Leitura: Tiago 4.13-17
Texto: Tiago 4.13-17
Amados irmãos e irmãs em Cristo,
Um dos maiores equívocos da nossa vida pode ser pensar que ela está em nossas mãos. Mas, a nossa vida não está em nossas mãos. A vida escorre como quando colocamos água em nossas mãos.
Tenho certeza que vocês ficaram sabendo daquele submarino, com algumas pessoas muito ricas, que foi visitar o Titanic a mais ou menos 3,5 km de profundidade.
Quem deles poderia imaginar que aquela viagem daria errado? Sim, certamente havia algum receio, pois os riscos (perigos) sempre devem ser calculados. Mas, todos nós acreditamos que, no fim, tudo dará certo. E vimos que neste caso não deu.
Ninguém que sai de casa para o trabalho pensa na possibilidade de não voltar mais. Mas, é exatamente o que acontece com algumas pessoas em nosso país que é tão violento. Elas saem como o fazem todos os dias, mas para alguns não há retorno como nos outros dias.
Essa mesma certeza quanto ao futuro existe em relação aos ímpios (os que não querem saber de Deus) em relação a salvação. Há uma confiança que é muito alta entre eles. Elas pensam que de alguma forma tudo dará certo no final, apesar de suas vidas. Que sua conduta pode ser justificada diante de Deus. Que algumas boas ações podem salvá-las. Dizem que não precisam de igreja. Que não precisam estar debaixo de um pastoreio. Estão confiantes em sua autopiedade.
Não, não estamos no controle de nada.
Você não está no controle da condição moral dos seus filhos no futuro, mesmo que os tenha ensinado. Você não sabe se eles confessaram sua fé em Cristo ou se não. Você não está no controle do seu emprego (por mais sólido que ele pareça ser), dos seus empreendimentos(pois as épocas mudam e a situação econômica do país).
Irmãos, a única confiança que temos são as promessas de Deus em sua Palavra, se as abraçamos com fé.
Quanto às outras coisas, por mais que você aja responsavelmente sobre todas as coisas, a vida não está em suas mãos! Não podemos saber o que está na frente!
É exatamente sobre isso que Tiago, o meio-irmão de Jesus, cujas palavras são inspiradas por Deus, quer nos comunicar nesta noite.
v.13: “Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros.”
Irmãos, o que Tiago expressa no início deste texto? Ele está falando para aqueles judeus da dispersão, dentre os quais um grupo precisa ser destacado dos outros. Este grupo é um grupo particular cujo trabalho é o comércio.
O “atendei” no original poderia ser traduzido como “saiam para fora (apareçam) agora os que dizem:…”.
Desta forma, Tiago mostra que esses precisam de pastoreio em relação a sua visão do futuro.
E que visão é essa? Tiago cita a ideia deles: “Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros”.
Se eles citam ou pensam sobre isso, não sabemos e nem precisamos saber. O fato é que o que está no coração deles não é bom. Mas, antes de tratarmos disso.
Dois equívocos aqui neste ponto que não podemos cometer:
Primeiro equívoco: “É errado fazer planos para o futuro”. Não, não é errado! Todos nós que vivemos uma vida com sabedoria e prudência precisamos planejar as coisas. Caso contrário, sua vida será um caos cujas consequências ruins terá que administrar por dias, meses, anos ou a vida toda. Provérbios 19.2: “Não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado”.
Segundo equívoco. “É errado querer lucrar” (e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros). Como fomos formados dentro de uma esfera marxista de vida, nossos professores inculcaram em nós a ideia de que lucrar prejudica os mais pobres e apenas beneficia os ricos.
Entretanto, a parábola dos talentos (Mateus 25) prova o contrário. Jesus ensinou ali que precisamos viver com tanta sabedoria e temor que os dons concedidos serão desenvolvidos a uma escala maior, a ponto desses frutos glorificarem a Deus. Assim também aquele que trabalha com diligência tende a prosperar. Se é um comerciante diligente, então vai lucrar.
Resolvidos esses equívocos, o que Tiago quer alertar àqueles crentes e também a nós hoje com respeito ao nosso coração é que este pensamento ou fala do versículo 13 é cheio de arrogância e soberba!
Devemos lembrar da pregação anterior. Tiago 4 – essa arrogância e soberba as quais davam origem as suas contendas. Comportamento este combatido no v.6: “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”. Eles eram soberbos.
Devemos lembrar também que estes irmãos tinham um ânimo dobre. Ou seja, embora confessassem a Deus, na prática o excluíam. Isto também acontece quanto aos seus negócios.
A situação deles poderia ser ilustrada.
E uma ilustração que gosto e vem de um teólogo chamado Cornelius Van Til.
O professor Van Til estava em um trem viajando de uma cidade para outra. Ao se sentar no trem, ele olhou e viu uma menina, talvez de 1 ou 2 anos, sentada no colo do pai. Esta pequena criança batia no rosto do pai sentada no colo dele.
Pense: Ela só podia bater no rosto do pai porque estava em seu colo. Sem estar no colo, a garotinha não poderia fazer isso.
Então, o mesmo acontece com esses mercadores em nosso texto. Eles só conseguem sair, vender e lucrar por causa de Deus. Sem Deus, sem o seu governo em sua providência, eles não teriam nenhuma benção.
Mas, eles agem como se Deus não existisse e são arrogantes. Eles estão batendo em sua face.
Por isso, Tiago nos adverte:
v.14: “Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa”.
A primeira afirmação revela a soberania de Deus. “Vós não sabeis o que sucederá amanhã”. “_Deus sabe o que vai acontecer amanhã, mas vocês não!!”. Provérbios 27.1 diz: “Não te glories do dia de amanhã, porque não sabes o que trará à luz”.
Depois Tiago pergunta: “Que é a vossa vida?”. O que é a nossa vida? Decidirmos vir aqui? Sabemos quando essa vida vai terminar? Temos ela em nossas mãos???
Um salmo em particular trata sobre isso. É o Salmo 139. Ele mostra que Deus conhece o nosso levantar e o nosso deitar. Ele nos sonda. Ele conhece o nosso início e o nosso fim. Não podemos acrescentar nada por nós mesmos. Ele dá a saúde e a doença, ervas e plantas, chuva e seca, abundância e escassez, comida e bebida, riqueza e pobreza; Nada nos vem por acaso mas procedem da Sua mão paternal.
Nossa vida é comparada com uma fumaça. “Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa”.
Jesus contou uma parábola sobre um rico (para repreender a avareza) que é muito importante lembrarmos. Avareza é aquela vida vivida pelo ganho, lucro. Mas, essa vida termina de repente. Jesus disse:
Lucas 12. v.20: “20 Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?”
A vida vai embora de repente. Passa rápido. Até quem vive muito pode dizer que ela passa rápido.
Moisés disse sobre a vida em Salmo 90.5-6: “…como a relva que floresce de madrugada; de madrugada, viceja e floresce; à tarde, murcha e seca”.
Irmãos, precisamos tratar este orgulho também em nossos corações.
Por um lado o homem espiritual está dizendo que Deus é soberano. Do outro lado, nosso homem carnal está se gabando dos próprios feitos, e em relação ao amanhã, cultivando suas cobiças pecaminosas.
Precisamos dizer como o salmista no Salmo 39.6-7: “Com efeito, passa o homem como uma sombra; em vão se inquieta; amontoa tesouros e não sabe quem os levará. E eu, Senhor, que espero? Tu és a minha esperança!”.
Quem é tua esperança? O que te faz fazer suas coisas e fazer planos futuros? Qual é a sua motivação para o trabalho? E depois de trabalhar, a quem você dá louvores pela sua inteligência, sucesso, lucro?
Sua esperança na vida está centralizada em quem??
Tiago procura corrigir a arrogância deles.
v.15: “Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.”
Veja como deve ser a vida: Humilde confiança em Deus. Não em nós mesmos!
“Se o Senhor quiser”, ou como melhor conhecemos “Se Deus quiser…”.
Aqui parece haver algum tipo de fórmula. Mas você não precisa sempre citar esta expressão.
Às vezes será importante dizê-la para ficar claro que você não confia em si mesmo.
Paulo a citou, por exemplo, em Atos 18.21: “Se Deus quiser, voltarei para vós outros.”; e em 1Coríntios 4.19: “ mas, em breve, irei visitar-vos, se o Senhor quiser,”.
Entretanto, alguém não precisa mencionar esta expressão, pois é mais do que uma fala, é uma questão de coração.
Precisamos cultivar uma vida de humilde confiança em Deus!
Não somos donos do nosso destino e nem do resultado dos nossos empreendimentos!
Devemos declarar como Salomão:
“O cavalo prepara-se para o dia da batalha, mas a vitória vem do SENHOR”, Provérbios 21.31.
Devemos fazer como Josué ou Davi: “Senhor devo subir contra aquela cidade…contra aquele povo…hoje, amanhã, daqui a quanto tempo?”
Não podemos ser arrogantes. v.16: “Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões”.
Irmãos, façamos tudo ser conhecido a Deus através das orações. E rendamos gratidão em nossas orações por tudo aquilo que cada resultado.
Toda arrogância e orgulho não procede de Deus.
Mas o que está por trás dela?? “Toda jactância (orgulho) semelhante a essa é maligna”. Ou seja, procede do diabo.
Satanás foi quem quis viver independentemente de Deus. Ele é um rebelde e desobediente.
Mas nós irmãos, temos aprendido a render nossa vida a Deus e a sua vontade! Sabemos o que é certo e seria tolice errarmos!
Aqueles irmãos também sabiam o que era certo. v.17: “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.”.
Tiago fala sobre fazer o bem em termos do assunto que estamos tratando aqui.
Confessar a soberania e agir como se eu fosse soberano é uma contradição e pecado.
É pecado da mesma forma que confessar o amor ao próximo e negligenciar o irmão pobre (Tiago 2.8).
Toda jactância em qualquer área da vida é maligna e tola. Ela é pecado!
Mas eis o Senhor Jesus Cristo, que sendo Deus não julgou com usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz (Filipenses 2.7-8)
Cristo simplesmente creu e confiou em Deus. Ele ficou feliz com o lucro do seu trabalho. Conforme Isaías 53, ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito.
Assim, irmãos, consideremos a nossa vida e nos humilhemos. Ela não é nossa. E ela é breve. Deixemos que aquele que nos comprou com seu sangue para a eternidade cuidar dela. Vivamos sem ansiedades. Humilhemo-nos debaixo da potente mão de Deus.
Vamos terminar lendo o que Pedro fala em:
1Pe 5.5–7 “cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça. 6 Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, 7 lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
Que Ele nos faça compreender sua Palavra. Amém!
© Toda a Escritura. Website: todaescritura.org.Todos os direitos reservados.
* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.