Tiago 1.5-8

Leitura: Tiago 1.5-8
Texto: Tiago 1.5-8

Amados irmãos em Cristo,

Hoje, continuaremos nossa reflexão sobre a carta de Tiago, meio-irmão de Jesus. Na semana passada, aprendemos que essa carta foi escrita para os judeus cristãos dispersos fora de Israel, peregrinos em terras estrangeiras. Contudo, ela também se aplica a nós, que somos peregrinos neste mundo, enfrentando opressões e desafios em nossa caminhada.

Os cristãos daquela época enfrentavam a opressão dos ricos e, entre si, o pecado da língua. Hoje, também enfrentamos pressões: seja dos ricos, da cultura moderna, das ideologias, ou mesmo de nossos próprios pecados. Na primeira pregação, vimos que Deus nos chama a enfrentar as tribulações com alegria e perseverança, entendendo que elas são como fogo que purifica o ouro. As tribulações geram perseverança, e essa perseverança nos torna completos em Cristo. Por isso, podemos nos alegrar, pois Deus está moldando nosso caráter. Se enfrentamos tudo com humildade, crescemos espiritualmente.

Entretanto, muitas vezes, não sabemos como lidar com certas questões, pessoas e situações da vida. Pais, por exemplo, muitas vezes não sabem como resolver conflitos com seus filhos, sentindo-se oprimidos pela situação, e o mesmo acontece com os filhos. Muitos pais também se veem perdidos ao tentar lidar com as finanças. Jovens enfrentam desafios em áreas como namoro, carreira e futuro. E todos nós, de alguma forma, somos pressionados por fatores sociais, ideologias, política, poderosos e perseguições por causa da fé e da conduta.

No trecho que lemos, Tiago nos ensina como lidar com esses desafios. O tema desta pregação é: Deus nos chama a buscar a única fonte capaz de nos ajudar nas provações.

A primeira coisa que devemos notar no texto é a conexão entre as palavras “deficientes” (v.4) e “necessita” (v.5). Ambas, no original grego, significam “falta”, “insuficiência”, a ideia de não estar completo. Em outras palavras, Deus deseja que sejamos completos, mas para isso nos falta sabedoria.

Tiago 1.5 nos diz: “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria…”. Essa sabedoria é essencial para que perseveremos e possamos nos alegrar em meio às provações. Mas que sabedoria é essa? Não se trata de um conhecimento acadêmico ou técnico. Alguém pode ser doutor em uma área, mas ainda assim não ser sábio. Tiago fala da sabedoria ligada ao temor do Senhor, conforme Provérbios 1.7: “O temor do SENHOR é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino”. Sabedoria, aqui, significa conduzir a vida de acordo com a vontade de Deus e para Sua glória.

Tiago usa a palavra “se” no início do versículo 5 de maneira cuidadosa. Ninguém gosta de ser visto como alguém que não sabe lidar com situações complicadas. Temos nosso orgulho, e é difícil admitir que tomamos decisões ou agimos de forma tola. Por isso, Tiago aborda o assunto de maneira suave, mas o objetivo dele é claro: todos nós precisamos de sabedoria, e nenhum de nós é completo nessa virtude a ponto de dispensá-la.

Diante das situações difíceis da vida, é quando mais precisamos de sabedoria. E o que devemos fazer? Tiago é claro: pedir sabedoria a Deus. A sabedoria não é algo que nascemos com ela, é algo que pedimos a Deus. Nascemos com certas características – uns são impulsivos, outros pacientes, uns carismáticos, outros mais fechados – mas ninguém nasce sábio.

A sabedoria vem de Deus, que é descrito como o “Deus doador” no texto. Ele nos dá liberalmente, sem censura. Isso significa que Deus oferece sabedoria de forma simples e generosa, sem reprovar aqueles que pedem. É uma pura e simples doação de algo bom e útil, que nos ajuda a perseverar nas tribulações.

O exemplo de Salomão é uma lembrança importante. Em 1 Reis 3, ele pede a Deus um coração compreensivo para governar o povo de Israel. Deus lhe concedeu não apenas sabedoria, mas também riquezas e honra, porque Salomão pediu bem. Da mesma forma, devemos pedir sabedoria a Deus, confiando em Sua generosidade.

Tiago também nos instrui a pedir sabedoria com fé, sem duvidar. Aquele que duvida é comparado a uma onda do mar, levada e agitada pelo vento. A dúvida reflete a falta de confiança na bondade e na disposição de Deus em nos conceder sabedoria. Quando não confiamos plenamente em Deus e tentamos resolver as provações por conta própria, somos como um barco perdido em meio a uma tempestade.

Tiago conhecia bem o mar da Galileia, onde Jesus acalmou tempestades e onde disse aos discípulos: “Por que sois assim tímidos? Como é que não tendes fé?” (Marcos 4.40). Um homem sem fé em Deus será como um barco sem rumo, incapaz de receber a sabedoria divina.

Nos versículos 7-8, Tiago adverte que um homem de ânimo dobre – aquele que é inconstante e indeciso – não receberá nada do Senhor. Esse é o homem de “duas almas”, que muda conforme as circunstâncias. Ele pode conhecer as doutrinas de Deus, mas quando as provações surgem, age de maneira contrária ao que Deus ensina.

Queridos irmãos, Deus deseja que sejamos perseverantes, perfeitos e íntegros, e isso só é possível pela sabedoria divina. Cristo é a sabedoria encarnada, e Ele nos enviou o Espírito de Sabedoria. Somos chamados a viver essa sabedoria em todas as áreas de nossas vidas – no casamento, no trabalho, na criação dos filhos, nos planos para o futuro, e nas perseguições por causa de nossa fé.

Muitas das amarguras e fracassos que enfrentamos se devem à forma como conduzimos nossas vidas. Por isso, busquemos a única fonte e o único recurso capaz de nos ajudar nas provações: a sabedoria que vem de Deus.

Que possamos buscar essa sabedoria em oração, confiando que Deus, em Sua generosidade, deseja nos concedê-la. Olhemos para Cristo, que se tornou para nós a sabedoria de Deus, e busquemos essa sabedoria também em Sua Palavra, que é a fonte de toda sabedoria.

Amém.