Leitura: Tiago 5.1-6
Texto: Tiago 5.1-6
Amados irmãos e irmãs em Cristo,
Quando o assunto é dinheiro os sentimentos e ações mudam.
Casamentos são destruídos por causa do dinheiro.
Há uma frase que diz: “na casa onde falta pão, todo mundo reclama e ninguém tem razão”.
Grande parte das vezes em que um casamento está se partindo há problemas financeiros envolvidos.
Dinheiro também corrompe. Vemos isso em nosso país. O suborno, a propina, aquele agrado ..essas coisas exercem influência e poder.
Há uma frase dita no filme Tropa de Elite que foi marcante. Ela aconteceu quando um policial se apresentou ao seu superior pedindo férias. O superior pedindo suborno para liberar as férias então responde: “Quem quer rir tem que fazer rir”.
Sabemos que vários parlamentares se deixam seduzir pelo dinheiro. De repente aquele que se dizia de Direita, Conservador…vota na pauta progressista por causa de dinheiro.
Há uma máxima que diz: “Quer conhecer um homem, dê dinheiro e posição para ele”.
Dinheiro e poder…dois irmãos que andam juntos. Dinheiro…sempre há uma busca por mais e mais.
Esse é um dilema do mundo pós queda. Os recursos que Deus dispôs no mundo, que deveria ser distribuído entre todos, de repente é assaltado por homens gananciosos. Há muita exploração!
Dinheiro, riquezas, posição, em si não são os problemas, mas o uso que podem fazer deles sim.
E quem sofre com o uso pecaminoso do dinheiro e do poder? O pobre!
E é exatamente isso que tem acontecido neste capítulo final de Tiago.
Os crentes são explorados, injustiçados, pisados.
Na pregação passada vimos que há os comerciantes na igreja, mas ela é uma congregação de crentes em sua maioria camponeses.
Depois do dia de trabalho eles não recebem sua diária. Seus patrões deliberadamente não pagam.
Eles se aproveitam do desespero desses fugitivos e desterrados. Para agir com muita maldade e exploração sobre eles.
Se há reclamações, eles também usam do poder e influência para levá-los aos tribunais. Eles são abusadores.
Mas, a Palavra de Deus chega para consolo desses oprimidos, e ao mesmo tempo para o terror dos seus opressores.
Deus vai julgá-los e condená-los por causa desses terríveis abusos.
v.1 – “Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão”.
O capítulo 5 começa parecido com o versículo 13 do capítulo 4: com um chamado (“atendei”).
Há uma conexão entre eles no sentido de que ambos os cenários representam quão orgulhoso, arrogante e presunçoso é o coração do homem. De achar que é dono de si e agir como se Deus não existisse.
Chama-nos a atenção aqui no versículo 1 uma declaração que aparentemente não encontrará ouvidos.
Pois, se Tiago fala os ricos gentios, os romanos exploradores, como eles receberão esta repreensão??
Entretanto irmãos, apesar de que devemos levar em contas esses, é muito provável que Tiago se refira agora a judeus ricos; Pessoas da comunidade judaica.
Aqueles que não eram cristãos, mas que ainda assim se relacionavam com os judeus crentes por causa da identidade nacional ou de povo.
Olhe, por exemplo, para o capítulo 2.2 e verá que havia esses ricos que entravam nas sinagogas em que os crentes se reuniam:
“2 Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajos de luxo….”.
Eles não precisaram fugir de sua terra como precisaram os cristãos.
Então, é muito provável que Tiago esteja se referindo primeiramente a estes como os causadores da exploração.
Esses ricos e arrogantes judeus receberam uma dura repreensão de Tiago. Reprensão esta que é universal para todo tipo de rico que vemos como este daqui:
v.1 “…chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão”.
Veja! Riqueza neste mundo geralmente é associada com alegria, liberdade e conquista. Mas aqui Tiago diz na primeira parte desta repreensão: “chorai”.
Essa palavra já havia aparecido em Tiago 4.9. Neste contexto Tiago está exortando os crentes ao arrependimento. O arrependimento verdadeiro que é uma verdadeira humilhação e lamentação da alma.
Todavia, aqui este “chorar” não traz nenhum chamado ao arrependimento. Mas, apenas uma afirmação do estado de condenação que esses ricos vão passar.
Eles serão condenados! Eles vão “chorar lamentando”.
No original a ideia que Tiago (autor inspirado) quer passar é de alguém chorando e fazendo um som alto, lamentando com gemidos. Essa é uma expressão condenatória.
O A.T expressa isso da seguinte forma:
Amos 8.3: Mas os cânticos do templo, naquele dia, serão uivos, diz o Senhor Deus; multiplicar-se-ão os cadáveres; em todos os lugares, serão lançados fora. Silêncio!
Isaías 13.6: “Uivai, pois está perto o Dia do Senhor; vem do Todo-Poderoso como assolação.”
Eles não continuarão otimistas e tendo sucesso em seus pecados. Não! Eles vão sofrer “desventuras futuras”.
O vento contrário vai soprar em suas velas no mar calmo que eles navegam.
A palavra de Deus traz um consolo para a igreja:
Agora, os poderosos deste mundo se gloriam e se riem. Eles ignoram a Deus e o pobre. Eles têm tudo o que querem. Oprimem os mais fracos, exploram.
São eles que ditam o modo como você vai pensar e viver. São eles que depositam grandes somas de dinheiro para comprar partes de países e explorarem aquelas pessoas.
São eles que dominam muitas vezes os políticos. E esses políticos votam leis que aumentam os impostos. Estrangulam o trabalhador. Tornam a vida dos mais pobres difícil. Fazem com que seu trabalho não tenha valor.
São eles que por muitas vezes compram o judiciário de uma local. Para que juízes julguem arbitrariamente. Para que sejam eliminadas suas barreiras.
Não é isso o que temos vivido neste momento??
Mas eles vão uivar! E eles não vão escapar. O dia da sua condenação já está determinado.
Pois seu deus são as riquezas! E esse Deus não pede amor ao próximo, mas ao próprio (o “eu”) e às riquezas (adorá-la. Acumular mais).
Mas elas, as riquezas, e seus adoradores, serão destruídos.
2 As vossas riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens, comidas de traça; 3 o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens, e a sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos e há de devorar, como fogo, as vossas carnes. Tesouros acumulastes nos últimos dias.
Tudo aquilo em que eles confiam se derreterá como cera, num sentido figurativo.
O ouro e a prata, seus trajes andrajosos (cf. Tiago 2), vão apodrecer. A ganância vai perecer.
Tudo aquilo pelo qual o homem dedica toda a sua vida, mata e morre, não tem nenhum valor. Não podem salvar.
Eles não salvaram os judeus no ano 70 d.C quando Jerusalém foi destruída pelos Romanos. Eles não salvaram os judeus espalhados pela Europa enquanto Hitler os perseguiam e matavam. Todos os seus bens acumulados por gerações foram tomados.
Não salvou o rico da parábola do rico e do Lázaro (Lucas 16).
Quem confia em seu dinheiro, ou em força, riqueza, posição e glória vai perder tudo. Deus virá com destruição.
Deus vai abater esses arrogantes, como podemos ver no exemplo de Herodes.
Atos 12.21-23 diz que: 21 Em dia designado, Herodes, vestido de trajo real, assentado no trono, dirigiu-lhes a palavra; 22 e o povo clamava: É voz de um deus, e não de homem! 23 No mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e, comido de vermes, expirou.
A própria carne deste arrogante foi comida em vida ainda!(conforme o versículo 3)
Tudo será consumido no fogo do inferno.
E isso será um testemunho de que o Senhor prevalece contra aqueles que acumulam tesouros (final do v.3) e retém do seu empregado (o pobre). Eles tomam tudo para si.
Veja no v.4 e perceba como Deus não fica passivo a este tipo de pecado:
v. 4 Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos.
Quando o judeu campones não recebe a sua diária, além de uma fraude terrível, é como se aquele patrão estivesse matando o seu empregado (cf. vv.5 e 6). Pois a vida de um homem muitas vezes é sinônimo do seu trabalho. É a dignidade dele. É a fonte de vida dele.
Nesta época atrasos nos pagamentos significava falta de comida na mesa naquele dia e angústia na alma dos trabalhadores.
Era Lei de Deus para os judeus não privar o empregado do seu pagamento.
Levítico 19:13: “13 Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã.”;
Deuteronômio 24:14–15: “14 Não oprimirás o jornaleiro pobre e necessitado, seja ele teu irmão ou estrangeiro que está na tua terra e na tua cidade. 15 No seu dia, lhe darás o seu salário, antes do pôr do sol, porquanto é pobre, e disso depende a sua vida; para que não clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado.”.
Tirar o salário, prender, ou bloquear as contas de alguém por um abuso de autoridade é um ato imoral.
E mais imoral é quando este trabalhador vai ao tribunal a justiça é torcida para beneficar o rico.
Quem pode defender tais pessoas quando os poderes maiores conspiram contra a justiça?
Deus! O clamor que lemos neste texto, que é o clamor dos filhos de Deus (o justo do v.6), os que foram comprados por Cristo, penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos (v.4).
Esta expressão no fim do v.4 “Senhor dos Exércitos” é muito aterrorizante. Pois revela um Deus que é general de guerra. Um Deus que venceu batalhas pelo seu povo. Um Deus que esteve com Josué, com Davi. Que desbaratou exércitos. Ele virá com força contra os ricos arrogantes.
Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb 10.31)
Por isso, irmãos, as exortações de Paulo para os ricos devem ser consideradas. Veja 1 Timóteo 6.17-19.
Mas, também nós devemos ser exortados quanto as riquezas. Veja o v.6-11.
Portanto, irmãos, nós pobres aqui, que nos consolemos com essas verdades diante daquilo que vivemos em nosso mundo.
Não tenham inveja dos arrogantes. Lembre-se que pela obra de Cristo, o Pai agradou-se em nos dar o reino. Aguentem mais um pouco as lutas neste país cheio de corrupção, injustiças e opressões. Sejam perseverantes debaixo da agenda desses poderosos. Não desanimem. O fim deles é certo!
Enriqueçam-se das virtudes de Deus. Sejam ricos em piedade e amor.
E o bondoso Pai que é rico, te concederá graça e sustento. E no por vir, o reino. Amém!
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.