Leitura: Jonas 01
Texto: Mateus 12:38-41
Queridos irmãos em Jesus Cristo,
O problema que encontramos em nosso texto é um problema que muitas pessoas enfrentam em sua vida: o problema de crer. Ter uma fé só baseada na Bíblia. Para muitas pessoas isso é um grande problema. Elas não são convencidas pela Palavra de Deus. Elas querem mais. Elas exigem sinais!
Encontramos este problema em Lucas 16.27. O homem rico, que sofre no inferno, quer que Lázaro volte à casa do seu pai para avisar os seus irmãos. Mas Abraão recusa e diz: Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. O homem rico insiste: Não, pai Abraão, mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite.
O homem rico queria mais do que a Bíblia. Ele queria um sinal. Alguém dentre os mortos devia ressuscitar e voltar. Abraão recusa dar tal sinal. A Palavra de Deus é suficiente. Os verdadeiros profetas dizem isso e Jesus também. Mas o mundo em redor deles não aceita isso. Os incrédulos não aceitam isso, e as maiorias dos Judeus também não aceitaram. Eles querem mais. Eles querem sinais.
O apóstolo Paulo, mesmo um judeu, diz em 1Coríntios 1 que Deus o enviou para pregar o evangelho, a palavra de Deus. E qual é a sua experiência? As pessoas acham isso uma loucura! Os gregos buscam sabedoria e os judeus pedem sinais!
Assim é o povo de Israel naquela época. E mais uma vez vemos isso em Mateus 12, o contexto do nosso texto. Deixe-me dizer algo sobre o que aconteceu antes do nosso texto. Estamos ainda no início do trabalho de Jesus. Ele visita as sinagogas, prega o reino de Deus, e mostra o poder do reino de Deus curando as pessoas que são levadas para ele. Até um endemoninhado, que ninguém podia curar, pois o homem era cego e mudo. Mas Jesus conseguiu e depois disso o público ficou dividido. Uns disseram: Não é este o Filho de Davi, O Cristo? Mas os líderes disseram: De jeito nenhum: ele é um filho de Belzebu, o príncipe dos demônios!!!
Os líderes não aceitavam Jesus. O conflito entre eles e Jesus crescia cada vez mais. A situação ficou tão seria que Jesus os avisou falando sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo. Ele sabia que os fariseus o odiavam. Ele sabia que eles já haviam feito um plano para matá-lo (v. 12.14). E por causa disso, ele não deixa enganar, quando eles se aproximam e perguntam: “Mestre, quiséramos ver da tua parte algum sinal”.
Parece que eles respeitam o Senhor. “Mestre”, eles dizem. Mas eles não aceitam Jesus como mestre. O seguinte mostra isso. “Quiséramos ver da tua parte algum sinal”. Por que eles perguntam isso? Já pensou nisso, irmãos. Por que os fariseus queriam “um sinal”?
Por que os judeus querem sinais? Por que há sempre pessoas pedindo sinais? Qual é o motivo por trás disto? Qual o motivo das pessoas pedirem um sinal? Vou dizer: Pedir um sinal é demonstração de desconfiança. Tais pessoas não aceitam a autoridade da pessoa que está falando. As pessoas não acreditam e querem uma legitimação. A pessoa que está falando deve mostrar a elas que possui autoridade divina de falar. Do contrário, eles não aceitam a autoridade de Jesus; não aceitam a autoridade do pregador; não aceitam a autoridade da Palavra de Deus. E por isso eles querem um sinal. Por isso estou dizendo: Pedir um sinal, é um sinal de desconfiança. Os descrentes pedem sinais, os crentes não!
Os fariseus que se aproximam são hipócritas. De um lado eles chamam a Jesus de “mestre” e por outro não aceitam a palavra dele. Assim podemos encontrar pessoas que andam com a Bíblia na mão dizendo: Isso é a “palavra de Deus”, mas na verdade eles não acreditam nesta palavra; pois eles querem ver sinais. Curas, visões, e qualquer coisa para legitimar, para mostrar que Deus está trabalhando por eles. É exatamente isso o que está acontecendo aqui, irmãos. Os fariseus querem um sinal, porque eles não acreditam no Senhor.
E por causa disso o Senhor ficou indignado e chamou esta geração de “má” e “adúltera”. E os fariseus são representantes desta geração. A pergunta deles mostra uma atitude má. É uma geração má. Este tipo de geração se levanta regularmente na igreja. Esta pergunta é prova duma vida má e adúltera. A raiz é má. Jesus condena aqueles que pedem por sinais com estas palavras: “uma geração má e adúltera”. “Má” indica que o caráter dessa geração é pecaminoso. “Adúltera” quer dizer que eles deixaram o seu primeiro amor. Deus é o primeiro amor deles. Deus buscou o seu povo e enviou os seus profetas com as suas promessas. Deus falou regularmente com o seu povo. Deus é fiel. Ele faz o que prometeu. Mas agora a sua esposa o acusa. Ela quer uma prova da sua fidelidade. Isso é errado. Isso é mau.
Quem se desviou: Deus ou Israel? Ela não reconhece mais o amor do seu marido; Cristo chegou para mostrar o amor do seu Pai. Cristo fez muito milagres. Quando os discípulos de João Batista chegaram e perguntaram se ele era o Cristo, Jesus lhes mostrou o que estava acontecendo e os lembrou das profecias de Isaías. (Is 29.18; 35.5; Lc 7.21-22). Quem tinha conhecimento das profecias, reconheceu o Cristo.
Os fariseus não reconheciam. Eles não se lembravam mais da voz de Deus, que falara pelos seus profetas. Eles tinham Moisés e os Profetas, eles estudavam as palavras deles, mas não entenderam o que Deus tinha dito. Eles estavam cegos e mudos. Jesus Cristo acabou de curar um endemoninhado, que estava cego e mudo, mas no mesmo momento estava lá uma multidão que era espiritualmente cega, muda e endemoninhada. Os fariseus não aceitavam Jesus como seu mestre. Eles seguiam a outro mestre; por causa disso eles reagem contra Jesus. Eles são anti-cristos.
Jesus libertou um membro do povo de Deus. Jesus fez isso por causa da aliança que Deus havia feito com o seu povo. Uma aliança eterna! Ele fez um milagre. E alguns reconheceram o poder de Deus e se lembraram de sua Palavra e disseram: ele é o Cristo; Eles entenderam os poderes do futuro século, Mas os inimigos disseram que ele era um instrumento do diabo.
E para esclarecer a situação, alguns pediram um sinal. Como no caso de Elias. Um sinal como o que Deus concedeu no monte Carmelo. Eles decidem qual sinal Jesus deveria fazer para mostrar que ele é servo de Deus. Eles querem examinar Jesus. Se for o Cristo, ele não deve ter medo, pois naquele momento mais do que Elias estaria lá. Assim eles pensam, mas Jesus não aceita o raciocínio deles.
Ele não vai dar nenhum sinal, senão o sinal de Jonas. Jesus os manda ler a Bíblia. Volte à palavra de Deus, pois Bem aventuradas os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam (Lucas 11.28). Não se lhe dará outro sinal senão o do profeta Jonas.
O que isso quer dizer irmãos? O que é este sinal de Jonas? Bom, todo mundo conhece a história de Jonas. Acabamos de ler esta história (Jonas 1). Como ele foi chamado para pregar em Nínive, como ele fugiu e como Deus lhe pegou. Ele foi jogado no mar e esteva três dias e três noites nas entranhas de um peixe. Depois o Senhor o enviou de novo para Nínive e lá ele pregou e a cidade se converteu.
Lendo essa história podemos dizer: Jonas foi um sinal. Ele pregou o julgamento e a graça; o inferno e o céu; vingança e reconciliação. Ele mesmo era um sinal. Ele mesmo experimentou o julgamento e a graça. Deus o jogou no mar e o salvou. Depois disso cada sermão dele é um sermão sobre o juízo e a misericórdia de Deus.
Mas só para as pessoas que creem. Um sinal é para os crentes e não para os descrentes. O descrente vai dizer: O que é isso? Três dias e três noites num peixe? Que besteira é isso? Ele sonhou no fundo do barco! O descrente não quer aceitar. Quem não aceita a palavra de Deus, não aceita os sinais de Deus. Como Abraão também disse: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite”. Quem não aceita a palavra de Deus, não aceita os sinais de Deus. Pois a Palavra dá suporte ao sinal, e não o contrário.
O barquinho de Jonas estava a ponto de afundar. Para salvar as pessoas, Jonas devia descer ao mar. Assim também é o sinal de Jesus. Ele devia descer ao inferno. O barquinho do mundo não podia continuar. Ele devia morrer.
Jonas sobreviveu e Jesus também. Jonas é um sinal do julgamento e da graça de Deus; e Jesus também. O sepulcro de Jesus é um sinal do julgamento e da misericórdia. Mas este sinal não tem efeito, se você não crê, se você não crê na ressurreição.
Quando Jonas saiu do peixe, ninguém estava lá. Quando Jesus saiu do sepulcro, também ninguém estava lá. O capitão do barco escreveu no seu livro: “O profeta morreu”. Pilatos escreveu também no seu livro: “Jesus de Nazaré morreu”. O Cristo morreu com testemunhas, mas a sua ressurreição aconteceu sem testemunhas. Jesus foi ressuscitado e foi para Galileia e apareceu aos seus discípulos; Jonas saiu do peixe e foi para Nínive e apareceu aos ninivitas. Ele pregou e eles acreditaram na pregação dele. Eles não tinham visto o sinal dele, mas deviam aceitar sua palavra. E foi exatamente isso o que os ninivitas fizeram. Eles aceitaram a pregação de Jonas e se converteram. Pois a palavra vale, o sinal não.
Jesus quer ensinar isso aos fariseus. Os ninivitas aceitaram a pregação de Jonas. Aceitaram também o sinal de Jonas. E os fariseus devem fazer a mesma coisa. Até mais, pois mais do que Jonas está aqui. É o próprio Filho do Homem que está aqui. Podemos ler sobre ele em Daniel. O Filho do homem vai julgar o mundo. Jesus já se apresentou varias vezes como o Filho do Homem. Ele vai julgar. Os fariseus querem julgar Jesus, mas eles não sabem que o Juiz está ali. Ele é mais do que Jonas.
Ele pregou e operou muitos milagres. Mais do que Jonas fez. Jonas só pregou e os ninivitas se converteram. Os fariseus já viram muitos milagres e ouviram a Palavra de Deus saída da boca de Jesus. Mas eles não acreditaram. Por causa disso, os ninivitas ressurgirão no juízo e os condenarão.
E agora, irmãos? Os ninivitas podem ressurgir contra nós e nos condenar? Sim, irmãos. Eles podem. Devemos crer na Palavra de Deus. Isso é suficiente para nós. Temos o sinal de Jonas, mas mais do que isso, o sinal de Jesus. O Filho do homem esteva três dias e três noites no seio da terra e voltou! Vivo! Mas ninguém viu. Apesar disso: a Palavra de Deus falou e nós devemos crer nisso, pois recebemos mais do que Jonas.
Amém.
Abram de Graaf
O pastor Abram de Graaf é “Doctorandus” (Drs) em Teologia e um dos professores do Instituto João Calvino (Aldeia, Camaragibe-PE). Ele é pastor da Igreja Reformada de Hamilton, Canadá, enviado como missionário às Igrejas Reformadas do Brasil, desde o ano 2000. É Diretor do Projeto Dordt-Brasil. Ele mora em Maceió e também desenvolve projetos nessa cidade. Acesse o site graafeditora.com
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.