Leitura: Marcos 10.17-31
Texto: Marcos 10.29-31
Amada Congregação do Nosso Senhor Jesus Cristo:
Ao longo do ministério terreno de nosso Senhor Jesus, muitas pessoas vieram até Ele buscando ajuda – o leproso em Marcos 1; o paralítico em Marcos 2; o homem da mão requessida em Marcos 3; o homem com a legião de demônios; a mulher com o fluxo de sangue e Jairo e sua filha em Marcos 5. Elas vieram a Ele de maneiras diferentes – alguns em desespero, buscando cura; outros trazidos a Ele por amigos; e alguns foram abordados por Ele. Eles vieram a Jesus com atitudes diferentes – alguns com fé forte, outros com fé vacilante, e para outros, a fé deles nem é mencionada.
E quando eles deixaram Jesus, suas ações subsequentes também variaram. O leproso em Marcos 1 saiu e começou a falar abertamente sobre o que aconteceu. O paralítico em Marcos 2 levantou-se, pegou seu leito e saiu da casa onde a cura milagrosa havia sido feita. O homem com a legião de demônios se afastou de Jesus e começou a proclamar em Decápolis o quanto Jesus tinha feito por ele, e todos se maravilharam. A mulher com o fluxo de sangue caiu aos pés de Jesus. Assim, as reações a Jesus variaram, mas todas essas pessoas tinham uma coisa em comum – sem dúvida seguiram seu caminho com alegria em seus corações. Elas podem ter ficado surpresas, humilhadas, ou chocadas, mas além daqueles que escolheram se opor a Ele e seu ministério, ninguém nunca deixou a presença de nosso Senhor triste.
Pelo menos até agora. Em todos os relatos do evangelho, apenas uma pessoa é descrita como tendo deixado Jesus desanimado pelo que Ele disse, e triste. E aquela pessoa é o personagem principal em nosso texto – o homem que conhecemos como o jovem rico. E esse jovem rico rem a distinção de ser a única pessoa a sair de um encontro com o Senhor Jesus contrariado e triste.
Ele vem a Jesus com uma pergunta honesta. Ele não precisa de cura. Ele não precisa ter demônios expulsos dele. Ele não precisa ser purificado de qualquer impureza cerimonial ou física. Ele está preocupado com sua vida espiritual; ele está preocupado com a salvação. E ele se dirige a Jesus como “Bom mestre,” e ele pergunta: “Que farei para herdar a vida eterna?”
E em vários níveis, a resposta que Jesus dá ao jovem é supreendente. Primeiro de tudo, Jesus nem sequer começa por abordar a questão – Ele começa sua resposta questionando a maneira como o jovem se dirige a Ele. “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus.” E aqui chegamos ao primeiro ponto de controvérsia nesta passagem. Seitas como as Testemunhas de Jeová usam essa passagem quando argumentam contra a divindade do Senhor Jesus. Veja, dizem eles, aqui está o próprio Jesus dizendo que Ele não é Deus!
Mas não é isso que Jesus está dizendo aqui. Ele não está se contrastando com Deus aqui, dizendo que Ele é apenas um homem afinal, e não divino. O que Ele está dizendo é que Ele é muito mais do que apenas um mestre. Ele é muito mais do que apenas um grande rabino ou até um profeta. “Tu me chamas de ‘bom mestre,’ mas sou algo muito maior do que isso!”
As pessoas que ouviram Jesus dizendo isso originalmente podem não ter entendido essa declaração como uma reivindicação da divindade por parte de Jesus. Mas sabendo o que sabemos, dos evangelhos, do restante das Escrituras, podemos entender o que Ele diz com mais clareza. Com essa declaração, feita como uma pergunta em resposta a uma pergunta, Jesus está declarando que sua resposta não será apenas uma resposta simples. A resposta que Ele vai dar não está no mesmo nível das respostas dadas pelos mestres e líderes religiosos do seu tempo. Sua resposta será algo especial.
Mas, pensando na resposta que segue, na verdade não parece tão especial. Ele diz ao jovem que ele já sabe a resposta. “Sabes os mandamentos. Guarda-os!” Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás ninguém, e honra a teu pai e tua mãe. É uma lista interessante de mandamentos. São todos do que chamamos da segunda tábua da Lei, lidando com nossas relações com o nosso próximo – exceto o décimo mandamento, Não cobiçarás, é deixado de fora e substituído por “Não defraudarás ninguém.”
Mas não há observâncias extras listadas. Não há nada sobre lavagem cerimonial, como um mestre dos essênios teria dito. Não há nada sobre manter a separação dos gentios, sobre manter-se não manchado pelo mundo exterior. Não há tradições extras dos anciãos. Não há nada que o jovem possa ter esperado, além do que ele já sabia da Palavra de Deus em primeiro lugar. Os fariseus, ou seitas como os essênios, que pensavam em si mesmos como sendo especialmente adequados para levar as pessoas à vida eterna, teriam dito ao homem que a primeira coisa que ele precisaria fazer seria se juntar ao grupo deles, e que se ele apenas fizesse isso, ele poderia estar seguro no conhecimento de que herdaria a vida na era vindoura. Mas Jesus não faz nada disso.
Você quase pode imaginar o processo de pensamento que o jovem estava passando quando ele deu sua resposta. É quase como se ele estivesse dizendo: Só isso? Mas eu já esto fazendo isso!
Agora, muitas pessoas pensam que esse homem estava sendo hipócrita ao dizer que ele havia mantido a lei. Mas o simples fato é este: muitos intérpretes da Escritura foram muito mais duros com este jovem do que o próprio Senhor Jesus. Eles leram sua pergunta, “O que devo fazer para herdar a vida eterna,” como se o homem pensasse que poderia ganhar a salvação pelas obras, como se estivesse pensando que suas próprias ações o salvariam.
Mas é interessante notar que as pessoas nunca dizem a mesma coisa sobre o carcereiro filipense, que perguntou a Paulo e Silas quase a mesma pergunta:
“Senhores, que devo fazer para que seja salvo?” (Atos 16.30).
O texto da pergunta do jovem também mostra que ele não está pensando que ele pode ganhar a salvação, quando ele usa a palavra “herdar.” Ele não pergunta: “O que devo fazer para ganhar a vida eterna?” Ele pergunta: “O que devo fazer para herdar a vida eterna?” Ele sabe que a ação é necessária de sua parte. E é verdade, verdade para ele, verdade para todos. Precisamos responder ao chamado do evangelho. Mas ele também percebe que a vida eterna não é algo que se ganha – é uma herança, e uma herança nunca é algo merecido, ou algo ganho.
Então muitas pessoas lêem a resposta de Jesus como se Ele estivesse expondo a hipocrisia do jovem, como se Jesus não estivesse realmente dando uma resposta direta, como se Jesus estivesse dando ao jovem a Lei, para que o jovem soubesse que a salvação não vem pelas obras, mas pela graça, pela fé. Mas, novamente, não há indicação disso no texto. Não há indicação de que Jesus esteja sendo irônico, ou que Ele não esteja dando a resposta correta à pergunta do jovem. Ele está simplesmente dando uma resposta direta.
Finalmente, algumas pessoas lêem a resposta do jovem à resposta de Jesus como se ele estivesse dizendo: “Veja, estou perfeitamente bem. Estou ganhando a minha salvação,” quando ele afirma que guardou esses mandamentos desde a juventude. Mas precisamos nos perguntar: é realmente isso que ele está dizendo? Compare o que o jovem disse com o que o apóstolo Paulo disse ao conselho em Jerusalém quando ele estava sendo atacado por pregar o evangelho:
“Fitando Paulo os olhos no Sinédrio, disse: Varões, irmãos, tenho andado diante de Deus com toda a boa consciência até ao dia de hoje” (Atos 23.1).
E ele diz algo muito semelhante em Filipenses 3.6, sobre o que ele era antes da sua conversão:
“Quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.”
Este jovem, como filho de Deus da Antiga Aliança, era justo. Ele manteve a lei. E manter a lei não significa apenas fazer as coisas certas do lado de fora; também significava ser fiel em oferecer sacrifícios, destinados à cobertura dos pecados. A justiça sob a Antiga Aliança não era justiça pelas obras, como se isso significasse algum tipo de perfeição moral ou ausência de pecado. Repetidas vezes no Antigo Testamento lemos que as pessoas eram justas.
Noé foi chamado de homem justo, irrepreensível em sua geração. O rei Davi diz isso sobre si mesmo em 2 Samuel 22.24-24, sem hipocrisia:
“Também fui inculpável para com ele e me guardei da iniquidade. Daí, retribuir-me o SENHOR segundo a minha justiça, segundo a minha pureza diante dos seus olhos.”
Daniel descreve a si mesmo em Daniel 6 como sendo “irrepreensível” perante Deus. No Novo Testamento, Zacarias e Isabel, os pais de João Batista, são descritos assim:
“Ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor” (Lucas 1.6).
E José de Arimateia, em Lucas 23.50, é descrito como sendo “membro do Sinédiro, homem bom e justo.”
Todas essas pessoas podiam cantar, como nós podemos cantar hoje, os salmos como o Salmo 34:
“Os olhos do SENHOR repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu clamor… Clamam os justos, e o SENHOR os escuta e os livra de todas as suas tribulações… Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra. Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado” (Salmo 34.15-20).
Esses “justos” sobre os quais cantamos não são um grupo hipotético de pessoas, ou um grupo de pessoas que nunca existiu; são aqueles que temem o Senhor, que confiam nele, que buscam a herança da vida eterna nele e em sua graça somente. A justiça foi pela fé na antiga aliança, a fé que se mostrou, que se desenvolveu na vida diária. Os justos podem ser seguros e podem se considerar justos por causa da graça de Deus e da fidelidade de Deus.
Assim, podemos olhar para esse jovem rico e pensar, “Que hipócrita. Ele acha que é justo. Ele não percebe que ele é realmente um pecador, e que ninguém é justo.” Mas veja a resposta de Jesus ao jovem, em versículo 21:
“E Jesus, fitando-o, o amou.”
Ele amou este jovem rico. E exatamente como acontece no final da interação entre Jesus e o jovem, quando o jovem se afasta, isso é algo único no relato do evangelho.
Não ouvimos que Jesus olhou para todos e os amou. E sabemos que o Senhor Jesus não tinha um amor especial em seu coração pelos fariseus, com toda a sua hipocrisia – ele os repreendeu por sua hipocrisia em termos inequívocos, repetida, direta e muito fortemente. Mas sobre esse homem nós ouvimos que Jesus tinha um sentimento especial por ele. Ele não repreende o jovem pela pergunta que ele fez, nem por sua resposta à resposta de Jesus. Ele não diz que o jovem deve desistir tentar ganhar a salvação. Ele entende a pergunta do jovem como honesta, e Ele lhe dá uma resposta honesta.
Então, quando o jovem diz: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude,” é como Jesus diz, “Isso é bom. Mas agora há mais uma coisa que você precisa fazer: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me” (v.21).
Por que essa ordem adicionada agora? Alguns acreditam que Jesus estava dizendo algo assim: “Veja: você não guardou os mandamentos na verdade. Você não é tão justo quanto achava que era.” Mas precisamos pensar sobre o que Jesus diz aqui no contexto de seu ministério e nas coisas que Ele já disse. Ele havia falado sobre a novidade do que Ele estava fazendo em Marcos 2, em termos de vinho novo e tecido novo. Jesus estava introduzindo algo novo, o cumprimento de tudo o que veio antes. Ele estava trazendo uma nova criação, uma mudança radical, o fim de uma era antiga e o começo da nova. Ele havia chamado seus discípulos para tomar sua cruz e segui-lo, humilhar-se, deixar suas famílias terrenas para se unir à sua família celestial. O velho caminho não seria suficiente não mais, porque este era um período de mudanças radicais.
Pense desta maneira: imagine um israelita fiel, vivendo na época de Jesus – alguém como Zacarias ou Ana ou Simeão. Vivendo antes da vida e ministério do Senhor Jesus, eles eram homens e mulheres fiéis, obedientes, piedosos e tementes a Deus. Eles levaram sua vidas de acordo com os mandamentos de Deus, em gratidão a Ele pela salvação que Ele já lhes havia dado, ansiosos pela consolação de Israel, como Lucas diz sobre Simeão em Lucas 2.25.
Eles sabiam que seus pecados tinham que ser perdoados, eles sabiam que Deus havia instituído o sistema sacrificial para efetuar esse perdão, então eles viveram fielmente, adoraram fielmente, ofereceram seus sacrifícios em humilde gratidão, conheceram e amavam a Palavra de Deus, e procuraram viver conforme a Palavra. Eles podiam esperar com confiança a herança da vida eterna. Eles conheciam as palavras de Oséias 6.6 e procuravam viver conforme elas:
“Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.”
Eles sabiam que a religião verdadeira é a religião que vem do coração, que não é simplesmente uma questão de ações externas.
Quando Jesus veio, as coisas mudaram para essas pessoas. Se um desses fiéis israelitas, que viveu na fé, que aguardava a vinda do Messias, morresse, ele receberia a vida eterna. Mas agora o Messias havia chegado. Será que aquele israelita, que estava vivendo tão fielmente, que tinha sido, como Paulo, inocente em sua caminhada como judeu fiel, receberia a mesma recompensa se se recusasse a seguir o Messias que havia vindo? Um judeu fiel que viveu cem anos depois, rejeitando Jesus como o Messias, herdaria a vida eterna?
A resposta é não. Porque o antigo sistema sacrificial foi abolido por aquele que foi o último sacrifício. O antigo sacerdócio foi tornado obsoleto por aquele que era o grande sumo sacerdote. O antigo templo havia se tornado desnecessário, porque o único Filho do Pai tinha feito sua morada entre os homens, a igreja de Jesus Cristo havia se tornada o templo do Espírito Santo, e todo o ritual e cerimônia do templo não eram mais necessários.
O que havia sido bom, o que havia sido essencial para a vida do judeu fiel, não foi necessário não mais, porque o cumprimento havia chegado. Aquele que antes estava do lado de dentro, aquele que viveu diante de Deus em boa consciência até a vinda de Cristo, se encontraria fora do reino se ele se recusasse a seguir a Cristo. É disso que trata a carta aos hebreus – uma advertência contra o retorno ao sistema antigo, não porque o sistema antigo tenha sido um sistema ruim, mas porque o velho havia passado e agora o novo havia chegado.
E isso, irmãos, é a mensagem desta passagem. O chamado foi para todo o Israel se arrepender. Havia aqueles que eram injustos e infiéis, aqueles que eram hipócritas e opressores e obstáculos à obra de Deus – eles foram chamados a se afastar desses pecados, a se afastar de sua rebelião, a deixar de ser hipócritas e a seguir a Cristo.
Mas havia também aqueles que eram como Ana e Simeão e Zacarias e até o apóstolo Paulo – e como este jovem rico. Aqueles que eram justos no sentido do Antigo Testamento, aqueles que teriam sido considerados fiéis e íntegros em todas as gerações, mas aqueles que agora seriam excluídos do reino se não confiassem em Jesus Cristo, se eles se recusassem a reconhecer que Ele era o cumprimento de todas as leis e promessas do Antigo Testamento.
Então, Jesus chamou esse jovem para quebrar seus laços com o passado – para vender todas as suas posses terrenas, para dar toda a sua riqueza para os pobres e segui-lo. Ele chamou esse homem para ser seu discípulo, para fazer o que os primeiros discípulos haviam feito. Lembre-se das histórias do início do evangelho de Marcos. Jesus disse a Simão e seu irmão André: “Siga-me, e eu vos farei pescadores de homens.” E imediatamente eles deixaram suas redes e o seguiram. Então Jesus veio para Tiago e seu irmão João. Ele os chamou, e eles deixaram seu pai Zebedeu para trás no barco com os empregados, e o seguiram.
Esses homens deram tudo para seguir a Jesus. Eles deixaram seu sustento para trás. Eles deixaram suas famílias para trás. Eles deixaram suas posses para trás. Eles desistiram de tudo para seguir o Messias. Em versículo 28 Pedro lembra Jesus deste fato, quando ele diz:
“Eis que nós tudo deixamos e te seguimos.”
E esse foi o chamado de Jesus para este jovem rico também. Deixe tudo, siga-me, e sua recompensa será grande.
Mas o jovem não podia ver que seguir Jesus em seu reino valeria o custo que ele teria que pagar. Ele não queria desistir de seu dinheiro, sua posição, toda dádiva terrena que ele recebeu. Sua grande riqueza, suas grandes posses, suas “coisas” o impediram de dar esse passo importante para a novidade do que o Deus de Israel estava fazendo. Ele não queria tomar sua cruz para seguir o Messias. E por causa disso, a falha de ver e entender o que Deus estava fazendo em Jesus Cristo, esse homem foi embora triste e ficou de fora, olhando para dentro.
Jesus havia explicado nas parábolas de Mateus 13 como era seu reino:
“O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo. O reino dos céus é também semelhante a um que negocia e procura boas pérolas; e, tendo achado uma pérola de grande valor, vende tudo o que possui e a compra.”
Este jovem rico foi apresentado ao verdadeiro tesouro, o testouro do reino, pelo próprio rei. O problema foi que ele não respondia com alegria. Ele não foi e vendeu tudo o que tinha para comprar aquele campo. O jovem rico estava buscando belas pérolas; ele estava procurando a resposta para a questão mais importante de todas: “Como posso herdar a vida eterna?” Mas então ele encontrou aquela pérola de grande valor. Foi-lhe dito, claramente, o que ele precisava fazer para consegui-la. Mas, ao contrário daquele mercador da parábola de Jesus, ele se recusou a vender tudo o que tinha para comprar aquela pérola.
Ele não reconheceu o valor dessa pérola, que contrastava com o suposto valor que ele via nos bens físicos que já possuía. E assim ele ficou sem esse tesouro escondido no campo. Ele ficou sem a pérola de grande valor, porque ele estava cego para a verdadeira glória do reino, cegado pelas glórias deste mundo. Sua resposta ao chamado de Jesus foi como a semente semeada entre os espinhos na parábola do semeador. Aquele semente, Jesus disse, “é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riqueza sufocam a palavra, e fica infrutífera” (Mateus 13.22).
E, finalmente, para nós hoje, essa é a mensagem desta história. Este é um chamado para que entendamos o custo do discipulado – para reconhecer que o chamado para seguir a Jesus é um chamado para completar o compromisso, não um chamado à obediência indiferente. Ser discípulo de Cristo significa dar-se total e completamente a Ele e ao seu serviço. Nós já ouvimos essa mensagem na semana passada, mas vou dizer de novo agora: não há espaço para meias medidas na vida de um seguidor de Cristo.
Podemos perguntar: quanto eu tenho que dar? Quando tenho que deixar para trás? Quanto é suficiente? Mas essas perguntas sao erradas em si. Precisamos fazer essa pergunta: Como posso dar mais? Como posso me dedicar ainda mais ao serviço do Senhor Jesus Cristo? Nunca há o suficiente, e é isso que Jesus diz em resposta à pergunta dos discípulos. Quem pode ser salvo? Com o homem, é impossível. Mas não com Deus – tudo é possível com Deus.
Os discípulos olharam para esse jovem rico como alguém que havia sido abençoado por Deus. O Antigo Testamento prometia sucesso àqueles que eram fiéis a Deus, e foi isso que os discípulos viram nele. Então, quando ouviram Jesus dizer como era difícil para um homem rico entrar no reino, começaram a se perguntar quanto seria mais difícil para um cara comum, como eles. Se é tão difícil para uma pessoa rica entrar no reino quanto um camelo passar pelo fundo de uma agulha – o que é impossível – então deve ser o mesmo para todos, se não mais difícil.
Mas com Deus todas as coisas são possíveis. Jesus Cristo chamou os discípulos com esse chamado autoritário e também lhes deu a disposição de responder a esse chamado. Neste ponto, o jovem rico não recebeu esse dom. Quem sabe – talvez mais tarde em sua vida, ele teve a oportunidade de repensar sua recusa em seguir a Jesus, e o Espírito lhe permitiu responder positivamente ao chamado do evangelho. Nós não sabemos. Mas é Deus que possibilita – nosso chamado é responder.
O dom foi oferecido, da entrada no reino, da herança da vida eterna. Nada neste mundo – nenhum relacionamento, nenhuma possessão, nada que o mundo veja como tão valioso – é valioso o suficiente para se manter quando o maior tesouro imaginável é oferecido. O mundo está cheio dessa mentira: não vale a pena. Não vale a pena o sacrifício. Não vale a pena deixar a sua casa ou seus irmãos ou irmãos ou mãe ou pai ou filhos ou campos por causa de Cristo e do evangelho.
Mas Jesus nos diz que realmente vale a pena e muito mais. Porque quem deixar tudo para trás, todas as coisas terrenas, todos os apegos terrenos, todos os deuses deste mundo, para segui-lo, receberão cem vezes neste tempo, e a vida eterna na era vindoura. Quando você pensa nisso, realmente faz a pergunta: “Quanto eu tenho que dar?” não faz nenhum sentido. Você pode perder sua família terrena – mas você ganhará uma celestial. Pode perder sua casa terrena – mas ganhará uma celestial. Pode perder seus campos terrrenos – mas ganhará campos celestiais.
Mas tudo isso vem com um advertência muito importante: este não é um evangelho de saúde e riqueza, prometendo sucesso nesta vida se você seguir a Cristo, prometendo liberdade de problemas e provações e dificuldades se você crer. Porque Jesus acrescenta esta frase: “com perseguições.” Você receberá o cêntuplo neste tempo – casas e irmãos, irmãs, pais, filhos e campos – com perseguições.
Mais uma vez, há aquele lembrete para aqueles que seguem a Cristo – o caminho vai ter seus desafios. Pode experimentar dores e sofrimento, simplesmente porque você atendeu ao chamado para andar nesse caminho. Mas no final, tudo valerá a pena.
E mais uma vez, esse é o chamado do evangelho. É um chamado para seguir a Jesus. Ele está nos chamando para tomar seu jugo sobre nós e fazer isso de todo o coração. E é também uma promessa – uma promessa de uma recompensa eterna para aqueles que abandonam as âncoras deste mundo que nos sobrecarregam. Siga-o, e Ele será fiel a essas promessas. E, ao contrário daquele jovem rico, você não deixará a presença do Salvador desanimado e triste, mas com alegria que nunca, jamais, será tirada de você.
Amém.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.