolará dos nossos trabalhos e das fadigas de nossas mãos, nesta terra que o SENHOR amaldiçoou.”
Imagino que os vizinhos de Lameque, incluindo membros da sua própria família, pensassem que Lameque era pessimista. Aqui está Lameque, focando na maldição da terra. Aqui está Lameque, olhando as coisas de um modo tão negativo, falando sobre a necessidade de alívio de seu trabalho, falando sobre trabalho doloroso, procurando alguém para livrá-lós do sofrimento da vida. Enquanto isso, o que todo mundo estava fazendo?
Eles provavelmente viam assim – eles estavam olhando para o lado positivo. Eles estavam fazendo o melhor de uma situação ruim. Claro, a terra estava amaldiçoada. Claro, o trabalho poderia ser difícil se você trabalhasse duro. Claro, há sofrimento no mundo, e morte, e todo tipo de problema para enfrentar. Mas qual é o ponto de se concentrar nessas coisas? Por que não aproveitar ao máximo a vida? Por que não curtir a vida, tirar tudo o que puder dela, obter tanto prazer, tanta satisfação da vida antes de morrer? Isto é o que o Senhor Jesus disse aos seus discípulos em Lucas 17.26-27:
“Assim como foi nos dias de Noé, será também nos dias do Filho do Homem: comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e destruiu a todos.”
Então, o que foi que a maioria de pessoas estavam fazendo nos dias de Noé? Comendo, bebendo, casando e dando-se em casamento, até Noé entrou na arca e veio o dilúvio.
Aqui está Lameque, aquele homem negativo. Ele é como o cara da festa que está lembrando a seus amigos que eles deveriam ir para casa porque eles têm que acordar cedo na manhã seguinte para trabalhar. Lameque provavelmente era o tipo de cara que as pessoas queriam evitar simplesmente porque ele as lembrava que a vida delas não passava de uma farsa. Enquanto Lameque trabalhava, enquanto Lameque ensinava seus filhos sobre o SENHOR, enquanto Lameque invocava o nome do SENHOR, seus contemporâneos se anestesiavam, afogando suas mágoas em comida e bebida, casando-se, vivendo a vida boa, tentando espremer a quantidade máxima de prazer desta vida curta e sem sentido.
É como Isaías disse a Israel em Isaías 22.12-13:
“O Senhor, o SENHOR dos Exércitos, vos convida naquele dia para chorar, prantear, rapar a cabeça e cingir o cilício. Porém é só gozo e alegria que se vêem; matam-se bois, degolam-se ovelhas, come-se carne, bebe-se vinho e se diz: Comamos e bebamos, que amanhã morreremos.” Enquanto seus vizinhos comiam, bebiam e se alegravam, Lameque chorava sobre a maldição do Senhor. Enquanto o mundo ao seu redor estava freneticamente fazendo tudo o que podia para esquecer a realidade, para afogar a verdade, Lameque estava vestindo pano de saco, lamentando a vaidade da vida debaixo do sol.
Mas enquanto o mundo à sua volta seria eliminado num instante no momento em que as águas do abismo irromperiam e torrentes de chuva começassem, o filho de Lameque, Noé, junto com sua família, estaria seguro dentro da arca. E Lameque provavelmente não sabia os detalhes exatos de que tipo de consolo, que tipo de descanso, Noé traria, mas ele confiava no Senhor para cumprir sua Palavra.
As pessoas que ouviram a mensagem de Lameque sobre essas coisas podem ter pensado que ele não passava de um infeliz que não era inteligente o suficiente para perceber que uma pessoa tem que criar seu próprio significado nessa existência sem sentido, que ele era alguém que estava focado demais nos problemas desta vida para realmente se divertir. Mas, no final das contas, eles seriam provados errados, terrivelmente, e nós podemos apenas imaginar o que eles experimentaram quando se tornou óbvio que Lameque e depois Noé estavam realmente certos quando pregaram a justiça e os advertiram sobre o julgamento que estava por vir.
O Senhor Jesus alertou os hipócritas em Mateus 6 que, quando recebiam elogios de outros por parecerem justos, quando tocavam a trombeta quando davam as esmolas aos pobres, quando deixavam claro para todos ao seu redor que eles estavam jejuando, que eles já haviam recebido sua recompensa. Eles podem ter sido elogiado por outros. Eles podem ter recebido a adulação. Eles podem ter sido admirados. Mas isso seria tudo. Sua recompensa, seu prazer, seria passageira – somente para esta vida.
Foi o mesmo para os milhões de rebeldes que viveram quando Enoque andou com Deus, quando Lameque profetizou sobre o descanso e consolo de Deus, a libertação de Deus, quando Noé construiu a arca e viveu sua vida como arauto da justiça. Em comparação a nós, eles viveram vidas longas, mais do que podemos imaginar – 800, 900 anos, até mais.
E durante esse tempo, eles não choraram como Lameque. Eles não lamentaram como ele. Eles não se preocuparam como ele. Eles não sofriam dentro de si como ele. Claro, tudo isso estava lá, nu fundo – não há como escapara para ninguém, não importa o quão rebelde eles sejam. Há sempre aquela voz incômoda no fundo que os incrédulos acham tão irritante, há conhecimento nativo, inato e natural da verdade que deve ser ativamente suprimido. Mas eles não têm que reconhecer isso, e se você se mantiver ocupado o suficiente, se você ocupar sua mente o suficiente com o ruído e as coisas brilhantes e prazer físicio por tempo suficiente, essa voz pode ser praticamente silenciada, e a vida pode continuar como uma grande festa.
Mas aquele grande festa foi tudo. Seja por 900 anos para aqueles que viveram antes do dilúvio, ou seja por 80 ou 90 anos hoje, a mesma coisa vale: para aqueles que não se entristecem com seus pecados, sobre o estado do mundo, sobre o estado do seu coração, para aqueles que não sofrem e choram agora, para aqueles que passam a vida comendo e bebendo, se divertindo, se casando, quando o fim vier, como será para todos, independente de quão ativamente eles tentem negar ou ignorar, eles já terão recebido sua “recompensa.” E é a única coisa que eles vão receber. A única coisa que resta é o sofrimento que não pode ser evitado, minimiazado ou abafado, dor e tristeza que não podem ser cobertas por drogas ou álcool ou sexo ou dinheiro ou qualquer tipo de escapismo, agonia que nenhuma medicação pode tirar.
Viver longe de Deus, viver em rebelião contra Ele, ignorá-lo, minimizar sua importância, negar sua realidade, atropelar sua lei, rejeitar suas promessas, imaginar que você sabe melhor do que ele, acreditar na mentira e todas supostas alegrias desta vida serão reveladas num piscar de olhos para ser nada mais do que uma miragem, um espectro, vaidade de vaidades, um completo e absoluto desperdício, não mais do que um desastre sem fim. Tente viver sem Deus nesta vida, e uma coisa é certa: quando você der o seu último suspiro, você já terá recebido sua suposta recompensa e descobrirá que não foi uma recompensa na verdade.
Irmãos, precisamos desse lembrete, e precisamos nos lembrar, e a outro, regularmente, dessa verdade. Precisamos nos lembrar das palavras de nosso Salvador em Lucas 6:
“Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. Bem-aventurados vós, os que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, os que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sois quando os homens vos odiarem e quando vos expulsarem da sua companhia, vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome como indigno, por causa do Filho do Homem. Regozijai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu; pois dessa forma procederam seus pais com os profetas. Mas ai de vós, os ricos! Porque tendes a vossa consolação. Ai de vós, os que estais agora fartos! Porque vireis a ter fome. Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas.”
Lameque chorou nesta vida; mas ele sabia que a hora do riso, para alívio daquele choro, estava chegando. Lameque foi certamente odiado e excluído e insultado, e seu nome foi provavelmente rejeitado como mau, porque ele era profeta do Deus Altíssimo, porque ele esperava a libertação que só Deus poderia trazer. Mas sua recompensa seria grande. Deus consolou Lameque com a promessa do libertador vindouro; e sabemos que Noé não era o maior libertador. Abraão não era aquele libertador. José não era. Moisés não era. Josué não era. Nenhum dos profetas. O rei Davi.
Todos eles libertaram seu povo. Através destes homens, o Senhor manteria um povo fiel por si mesmo, diante de todos os ataques do mundo. Mas o melhor que podiam fazer como seres humanos manchados por pecado, mesmo o maior, o mais sagrado, deles, era trazer descanso temporário. Noé trouxe vida ao mundo pós-diluviano, mas podemos ver o que aconteceu tão cedo – o pecado não foi eliminado, e uma das primeiras coisas que nos dizem sobre o que aconteceu quando as águas do dilúvio recuaram é a história de Noé bebendo demais, e seu filho zombando dele por causa disso. O pecado ainda estava no mundo, mesmo entre esta família justa, reta e tementes de Deus.
Noé, os profetas, os juízes, os grandes reis, só poderiam trazer descanso temporário para o seu povo. Eles só poderiam fornecer consolo limitado ao povo fiel de Deus. Eles só podiam aliviar o trabalho das mãos do homens de uma maneira pequena e temporal. Mas o Senhor Jesus Cristo trouxe o último descanso. Ele traz o melhor consolo. Ele cumpre o trabalho de todos esses grandes homens da história, Ele faz o que nenhum deles poderia fazer. Ele dá a vida, o descanso e a paz que todos esperavam.
Enoque andou com Deus, mas Enoque não pode fazer nada para nos ajudar a andar com Deus. Enoque foi levado para estar com o Senhor, mas Enoque não pode nos ajudar a evitar a morte. Lameque sabia que Noé traria alívio da maldição e da dolorosa labuta das mãos dos homens, mas Noé não pode nos trazer esse alívio. Somente Jesus Cristo pode fazer isso. Só ele pode nos libertar. Somente nele podemos chorar agora – sim, chorar agora – verdadeiramente lamentar, do coração, nossa própria pecaminosidade, lamentar nossa própria incredulidade, nossa própria falta de fé, nossa própria falta de obediência. Precisamos ser pessoas que choram, e somente o Senhor Jesus Cristo e Seu Espírito em ação dentro de nós nos levarão ao lugar onde podemos lamentar como deveríamos. E deveríamos, mais do que costumamos fazer.
Somente nele podemos perceber nossa pobreza, nossa pobreza espiritual, nossa necessidade. Somente nele podemos viver para que o mundo nos odeie e nos revele rejeite nosso nome, por amor a ele – e é assim que precisamos viver, mais do que frequentemente fazermos, para nossa vergonha. E somente nele podemos nos regozijar, verdadeiramente nos regozijarmos, como todo nosso coração, alma, mente, e força. Somente crendo nele e recebendo sua salvação podemos receber a sabedoria para realmente entender o significado e propósito da vida. Somente confiando nele e em seu perfeito sacrifício, podemos ser renovados à sua imagem, podemos viver em harmonia e em serviço ao nosso Criador.
Nós nos lembramos disso todo dia? É triste dizer que precisamos confessar que muitas vezes esquecemos. Muitas vezes não nos afligimos como deveríamos, não nos lamentamos como deveríamos, nos regozijamos com as coisas erradas, não reconhecemos nossa pobreza e nossa necessidade como deveríamos. E assim acabamos sendo muito parecidos com o primeiro Enoque, e não o suficiente como o segundo Enoque. Acabamos falando e agindo como o primeiro Lameque, em vez de como o segundo Lameque. Precisamos nos arrepender desses pecados. Precisamos chorar por eles. E precisamos nos voltar novamente para o Senhor Jesus Cristo, o cumprimento da profecia de Lameque, o homem que verdadeiramente, completamente e perfeitamente andou com Deus, aquele que traz descanso, paz com Deus, o único que pode nos libertar deste corpo de morte.
Portanto, a mensagem é clara: Volte para ele. Sofra de seus pecados e suas falhas, mas faça mais do que isso. Verdadeiro arrependimento, verdadeira conversão, está sofrendo com uma tristeza sincera que você ofendeu a Deus por seu pecado, odiando o pecado, fugindo dele, mas também é uma alegria sincera em Deus, através de Cristo, e amor e prazer em viver de acordo com sua Palavra, em serviço a ele. Ele abriu o caminho para o descanso, a consolação, e a salvação. E ele chama todos nós para caminharmos dessa maneira, para olhar adiante, como Lameque, para o dia em que a última vitória estiver completa, quando o inimigo for lançado na cova, quando formos recebidos naquela gloriosa Nova Jerusalém, onde cada lágrima será apagada, onde a dor da labuta não existirá mais, onde a maldição na terra desaparecerá, quando reinarão alegria e paz.
Comecei esta mensagem falando sobre aquele livro de Charles Dickens, O Conto das Duas Cidades, e a primeira frase daquele livro: Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos. No momento, parece que estamos vivendo no pior dos tempos. Em muitos lugares, vemos o mal aparecendo a triunfar. Em muitos países, vemos a fé cristã se desvanecer na obscuridade, enquanto a mensagem do humanismo e do pós-modernismo que nega a Deus parece estar vencendo. Vemos muitas pessoas, talvéz até nós mesmos, que levam o nome de Cristo, mas querem o que o mundo tem a oferecer mais do que o que Cristo tem para oferecer. Mas também é o melhor dos tempos para nós, porque Deus nos deu Seu evangelho mais uma vez, seu chamado, sua graciosa mensagem de salvação, oferecida como um presente gratuito. Esta pode ser a primeira vez que você ouviu esta mensagem, ou pode ser a milésima. Mas é igualmente vital: arrependa-se e crê, e verdadeiro descanso, verdadeiro alívio, e verdadeiro consolo serão seus, em Cristo Jesus, o Senhor.
Amém.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.