Marcos 01.14-28

Leitura: Mateus 19.16-30
Texto: Marcos 01.14-28

Amada Congregação do Nosso Senhor Jesus Cristo:

Se existe uma coisa sobre a mensagem da fé cristã que é ofensiva aos ouvintes modernos, é esta declaração:

“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.”

Muitas pessoas seriam muito mais felizes se apenas algumas palavras nesta declaração fossem mudadas. Talvez se Jesus pudesse ter dito isso em vez daquela declaração:

“Eu sou um caminho para o Pai. Eu sou um aspecto da verdade, e minha verdade pode ser verdadeira para você. Eu sou a vida, mas há outros modos de vida também. E enquanto alguns vêm ao Pai através de mim, ha outros caminhos disponíveis.”

Parece que teria sido mais fácil para todos, não é? Incrédulos e relativistas não seriam desafiados pela mensagem exclusiva que Jesus proclamou, e como cristãos não teríamos que ser tão dogmáticos sobre o fato de que nosso caminho é o único caminho; quem realmente quer ser considerado arrogante e intolerante?

Parece que nossa sociedade respeita a indecisão. Você só merece ser ouvido se você começar cada afirmação que fizer, humildemente, com as palavras, “Eu posso estar errado…” Mas como poderia um cristão dizer isso: “Eu posso estar errado, mas não há salvação em mais ninguém, e talvez, possívelmente, não tenho certeza, mas pode haver nenhum outro nome debaixo do céu dado entre os homens pelo qual podemos ser salvos”? (Atos 4.12, mais ou menos).

Mas a mensagem que proclamamos é uma mensagem exclusiva. Precisamos defender a fé com humildade, mas também com ousadia. E parte dessa ousadia é não ter vergonha de proclamar que existe apenas um caminho de salvação, e esse caminho é Jesus Cristo. Não é porque eu sou tão especial que esse é o único caminho. Não é porque eu sou único que eu creio nesta verdade. Não é por causa do meu poder. Não é por causa da minha autoridade. É porque Jesus é único. Porque ele é especial. Por causa da sua autoridade.

E isso fica claro na segunda parte do primeiro capítulo de Marcos. Aqui em Marcos 1 encontramos a razão, a explicação, da verdade da exclusividade da mensagem do evangelho, de que não há muitos caminhos para Deus, que nem todas as religiões são igualmente válidas, que Jesus não era apenas mais um profeta entre muitos.

Veja onde Marcos usa a palavra “imediatamente” no texto. Repetidamente Marcos usa essa palavra em seu evangelho – quarente e uma vezes para ser exato, enquanto a palavra é usada só dez vezes mais no resto to Novo Testamento. Um evento acontece. Jesus faz algo, ou diz algo. E então, “imediatamente,” a cena muda para outro local, com novo caráter, novo ponto. Jesus é mostrado ser um homem com uma missão, uma missão urgente, e seu ministério é caracterizado como esse turbilhão de ações e eventos.

Mas a palavra “imediatamente” é muito mais do que apenas parte do estilo de escrita de Marcos. Encontramos quatro vezes nesta passagem:

Jesus chama Simão e André para segui-lo. “Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram” (v.18).

Ele vê Tiago e João consertando suas redes. “E logo (imediatamente) os chamou. Deixando eles no barco a seu pai Zebedeu com os empregados, seguiram após Jesus” (v.20).

Eles vão para Cafarnaum. “Depois, entraram em Cafarnaum, e, logo (imediatamente) no sábado, foi ele ensinar na sinagoga” (v.21).

E então, enquanto estão na sinagoga, “Não tardou (imediatamente) que aparecesse na sinagoga um homem possesso de espírito imundo, o qual bradou:” (v.23).

Os primeiros dois exemplos são sobre o chamado de Jesus; o terceiro nos leva à pregação de Jesus; e o quarto “imediatamente” nos leva ao poder de Jesus sobre os espíritos malignos. Em todas essas situações vemos a singularidade de Jesus brilhando. Vemos sua autoridade – e há outra palavra importante em nossa passagem também, a palavra “autoridade.” Vemos que Ele não é como qualquer outra pessoas. Ele não é como os profetas que vieram antes dele, por exemplo. Na história dos profetas Elias e Eliseu, Elias chamou Eliseu para sucedê-lo em seu ministério, e essa vocação é registrada para nós em 1 Reis 19.

“Partiu, pois, Elias dali e achou a Eliseu, filho de Safa-te, que andava lavrando com doze juntas de bois adiante dele; ele estava com a duodécima. Elias passou por ele e lançou o seu manto sobre ele. Então, deixou este os bois, correu após Elias e disse: Deixa-me beijar a meu pai e a minha mãe e, então, te seguirei. Elias respondeu-lhe: Vai e volta; pois já sabes o que fiz contigo. Voltou Eliseu de seguir a Elias, tomou a junta de bois, e os imolou, e, com os aparelhos dos bois, cozeu as carnes, e as deu ao povo, e comeram. Então, se dispôs, e seguiu a Elias, e o servia” (1 Reis 19.19-21).

Elias, um dos maiores profetas do Antigo Testamento, homem dotado do Espírito de Deus, verdadeiro servo de Deus, fez o chamado. Mas a resposta ao chamado não foi resposta imediata. Eliseu tinha coisas para fazer. Ele tinha que dizer adeus a sua família. Ele teve que fazer um sacrifício. Ele foi obediente, mas essa obediência não foi imediata.

Agora, compare isso com o chamado de Jesus desses primeiro discípulos. Primeiro ele se depara com dois irmãos – Simão e André. Eles são pescadores, e eles estão ocupados no trabalho – bem no meio das coisas, na verdade – eles estão lançando uma rede no mar. Enquanto eles estão fazendo seu trabalho, Jesus os chama: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (v.17).

Primeiro, parece um pouco enigmático, não é? “Eu vos farei pescadores de homens” – que é isso? O que significa? Em segundo lugar, quem é essa pessoa que está chamando? Ele é rabino, e rabino jovem – só 30 anos de idade, apenas começando o ministério. Em terceiro lugar, a maneira usual de fazer as coisas era que um discípulo escolhesse seu rabino e depois escolhesse segui-lo, com base nas qualidades daquele rabino. Mas aqui as coisas são o contrário – o rabino está escolhendo seus discípulos, em vez de os discípulos escolherem seu rabino. E finalmente, aqui estão estes pescadores, trabalhando com uma rede que precisou de muito trabalho tedioso para fazer, bem no meio de jogar aquela rede no Mar da Galiléia, e este jovem rabino espera que eles o sigam?

Você esperaria que eles fossem um pouco mais cautelosos em sua aceitação deste homem. Você pensaria que eles primeiro queriam saber quem Ele era – o que Ele estava ensinando? Qual foi a sua mensagem? O que realmente implica seguir a Ele? No mínimo, você esperaria que eles lhe dissessem, “Espere um pouco, pelo menos até terminamos nosso trabalho aqui.”

Mas algo incrível acontece – imediatamente eles deixam suas redes e o seguem. Sem nenhuma pergunta. Nenhuma desculpa. Nenhuma objeção. A rede foi deixada para trás, provavelmente com mais do que alguns espectadores confusos perguntando-se o que estava acontecendo. E pode imaginar Jesus saindo, com Simão e André seguindo obedientemente.

Então há o segundo chamado. Tiago e João, filhos de Zebedeu, estão em seu barco consertando suas redes, junto com seu pai e seus empregados. Seu pai era pescador bem-sucedido, dono de uma empresa familiar. No mundo antigo, os filhos seguiram os passos de seus pais, sem questionar, sem falta. As empresas seriam repassadas, não apenas por uma ou duas gerações, até que um dos filhos decidisse que queria fazer outra coisa; empresas como o negócio de Zebedeu teriam sido passadas de pai para filho durante séculos. Mas “e logo os chamou.” Imediatamente, “deixando eles no barco a seu pai Zebedeu com os empregados, seguiram após Jesus.”

Mais uma vez, não há perguntas. Nenhuma objeção. Nenhuma desculpa. O chamado foi feito e aceito, e não haveria como voltar atrás.

E isso só foi possível porque o chamado de Jesus foi um chamado de autoridade. Foi um chamado que tinha poder em si. Não há outra explicação. Não há nenhuma explicação, nenhuma razão pela qual esses homens devem seguir. Há o chamado, há a resposta, e não há nada entre os dois. Esse encontro é testemunho da autoridade absoluta, direta e inexplicável de Jesus, como Dietrich Bonhoeffer disse. Seu chamado não dava “nenhum programa inteligível para um modo de vida, nenhum objetivo ou ideal para seguir. Não era uma causa que o pensamento humano pudesse considerar digno de nossa devoção.” Foi o chamado de alguém com autoridade, o que chamamos em termos teológicos, um chamado “efetivo.”

Jesus não era apenas outro profeta. Ele não estava oferecendo apenas um dos muitos caminhos. Seu chamado não é um chamado comum. É um chamado autoritário. É o chamado do próprio Deus.

E isso nos leva ao terceiro “imediatamente” na história. Agora Jesus tem esses discípulos, esse seguidores. Eles o seguem das margens do mar da Galiléia até a cidade de Cafarnaum, na costa norte do mar. E “imediatamente” Jesus começa a ensinar. E mais uma vez, há algo único sobre esse ensinamento. Não era único que alguém viesse a uma sinagoga para ensinar; não teria havido um único pastor ou pregador, mas vários homens poderiam ter a oportunidade de falar. Mas o que era único, e o que foi imediatamente reconhecido pelos ouvintes, foi a natureza do ensinamento – foi algo especial!

Não ouvimos o assunto do sermão, ou o texto que Jesus explicou, ou o que Ele disse. Só aprendemos que esse homem era diferente. Ele não era como os escribas, como os estudiosos que normalmente falavam sobre o texto durante o culto no sábado na sinagoga. Normalmente, os escribas apoiariam tudo que disseram referindo-se a mestres respeitados do passado (como eu fiz antes quando citei Dietrich Bonhoeffer, pode dizer). Você pode ver isso nos comentários judaicos sobre as Escrituras – estão cheios de listas de declarações sobre passagens – “Rabi Fulano disse isso, e Rabi Beltrano disse aquilo,” e assim por diante. Eles contavam com autoridades anteriores e não falavam com autoridade própria.

Mas Jesus – Ele era outra coisa. Ele os ensina como alguém com autoridade, e não como os escribas. Podemos ver isso ao longo dos evangelhos, quando Jesus repetidamente começa a falar, dizendo algo como: “Em verdade, em verdade, vos digo…” e “Ouvistes que foi dito aos antigos… Eu, porém vos digo…”

É o equivalente dos profetas do Antigo Testamento. Eles começariam sua proclamação com: “Assim diz o SENHOR.” Jesus falou em sua própria autoridade. Ele não precisava mencionar nenhum outro rabino. Ele não precisava confiar em nenhuma autoridade anterior ou maior. Ele surpreendeu o povo por causa da autoridade que Ele tinha.

Seu chamado era como nenhum outro chamado, e sua pregação era como nenhuma outra pregação. Ele era único. Nunca houve mais ninguém como Ele e sabemos que não houve ninguém como Ele desde então. Ele pregou o Evangelho com autoridade porque era seu Evangelho. Ele explicou a mensagem das Escrituras com autoridade porque eram suas Escrituras. O Islã quer dizer que Jesus era um dos muitos profetas, junto com Abraão e Moisés e Maomé. O pluralismo moderno quer dizer que Jesus pode ser uma boa opção para nós, mas Buda pode ser uma boa opção para outra pessoa, ou Krishna, ou Gaia, o espírito da natureza. Mas este primeiro exemplo da pregação pública de Jesus nos mostra que Ele não era um entre muitos. Ele não é um aspecto da verdade – Ele incorpora a verdade. Ele não falou uma verdade entre outras – sua palavra era a verdade.

E com o final “imediatamente,” vemos Jesus reforçando essa autoridade – a autoridade de seu chamado e a autoridade de sua pregação – com sua autoridade sobre os espíritos malignos. “Não tardou,” nosso texto diz, “Imediatamente,” literalmente, “que aparecesse na sinagoga um homem possesso de espírito imundo.”

Aquele homem não deveria estar lá. Ele era impuro. Ele foi oprimido por um espírito maligno e, provavelmente, era normalmente excluído da sinagoga. Mas seus demônios o levam para a sinagoga para confrontar esse pregador. Eles sabem quem Ele é, e imediatamente o atacam. Mas Jesus mostra mais uma vez seu poder, sua autoridade. E essa autoridade parece não ter limites, físicos ou espirituais. Ele ordena o espírito imundo, com palavras fortes, “Cala-te e sai desse homem.” E depois de fazer um ataque final ao homem que possuía, o espírito é expulso dele.

E as pessoas ficaram espantadas. Elas ficaram surpresas com a pregação de Jesus, e isso só serviu para aumentar esse espanto. “Que vem a ser isto?” elas perguntaram. “Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!”

Foi algo que nunca tinham visto antes. Os evangelhos nos mostram tantas pessoas possuídas por demônios, por espíritos imundos. Satanás sabia o que estava acontecendo. Ele sabia que o clímax da batalha contra Deus estava chegando. Ele deve ter reunido todas as forças à sua disposição para essa batalha. Não é de admirar que a presença de demônios fosse excessiva em Israel nessa época, porque a batalha entre o bem e o mal estava chegando ao auge. Foi um tempo diferente de qualquer outro na história, e todas as forças de Satanás devem ter se concentrado em Israel naquele tempo.

O demônio sabia quem Ele era. Ele sabia que Ele era o Santo de Deus. Ele sabia que Ele era único, que Ele não era como os escribas ou até mesmo o maior dos profetas. Mas, por mais que tentasse, não poderia resistir a ele. Ele o nomeia; ele clama a Jesus e tenta usar seu nome para controlá-lo. Mas com toda a autoridade que pôde exercer sobre o homem possesso, não pôde fazer nada contra Jesus, muito menos se proteger. O demônio não tinha nada. Jesus tinha autoridade sobre os demônios. É essa autoridade era a autoridade do próprio Deus. Até mesmo Satanás está sob a autoridade de Deus; como criatura Ele só pode fazer o que Deus permite. E Jesus mostra por esse poderoso ato de poder sobre as forças espirituais da maldade que Ele tinha um nome como nenhum outro, o único nome debaixo do céu dado entre homens pelo qual nós podemos ser salvos.

Este foi o Evangelho. Versículo 14 nos diz que Jesus veio à Galiléia, proclamando o evangelho de Deus, proclamando que o Reino de Deus estava próximo. O Evangelho é a boa notícia que o Rei havia chegado. O rei tem autoridade, a autoridade final. Como o Filho de Deus, como o próprio Deus em carne humana, Jesus mostrou essa autoridade em seu chamado, em sua proclamação e em seu poder sobre o mundo espiritual. O Reino de Deus, seu governo sobre todas as coisas, estava chegando. A história seria mudada por este homem único, este Jesus, o Cristo, o Filho de Deus.

E quando ele chama, todo mundo deveria ouvir. Quando Ele diz: “Guarda meus mandamentos,” esse é um chamado universal. Quando Ele diz: “Arrependam-se e creiam no evangelho,” esse é um chamado que não deixa outra opção. Deve haver uma resposta, e essa resposta deve ser imediata. Na história do jovem rico, esse homem era justo, mas ele não tinha uma coisa – ele era muito apegado às suas posses terrenas, à sua riqueza, para desistir de tudo para seguir a Jesus. Ele não tinha o que aqueles primeiros discípulos tinham – a disposição de deixar tudo para trás, a disposição para desistir de tudo, seguir a Jesus, sentar-se a seus pés, submeter-se a Ele, aprender dele, obedecer-lhe prontamente e sinceramente.

Jesus nos chama para deixar casas e irmãos e irmãs e pais e mães e filhos e terras para trás. Ele nos chama para cortar os laços que nos separam dele. Ele nos chama para estarmos prontos e dispostos a desistir de tudo e qualquer coisa que nos separe dele. E ele nos chama para fazer isso agora. Não amanhã. Não em algum momento no futuro. Não quando é conveniente. Não quando não causará tanta dor. Mas agora.

Quando o rei chama, os súditos devem responder. Quando a verdade é revelada, deve ser obedecida. Quando a voz é ouvida, ela deve não ser ignorada. Não há desculpas suficientemente importantes para justificar uma recusa em servir ao rei. Não existem razões suficientemente importantes para tornar “Não” uma resposta razoável ao chamado daquele que está no trono. Jesus vem em primeiro lugar, porque Ele merece vir primeiro.

Todo o resto – família, amigos, dinheiro, trabalho, posses, status, prazer pessoal, sucesso mundano, reputação – deve ter segundo lugar. O chamado de Jesus é o chamado da autoridade. É o chamado maior. E esse chamado pode ser um chamado para sofrer. Pode perder as redes que acabou de lançar no mar com a expectativa de uma grande colheita de peixes. Seu pai e seus empregados contratados podem amaldiçoá-lo por deixá-los no barco para fazer todo o trabalho. Você pode ter que deixar casas ou irmãos ou irmãs ou pai ou mãe ou filhos ou terras, pelo amor de seu nome.

Irmãos, a mensagem que você está ouvindo esta manhã é mais um chamado. Esta manhã, mais uma vez, o Senhor Jesus Cristo está chamando você. Ele está dizendo: “Siga-me.” Você pode ter ouvido esse chamado mil vezes. Você pode ter recebido esse lembretes na pregação toda semana por anos e anos, ou esta pode ser a primeira vez que você a ouviu. Mas há apenas uma resposta certa para esse chamado. E é a resposta de derrubar aquelas redes. Deixar o barco para trás. Se afastar de seu pai e seus empregados contratados. É o chamado para seguir a Cristo.

Talvez esquecemos que os sermões que ouvimos são chamados do Senhor Jesus. Nós amamos o que o apóstolo Paulo diz a Timóteo em 2 Timóteo 4.3:

“Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos” (2 Timóteo 4.3).

E nós amamos o que Paul disse aqui porque gostamos de aplicar essa mensagem a outras pessoas, e especialmente a outras igrejas, porque é tão obviamente verdade em muitos casos. Mas precisamos nos examinar quando ouvimos essas palavras.

Pense nisso: podemos ser pessoas que querem nada mais do que sentir coceira nos ouvidos? Talvez nossos ouvidos querem ouvir coisas diferentes das mensagens proclamadas em muitas igrejas evangélicas. Talvez nossos ouvidos coçam para ouvir formulações doutrinárias precisas. Talvez nossos ouvidos coçam para ouvir condenações de outros, ou talvez até condenações de nós mesmos, para que possamos nos sentir adequadamente tristes com nossa própria pecaminosidade, numa espécie de perversa falsa humildade que nos faz sentir bem ao nos fazer sentir mal. Talvez nossos ouvidos tenham vontade de aprender algo novo, algo que nunca ouvimos antes, uma nova idéia, um novo fato, mais um pouco de conhecimento para adicionar ao nosso repertório.

Então, ao invés de ser participante do sermão, nós nos tornamos o público. Em vez de ouvir a proclamação da Palavra de Deus como o chamado de Jesus para segui-lo, nos tornamos consumidores de um produto. E nós agimos como os júizes desse produto – por que o pregador fala tanto sobre esse assunto? Por que o pregador não fala sobre aquela questão o suficiente? Nós nos tornamos observadores. Podemos concordar com a mensagem que ouvimos, ou não. Mas o que fazemos com ela? Montamos um escudo protetor ao nosso redor para que a mensagem não nos afete? Saímos do culto sem sermos afetados pela mensagem que ouvimos? Ouvimos o sermão como as palavras do pastor, as idéias do pastor, e os pensamentos do pastor, e nos sentimos livres para escolher o que gostamos e o que não gostamos? Somos espectadores da Palavra de Deus, em vez de receptores ativos e dispostos?

Porque se isso for verdade, se pudermos simplesmente sair depois de ouvir a proclamação da mensagem da Escritura sem ser afetado, impactado, mudado, então estamos simplesmente ignorando o chamado de Jesus. Ele pode estar nos chamando para segui-lo, mas estamos muito ocupados com nossas próprias redes, nossos barcos e nossos peixes, sejam eles quais forem em nossas vidas, para abandonar tudo e segui-lo. Estamos muito confortáveis com as coisas do jeito que estão, e não queremos encarar o desafio do chamado de Jesus.

O chamado é seguir a Jesus. Não é um chamado para o assentimento intelectual às doutrinas que você ouviu serem proclamadas hoje. Não é um chamado para sair do culto na igreja e dizer, “Foi um bom sermão,” ou, “Não foi um bom sermão.” Não é uma meia hora passada ouvindo os pensamentos do pastor sobre o texto do sermão. É o chamado do próprio Deus.

E é um chamado para seguir. Não é um chamado para pensar as coisas certas. Não é um chamado para concordar. É um chamado para seguir. E seguir a Jesus significa obedecer a Jesus. “Se você me ama,” Ele diz, “você guardará meus mandamentos.”

Mas com o chamado também há uma promessa – você receberá cem vezes e herdará a vida eterna. Irmãos, hoje e todo dia, atendem a esse chamado. Olhe a sua vida. Se houver alguma coisa atrapalhando o chamado, examine-a à luz desse chamado. Porque o que quer que seja, não lhe dará nada em comparação com “a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder” (Efésios 1.18-19).

Amém.

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Jim Witteveen

Pr. Jim Witteveen é ministro da Palavra servindo como missionário da Igreja Reformada em Aldergrove (Canadá) em cooperação com as Igrejas Reformadas do Brasil. Atualmente é diretor e professor no Instituto João Calvino.

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.