Leitura: Daniel 2:31-45, 7:9-18; Mateus 28:16-20; Atos 1:1-11
Texto: Dia do Senhor 18 e 19
Irmãos em nosso Senhor Jesus Cristo,
Algumas semanas atrás, quando começamos a estudar o que o Credo Apostólico diz sobre tudo que Cristo fez, começando com a concepção virginal e o nascimento de Cristo, enfatizei o ponto que uma grande parte da Bíblia é histórica. Aproximadamente 75% da Bíblia conta fatos históricos. A nossa fé, a fé Cristã, não é uma filosofia esotérica, ou uma atitude sobre a vida; nem consiste somente de convicções sobre realidades eternas sobre Deus ou sobre nós mesmos; mas cremos em fatos históricos, fatos que foram testemunhados por testemunhas oculares. Desde a criação do mundo—que cremos que aconteceu alguns milhares (e não milhões) de anos atrás, até o chamado de Abraão, e depois o Êxodo do Egito, e depois o reino de Davi, etc., a Bíblia conta o que Deus tem feito na história, como ele tem agido para salvar o seu povo. A história é essencial à nossa fé; não tem como ser um cristão sem crer nestes fatos históricos.
Mas as coisas em que confessamos sobre a história não se limitam ao passado. Normalmente, quando falamos sobre “história” estamos falando sobre eventos que aconteceram no passado. Mas a história é maior de que isso. Inclui o presente (nós estamos neste momento vivendo a história), e também o futuro. E isso também faz parte da nossa fé. Vocês podem ver que, onde estamos no Credo Apostólico, estamos juntamente nesta transição de passado para presente para o futuro. E as coisas que cremos sobre a história não se-limitem para o passado, mas também temos convicções sobre a história presente e futura.
Agora, numa primeira leitura, parece que o Credo Apostólico não tem muito a dizer sobre o presente—o que Cristo está fazendo no presente. Depois de tudo que Cristo fez no passado, todas as suas obras gloriosas de redenção, terminando em sua ascensão ao céu; e considerando também aquilo que confessamos que Cristo fará no futuro, quando julgará os vivos e os mortos…tudo o que o credo diz sobre o que Cristo está fazendo agora é “está sentado”?
Nosso catecismo mostra que por trás desta pequena frase, há muito mais que Cristo está fazendo. Quando a igreja confessa que Cristo “está sentado”, na verdade, é uma expressão real, uma expressão de domínio e poder. A expressão vem de Salmo 110:
Psa. 110:1–2: “Disse o Senhor ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.”
Então hoje vos prego o evangelho com o seguinte tema: Cristo ascendeu ao céu para reinar sobre a Terra.
Você pode ver com este tema que estou tratando a ascensão de Cristo junto com a sua sessão, porque é a assim também que a igreja desde os primeiros séculos sempre confessou o Credo; trata-se de um só artigo. Se você olhar ao Credo Apostólico (no final do hinário de Maceió) você vai ver que trata-se de um só artigo.
Agora, você pode ver que o Catecismo não divide o Credo assim. Divide este artigo em dois DS, e ajunta a “sessão” com o “retorno” de Cristo em um só. Tem razões históricas para isso. Na Grande Reforma Protestante, houve uma divisão entre os luteranos e os reformados sobre a presença de Cristo, especialmente na Santa Ceia. A igreja medieval sempre enfatizou a presença física do corpo de Cristo na Santa Ceia. E o grande Reformador, Marinho Luterno, ainda acreditou nisso de alguma forma. Ele rejeitou a ideia de transubstanciação (que o pão e vinho se transformam no corpo e sangue de Cristo); mas ele disse que, mesmo assim, Cristo está fisicamente presente. Ele defendeu isso com a ideia de que agora o corpo de Cristo se tornou “onipresente”. O corpo humano de Cristo assumiu um aspecto de sua divindade, e assim die torno onipresente. Assim, podemos dizer, Cristo está “fisicamente presente” na Ceia.
Agora, como fica isso? Em que sentido o corpo “fisico” de Cristo está onipresente? Não faz nem sentido. Mas os luteranos insistiram neste ponto, e acusaram os reformados de separar as duas naturezas de Cristo. Segundo eles, se dissermos que Cristo está presente apenas em seu espírito divino e não em seu corpo humano, estamos dividindo e separando as duas naturezas de Cristo—que não pode. E Cristo mesmo não disse, “estarei convosco até o fim da era”? Então—segundo os luteranos—temos que crer na onipresença do corpo de Cristo.
Com todo respeito aos luteranos, este foi um argumento muito fraco, e bastante criativo. A igreja nunca acreditou na onipresença corporal de Cristo. E você pode ver que, embora Cristo diz por um lado “estarei convosco até o fim da era”, por outro lado ele também diz (João 13:33): “Para onde eu vou, vós não podeis ir.” Então ele está aqui presente em um sentido, e ausente em outro. E como é isso? Ele diz claramente em João 15 que está presente em seu Espírito. E a sua ausência é o fato que os apóstolos testemunharam na sua ascensão. Eles viram Cristo indo embora. E o anjo fala sobre o seu retorno. Não faz sentido falar sobre o “retorno” de Cristo se ele nem saiu, se está onipresente.
Mas não separamos as duas naturezas ao dizer isso—que não dizemos nós, mas a Bíblia—porque, como o catecismo diz, a onipresença é uma qualidade da natureza divina de Cristo, não da natureza humana. Como o Filho de Deus, ele preenche o céu e a terra. Melhor, ele está acima do próprio tempo e espaço, e não contido nele. E assim, Ele está conosco; e ainda está conosco de uma forma especial em seu Espírito. Mas seu corpo humano, não. Mas as duas naturezas de Cristo continuam unidas como sempre, respeitando as diferenças de cada uma. Não queremos especular ou entrar nos mistérios do que não foi revelado, mas queremos respeitar o que a Bíblia diz: em um sentido, Cristo está aqui conosco; em outro sentido, não está, mas um dia voltará.
Até durante o ministério de Cristo na terra, vemos evidência desta distinção. Em Mateus 8, Cristo curou o servo de um centurião. O centurião veio a Jesus porque seu servo estava morrendo e, por se sentir indigno de Jesus entrar em sua casa, pediu-lhe que ficasse onde estava, pois sabia que a distância não seria um problema para Jesus. O poder divino de Jesus cruzou a distância, mesmo que seu corpo estivesse fisicamente distante. É isso que confessamos sobre o presente, também. Cristo está no céu. Mas Ele ainda está conosco porque é Deus. Ele continua operando no seu Espírito, continua abrindo corações, reunindo sua igreja, e cumprindo sua missão.
É por isso que o catecismo divide esta linha do Credo em dois Domingos, para que pudesse lidar com esta questão, porque na época foi um grande ponto de divisão entre os luteranos e reformados. Mas não precisamos gastar mais tempo com esta questão do que já gastamos. Hoje—pelo menos aqui—não temos muito contato com Luteranos. Por isso podemos tratar o artigo inteiro da ascensão de sessão de Cristo, sem gastar mais tempo sobre esta controvérsia.
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Então, com essa questão resolvida, queremos perguntar: o que é que confessamos quando falamos que Cristo “ascendeu ao céu e está sentado à direita do Pai”?
A ascensão não precisa de muita explicação. O catecismo a explica de forma simples: “Cristo, à vista dos seus discípulos, foi levado da terra ao céu”. Lemos sobre isso em Atos 1. E quando comparamos a visão de Daniel em Daniel 7 com a conta de Lucas em Atos 1, fica bem claro que trata-se do mesmo evento. Daniel previu isso em uma visão—500 anos antes. Daniel vê a ascensão do filho do homem da perspectiva do céu, da sala do trono de Deus. Ele vê o filho do homem vindo nas nuvens. E os apóstolos em Atos viram o evento da perspetiva da terra: Cristo subiu até que as nuvens o cobriram.
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Mas agora, o que Cristo está fazendo no céu? Para que ele ascendeu? Por que não ficou aqui conosco?
Para respoder a isso, devemos voltar novamente à profecia de Daniel, para ver o que acontece depois. O Filho do Homem subiu diante do trono do Ancião de Dias, e o que aconteceu?
Dan. 7:14: “Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído.”
Aquilo que a igreja confessa com uma única palavra é, na verdade, uma confissão muito grande e muito importante: expressa a nossa convicção sobre toda esta presente era, e tudo que Cristo está fazendo. Como vimos já em Salmo 110, Cristo ascendeu ao céu para reinar sobre a Terra, e é isso que ele está fazendo agora.
O que significa que Cristo está “reinando”? Aqui, às vezes os cristãos se confundem. Confessamos, de fato, que Deus é o Rei de toda a terra, e governa desde sempre sobre o mundo e sobre a história. Isso nós já confessamos em DS 11, quando falamos sobre a “providência” de Deus.
Mas se isso já foi o caso, o que mudou com a ascensão de Cristo? Qual a diferença na prática? Vejamos novamente Daniel 7:14:
Dan. 7:14: “Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído.”
Ou, como diz em Salmo 110:
Sl. 110:1: “Disse o Senhor ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.”
Claramente, algo muito grande e muito sério mudou.
Deus em sua soberania sempre governava e ainda governa sobre o mundo e a história. Remove reis e estabelece reis.
Mas desde a criação do mundo—ou melhor, desde que Adão e Eva caíram em pecado—Deus permitiu que as nações se espalhassem e se alienássem de Deus. Cada um seguiu atrás do seu deus. E assim, por toda a história do Antigo Testamento, enquanto Deus preservou a pequena nação de Israel, a grande massa da humanidade viveu em ignorância e idolatria. O apóstolo Paulo em Atos 17 chama isso os “tempos de ignorância”. Deus continuou soberano, e Deus fez promessas a Abraão que por meio da descendência dele, um dia todas as famílias da terra serão abençoadas; mas na prática, não se-viu isso. Às vezes até pareceu que não sobreviria ninguém, pois até Israel e Judá em grande parte se apartaram de Deus e caíram em idolatria.
Mas Deus sempre manteve lembrança de sua promessa sobre todas as nações. Até mesmo quando os judeus esqueceram desta promessa, Deus não esqueceu. Especialmente nos salmos que falam sobre a obra do Messias, do prometido Filho de Davi, esta promessa é sempre levada à memória:
Psa. 2:8: “Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão.”
Psa. 22:27–28: “Lembrar-se-ão do Senhor e a ele se converterão os confins da terra; perante ele se prostrarão todas as famílias das nações. Pois do Senhor é o reino, é ele quem governa as nações.”
Psa. 46:10: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra.”
Psa. 47:3: “Ele nos submeteu os povos e pôs sob os nossos pés as nações.”
Psa. 72:11: “E todos os reis se prostrem perante ele; todas as nações o sirvam.”
Em Isaías e nos outros profetas, vemos grandiosas promessas de nações fluindo para Deus, para serem instruídos por sua Palavra, debaixo do reino de Cristo.
Nós lemos uma profecia sobre isso também em Daniel 2. Tente imaginar Daniel, nas cortes de Nabucodonosor, diante do rei mais poderoso do planeta—que o rei da Babilônia certamente era na época – e tendo acabado de ver a mesma visão que Nabucodonosor viu. Ele viu uma grande imagem, poderosa e de brilho extraordinário, cuja aparência era assustadora. A cabeça era feita de ouro fino, o peito e os braços de prata, o meio e as coxas de bronze, as pernas de ferro, e seus pés de ferro e barro. E enquanto Daniel observava a imagem, Deus lhe deu sabedoria para reconhecer o que era: todos os reinos poderosos do mundo — a cabeça temível sendo a Babilônia, feita de ouro fino, gloriosa em sua beleza; e toda a carne, homem e o melhor, sujeita ao poder, à força e à glória da Babilônia. Mas abaixo disso e depois disso, um reino inferior, e depois disso, um reino ainda mais inferior, e depois disso, outro reino, tão forte, duro e destrutivo quanto o ferro, quebrando o mundo em pedaços e esmagando tudo em seu caminho — apontando para o Império Romano — embora seus pés estivessem misturados com barro, e estivesse condenado a se desintegrar.
Mas então, Daniel viu uma pedra, cortada da montanha sem mão humana — obra de Deus — e ela quebrou em pedaços o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro. E então aquela pedra tornou-se uma grande montanha, e encheu toda a terra. E Daniel reconheceu o que viu: aquilo era o Reino de Deus.
Você consegue imaginar os medos que Daniel sentiu ao contar ao rei Nabucodonosor o que tinha visto e o que aquilo significava? Profetas já morreram por menos.
Observa as implicações desta visão. Às vezes as pessoas descrevem o reino de Deus como algo puramente espiritual, e o que eles querem dizer com isso é que ele não toma forma visível e não interfere com a ordem política e com as nações do mundo. Como se fossem duas esferas totalmente distintas. Mas não é isso que Daniel vê. A pedra que ele viu—que é o Reino de Deus—embora não vem deste mundo—ela é cortada sem mãos humanas—certamente entra em contato com o mundo, e sim, transforma o mundo. Ela esmagou a estátua. Destruiu-a. E depois cresceu e cresceu até encher a terra toda. As implicações são claras, e são as mesmas implicações que já vimos em Daniel 7 e em Salmo 110. Quando Cristo ascendeu ao céu e sentou à direita de Deus, ele recebeu domínio, e este domínio tem uma clara direção: para que todos os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem.
Então, sim, algo mudou quando Cristo ascendeu ao céu e sentou à direita do Pai. Não mais os povos irão andar, cada um em nome de seu deus. Agora que Cristo é Rei, ele pretende tomar o seu domínio. E toda a oposição e resistência humana, todos os poderes humanos opostos a ele, hão de fracassar e ser esmagados. Cristo pretende conquistar o seu domínio, até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés.
As implicações desta grande mudança na história humana é vista também em Mateus 28, no texto que lemos. Pouco antes que Cristo ascender ao céu, ele diz aos discípulos:
Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações [Na verdade no grego diz, “discipulai as nações”] batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.”
A ascensão de Cristo ao céu é o ponto de virada na história. Agora que Cristo está sentado à destra de Deus, ele está, por meio de seu Espírito e pela pregação do evangelho, conquistando o domínio que ele comprou com seu sangue. E por isso chamamos todos os povos a arrependimento.
Toda a autoridade no Brasil pertence ao Rei Jesus Cristo. Os demónios e falsos deuses que reinavam sobre esta terra por muitos séculos, por mais que lutam violentamente para segurar o seu domínio, não tem mais direito de reinar por aqui, e não prevalecerão contra Cristo.
Toda a autoridade em Pernambuco pertence a Cristo. Suas leis devem ser nossas leis. Sua justiça é nosso padrão de justiça.
Toda a autoridade em Recife e Camaragibe e Olinda pertence a Cristo. Seu nome deve ser exaltado e honrado.
Por isso que não deve existir (e de fato, nem pode existir) uma separação absoluta entre igreja e estado. Cada país—como cada pessoa, cada lar, cada escola, cada instituição—serve a um deus ou a outro. Parte do nosso dever como cristãos e como cidadãos do nosso país é de lutar para que a justiça—conforme a Palavra de Deus—seja estabelecida em nossas leis; que a corrupção, opressão, e injustiça sejam combatidas e derrubadas, e a verdadeira justiça estabelecida.
Alguns dizem, “mas o reino de Cristo não é espiritual?” Cristo mesmo não disse, “meu reino não é deste mundo?” Sim, de fato é espiritual, no sentido de que começa com a transformação dos corações. Não pensamos igual aos muçulmanos, que podemos expandir o Reino de Cristo por força militar, subjugando inimigos desta forma carnal. Não, o domínio de Cristo começa no coração, quando ele converte o pecador, e salva a pessoa das garras de Satanás.
Mas se de fato Cristo transforma corações, então não pode para ali. Como Cristo transforma corações, sem transformar vidas? Como transforma vidas, sem transformar lares? Como transforma lares, sem mudar comunidades, e sociedades, e até nações? A pedra é sim cortada sem mãos humanas, mas ela entra em contato com este mundo, e o mundo não pode, e não vai, permanecer o mesmo.
Agora, neste ponto, muitos cristãos olham para este mundo, e dizem, “eu não vejo as coisas assim”. “Eu conheço este mundo”. “Eu não creio que o mundo vai se converter a Deus”. “Pelo que eu vejo, as coisas vão de mal para pior”.
- Se julgássemos as cosias com julgamento humano, eu concordaria. Eu não tenho nenhum otimismo para este mundo. Quando olho lá fora para a perversidade dos ímpios, e sua rebeldia e obstinação, e também os planos e esquemas dos globalistas, só posso concluir que as coisas hão de caminhar de mal para pior.
- Também, posso olhar para lugares nesta terra que antes até eram “cristãos” em um certo sentido—a Turquia, por exemplo—que hoje já não é. E vejo Europa e Estados Unidos, que historicamente foram tão influenciados por Cristianismo, e agora estão caindo em apostasia.
- Então, julgando humanamente e pelo que meus olhos veem, não posso ser otimista, de forma alguma.
Mas é assim que os crentes vivem? Pela visão, e não pela fé? Sou chamado para ser “realista”, ou crente?
Eu não posso permitir que aquilo que meus olhos vê determine o que creio. Tenho que segurar as promessas de Deus pela fé, e viver de acordo.
Então Deus prometeu a Cristo, “pede-me e te darei as nações por herança.” Cristo declarou, “toda autoridade me foi dada”. Cristo nos manda, “discipulai as nações”. Cristo nos ensina a orar, “venha teu Reino,” que, como nosso catecismo explica, significa, “
Que nos governes pela tua Palavra e Espírito, de tal modo que cada vez mais nos submetamos a ti.
Que protejas e faças crescer a tua igreja.
Que destruas as obras do diabo, todo poder que se levante contra ti, e toda conspiração contra a tua Palavra.
Que faças todas essas coisas até que venha a plenitude do teu reino, em que serás tudo em todos.
Temos promessas. Temos as ordens. Temos a oração que Cristo nos ensinou. Agora a questão é, seremos crentes ou não?
Não vou fingir de saber o que acontecerá no Brasil durante os próximos 5, 50, nem 500 anos. Não faço ideia. Mas eu tenho que confiar que a Pedra que Deus cortou, que por sua graça me atingiu, e me esmagou, há de continuar de crescer. Que os inimigos de Cristo continuarão a ser postos debaixo de seus pés.
Em qualquer guerra, há linhas de frente que param de avançar por um tempo e até recuam por um tempo. Isso acontece em nosso mundo também. Mas Cristo está reinando, e sua missão não está falhando. E é isso que ele continuará a fazer pelos próximos dois mil anos, se não retornar antes disso.
À medida que a batalha avança, não podemos ser ingênuos e imaginar que o futuro vai ser fácil e tudo tranquilo. Não, pelo contrário, quando olhamos na história aos momentos em que a igreja crescia, muitas vezes foi por meio do sofrimento e sacrifícios de seu povo. Satanás luta com violência contra o Reino de Cristo, porque ele sabe como a história termina, com ele e seus servos jogados no lago do fogo. Ele odeia perder o seu território e seu controle sobre as nações que ele sempre teve debaixo do seu domínio. E quando olhamos para a história, para os momentos em que o Reino de Cristo cresceu com mais força, muitas vezes era justamente por causa do grande derramamento do sangue de seus servos.
E enquanto esperamos e oramos para que Cristo transforme sociedades e nações, não devemos perder o foco na obra conquistadora de Cristo em cenários menores, em vidas individuais. O reino de Cristo vem alma por alma, família por família. Ele traz à vida aqueles que antes estavam mortos em seus pecados e faz com que aqueles que estavam cegos para seus pecados e cegos para a terrível realidade da perfeita santidade de Deus, capazes de ver a santidade de Deus e capazes de ver a graça maravilhosa do Evangelho. E assim Cristo estabelece seu reino ao chamar pecadores para si mesmo! O evangelho da graça de Deus destrói os reinos da escravidão ao pecado, da escravidão ao ódio, da escravidão aos vícios, da escravidão à concupiscência, da escravidão ao poder. E à medida que o Evangelho da Cruz influencia nações inteiras, Cristo opera por meio da pregação do Evangelho para trazer arrependimento, justiça e retidão também à esfera política, pondo fim ao assassinato, à escravidão, à opressão, ao tráfico de pessoas, ao vício e à exploração. Cristo se apodera de homens como John Newton, o famoso escravizador e autor do hino “Maravilhosa graça que salvou um pecador como eu”, e destrói completamente o seu mundo, transformando-os em servos que dedicam suas vidas a libertar escravos. Que privilégio temos de ser uma pequena parte dessa obra de construção do reino, por meio do nosso testemunho do Evangelho ao mundo e por meio do testemunho de nossas vidas transformadas.
Portanto, oremos fervorosamente para que o Seu reino continue a vir, para que a justiça e a retidão sejam estabelecidas aqui, começando em nossas próprias vidas e lares. E saiamos pelo mundo proclamando corajosamente que Cristo é Rei. A Terra tem uma nova capital, e ela fica no céu, e de lá, Cristo continuará a reinar até que tenha posto todos os seus inimigos sob seus pés.
Jonathan Chase
O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.