Mateus 21:28-32

Leitura: Mateus 21:01-27
Texto: Mateus 21:28-32

Amada igreja do Nosso Senhor Jesus Cristo e caros ouvintes

Poucos dias depois que Jesus nasceu, Simeão o tomou em seus braços com grande alegria, pois seus olhos viram o Salvador de Israel (Lc. 2.28-32). Simeão, um ancião de Israel, creu que o menino Jesus era o Messias. Inspirado pelo Espírito Santo, Simeão anunciou a Maria a seguinte profecia sobre o menino Jesus: “Eis que este menino está destinado tanto para a ruína como para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição…” (Lc.2.34).

Quando observamos nos evangelhos o relato da vida de Jesus e a reação das pessoas para com Ele, vemos o cumprimento dessa profecia de Simeão. Muitas pessoas creram em Jesus e o receberam como Senhor e Salvador, enquanto que outros o odiaram e rejeitaram. Pessoas humildes da Galiléia (alguns pescadores) e os mais excluídos da sociedade (publicanos e prostitutas) se arrependeram dos seus pecados e creram em Jesus, ao passo que muitos líderes religiosos de Israel não o receberam como o Salvador, mas o desprezaram para sua própria perdição (Jo. 3.36).

Aqui no contexto de Mateus 21, é evidente a rejeição dos líderes religiosos contra Jesus. Jesus tinha realizado algumas obras que provocaram ainda mais o ódio destes homens (Mt.21.15). Ele tinha entrado em Jerusalém montado em jumentinho e foi aclamado pela multidão como Rei (Mt.21.9). Em seguida Jesus purificou o templo expulsando a todos que ali vendiam e compravam (Mt.21.12). Ainda no templo, Jesus curou a muitos e recebeu o louvor das crianças (Mt.21. 14-16). Caminhando com discípulos teve fome e como não achou fruto na figueira, ele a fez secar (Mt.21.18.19). Seus discípulos ficavam admirados com suas obras e ensino e cada vez mais depositavam nele a sua confiança (Mt.21.20).

Por outro lado, os líderes religiosos e sacerdotes aumentavam ainda mais seu ódio por Jesus (Mt.21.15). Eles não o reconheceram como o Messias, mesmo Jesus dando sinais ao cumprir as profecias messiânicas (Mt.21.5,13, 16). Aqueles homens, apesar de procurarem tanto, não acharam nenhuma falha na conduta de Jesus. Em suas palavras e obras Jesus mostrava pureza e amor. Por isso que os principais sacerdotes e anciãos do povo questionaram a autoridade de Jesus (ver Mt.21.23). Jesus sabe que é o Messias e está falando e agindo debaixo da autoridade do seu Pai que o enviou. Porém, Jesus não responde a pergunta dos seus opositores com essa resposta, mas lhes faz uma pergunta com uma condição de que se eles respondessem a sua pergunta, Jesus responderia a deles (ver Mt.21.24,25 a). Jesus não foge da pergunta deles, pois Ele sabe que aqueles líderes religiosos não estão interessados em aprender dele, mas apenas em pegá-lo em alguma resposta e destruí-lo. Eles queriam envergonhar Jesus diante do povo e acusá-lo de blasfêmia.

Jesus então contra ataca com uma pergunta simples e interessante: “O batismo de João era dos céus ou dos homens?” (Mt.21.25 a). Aqueles líderes religiosos tinham rejeitado João Batista e agora estavam rejeitando a Jesus e seu ensino. Portanto, diante da pergunta de Jesus eles ficaram num beco sem saída. Se eles dissessem que o batismo de João era dos homens, eles estavam se colocando contra o povo que tinha João como um profeta de Deus e podiam até ser apedrejados por conta disso (Lc. 20.6). Mas se eles dissessem que o batismo de João era dos céus (de Deus), eles estavam asseverando não só que João Batista era profeta do Senhor como também que Jesus era o Messias, pois João preparou o caminho para a chegada de Cristo e o apontou como o Cordeiro de Deus (Jo.1.29). Eles sabiam a resposta, mas se omitiram respondendo “não sabemos” por causa da dureza do seu coração em não se render a Cristo, mas em continuar a odiá-lo.

O Senhor vai desmascará-los contando-lhes uma parábola que vai de encontro à rebeldia e hipocrisia deles (ler o texto da pregação – Mateus 21.28-32). Perceba que esta parábola é a continuação do diálogo de Jesus com os líderes religiosos de Israel e está ligada ao ministério de João Batista, cuja pregação levou muitos pecadores ao arrependimento, mas provocou dureza nos corações dos líderes religiosos (vs.32). Mas não devemos pensar que esta parábola é uma simples repreensão aos líderes religiosos incrédulos da época de Jesus. Na parábola dos dois filhos nós temos um chamado urgente de Cristo à fé e ao arrependimento para todo pecador em qualquer época ou lugar. A pregação de João Batista e de Jesus chama pecadores ao arrependimento (Mc.1.4; 14,15). Essa pregação precisa ser proclamada hoje aos pecadores pelas fiéis igrejas de Cristo.

Por isso vamos olhar mais de perto essa parábola sobre um pai e seus dois filhos. O pai possuía uma vinha que era a fonte de recursos da família. Por isso, o trabalho na vinha tinha de ser realizado por todos os membros da casa. O pai dirigiu-se ao primeiro filho e disse-lhe para trabalhar na vinha naquele dia. Não importa aqui qual era o tipo de trabalho a fazer, se era podar as videiras, arrancar as ervas daninhas ou colher as uvas. O ponto importante é o pedido feito pelo pai e a reação dos filhos. O pai disse ao primeiro filho: “Filho, vai hoje trabalhar na vinha”. O primeiro filho respondeu “sim”, mas não foi fazer seu trabalho. O pai, então, dirigiu-se ao segundo filho com a mesma ordem. Este disse que não queria fazer o trabalho, mas depois, arrependido, foi fazer a tarefa que o pai lhe ordenou.

Após contar essa simples história, Jesus faz aos seus ouvintes outra pergunta cuja resposta era óbvia: “Qual dos dois fez a vontade do Pai”? Desta vez não houve omissão e todos responderam corretamente: “O segundo filho”. Jesus não contou essa parábola por acaso, mas com o objetivo de chamar àqueles líderes religiosos ao arrependimento. Mas o fato de dar uma resposta certa não significa estar arrependido de verdade. Alguém pode reconhecer a Bíblia como a palavra de Deus e ate dar crédito ás palavras de Jesus, mas continuar com seu coração endurecido. Alguém pode dizer “amém” ao ensino de Jesus e ao mesmo tempo não obedecê-lo. Foi o que aconteceu com aqueles líderes de Israel.

Observe a interpretação da parábola dada pelo próprio Senhor (ler versos 31,32). O primeiro filho aponta para os líderes religiosos de Israel. A mesma atitude desse filho foi manifesta na vida daqueles anciãos dos dias de Jesus. Eles são aqueles que fazem tudo para serem vistos pelos homens (Mt. 23.5-7). São aqueles que têm religiosidade e conhecimento da vontade de Deus, mas não fazem o que Deus manda. Por isso Jesus disse ao povo acerca deles: “Fazei e guardai tudo o que ele vos dizem, porém, não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem” (Mt.23.3). João Batista veio a eles, mostrando-lhes o caminho da justiça. Ouviram suas palavras, mas não creram nelas. Simplesmente o ignoraram. Viram, no entanto, que publicanos e prostitutas aceitaram a mensagem de João e foram batizados e salvos. Aqueles que eram marginalizados e cheios de pecados e que não queriam de modo nenhum fazer a vontade de Deus, depois se arrependeram, creram em Jesus e foram salvos, a exemplo do segundo filho.

Meus irmãos! Esta parábola nos chama a atenção para o tema do arrependimento na vida do pecador. O que é verdadeiro arrependimento? O que mostra que uma pessoa está realmente arrependida? Devemos reconhecer com tristeza que a doutrina do arrependimento bíblico é um ensino ausente em muitas igrejas e púlpitos dos nossos dias. São muitos os sermões superficiais que oferecem muitas coisas ao pecador, mas não lhe exige praticamente nada. Fala-se de curas, prosperidade, mas não se fala de arrependimento, mudança de vida. Há pessoas que se dizem cristãs e convertidas, mas na prática não mostram frutos de arrependimento. Não há mudança de vida. São pessoas como aquele filho que disse fazer a vontade de Deus, mas não o fez. O arrependimento que Jesus nos ensina e nos chama a ter é uma mudança radical na mente e no comportamento. É mudar completamente a maneira de pensar e de agir. É dar uma reviravolta na vida. É deixar para trás o que está errado e endireitar os caminhos de acordo com os mandamentos de Cristo (Ef.4.25-29).

O Senhor nos ensina pelo menos duas lições claras sobre o arrependimento nesta parábola. A primeira lição é que uma confissão de fé sem arrependimento é mera hipocrisia. O primeiro filho da parábola representa os líderes e fariseus dos dias de Jesus, mas a lição que este personagem nos ensina é que nós também corremos o risco de vivermos um cristianismo só de aparências, pois podemos dizer: “vamos fazer a vontade de Deus”, mas nunca fazemos (Mt. 23.5).

É triste afirmar, mas a atitude desse primeiro filho tem sido comum na vida de muitos cristãos em nossos dias. Muitos crentes que frequentam os cultos, que se batizaram, fizeram profissão de fé, dão suas ofertas e estão na igreja, muitas vezes se deixam levar pelo mundo e pelo pecado. Muitos podem até estar na igreja a cada domingo dizendo amém à palavra de Deus, mas durante a semana não fazem a vontade do Pai, mas seguem seus próprios caminhos e vivem para satisfazer seus desejos pecaminosos. Engana-se a si mesmo quem vive assim e age como um hipócrita. Esses precisam lembrar-se das sérias palavras de Paulo em II Tm. 2.19,20: “O Senhor conhece os que lhe pertencem e afaste-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor”.

Por que há pessoas assim que vivem um cristianismo meramente aparente? Por que há pessoas hoje como os fariseus que mostravam muita religiosidade, mas eram hipócritas? Porque não houve ainda em suas vidas verdadeiro arrependimento. Não se arrependeram de verdade. Precisam cair em si e mudar de vida. Pois uma religião de aparência não agrada o Senhor, mas engana a muitos e os conduz à perdição! Jesus disse: “Por que me chamais Senhor, Senhor e não fazeis o que vos mando”? Uma confissão de fé sem genuíno arrependimento só produz uma devoção meramente exterior. Tal atitude Deus aborrece e castiga. “Aparte-se de mim vós que praticais a iniqüidade”. Meus irmãos! Tenhamos em mente que Jesus não se impressiona com nossas palavras piedosas. Ele quer ver frutos, evidências de um autêntico cristianismo em nossas vidas. Lembre-se que viver uma vida de arrependimento, obedecer à palavra de Deus, escutar a sua voz e fazer a sua vontade é o que agrada a Deus e nos conduz á salvação em Cristo (I Sm. 15.22; Jo. 15.14).

A segunda lição que aprendemos é que uma confissão de fé acompanhada de genuíno arrependimento produz obediência à vontade de Deus. Ao receber a ordem do pai, o segundo filho disse: “Não quero”. Essa é, por natureza, a nossa resposta às ordens de Deus. Somos inclinados não a obedecer a Deus, mas a se rebelar contra Ele. Mas note que aquele filho, logo depois, arrependido, foi fazer a vontade do seu pai e trabalhar na vinha. Ele se arrependeu. Ele mudou de opinião. Ele deixou de seguir o seu caminho e fez o que o pai mandou. Abandonou a rebeldia e obedeceu.

Arrepender-se é isso! É deixar para trás a injustiça e seguir a retidão. Isso é a evidência da vida cristã. Não é o que falamos e sim o que fazemos e como vivemos que importa. Nossa confissão tem de ser coerente com a nossa maneira de agir. Quando isso não acontece temos de nos arrepender e voltar para o Senhor. Lembra-te de onde caíste, arrepende-te e volta às práticas das primeiras obras.

Aprendemos ainda na atitude desse segundo filho que arrepender-se não é apenas dizer: “estou arrependido”! É mais que isso! É mostrar frutos de arrependimento, é obedecer às ordens do pai. Alguém pode até dizer que se arrependeu, mas se sua confissão não vem acompanhada de sinais de uma vida transformada, então, não houve verdadeiro arrependimento. Você lembra-se de Zaqueu? Ele é um exemplo claro de alguém que realmente se arrependeu (ver Lc. 19.8,9). Observe que Jesus só declarou Zaqueu como homem salvo quando este deu provas de seu arrependimento. A decisão de devolver o que havia roubado era a clara evidência de que seu coração fora de fato transformado pelo poder do Espírito Santo (II Co. 5.17).

O segundo filho, embora no início não quisesse fazer a vontade do pai, arrependido, mudou de pensamento. Ele ficou trsite com seu erro e voltou atrás para fazer a vontade do Pai. De igual modo, precisamos desprezar nossos pecados, confessá-los e abandoná-los a fim de alcançar a misericórdia do Senhor (Pv. 28.13). Deus é fiel e justo para nos perdoar de todo pecado (I Jo.1.9). Você tem reconhecido e confessado os seus pecados a Deus? Você se entristece com sua rebeldia e volta atrás para corrigir seus passos? Que tipo de tristeza você tem em relação ao pecado? Uma tristeza segundo o mundo assim como Judas e o jovem rico? Ou uma tristeza segundo Deus como Pedro e Davi ? (Sl. 51.17; Mt. 26.75; II Co. 7.10). O verdadeiro arrependimento afeta nossa vontade levando-nos a agir em obediência à vontade de Deus.

Essa parábola ainda nos revela como é grande a graça e a misericórdia de Deus para com o pecador arrependido. Aquele filho que disse não fazer a vontade do pai, mas depois arrependido fez, apontava para os publicanos e as prostitutas da época. Pessoas cheias de pecado, tais como roubo, desonestidade e imoralidade. Mas eles se arrependeram e creram em Jesus e receberam pela graça o privilégio de entrar no reino dos céus (v.31).

Até mesmo o pior dos pecados não excluirá do céu um pecador, se ele se arrepender. Deus é misericordioso e tem prazer em perdoar pecadores arrependidos. O reino dos céus e a salvação é para você que se vê como pecador e se entristece com seus pecados e se volta para Deus desejoso de fazer a vontade dele. Por outro lado, os que não reconhecem seus pecados e não se arrependem não podem ser alcançados pela graça de Deus e nem entrarão no seu reino.

Jesus veio chamar pecadores ao arrependimento. Não importa o tamanho do pecado, quão fundo você tenha mergulhado e quão distante você tenha ido com seus pecados. A graça de Deus é maior para te alcançar e perdoar você, caso você se arrependa de todo coração. Lembre-se das palavras de Jesus: “Não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento” (Lc. 5.32). E alegre-se na promessa do perdão completo dos seus pecados que Deus te dá em Isaías 1.18: “… ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã”. O Sangue de Cristo é suficiente e eficaz para te purificar de todo pecado. Arrependa-se dos seus pecados, creia em Jesus e seja salvo!

Amém.

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Elissandro Rabêlo

Bacharel em Teologia pelo CETIRB – Centro de Estudos de Teologia das Igrejas Reformadas do Brasil (Atual Instituto João Calvino) (1999-2004). Fez Convalidação de Teologia na Universidade Mackenzie em São Paulo (2017). Ministro da Palavra e dos Sacramentos da Igreja Reformada do Grande Recife (PE), servindo como Missionário da Igreja Reformada em Fortaleza (CE).

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.