Mateus 25:31-46

Leitura: Ezequiel 34:01-23
Texto: Mateus 25:31-46

Queridos irmãos,

O fim do ano está chegando, irmãos, mas será que com ele também o fim do mundo? Há pessoas que pensam assim. Elas estão dizendo que o fim do mundo está pertíssimo. Talvez tenham razão, talvez não. A Bíblia não diz nada sobre qual o dia em que Cristo voltará. Isso não foi revelado, mas é revelado o que vai acontecer quando Cristo voltar. Jesus mesmo falou sobre esse assunto. Nós podemos ler isso em Mateus 25.

Primeiramente, o Senhor Jesus contou a parábola das dez virgens. Talvez vocês possam se lembrar. Havia dez virgens. Cinco dentre elas eram néscias e cinco eram prudentes. As prudentes eram bem preparadas, as outras não. Elas não se prepararam bem para o encontro com o noivo. Com esta história, Cristo queria nos ensinar que nós não sabemos quando ele voltará. E que temos de estar preparados para isso todos os dias. Quem é prudente se prepara para encontrar Jesus.

O que é importante: uma vida certa! Isso Cristo nos ensina também na segunda parábola: a história do senhor que deu aos seus escravos cinco, dois e um talento. O que tinha cinco, saiu imediatamente e trabalhou com amor e zelo e assim conseguiu ganhar outros cinco. O escravo que recebeu dois fez o mesmo, mas o escravo que tinha recebido um não fez nada. Ele odiava o seu senhor e por isso não fez nada. Foi um escravo mau e preguiçoso. Ele não era um bom exemplo. De jeito nenhum! O Senhor está nos ensinado que o amor e o zelo dos outros foram premiados.

Amor e zelo com as coisas do nosso Senhor. Isso é muitíssimo importante. E por isso também esta pergunta: Qual é a posição de vocês, irmãos? Isso será decisivo no último dia. Porque, naquele momento, dois estarão no campo, um será tomado, e deixado o outro; duas mulheres estarão fazendo o mesmo trabalho, uma será tomada e a outra deixada. Será feita uma separação. E sobre isso fala o fim de Mateus 25. E sobre o último dia, sobre o último julgamento. Um julgamento pelo juízo final.
Falaremos sobre isso:

Tema: O julgamento diaconal pelo juiz final:

  1. Este juiz é o bom pastor
  2. Este juiz é o primeiro diácono
  3. Este juiz é o bom pastor

Este é um detalhe muito interessante neste capítulo 25. O rei, que é ao mesmo tempo juiz, também é o bom pastor, que sabe separar as ovelhas. Porque está escrito: “Quando vier o filho do homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então se assentará no trono de sua glória, e todas as nações serão reunidas em sua presença e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas. E ele porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda.”

Jesus é o bom pastor. Assim o conhecemos pelas histórias dos evangelistas. Pense no evangelho de João, capítulo 10. “Eu sou o bom pastor”, diz Jesus e assim nós o vemos trabalhando, sempre com muitas pessoas ao seu redor. “Um rebanho que não tem pastor”. Assim Jesus chamou num certo momento as pessoas, que o encontraram. E Ele ficou em pé e os curou, porque Ele era o bom pastor.

Era? Ele “era” o bom pastor? Não irmãos! Ele ainda é! Agora e também no futuro. É muito importante nunca esquecer isso! É o que nós também não podemos esquecer: o nosso bom pastor será o juiz final! Isso será a nossa felicidade. O juiz final tem um coração. O mesmo coração do bom pastor. Ele ama as ovelhas dele.

E assim nós vemos o bom pastor reagir. Ele separa as ovelhas dos cabritos. Isso é uma maneira de falar: é um modo figurativo de falar. Vocês podem entender isso, não podem? É um exemplo que se torna mais real se vocês lerem Ezequiel 34, um dos capítulos mais famosos sobre Deus como o pastor de Israel.

Lá, os pastores são os políticos de Israel. A palavra pastor, no Antigo Testamento, era um título dado ao rei ou aos políticos. É uma bonita descrição que mostra a responsabilidade deles para com o povo. Mas… aqueles pastores de Israel (naquela época, os líderes nacionais, os cabeças das famílias, os oficiais importantes) todos eram corruptos e não se preocupavam com suas responsabilidades e, por isso, Ezequiel teve que profetizar contra eles.

O Senhor disse àqueles pastores que eles apascentavam a si mesmos e não as ovelhas: “Comeis a gordura, vesti-vos da lã e degolais o cevado, mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes, mas dominastes sobre elas com rigor e dureza.” O Senhor odeia isto.

O Senhor tem misericórdia, porque o povo de Israel são as ovelhas dele! Mas ninguém cuida delas. Elas são vítimas daquelas pessoas que são como leões e lobos. Por isso o Senhor socorre o seu povo; e Ezequiel está mostrando isso. O Senhor mesmo vai guardar as ovelhas. Primeiramente, ele as congregará e depois procurará um bom lugar para elas; ele buscará as perdidas e tornará a trazer as desgarradas; as quebradas ligará e as enfermas fortalecerá. E prestem atenção! Porque quando vocês lerem o Novo Testamento, verão que o Senhor Jesus Cristo, o bom pastor, estava trabalhando assim em Israel.

Apesar disso, há um outro perigo para as ovelhas. Não só pastores maus, mas há também outras ovelhas que ameaçam o bem estar do rebanho. O bom pastor deve interceder. E ele faz isso com as suas mãos e seu cajado. E ele fala quando está intercedendo. Podemos ver isso com pessoas que sempre vivem com animais. Assim o fazendeiro fala com as suas vacas e talvez vocês, ò crianças, falem assim também com o seu gato ou cachorro. Então, da mesma maneira, Ezequiel apresenta o Senhor como um pastor que está falando com as ovelhas.

O que é isso? Ele diz. Se vocês continuarem dessa maneira, eu devo separar vocês. Olhem! Descobri um lugar bonito com água limpa e bons pastos e agora os cabritos fortes estão correndo em frente; eles vão comer a melhor parte dos pastos e o resto do pasto eles pisarão. Que coisa ruim! Eles bebem a água mais limpa e andam até a água ficar suja. E depois eu chego lá com o resto do rebanho. As ovelhas fracas, não podem andar tão rápido, como aquela lá. A semana passada ela quebrou o pé; e olhem lá atrás: os cordeirinhos. Nenhum deles pode andar tão rápido. Então! Agora elas hão de comer o que haveis pisado e beber o que haveis sujado com os vossos pés? Vocês não têm vergonha?

Prestem atenção! Você pode ouvir o que o pastor está dizendo. Como um fazendeiro, que dá aos seus animais comida na manjedoura. Eu vi isso no Canadá. E quando isso acontece, os animais mais fortes estão sempre na frente para comer tudo. O fazendeiro não pode aceitar isso. Depois de uns minutos ele pegava alguns animais que estava em frente e os tirava da frente dele para fazer espaço para os pequeninos. Dizendo: vão embora! Você sempre tem que ser o número um? Não tem consideração com esses filhotes?!

Assim um pastor guarda o seu rebanho e controla os mais fracos, porque também um rebanho é governado pela lei da natureza. Lá só existe uma lei: é a lei do poder. Quem for mais forte pode fazer tudo. Por isso é bom que um rebanho tenha um pastor. Um pastor que possa reagir; que possa ficar com raiva; que possa interceder e que possa dar um golpe com o seu cajado se um cabrito quiser atacá-lo. O que é isso? Quer me atacar? Vem cá! Pode receber um tapa! Aqui! Receba este: Paft! Sai! Deixa os filhotes beber também! Você pensa que tudo isso é só para você? Sai! Assim fala o pastor. Na linguagem da Bíblia tudo isso é muito mais nobre. Lá nós lemos: “Eis que eu, eu mesmo, julgarei entre a ovelha gorda e a ovelha magra. Porquanto com o lado e com o ombro dais empurrões e com as vossas pontas escorneais todas as fracas, até que as espalhais para fora. Portanto salvarei as minhas ovelhas e julgarei entre elas”.

Quem está dizendo isso é o bom pastor, que também será o último juiz. Quando forem reunidas todas as nações em frente dele, ele separará uns dos outros como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E olhem bem! Essa separação vai tocar todo mundo, todas as nações e todas as igrejas. Nós não seremos julgados conforme a nossa cor: negro, branco ou mulato. E também não conforme a nossa língua. Não só será salvo quem puder fazer português, ou quem puder falar holandês ou inglês. A língua não será importante; nem a idade, nem o sexo: masculino ou feminino. Dessa maneira nós estamos julgando outras, mas o último juiz é diferente. Ele não olha para a nossa cor, nem nossa língua, nem nossa idade, nem nosso sexo. O critério dele é diferente. JESUS mesmo disse qual será o seu critério. Ele explica isso no resto do capítulo 25 do evangelho de Mateus. Ele diz exatamente como vai nos julgar e como Ele, agora mesmo, está olhando para nós: ele está olhando especialmente os seus irmãos fracos, para ver se estão sendo ajudados agora.

  1. O último juiz é o primeiro diácono

Isso nós podemos dizer quando vemos a vida de Jesus. Em Mateus 20, Jesus diz: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos”. No lugar desta palavra servir, o nosso Senhor, originalmente, usou a palavra “diakonein”. É uma palavra estranha, grega. Mas não tão estranha. Ele queria dizer que ele chegou para ser “diácono”. E assim nós o vemos trabalhando. Ele deu muito aos outros. Dinheiro, saúde, até sua própria vida. Ele deu sua vida em resgate de muitos. Cristo foi o melhor exemplo para todos os diáconos, que estão trabalhando agora.

Nós vemos isso também em Mateus 25. O primeiro diácono do mundo será o último juiz e o julgamento dele será diaconal. Ele chamará e congregará todos os seus diáconos, dizendo: Vinde, benditos de meu Pai, possui por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque…
Tive fome… e me deste de comer;
Tive sede…, e me deste de beber;
Era forasteiro…, e me acolhestes;
Estava nu…, e me vestistes;
Adoeci… e me visitastes;
Estava na prisão…, e fostes me ver.

Essas palavras são uma surpresa, tanto para os justos como para os outros. É uma surpresa, porque Cristo é uma surpresa para eles. Eles nunca viram, nem encontraram, nem ajudaram a Jesus. Então! Como ele pode dizer essas palavras? E assim foi como eles reagiram: Senhor, quando nós te vimos assim e nós não te servimos? “Servimos”, eles estão dizendo. De novo esta palavra “diakonein”. Parece que todas essas pessoas, no último dia, de repente, estavam descobrindo o que lhes faltou a vida toda. Cara a cara com o primeiro diácono eles se lembram que esqueceram de obedecer a Jesus. E cara a cara com Jesus eles vão descobrir que ser cristão primeiramente significa: ser diácono. Ajudar outras pessoas, e não ao contrário: que os outros têm de servir você. É para servir e não para ser servido.

O maior diácono, que este mundo conheceu, vivia assim e ele está esperando a mesma coisa dos seus alunos. Por isso ele os avisa prematuramente. E por esse motivo os apóstolos estavam praticando isso logo depois do dia de Pentecostes. Porque todos os que criam vendiam suas propriedades e bens, e os repartiam para todos, segundo a necessidade de cada um. E no momento em que este trabalho se tornou grande demais, eles não desistiram, dizendo: “É demais, então deixa; pregar e ensinar é muito mais importante do que este trabalho”. Os apóstolos não disseram isso, mas logo instalaram sete diáconos, que ajudavam e coordenavam o serviço na congregação e que estimulavam e mandavam os membros para ajudar outras pessoas. Pregar e praticar juntos. Os dois são de igual importância.

Irmãos! Espero que vocês possam entender como o trabalho diaconal é importante! Um diácono, que faz um bom trabalho é uma benção… não só para as pessoas que precisam de ajuda, mas também para a congregação de Cristo, que quer seguir o exemplo de nosso primeiro e grande diácono: Jesus. Especialmente se a congregação sabe que Cristo mesmo vai nos perguntar se nós temos servido aos outros (a quem têm fome; quem têm sede; aos que são forasteiros; aos que estão nus, doentes; aos que estão na prisão.); se nós temos sido verdadeiros cristãos. Cristãos que trabalham conforme o exemplo de nosso primeiro diácono, que realmente deu tudo o que pôde dar. Ele deu o seu próprio corpo para ser crucificado. Ele o deu para livrar-nos de nossos débitos. O débito que temos para com DEUS; um débito enorme que nenhum diácono pode pagar. Mesmo todos os diáconos juntos (no Brasil, no Canadá, nos E.U.A, na Holanda) não podem pagar este débito. Mesmo que eles recebessem uma herança de (eu não sei quantos bilhões), porque esse débito só pode ser pago pelo próprio Cristo.

Temos que viver conforme este amor enorme que Cristo nos deu. E ninguém pode dizer: eu não sei como fazer isso; não conheço pessoas que precisam de ajuda. Olhem, Cristo mesmo nos está apontando essas pessoas. Os que têm fome, que têm sede, os forasteiros, pessoas que não têm roupas, os doentes, os que estão na prisão. Estes são os meus irmãos mais pequeninos, diz Cristo.

Isso não quer dizer que nós temos de limitar a nossa ajuda só aos irmãos em Cristo, ou aos membros de nossa igreja. O apóstolo Paulo disse: “Enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé”. Ele mostra que temos que dar prioridade aos irmãos que precisam de ajuda. Nós não podemos esquecê-los! Mas ele não fecha a porta a outros que não são membros da igreja. Estrangeiros ou forasteiros. No momento em que recebem ajuda, eles não são irmãos em Cristo, mas isso não quer dizer que eles não o serão no futuro! Cristo mesmo fala sobre forasteiros que são os seus irmãos. Eles se tornaram crentes porque foram cativados pelo amor de Cristo que chegou até eles pela Palavra e prática.

Então, é muito importante que toda a Igreja seja diaconal. Não só os diáconos. Quando Cristo chegar, ele não convidará apenas os diáconos e entregará a eles o reino de Deus. Ele convidará todos os irmãos que serviram outras pessoas. Diáconos podem ajudar, coordenar e estimular os irmãos, mas os irmãos mesmos são responsáveis. Vocês têm de ter os olhos, o coração e as mãos abertas para dar ajuda, para servir outras a pessoas.

Não é sem razão que na Bíblia os crentes são chamados ovelhas. Uma ovelha dá lã e leite. Uma ovelha cuida dos cordeiros, dos rebentos que já estão nascidos e que têm fome e sede. Assim também, um cristão está neste mundo com todos os seus dons e toda a riqueza que Deus lhe deu para ajudar outras pessoas. Essas pessoas podem ser as suas crianças, mas também um membro de sua família, colegas ou amigos que precisam de ajuda. Para descobrir isso nós precisamos ter os olhos e os ouvidos abertos. Temos de passar o amor e o calor de Cristo para os outros. Esta é a obra da igreja de Cristo neste mundo. Quem vive assim e quem obedece a Cristo, não precisa ter medo no último dia. Naquele momento vamos encontrar Jesus como juiz, mas também como o nosso grande diácono. Ele vai cuidar de todos os seus irmãos para sempre.

Amém.

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Pr. Abram de Graaf

Abram de Graaf

O pastor Abram de Graaf é “Doctorandus” (Drs) em Teologia e um dos professores do Instituto João Calvino (Aldeia, Camaragibe-PE). Ele é pastor da Igreja Reformada de Hamilton, Canadá, enviado como missionário às Igrejas Reformadas do Brasil, desde o ano 2000. É Diretor do Projeto Dordt-Brasil. Ele mora em Maceió e também desenvolve projetos nessa cidade. Acesse o site graafeditora.com

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.