Leitura: Josué 24
Texto: Josué 24.14-15
Amados irmãos no Senhor,
O texto de Josué 24.14-15 faz parte do último capítulo do livro de Josué. No livro de Josué, nós encontramos o relato da campanha de ocupação da terra prometida que aconteceu por meio de inúmeras batalhas contra os povos de Canaã. Deus prometeu ao seu povo, quando eles ainda estavam no Egito, que a terra de Canaã seria deles. Eles entrariam naquele lugar, expulsariam os seus habitantes e ficariam com as suas propriedades. E foi exatamente isso que aconteceu. O livro de Josué mostra que Deus cumpre as suas promessas.
É verdade que na época em que Josué estava vivo ainda restava muito trabalho pela frente. Muitas nações ainda não tinham sido derrotadas, e havia bastante terra para ser ocupada. Porém, de modo geral, a conquista da terra prometida tinha sido prontamente realizada. E depois que as terras foram distribuídas, houve paz com os inimigos em derredor. O tempo passou e Josué ficou ainda mais velho. E, brevemente, ele iria morrer.
Então, assim como Moisés, ele fez questão de dar as suas últimas instruções ao povo, e preparar a transição para a nova liderança. Ele fez isso por meio de duas reuniões, onde estavam presentes todos os líderes e o povo de Israel. A primeira reunião está registrada no capítulo 23 do livro de Josué, e a segunda reunião está descrita no capítulo 24 deste livro.
No capítulo 23, nós encontramos uma assembleia solene onde Josué faz um discurso de despedida do povo. Nesse discurso, Josué relembra as vitórias que Deus deu aos israelitas na ocupação da terra prometida. Ele também exorta o povo a ser fiel a Deus. E no final ele os adverte de que, se eles forem infiéis, Deus não expulsará o restante dos seus inimigos. Pelo contrário, em sua ira, Deus usará esses inimigos para castigar o seu próprio povo.
No capítulo 24, nós lemos que Josué reuniu outra vez o povo para renovar a aliança de Deus com Israel. Ele já tinha feito uma renovação da aliança mosaica no início da conquista de Canaã, conforme consta no capítulo 8 do seu livro. E para essa outra renovação da aliança, Josué escolheu um lugar muito especial: A terra de Siquém. Siquém era o lugar onde Deus tinha prometido a Abraão que os seus descendentes ocupariam aquela terra onde eles estavam agora. Aquele era o local ideal para que a aliança entre Deus e o seu povo fosse reafirmada mais uma vez.
Assim sendo, diante do povo de Israel, e diante dos líderes que agora iam assumir o comando da nação, Josué fez a renovação da aliança seguindo bem de perto o modelo dos “tratados de suserania” existentes naquela época. Um “tratado de suserania” era um pacto firmado entre um rei de uma nação poderosa com uma nação mais fraca. Nesse tratado, o rei forte e vitorioso estabelecia um acordo de paz e de proteção com a nação conquistada. A partir daquele momento, a nação conquistada passaria a servi-lo fielmente. Nós podemos afirmar que Josué usou um modelo parecido com esse tipo de tratado por causa dos elementos que ele utilizou na celebração daquela cerimônia.
Josué começou dizendo as seguintes palavras: “Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel”. Essas palavras funcionam como uma introdução na qual Josué representa a Deus, que é o rei que está em aliança com aquele povo. Depois disso, Josué fez um resumo histórico de como Deus cuidou dos israelitas. Em seguida, Josué e o povo fizeram um juramento de fidelidade a Deus.
Após esse juramento de fidelidade, Josué deixa bem claro para eles quais são os preceitos daquela aliança. Isto é, eles tinham que abandonar os deuses dos seus antepassados e os deuses daquela nova terra para servirem exclusivamente ao SENHOR. E dando seguimentos aos demais itens dos tratados de suserania, Josué registra as palavras daquela aliança no Livro da Lei de Deus. Depois ele colocou uma grande pedra debaixo do carvalho de Moré – que era um lugar santo para Deus – como um monumento de testemunho de tudo aquilo que aconteceu naquele lugar.
Irmãos, todo esse relato histórico é importante para nós porque ele nos mostra o contexto no qual foram proferidas as palavras de Josué 24.14-15. Quando Josué disse “Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR”, ele estava fazendo isso dentro de uma cerimônia de renovação da aliança entre Deus e o seu povo. Sem esse entendimento, nós não poderíamos compreender o significado daquelas palavras proferidas por Josué. Mas agora nós ficamos sabendo como tudo aconteceu. Portanto, tomando como base as palavras do texto de Josué 24.14-15, eu vos proclamo o evangelho por meio do seguinte tema:
Os filhos de Deus devem ser fiéis na aliança com o SENHOR, servindo-o com integridade e fidelidade.
A partir deste tema, veremos:
- O Senhor se relaciona com o seu povo por meio de alianças;
- A aliança deve ser mantida com integridade e fidelidade;
- A aliança deve ser honrada pelas famílias do povo de Deus.
- O Senhor se relaciona com o seu povo por meio de alianças.
A primeira coisa que nós percebemos no texto é a existência de uma aliança entre Deus e o seu povo. Não é exatamente uma nova aliança que está sendo realizada naquele lugar. É uma renovação daquilo que Deus já tinha feito com os antepassados daquelas pessoas. A Bíblia mostra no livro de Gênesis que Deus fez uma aliança com Abraão. E a aliança com Abraão se estendia a todos os seus descendentes. Aquelas pessoas que estavam com Josué eram os descendentes de Abraão. Foi por causa da aliança com Abraão que Deus tirou os judeus do Egito. E depois de tira-los do Egito, Deus também fez uma aliança com eles.
Irmãos, Deus trabalha com o seu povo por meio de alianças. Por meio das suas alianças, Deus deixa bem claro quais são as suas exigências e quais são as suas promessas para o seu povo. Nós encontramos essas exigências e essas promessas na Lei de Moisés. Moisés ficou encarregado de registrar todas as palavras da aliança de Deus. Nas palavras da aliança constam leis de natureza moral, civil e cerimonial. O povo de Deus sabia que aquela aliança era um pacto de vida ou morte. Foi por isso que animais foram mortos no monte Sinai como um aviso de que a quebra da aliança implicaria na morte dos infratores.
As alianças de Deus são tão importantes que, de tempos em tempos, elas foram renovadas com o seu povo. Por exemplo, Moisés fez uma renovação da aliança 40 anos depois que o povo tinha saído do Egito, quando os israelitas estavam prestes a entrar na terra de Canaã. Depois disso, nós encontramos uma outra renovação da aliança liderada por Josué no início da conquista da terra prometida.
Antes da batalha contra a primeira cidade, a cidade de Jericó, Josué determinou que os homens recebessem o sinal da aliança por meio da circuncisão. E, logo em seguida, o povo celebrou a páscoa pela primeira vez na terra santa. A renovação da aliança propriamente dita aconteceu depois da conquista da segunda cidade, a cidade de Ai. Naquele dia, Josué obedeceu às ordens de Moisés e dividiu o povo em dois grupos. Um grupo ficou no monte chamado Gerizim para ouvir as bênçãos da aliança. E o outro grupo ficou no monte Ebal para ouvir as maldições da aliança. Tudo isso mostra o quanto Deus leva a sério as suas alianças.
Essa é a razão pela qual Josué fez outra vez uma cerimônia de renovação de aliança no final da sua vida. Isso era necessário porque ele estava muito velho e logo-logo iria morrer. O povo precisava lembrar-se dos seus compromissos, e a nova liderança precisava ser preparada para guiar aquele povo. No início da conquista de Canaã, Deus disse para Josué ser forte e corajoso. E agora era a vez daqueles líderes também serem fortes e corajosos na manutenção da aliança de Deus.
Infelizmente, quando lemos a história de Israel, nós ficamos sabendo que a aliança mosaica foi quebrada diversas vezes. O povo não conseguiu cumprir as exigências da antiga aliança. E por isso Deus prometeu que faria com eles uma nova aliança. E essa nova aliança veio com Jesus Cristo. Por meio do sangue de Cristo, Deus estabeleceu a nova aliança com cada um de nós. Ele fez isso porque ele sempre trabalha com seu povo por meio de alianças.
O mediador da nova aliança é o Senhor Jesus Cristo. E essa nova aliança não é lembrada por meio de uma pedra de testemunho erguida dentro das nossas congregações. Essa nova aliança é lembrada continuamente por intermédio do pão e do vinho na santa ceia. Esses dois símbolos funcionam como dois monumentos que nos lembram da nossa aliança com Deus por meio de Cristo. E assim como no passado, o povo de Deus deve entender que a aliança com Deus deve ser honrada. Isso nos leva ao segundo ponto desse sermão.
- A aliança deve ser mantida com integridade e fidelidade.
No versículo 14 de Josué capítulo 24, está escrito as seguintes palavras: “Agora, pois, temei ao SENHOR e servi-o com integridade e com fidelidade; deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e no Egito e servi ao SENHOR”.
Se aquele povo pretendia seguir adiante, habitando na terra prometida, então eles tinham que continuar mantendo a aliança com integridade e fidelidade. Eles deviam temer com todo respeito o Senhor que os salvou da terra do Egito. Eles deviam adorar com todas as forças o Deus que derrotou os seus inimigos da terra de Canaã. E isso tinha que ser feito com integridade e fidelidade.
A palavra hebraica traduzida como “integridade” também poderia ser ter sido traduzida pelas palavras “sinceridade” ou “pureza”. E a palavra “fidelidade” também poderia ter sido ser traduzida pelas palavras “firmeza” ou “verdade”. É assim que o povo de Israel deveria servir ao Senhor – de modo íntegro, sincero, puro, firme e verdadeiro.
Os preceitos do Senhor deviam ser respeitados. Suas leis, estatutos e juízos deviam ser obedecidos integralmente. Deus era o Rei Soberano sobre eles. Eles deviam honrar esse rei de modo puro e firme. Isto significa que eles não deveriam misturar a devoção a Deus com a devoção aos outros deuses. Não importam quais eram esses deuses (se eram os deuses dos seus antepassados, ou se eram os deuses da terra de Canaã). Aquele povo precisava definir bem o que eles queriam. Eles precisavam decidir a quem eles de fato serviriam dali para frente.
Josué disse que eles deveriam jogar fora os seus ídolos. Em outras palavras, Josué disse “vomitai esses deuses da vida de vocês”. Não sabemos exatamente se Josué disse aquilo porque o povo ainda estava transportando com eles os deuses dos seus antepassados, ou se ele disse aquilo como uma exortação para nunca mais eles lembrarem e confiarem nos deuses dos seus pais.
Uma coisa é certa. Servir a Deus exige exclusividade. Deus não permite que outro ser, outro deus, outro ídolo, ou qualquer outra coisa seja colocado em pé de igualdade ao seu lado. Deus não tolera que seu povo dê honra a mais ninguém além dele. O povo deve temer a Deus, deve honrar a Deus, deve servi-lo com integridade e fidelidade, deve adorar somente a ele com extrema exclusividade.
Foi isso que o Senhor Jesus Cristo também nos ensinou. Ele nos ensinou a mantermos com integridade e fidelidade a aliança que ele tem conosco. Jesus disse: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento”. Ou seja, todo o nosso ser deve estar voltado para Deus: Todo o nosso coração; toda a nossa alma; todo o nosso entendimento.
Irmãos, amar a Deus com integridade e fidelidade é permanecer em Cristo e nas palavras de Cristo. Sobre isso, Jesus Cristo disse: “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado o meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos. Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço”.
Cristo derramou o seu sangue por nós. Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino da luz. Ele nos deu vida quando estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Ele nos deu o seu Santo Espírito. Ele nos fez membros do seu corpo. Ele fez uma aliança conosco por intermédio do seu sangue. Portanto, cabe a nós mantermos nossa aliança com ele por meio de uma vida de gratidão. E uma vida de gratidão implica em guardarmos as suas palavras – os seus mandamentos. Guardar os seus mandamentos é uma prova de que estamos mantendo a aliança que ele tem conosco com integridade e fidelidade. E isso nos leva ao terceiro ponto.
- A aliança deve ser honrada pelas famílias do povo de Deus.
No versículo 15 do capítulo 24 de Josué está escrito: “Porém, se vos parece mal servir ao SENHOR, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e minha casa serviremos ao SENHOR”.
Por meio dessas palavras, Josué coloca o povo diante de um cruzamento entre dois caminhos: Servir aos deuses, ou servir ao Senhor. Para alguns, até parece desnecessário Josué dizer essas palavras. Pois, aquele povo não estava servindo ao Senhor por muitos anos até aquele momento? Aquele povo não tinha obedecido a Deus e ocupado a terra prometida? Então, não era lógico que eles iriam continuar servindo ao Senhor?
Porém, irmãos, aquilo que aconteceu durante os 40 anos no deserto funcionou como um alerta para o futuro. Seus pais foram infiéis a Deus, e eles também poderiam cair no mesmo erro. Era preciso refrescar suas memórias. Era preciso renovar os seus compromissos com Deus. Era preciso ficar claro o que eles queriam para a vida deles. Era preciso deixar bem evidente (bem manifesto) que servir a Deus era algo muito sério.
Servir exclusivamente a Deus exigia que eles rompessem com a tradição religiosa dos seus antepassados. Adorar unicamente a Deus também exigia que eles refletissem qual era a natureza do seu serviço para com o Senhor. Eles precisavam pensar se servir a Deus era algo ímpio, injusto ou mau. Quando Josué falou “se vos parece mal servir ao SENHOR”, ele não estava falando em vantagens pessoais para alguém servir a Deus. Ele disse isso para que eles analisassem se o serviço a Deus era uma coisa perversa, era algo ruim. Para analisar isso, bastava que eles pensassem nas regras perversas e vis dos outros deuses. Bastava comparar as regras de amor que Deus lhes deu com as regras injustas das outras nações pagãs.
Além disso, Josué deixou claro que o serviço a Deus também deveria ser observado dentro das suas famílias. Josué já tinha tomado a sua decisão: “Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR”. Josué era o líder da sua família. Se as outras famílias iriam servir aos outros deuses, então que elas fizessem isso. Mas o povo que estava debaixo das suas ordens, sua esposa, filhos, netos e todos os que estavam vinculadas a sua família, iriam permanecer fiéis à aliança com Deus.
Josué já tinha visto o que acontece com uma família na qual o seu líder se rebela contra Deus. Josué viu quando toda a família de Acã foi apedrejada por causa da desobediência do líder daquela família. E ele não queria isso para sua família. Por causa disso, ele disse: “Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR”.
Não era apenas uma questão de decisão pessoal de Josué. Ele estava cumprindo as determinações da aliança do Senhor. Ele e sua família estavam em aliança com Deus. Todos os homens da sua casa tinham recebido o sinal da aliança por meio da circuncisão. Todos eles, homens e mulheres, velhos e crianças, tinham celebrado a páscoa do Senhor no início da conquista de Canaã. Todos eles estavam debaixo da aliança de sangue celebrada por Moisés no monte Sinai.
Por causa disso, Josué estava decidido a ficar firme na aliança que Deus fez com ele e com sua família. Deus tinha abençoado a sua vida desde o início. Josué era um dos 12 espias que Moisés enviou para inspecionar a terra santa. Ele e outro homem chamado Calebe deram um bom relatório sobre a terra prometida. Os outros espias desestimularam o povo, e por conta disso foram punidos com a morte. Mas Josué e Calebe foram fieis a Deus. Josué sempre esteve ao lado de Moisés. E Deus o escolheu para ficar no lugar dele.
Debaixo da bênção de Deus, Josué liderou a conquista da terra prometida. Ele viu todas as promessas de Deus sendo cumpridas diante dos seus olhos. Ele também observou todas as consequências que sobrevém sobre aqueles que servem a Deus. Ele também viu o que aconteceu com aqueles que se afastam do SENHOR. Portanto, as palavras de Josué não revelam uma simples afirmação individual de sua parte. As palavras de Josué são a confirmação do juramento de fidelidade à aliança que ele e sua família tinham para com Deus.
E assim também deve ser hoje. Nossas famílias também devem honrar plenamente a nova aliança que Deus tem conosco. Cristo derramou o sangue da nova aliança para que a nossa casa seja fiel ao Senhor. Cabe a nós conduzirmos nossas famílias para um serviço de fidelidade a Deus. Deus não exige de nós menos amor e menos compromisso do que ele exigiu de Josué e sua família. O Deus de Josué é o nosso Deus. O Deus de Josué exige que a nossa família seja completamente dedicada a ele. Todos nós devemos dizer juntamente com Josué: “Eu e a MINHA CASA serviremos ao SENHOR”.
Que o SENHOR nos abençoe.
Amém.
Laylton Coelho
É Bacharel em Direito pela UEPB, e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico Congregacional de Campina Grande-PB (STEC). Serviu inicialmente como ministro da Palavra na Igreja Batista durante cinco anos na Paraíba. Foi pastor na Igreja Reformada do Brasil em Esperança-PB, e atualmente é ministro da Palavra na Igreja Reformada do Brasil no IPSEP (Recife-PE).
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.