Lucas 13:06-09

Leitura: Lucas 13:01-09; Romanos 11:11-24
Texto: Lucas 13:06-09

Queridos irmãos em Jesus Cristo,

Faz mais do que um mês que preguei sobre a primeira parte deste capitulo. Fiz isso em conexão com o Tsunami que destruiu as costas de Ásia. Não podemos dizer que as vítimas deste desastre eram grandes pecadores, piores do que nós, que vivemos em paz.

Jesus nos ensinou que não podemos dizer isso. Os Galileus que morreram no templo não eram mais pecadores do que os outros, que sobreviveram; E os dezoito pedreiros que morreram em Jerusalém, não eram mais pecadores do que os outros habitantes de Jerusalém. TODOS SÃO pecadores e se não se arrependerem, todos também perecerão.

Jesus deixou bem claro, que TODOS DEVEM SE ARREPENDER. TODOS OS HOMENS. Não somente os Galileus, mas também os habitantes de Jerusalém; e não somente os Judeus, mas também os gentios. TODOS OS HOMENS. TODOS! NÒS também.

Para deixar isso ainda mais claro, o nosso Senhor contou uma parábola. Esta parábola quer mostrar a necessidade de se arrepender e de mostrar os frutos de arrependimento.

Como sempre a parábola é bem simples. É a história duma FIGUEIRA. Uma figueira, QUE NÃO TINHA FRUTOS. Isso é anormal e deixa os ouvintes com uma certa tensão: o que vai acontecer com esta figueira?

A situação é um pouco complicada, pois as árvores frutíferas eram protegidas em Israel pela lei de Deus. Até no caso duma guerra, era proibido cortar uma árvore frutífera. Imagine, numa situação de cada dia! Num comentário dos Judeus sobre as leis, encontrei a seguinte questão: ainda quantos frutos devem se encontrar numa árvore frutífera para ter a liberdade de cortá-la? A resposta era: Enquanto a palmeira tem cinco frutos; e a oliveira mais do que um fruto, não tem direito de cortá-la. Uma pessoa devia ter muita paciência com as árvores frutíferas.

A parábola mostra isso também. O dono da vinha tem muita paciência com esta FIGUEIRA. Ele diz: Já faz três anos que venha procurar fruto nesta figueira e não acho.

Devemos entender alguma coisa sobre a criação duma figueira se querermos entender esta reação do dono.

Fiz uma pesquisa e descobri o seguinte: uma figueira podia dar frutos depois de três anos. Em Levítico 19,23 encontra-se uma lei que diz que durante três anos não se podia comer os frutos duma árvore frutífera. No quarto ano os frutos eram santos, pois deviam ser dados ao templo. No quinto ano o dono podia comer os frutos.

O dono verificou a árvore já durante três anos e não encontrou nenhum fruto. A árvore era bastante adulta, assim que ele podia esperar frutos. Mas a esperança do dono diminuiu durante os três anos e agora dá a ordem de cortar esta árvore. Mas o rapaz que cuida das árvores ainda tem esperança. Ele reage, dizendo: “Senhor, deixe-a por mais um ano, e eu cavarei ao redor dela e a adubarei. Se der fruto no ano que vem, muito bem! Se não, corte-a”.

Esta é a história da FIGUEIRA SEM FRUTOS. E com certeza os ouvintes reconheceram esta história. E com certeza eles sabiam que Jesus queria lhes dar uma mensagem. Ele não estava fazendo uma palestra sobre a criação de figueiras. Ele contou esta parábola com um motivo; Esta história tem uma mensagem. Que mensagem?

A mensagem da figueira sem frutos
O que Jesus queria dizer com esta mensagem da figueira sem frutos?

Esta figueira é uma metáfora nesta história. Esta figueira simboliza o povo de Israel.

Os profetas usaram muitas vezes a metáfora duma árvore frutífera para simbolizar o povo de Israel. Isaías fez isso em Is. 5, 1-7; Jeremías fez isso em Jer. 24, 2-6 e Oseías fez isso em Oséias 9, 10-16; Os profetas queriam dizer que o povo de Deus deve mostrar bons frutos.

Frutos que combinam com uma vida piedosa.

Deus plantou uma árvore em Canaã. Ele cuidou desta árvore. Especialmente nos últimos três anos. Desde o momento que João Batista se manifestou até neste momento em que Jesus Cristo está falando, se passaram mais ou menos três anos.

E presta atenção, irmãos: quando João Batista começou a pregar, ele disse (Lc. 3,7-9). “Raça de víboras! Quem lhes deu a idéia de fugir da ira que se aproxima? Dêem frutos que mostram o arrependimento. [-] O machado já está posta à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo”.

O paralelo é grande. Grande demais para negar. Os ouvintes devem se lembrar da pregação de João Batista. Não somente por causa da metáfora, mas também por causa dos três anos, que Jesus mencionou. Desde o momento que João pregou, faz três anos, Deus está procurando frutos na sua árvore, que se chama Israel. Frutos que correspondam com o arrependimento do povo para Jesus.

A mensagem é clara. O povo de Israel deve se converter. O dono da vinha é Deus e o seu Filho cuidou da vinha. Jesus quer se esforçar para salvar todo Israel; se não conseguir Deus pode decidir sobre o futuro da figueira.

Israel ainda recebe um ano para se converter e para produzir frutos de arrependimento. A decisão será feita dentre de um ano. Se olharmos para a história do povo de Israel, nós descobrimos que depois de mais ou menos um ano Jesus foi crucificado. O povo rejeitou o Messias e chamou sobre si o julgamento de Deus: “Que o sangue dele caia sobre nós e os nossos filhos” (Mt 27,25), disse o povo e com isso eles condenaram a si mesmo. Esta condenação se cumpriu. Não naquele momento, mas muitos anos depois disso quando Jerusalém foi destruída. A condenação aconteceu um ano depois desta parábola; e a execução aconteceu mais ou menos 40 anos depois disso. A árvore foi cortada; Jerusalém foi destruída.

A mensagem para nós
O sentido desta parábola é claro. Jesus falou sobre a necessidade do arrependimento e sobre o julgamento, que estava se aproximando. Deus tinha misericórdia do seu povo, mas a misericórdia de Deus não é sem limites. Deus cuida do seu povo, mas se o seu povo nega o amor de Deus, e se afasta, Deus pode deixá-los e procurar outras pessoas.

De fato isso aconteceu depois de Pentecostes. Depois do dia de Pentecostes os apóstolos procuram os frutos na vinha do Senhor. Os ramos mortos que não produzem frutos de arrependimento são cortados e no lugar destes ramos foram implantados ramos novos.

Paulo fala sobre isso em Romanos 9. Ele fala sobre a queda de Israel e diz: por causa da transgressão deles, veio salvação para os gentios (Rom. 11,11). E Paulo continua e usa a metáfora da oliveira: os ramos mortos foram cortados e os ramos bravos foram enxertados;

Paulo quer dizer que a igreja faz parte de Israel. A igreja é a nova Israel. Na igreja continua o povo de Deus. Somos implantados na árvore antiga. Somos ramos novos que crescem para dar frutos. Quer dizer, esta palavra vale também para nós. Pois o que aconteceu com os ramos antigos, isso pode acontecer também com os ramos novos. Paulo fala sobre isso e diz: Não se orgulhe, mas tema. Pois se Deus não poupou os ramos naturais, também não poupará você, se não se arrepender continuamente. Portanto considere a bondade de Deus, mas também a severidade de Deus. Uma grande parte de Israel foi cortado por causa da sua incredulidade, mas isso pode também acontecer com uma igreja local ou uma parte desta igreja.

Paulo fala claramente sobre isso e temos um texto na Bíblia que confirma a mensagem dele. Encontramos este texto no Apocalipse à João. Ali Jesus fala claramente às sete igrejas em Ásia menor, mas especialmente à igreja de Éfeso: “Arrependa-se e pratica as obras que praticava no princípio. Se não arrepender virei a vocês e tirarei o candelabro do lugar dele”.

Jesus fala a toda congregação, mas às vezes isso vale também para uns membros na congregação. Isso é o princípio da disciplina cristã. Se um membro abandonou o seu primeiro amor, como no caso da igreja de Éfeso, ele deve se arrepender e voltar; se não quer, ele será disciplinado e finalmente tirado do meio da congregação.

Há pessoas que começam bem, mas depois de alguns anos eles voltam a viver como o mundo. Eles fazem coisas erradas. Causam escândalos nas ruas e mostram um grande prazer em fazer isso. Quando são repreendidos eles começam a sorrir e continuam com a sua vida. Não mostram nenhum pingo de arrependimento; eles vivem como as pessoas que estão no mundo e desprezam a palavra de Deus. Isso é uma coisa muito triste.

Triste e horrível, pois assim uma pessoa despreza a santidade de Deus. Ele não tem temor. E assim ele pode chamar a ira de Deus sobre toda a congregação, irmãos. Se a congregação aceita tais membros e mostra tolerância com estas atitudes, toda a congregação pode ser afetada com esta atitude escandalosa.

Deus não aceita isso, irmãos. Por causa disso Deus avisa a igreja de Éfeso; ela deve se arrepender e voltar ao primeiro amor; por causa disso Jesus avisa o povo, pois se não, a árvore será cortada e lançada no fogo.

Arrependimento é necessário e deve acontecer imediatamente. Há pessoas que brincam com a misericórdia de Deus, pensando que ainda pode continuar no seu caminho errado; Eles não pensam seriamente em arrependimento. Eles pensam que pode se arrepender no último momento da sua vida. No seu leito. E, pois é, as vezes isso acontece. Se uma pessoa recebeu graça aos olhos do Senhor; e se esta pessoa recebeu tempo de graça para se converter; mas nem todo mundo recebe isso; Muitas vezes a vida acaba de repente. Os Galileus morreram inesperadamente, os 18 pedreiros também. Eles não tinham mais tempo para se arrepender. A morte chegou cedo demais. Isso pode também acontecer na sua vida: um infarto de coração; um derrame, um acidente; uma bala perdida, ou a vinda de Cristo. Muitas coisas podem acontecer e atrapalhar a nossa vida. Por isso devemos estar preparados. Todos os dias; Por isso devemos nos converter continuamente; por isso devemos nos arrepender dos nossos pecados. Cristo nos ensinou isso. Dá nos o pão de cada dia E perdoa-nos os nossos pecados.

Amém.

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Pr. Abram de Graaf

Abram de Graaf

O pastor Abram de Graaf é “Doctorandus” (Drs) em Teologia e um dos professores do Instituto João Calvino (Aldeia, Camaragibe-PE). Ele é pastor da Igreja Reformada de Hamilton, Canadá, enviado como missionário às Igrejas Reformadas do Brasil, desde o ano 2000. É Diretor do Projeto Dordt-Brasil. Ele mora em Maceió e também desenvolve projetos nessa cidade. Acesse o site graafeditora.com

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.