Leitura: Hebreus 10:1-25, Romanos 5:1-11, Romanos 8:31-39
Texto: Dia do Senhor 29 e 30
Congregação do nosso Senhor Jesus Cristo,
Nas últimas semanas, temos estudado os sacramentos da igreja cristã. O objetivo deste estudo é para que possamos entender corretamente o que esses sacramentos significam e para que fim Cristo os destinava para que possamos melhor apreciá-los e nos beneficiar deles em nossa vida cristã aqui nesta igreja.
Na semana passada começamos a olhar para a Ceia do Senhor em termos gerais, tentando responder às perguntas básicas: (1) o que significa? E (2) por que isso importa – por que é importante na vida cristã?
Agora queremos focar em algo muito específico, que é: qual é a diferença entre a Ceia do Senhor, como celebramos na Igreja Reformada, e a Missa Católica Romana?
Esta é uma questão importante hoje, já que provavelmente o nome mais comum pelo qual a Ceia do Senhor é chamada no mundo é “Missa”. A maioria de nossos vizinhos, se souberem alguma coisa sobre a fé cristã, presumirão que a Ceia do Senhor (como nós a chamamos) é basicamente uma forma da missa. E se você disser: “ah, não, não é a mesma coisa”, eles podem muito bem perguntar: “por quê? Qual é a diferença?”
Agora, ao fazer isso, quero primeiramente responder a uma objeção que pode estar por aí: por que precisamos falar sobre as nossas diferencias com a igreja Católica Romana? Por que não apenas pregar a verdade, sem falar sobre o que consideramos os erros das outras igrejas? Talvez até pensamos: na situação de hoje, quando o secularismo está ganhando força contra todas as igrejas, seria melhor as igrejas estarem unidas, e colocar as diferenças ao lado.
Mas não é tão fácil assim. Se lembrarmos da época dos reinos de Israel e Judá, também muitas vezes isso foi uma tentação. Todas as nações ao redor adorando aos seus falsos deuses, e o paganismo ameaçando destruir totalmente a Israel e Judá. O reino de Israel (as 10 tribos do norte) havia caído em um especie de idolatria—ainda adorando a Deus, a Javé, mas na forma de imagens esculpidas; e também abandonando o Templo de Deus para fazer os sacrifícios em Dã e Betel e não em Jerusalém como Deus ordenou. Mas pelo menos ainda estavam se chamando pelo nome de Deus. O nome de todos os reis também reflete isso—ainda estavam se chamando pelo nome de Javé. Então, diante de todo o paganismo ao redor, certamente seria uma tentação colocar as diferenças ao lado, e aceitar estas imperfeições no culto de Israel. E, na verdade, foi isso que aconteceu em certos momentos, os reis de Judá fazendo alianças com os reis de Israel, às vezes com consequências desastrosas.
Mas durante estes muitos séculos, Deus continuou chamando estes pecados de Israel disso: de pecado. O pecado de Jeroboão, com que ele fez Israel a pecar. Deus não deixou para lá. Deus não aceitou que “pelo menos se chamam por meu nome, e buscam me adorar, mesmo debaixo de imagens e com sacrifícios ilícitos”. Ao longo de séculos, ouvimos o refrão: tal e tal rei fez o que era mau perante o Senhor, porque continuou no pecado de Jeroboão.
Assim também hoje, nossa responsabilidade não é de ser pragmático e estratégico em nossa luta contra o pecado. Nossa responsabilidade é de ser fiel.
Acabamos de ler o Dia do Senhor, e é claro que nossa confissão diz que esta é uma questão que importa. Essa é uma questão pela qual vale a pena lutar.
E de fato, a própria Igreja Católica Romana afirma o mesmo. A decisão do Concílio de Trento – que a Igreja Católica Romana ainda defende hoje – também diz que esta é uma questão vital, tanto que a própria salvação depende disso. O Concílio de Trento reconhece que estamos lidando aqui com visões fundamentalmente diferentes do Evangelho, e a Igreja Católica Romana condena (anatematiza) aqueles que defendem a posição reformada.
Então, não tem como ignorar esta questão, ou por ao lado as diferenças. Temos que defender a verdade, e ser fiel à Palavra: humildemente, sim, e com grande temor, mas temendo a Deus e não ao homem.
Então a questão que está na nossa frente é, a Missa Católica Romana é a mesma coisa que a Ceia do Senhor, apenas com um nome diferente, ou é algo completamente diferente?
Vamos tratar dois pontos principais: (1), a questão da transubstanciação – a crença católica romana de que o pão e o vinho literalmente se transformam no corpo físico e no sangue de Jesus; e (2) a natureza da Ceia do Senhor como um “sacrifício”.
1. A questão da transubstanciação
A primeira questão que queremos examinar, então, é a questão da transubstanciação. Pode parecer uma questão secundária, não particularmente relevante, mas na verdade é essencial para a compreensão católica romana do que é o sacramento e o que acontece lá. A Igreja Romana mantém a visão de que o pão e o vinho literalmente se transformam no corpo e sangue físicos de Jesus no momento em que as palavras da instituição são ditas (e elas tipicamente tocam um sino para marcar este momento). É assim expresso no Catecismo Católico Romano:
O Concílio de Trento resume a fé católica declarando: «Porque Cristo, nosso Redentor, disse que o que Ele oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente o seu corpo, sempre na Igreja se teve esta convicção que o sagrado Concílio de novo declara: pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu sangue; a esta mudança, a Igreja católica chama, de modo conveniente e apropriado, transubstanciação.»
Agora, como falei, esta ideia é essencial para a visão católica romana da Ceia do Senhor, porque, como resultado dessa transformação, o pão e o vinho, sendo Cristo, são realmente adorados como Deus lá no altar. Assim, os congregados vão para a frente, curvam-se diante e adoram o pão e o vinho como Deus, porque eles acreditam que estes elementos realmente são o corpo literal de Cristo. Mais uma vez, o Concílio de Trento declara assim:
O Filho unigênito de Deus deve ser adorado no Santíssimo Sacramento da Eucaristia com o culto de “latria”, incluindo o culto externo. [Esse é a forma de adoração mais alta no sistema católico romano, o tipo de reverência e adoração que somente pode ser dirigida ao próprio Deus.] O Sacramento, portanto, deve ser honrado com extraordinárias celebrações festivas e solenemente levado de um lugar para outro, em procissões segundo o louvável rito universal e costume da santa Igreja. O Sacramento deve ser exposto publicamente para a adoração.
Isso já é uma diferença enorme. Aqui na igreja reformada, nós afirmamos que a Ceia do Senhor é fundamentalmente um sacramento da aliança—um sinal e selo—pelo qual Cristo nos lembra de Sua morte por nós e garante que pertencemos a Ele e Ele a nós; de fato, comungamos com Cristo; mas quando Jesus disse “isto é o meu corpo; faça isso em memória de mim” ele simplesmente jamais quis ensinar que o pão ou vinho literalmente se transformam no corpo e sangue físicos de Cristo. É linguagem sacramental e pactual, assim como vemos nos sacrifícios e cerimônias do Antigo Testamento. Por exemplo, quando o Novo Testamento chama Cristo de nosso “cordeiro pascal”, não está sugerindo que Cristo é literalmente um cordeiro; é linguagem sacramental.
Esta doutrina da transubstanciação faz uma grande diferença, porque, de acordo com a visão católica romana, uma vez que o pão e o vinho se tornaram literalmente o corpo físico e o sangue de Cristo, eles devem ser literalmente adorados.
É por isso que o catecismo fala aqui da Missa como uma “idolatria maldita”. Isso é linguagem muito forte, mas está simplesmente abordando os fatos do caso. Se você está adorando algo como Deus que não seja Deus, é idolatria.
De fato, Peter Kreeft, um estudioso católico romano bem conhecido e defensor do catolicismo romano, diz o seguinte sobre a questão da transubstanciação:
“Se a doutrina da Presença Real de Cristo na Eucaristia não fosse verdadeira, essa adoração seria uma idolatria muito grande: curvar-se ao pão e adorar o vinho! Mas se a doutrina for correta, então recusar-se a adorar é igualmente monstruoso.”
Esses são os fatos da questão. Se é o corpo de Cristo, então deve ser adorado como tal (assim como os discípulos adoraram Jesus em Seu corpo); e se não for, então seria idolatria fazê-lo. Essas são realmente as duas únicas opções, é uma ou outra. É por isso que o Concílio de Trento não apenas declara que é correto adorar o pão e o vinho, mas também condena como apostasia aqueles que se recusam a adorá-lo. Muita coisa depende dessa pergunta.
E é por isso que mantemos nossa afirmação, mesmo séculos depois, de que o que a Igreja Católica Romana está fazendo não é certo. Não temos prazer nem orgulho em dizer isso, mas dizemos isso com sinceridade, com a esperança de que eles se arrependam.
Não há base bíblico algum para sustentar esta ideia de que o pão e o vinho literalmente se transformam no corpo e sangue de Cristo. Quando Cristo diz, “eu sou a porta do aprisco”, ele não está dizendo que é literalmente uma porta. Quando ele diz, “eu sou a luz do mundo” Cristo não está dizendo que se transformou em uma luz.
E quando Cristo disse “esse é o meu corpo”, não há nenhum motivo para supor que ele estava falando de uma transformação física do pão e do vinho em seu corpo e sangue. É um absurdo. É fruto de superstição. E não é, de forma alguma, uma “convicção que a igreja sempre teve”.
Os pais da igreja falaram da “presença real de Cristo”, sim. Mas isso significa apenas que Cristo de fato comunga conosco no sacramento. Não é somente um memorial ao Cristo que morreu. É uma refeição de comunhão real com Cristo. Ele está conosco. Mas continua sendo um sacramento, não uma transformação metafísica de elementos.
Então, como nos dias dos Reis de Israel, por mais “majoritário” esta opinião se tornou depois, e por mais “antigo” que a prática seja, não é de acordo com a Palavra de Deus. Peter Kreeft está certo: se a doutrina da transubstanciação for correta, teríamos que adorar o pão e vinho como Deus. Mas se for errada, então é de fato uma idolatria maldita.
2. A natureza da Ceia do Senhor como um “sacrifício”.
Isso nos leva à segunda questão: a natureza da Ceia do Senhor como um “sacrifício”. A doutrina da transubstanciação não apenas traz a consequência de que o pão e vinho devem ser adorados como Deus; mas também mudam radicalmente a natureza do sacramento conforme Cristo o instituiu. Este é realmente o cerne da diferença, e é por isso que dizemos que não são apenas duas “versões” do mesmo sacramento, mas duas coisas totalmente diferentes.
De acordo com a doutrina católica romana, é necessário que Cristo esteja fisicamente presente em seu corpo no pão e no vinho, porque a missa não é apenas uma refeição memorial, mas é um sacrifício de Cristo que ontem para nós o perdão dos pecados. Escute novamente o Concílio de Trento sobre isso:
O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: “A vítima é uma e a mesma: o mesmo agora se oferece pelo ministério dos sacerdotes, que antes se ofereceu na cruz; apenas a maneira de oferecer é diferente”.
Em outras palavras, a única diferença entre o sacrifício de Cristo no Calvário, há dois mil anos, e o sacrifício da missa, semana após semana, é a maneira pela qual Cristo é sacrificado. A doutrina Católica Romana ensina que a Missa é necessária para trazer o sacrifício de Cristo que aconteceu há dois mil anos, para o presente– caso contrário, nossos pecados no presente não poderiam ser perdoados. Escuta isso novamente. A missa é necessária para trazer o sacrifício de Cristo para o presente; caso contrário, nossos pecados presentes não podem ser perdoados.
A isso, temos que dizer: é um falso evangelho. As Escrituras nos dizem que Cristo morreu uma única vez para a remissão completa dos pecados de todos os que pertencem a Ele, e assim retirando deles completamente o julgamento de Deus—tanto temporal como eterno. Assim, pelo sacrifício de Cristo no Calvário, nós vivemos como reconciliados com Deus. Nas palavras de Hebreus 10:12, “Cristo ofereceu para sempre, um único sacrifício pelos pecados.” Ou, nas palavras de Romanos 5:10: “Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” Ou novamente em Rom. 8:1: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.”
Nós afirmamos que Cristo morreu uma vez, dois mil anos atrás, e que aquele sacrifício pagou o preço por nossos pecados, de uma vez por todas, e removeu para sempre o julgamento de Deus contra todos os pertencem a Ele e crêem nele; e portanto, nós não precisamos mais nada para ser reconciliados com Deus.
Agora, geralmente a resposta da Igreja Católica Romana a isso é que Ela concorda com isso, e que a Missa não é um “novo” sacrifício pelos pecados, mas apenas uma espécie de reapresentação do sacrifício, que literalmente toma o sacrifício de Cristo na cruz há dois mil anos, e o traz, por assim dizer, para o presente, para que também expia os pecados presentes.
Mas o problema ainda permanece: é pode ser formulado como uma simples pergunta: Ainda temos pecados que não são perdoados, que ainda precisam ser perdoados por Deus, pelos quais o sacrifício de Cristo precisa ser reapresentado ou não? É assim que vivemos com Deus?
Não nego o fato que temos que constantemente e diariamente pedir perdão dos nossos pecados, como Cristo nos ensinou na oração do Senhor. Também não nego que de fato recebemos o perdão de Deus diariamente. Mas quando somos perdoados, não é porque trouxemos o sacrifício de Cristo novamente para o presente; não é porque nossos pecados ficaram “sem ser expiados” até que Cristo foi sacrificado novamente por nós. Somos perdoados, apelando ao sacrifício que já foi feito, e pelo qual nós somos considerados justos diante de Deus.
De novo, faço a pergunta bem simples: Nós vivemos sob o julgamento constante de Deus ou não? O que o apóstolo Paulo diz? Rom. 5:1: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.”
A Igreja Romana chama a missa de um “sacrifício propiciatório” – ou seja, um sacrifício que realmente paga pelos pecados e afasta a ira de Deus. Isso claramente implica que os nossos pecados atuais não são cobertos pelo sacrifício de Cristo. Talvez os pecados que cometemos antes do batismo, mas não os depois.
Para resolver isso, é necessário introduzir a doutrina do purgatório. Assim a igreja Romana pode dizer que, se for batizado, eventualmente você vai para o céu; mas dependendo de sua participação ou não na missa, você pode passar um bom tempo no purgatório.
nós precisamos de um novo perdão por nossos pecados, regularmente, que não podemos obter exceto pela missa.
Precisamos reconhecer que esse é um Evangelho diferente. Precisamos deixar claro que essa doutrina é uma negação do sacrifício de Cristo. Não dizemos isso porque nos apressamos em condenar. É porque amamos o Evangelho e toda a paz e alegria que o Evangelho pode trazer, e que toda religião de obras destrói. Se nós não vivemos como verdadeiramente reconciliados com Deus, então não tem alegria nenhuma na vida Cristã.
Um dos argumentos levantados pela Igreja Romana é que existem certas passagens das Escrituras que falam de um “sacrifício” que continuará a ser oferecido mesmo na era do Novo Testamento. Por exemplo, em Malaquias 1, Deus fala sobre a era vindoura que virá com o Messias, e diz, “desde o nascente do sol até o poente meu nome será grande entre as nações, e em todo lugar será oferecido incenso a meu nome e uma oferta pura.” Então, este texto não diz que ainda haverá um sacrifício contínuo na era da igreja?
Agora, por um lado, devemos ter cuidado com textos como esses, porque os profetas do Antigo Testamento sempre descreveram a era do Novo Testamento nos termos do Antigo Testamento. Assim Isaías 2, por exemplo, diz que na era vindoura, todas as nações subirão a Jerusalém, ao monte do Senhor. Essa profecia está se cumprindo, através da propagação do Evangelho, as nações cada vez mais conhecendo o SENHOR Deus, mesmo se nunca vão literalmente para Jerusalem. A era do Novo Testamento é descrita nos termos da era do Antigo Testamento, e o mesmo é verdade quando fala das nações trazendo “tributos” e “sacrifícios”.
Mas de fato sim oferecemos sacrifícios ainda. No Antigo Testamento, não havia apenas um tipo de sacrifício no Antigo Testamento – os sacrifícios expiatórios pelo pecado – mas também havia ofertas de graças e ofertas de paz. No Novo Testamento, a adoração da igreja é descrita exatamente nesses termos. Paulo diz em Romanos 12: “apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto espiritual”. Obviamente, quando Paulo escreve isso, ele não quer dizer que devemos apresentar nossos corpos como um sacrifício expiatório – para pagar por nossos pecados – porque esse sacrifício já foi oferecido em Cristo; mas sim, como sacrifício de adoração e graças. Você vê a mesma coisa quando os filipenses ofereceram um presente de apoio a Paulo, e Paulo diz: “Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus.” Então sim, haverá sacrifícios ofertados ao senhor em toda a terra, e até a nossa participação na ceia do senhor pode ser descrito nestes termos—mas é um sacrifício de louvor e de gratidão, não um sacrifício expiatório. É exatamente nestes termos também que muitos pais da igreja durante os primeiros séculos falaram sobre o culto em geral e a Ceia em particular. Eles muitas vezes usavam a linguagem de sacrifício, mas não como um sacrifício propiciatório. Pelo menos, não durante os primeiros séculos.
Nós oferecemos esse sacrifício de louvor e gratidão, justamente porque temos a alegria de saber que o outro sacrifício já foi oferecido completamente. Damos nossas vidas a Deus em gratidão, justamente porque sabemos que Deus nos reconciliou consigo mesmo pela morte de Cristo, de uma vez por todas, fazendo a paz entre nós e Deus.
Se você seguir o fluxo de pensamento do livro de Romanos, também poderá ver isso. Nos primeiros quatro capítulos, Paulo fala sobre nosso pecado e culpa, e como nada pode nos livrar disso a não ser o sacrifício de Cristo a quem Deus apresentou como propiciação por nossos pecados. Então, o capítulo 5:1 é o grande ponto de virada. Lá, Paulo escreve, Rom. 5:1: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo…” Aí, nos capítulos 5-8, Paulo explica a experiência de viver agora como um povo reconciliado com Deus – terminando com as palavras: “nada pode nos separar do amor de Cristo”.
Os capítulos 9-11 tratam da questão das promessas da aliança de Deus, à luz do fato de que a maioria do povo judeu rejeitou a Cristo – e Paulo fala sobre a eleição de Deus ao escolher um povo para a salvação.
E então, finalmente, os capítulos 12-16 falam sobre o sacrifício de ação de graças que o povo de Deus oferece a Ele com suas vidas. Assim o capítulo 12:1 começa com estas palavras:
Rom. 12:1: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.”
E então ele passa a descrever como isso fica na prática. A renovação de nossas mentes. Servindo uns aos outros com amor. Nos alegramos na esperança, somos pacientes na tribulação, somos constantes na oração. Contribuímos para as necessidades dos santos. Mostramos hospitalidade. Retornamos o bem pelo mal. E assim por diante. Esse é o sacrifício das nações que os profetas do Antigo Testamento esperavam.
Então, ao encerrarmos isso, queremos realmente lembrar pelo que estamos lutando. É por amor do evangelho que resistimos e condenamos a “missa” como uma idolatria que Deus detesta e condena. É importante que tenhamos coragem e convicção para reconhecer onde ele está sendo de fato corroído, e assim lutar pra defendê-lo.
Deixe-me encerrar, então, com apenas algumas palavras de aplicação:
Em primeiro lugar, vamos nos certificar de que de fato nós celebramos a Ceia do Senhor com o propósito para o qual Cristo a instituiu, em memória Dele, como um memorial constante de Sua graça para nós, e uma garantia constante de que nós pertencemos a Ele, e Ele a nós. Não adianta defender isso na doutrina, mas não viver isso na prática.
Em segundo lugar, vamos aproveitar as oportunidades para falar com aqueles que ainda pertencem à igreja romana, e fazê-lo com sinceridade e sem malícia nenhuma em nossos corações. Continuemos a chamá-los a arrependimento e a um retorno à Palavra de Deus e a plena suficiência do sacrifício de Cristo; a se separar do que realmente é uma igreja falsa e uma seita. Vamos corajosamente também exortar os líderes dessa seita a se arrependerem e se afastarem desses erros.
Nossa esperança e nossa oração não é a eliminação da Igreja Católica Romana. É, como sempre foi, a Reforma da Igreja Católica Romana. Assim era também o objetivo dos primeiros reformadores. Nunca foi separar-se da Igreja Católica Romana, ou criar uma nova igreja, mas reformar a igreja de Cristo. Esse continua sendo nosso objetivo.
Pode ser que alguns dos membros ordinários não entendam a seriedade destas questões. Em sua simplicidade e ignorância, realmente desejam ser piedosos. Sem dúvida, muitos adoradores dos bezerros de ouro em Dã e Betel, nas tribos do Norte, também fizeram isso em ignorância. Mas Deus não os deixou sem testemunhas. E nós temos que ser estas testemunhas quanto aos nossos irmãos afastados, perdidos nesta idolatria. Não são desculpados por sua ignorância. Deus os responsabiliza para conhecer a verdade, especialmente se eles se chamam pelo nome de Cristo e carregam sobre si a marca da aliança, o batismo. Que nós sejamos uma ajuda para isso. Que Deus assim traga um arrependimento para as igrejas romanas. Depois de tanto tempo, parece impossível. Mas quando Cristo nos ensina a orar: “venho o Teu reino, faça-se a Tua vontade, assim na Terra como nos Céus”—isso também inclui o arrependimento dos que se afastaram do evangelho. Que Deus nos ajude para falar a verdade, sem orgulho, sem malícia, mas com o temor de Deus em nosso coração.
E, finalmente, em terceiro lugar, talvez não existe melhor testemunho que podemos dar ao entendimento bíblico do sacrifício de Cristo do que mostrar em nossa própria vida a paz que temos com Deus e o amor que temos por nosso Pai. Nosso Pai não nos condena— nem nos ameaça com o Purgatório — mas nos dá a sua paz. Temos com ele paz por meio de Cristo que morreu por nós. O melhor testemunho que podemos dar é aquele cântico alegre que vem do coração de um cristão perdoado, que canta: “Estou convencido de que nada pode me separar do amor de Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Não há condenação para os que estão em Cristo Jesus.
Que esse testemunho seja visível e marcante em nossas vidas, para o mundo ver e se maravilhar, e desejar essa reconciliação perfeita com Deus por meio de Cristo.

Jonathan Chase
O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020.
© Toda a Escritura. Website: todaescritura.org.Todos os direitos reservados.
* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.