Jó 01.01-12

Leitura: Jó 29
Texto: Jó 01.01-12

Amada Congregação do Nosso Senhor Jesus Cristo,

O livro de Jó é tanto fascinante como misterioso. Fascinante porque levanta profundas questões para os filhos de Deus. Questões como: como unir a soberania de Deus e sua onipotência com a presença e propósito do sofrimento. Fascinante também em como este livro chega ao seu clímax quando estas duas verdades que parecem contraditórias se unem e juntas confessam que o Senhor é bom! Sempre! Não importando o que aconteça.

E é também misterioso! O livro de Jó é um dos livros mais antigos do Velho Testamento, e praticamente não tão conhecido, exceto seus dois primeiros capítulos e o último, porque o resto das mensagens são muitas vezes difíceis. Quem é Jó? De onde ele vem? E quem são seus amigos? E o que eles estão tentando realizar por meio de seus quase sempre enfadonhos discursos?

Mas, irmãos e irmãs, também deste livro nós lemos o que a igreja confessa no artigo 7 da Confissão de Fé Belga. A saber, que o livro de Jó contém a vontade de Deus, e tudo o que o homem precisa saber para sua salvação é suficientemente ensinado dentro deste livro. Este livro não judaico, com a sua linguagem poética e seus conteúdos inestimáveis, não é somente um pedaço de uma arte literária, mas revela a nós o Deus dos céus e da terra, que é soberano e deseja a salvação do homem. Este livro proclama para o povo de Deus de todas as eras que Deus não pode ser colocado na cadeira de julgamento de nossa consciência. Este livro afirma que Deus é Deus e que o homem é somente homem e permanece homem. Também proclama que somente por uma entrega incondicional a Ele nós alcançamos nosso destino! Somente uma confiança interior em sua promessas abençoadas nos assegurará que Deus nos ama com um eterno amor.

Esta é a mensagem do livro de Jó! Pode ser confiável? É Ele merecedor de nosso amor? Ainda que o nosso mundo entre em colapso? Mesmo quando os sofrimentos pareçam sem sentido? Mesmo quando nos sentimos abandonados em todo o tempo? Mesmo que muitas de nossas perguntas fiquem sem respostas? Este livro traz muitas das questões fundamentais da vida. E faremos bem se ouvirmos as suas mensagens. Pois enquanto estamos ouvindo estaremos sendo consolados como somente Deus pode consolar. E nós receberemos força divina e suporte para continuar a vida na fé.
Eu proclamo a vocês o Evangelho da Salvação sob o seguinte tema:

Tema: O Senhor aceita o Desafio de Satanás para testar a fé de Jó!

  1. A Situação de Jó neste Desafio;
  2. A motivação de satanás para este Desafio;
  3. O Propósito de Deus neste Desafio.
  4. A situação de Jó neste Desafio

Sem nenhuma introdução, Jó aparece em cena como um homem que ama a Deus. Quem é este Jó? E quando ele viveu? A bíblia é quase silenciada sobre este aspecto. Tudo o que nos é dito é que ele viveu na terra de Uz. Mais precisamente nas costas de Edom e da Arábia. Sudeste de Canaã. Então ele não era um judeu! Ele não pertencia ao povo com o qual Deus estabeleceu um pacto por meio de Abraão e seus descendentes. Isto é tudo o que sabemos, a respeito do resto somos deixados sem informações.

Precisamente, Jó deve ter vivido nos dias dos patriarcas. Ou pelo menos no tempo em que Israel conquistou Canaã. Isto se torna razoável a partir de vários expressões no livro as quais revelam uma data muito primitiva. Mas, aparentemente, isto não é tão importante. O Senhor não julgou necessário que soubéssemos de mais detalhes. O que realmente importa é que Jó servia ao Senhor! Parece-nos que Jó conhecia a Deus por meio da linhagem de Sem, o filho de Noé! Jó é semelhante àquela figura misteriosa da Bíblia chamada Melquizedeque, rei de Salém e sacerdote do altíssimo Deus. Mas Jó amava ao Senhor com todo o seu coração.

Ele era reto e integro, diz o texto! Isto não quer dizer que ele não tivesse pecado. Em Jó 13:26 é mencionado o pecado de sua juventude. E em 14:16 ele fala de suas transgressões. Depois de tudo podemos ver que a Bíblia é cheia de textos que afirmam que não existe ninguém que não peque. O apóstolo João diz em algum lugar: se dissermos que não temos pecado enganamos a nós mesmos e a verdade não está em nós. E o próprio Jó diz em 14:4: “quem pode da impureza retirar pureza? Ninguém.” Está é a prova suficiente de que Jó era pecador como todo o mundo.

Por outro lado, a Bíblia nos dá um belo testemunho sobre este homem. Ele era reto: isto é, ele amava ao Senhor com uma coração sincero! Não com um ânimo dúbio! Nem um amor cristão domingueiro! Jó caminhava com Deus! Em toda a sua vida o Senhor estava no centro do seu viver! E ele era íntegro: não andando em uma corda bamba, mas bem disposto a respeito de Deus e do seu próximo.

Em outras palavras, Jó temia a Deus! Isto representa um lado de sermos reto e íntegro. Ele era justo diante de Deus. Como Noé, e Zacarias e Izabel. Mas não era uma justiça que vinha de suas obras, era uma justiça imputada através da fé nas promessas de Deus sobre a salvação. E ele evitava o mal. Este é o outro lado. A fé de Jó não o levou a viver separado de sua vida diária ou trabalho, pelo contrário, ela tornou-se visível.

Muitos comentaristas negam que Jó tenha sido uma pessoa histórica. Eles afirmam que este livro é somente uma lenda, um conto folclórico, com uma mensagem profunda. Mas o livro não nos dá nenhuma evidência sobre este assunto. O profeta Ezequiel se refere a Jó junto de Noé e Daniel como um homem justo. E na carta de Tiago ele menciona a paciência de Jó como exemplo para todos os cristãos. Sim, irmãos, Jó foi um homem real que viveu nesta terra em um tempo real.

Deus o abençoou ricamente. Lhe deu uma grande família. Fez dele um fazendeiro rico em cabeças de gado e também um rico homem de negócios. Ele era altamente respeitado pelos seus homens do campo, conforme 29:7. Isto serve para nos mostrar irmãos e irmãs que ser rico e servir a Deus necessariamente não excluem uma a outra. Porem é verdade que é muito difícil para um rico entrar no reino dos céus, mas não é impossível, disse Jesus. Jó, entretanto, não confiava em suas riquezas. Ele não era como muitos que, ao invés de possuírem o dinheiro, são possuídos por ele.

Sua família não era apenas grande como também eram muito próximos uns dos outros. Seus filhos e filhas viviam bem. Havia paz e harmonia entre eles. Como jovens adultos, eles viviam em suas próprias casas e, como filhos do homem mais rico, dispunham de abundância de tempo e dinheiro para terem momentos livres. Adoravam ter suas festas e as organizavam periodicamente. As quais todos eram convidados. Juntos eles tinham felicidade e alegria entre si e com outras companhias.

Mas quando as festas terminavam, Jó os chamava em casa. Como um pai que não invejava o entretenimento e prazeres de seus filhos, ele também conhecia sua responsabilidade. Como pai, Jó era um verdadeiro sacerdote. Ele sabia que quando se é jovem muitas se é a alguns pecados. Não necessariamente a pecados abertos mas a pecados secretos. Pecados do coração. Estes vêm tão facilmente que basta alguns pequenos goles de bebida para ficarmos indiferentes ou sem cuidados diante do Senhor. É possível até mesmo amaldiçoarmos a Deus, não necessariamente uma blasfêmia contra seu nome de uma forma aberta, mas podemos viver descuidados diante dEle. Viver independentemente, para seguir nossos próprios corações ao invés de seguir ao Senhor, que é a razão do por quê vivemos e para quem vivemos.

Este é o motivo do por quê Jó chamava seus filhos após cada festa! E então ele os santificava, diz o texto. Ou seja: Ele os chamava a manter o compromisso com Deus. Dedicar seus garotos e garotas ao seu criador e redentor. E pela manhã ele se levanta bem cedo para sacrificar dez ofertas queimadas. Uma por cada criança. Como um feito simbólico de que o perdão somente poderia ser obtido pelo sangue. Nestas ofertas queimadas, as quais eram completamente dedicadas ao Senhor, Jó confessava sua fé de que um dia o Messias prometido sacrificaria sua vida pelos pecados de todo o seu povo.

Que lindo testemunho a Bíblia dá sobre este homem, isto quase deixa você um pouco invejoso. Em meio a todos os seus trabalhos pesados, Jó não esquecia de sua primeira tarefa. Ele era um homem com um coração voltado para seus filhos. Não somente voltado para seu bem estar, mas antes de tudo para o bem estar espiritual deles. Jó não era como muitos dos pais que dizem: meus filhos nunca fariam isto, eu posso confiar em meus filhos. Jó conhecia o poder e a sedução do pecado. Mas também o perdão gracioso de Deus quando seus pecados são confessados. Por meio dos sacrifícios que Deus prescreveu, e que nada mais era do que um olhar para o futuro quando o real sacrifício seria feito pela pessoa do Senhor Jesus Cristo.

Ao mesmo tempo, Jó não era murmurador. Ele não contestava o fato de seus filhos terem momentos de alegria, porém estava sempre alerta, ele não via de outro jeito. Um pai que levava sua tarefa tão seriamente desempenhava sua tarefa profética cuidadosamente ensinando aos seus filhos que a maior benção que existe é ser um filho de Deus. É ser amado pelo seu celeste Pai. E levar uma vida de gratidão de acordo com seus mandamentos. Esta era a vida de Jó! Ele era assim continuamente.

Isto é muito instrutivos para nós, amados! Muito instrutivo a respeito de nossa família. Para nossa vida como pais e filhos. Você tem orado pelos seus regularmente? Você os tem purificado diante de Deus? Na linguagem de hoje seria: você intercede no sangue de Jesus Cristo para que o Senhor possa trabalhar a fé no coração deles? Tem você falado a respeito dos pecados deles? A respeito do culto e da adoração a Deus? Você sabe quem são seus amigos? Você tem cuidado sobre o que eles estão assistindo na TV, ou na Internet? Jó, como um homem ocupado, como um fazendeiro próspero, conhecia suas prioridades.

Mais uma vez, que testemunho bonito nos dá a Bíblia a respeito deste filho de Deus. Parabéns às igrejas que dão este tipo de ensino para seus membros. Mas o testemunho de Jó tinha mais uma razão. Este testemunho fala muito mais do que de Jó e sua família, meus irmãos e irmãs. Irmãos, a fé de Jó não foi produzida por ele mesmo. O amor de Jó por Deus não era resultado dele mesmo. Isto era na verdade resultado do próprio Deus a que ele servia, que o havia abençoado. E coroou seus próprios dons em seu próprio filho, para um propósito particular. Não para mostrar Jó, nem para ostentação do homem. Mas para revelar para todos que Deus é amado pelo que Ele é e não pelo que Ele dá. Também para nos ensinar que neste mundo pecaminoso onde o homem tem ficado ao lado do Diabo, o Senhor demonstra que a salvação que foi prometida desde o começo, alcançará o seu objetivo, Deus será novamente servido pelo seu povo, o Senhor será novamente amado acima de todas as coisas. Simplesmente porque Ele merece ser louvado por sua graça e misericórdia sobre os pecadores.

Porém, irmãos, vale salientar que Jó não sabia o que esperava por ele. Ele desconhecia completamente o que estava para acontecer. Ele é um peão no tabuleiro de xadrez onde Deus e Satanás estão batalhando a guerra da graça contra o pecado. Entre o amor e o ódio. Entre a morte e a vida. As apostas são altas! Quem vencerá? O diabo ou Deus? O homem amará a Deus pelo que Ele é ou a fé não passa da busca de interesses próprios? É a fé somente um pagamento de altos dividendos por uma vida nesta terra? É a fé sem nenhum amor? É a fé somente algo que ama mais ao mundo que a Deus? É a fé algo que só encontra sentido nos prazeres humanos terrenos e não na comunhão com Deus? Isto é o que veremos no nosso segundo ponto.

  1. A Motivação de Satanás para Desafiar Deus a testar a fé de Jó

Repentinamente a cena muda. Da terra para o céu. Da vida próspera e abençoada de Jó, para a sala da corte celeste. Lembre-se, irmãos e irmãs, que Jó não está ciente de nada disto. Ele está completamente ignorante a respeito do que vai acontecer daqui para o resto do nosso texto. Ele somente vai saber mais tarde, quando o que está para acontecer ocorrer e ele for informado. Porém agora neste instante do texto ele está completamente alheio. Somente nós podemos nos beneficiar de todo o conteúdo do livro de Jó.

Deus nos desvenda todas as cenas do que vai acontecer. Ele nos permite ter um relance por trás das cenas. Dentro do mundo celestial e espiritual que é tão real quanto o nosso, mas que normalmente Deus mantém escondido de nós. Um dia os anjos Deus são chamados à sua presença, à presença de seu criador. É um dia de assembléia! E satanás é um dentre eles. Não se esqueça que ele é um anjo caído! Completamente cheio de ódio para com Deus, mas ele continua servo de Deus, mesmo não querendo!

A Bíblia não nos dá detalhes deste mundo celestial. Este é o lugar do Altíssimo onde tudo fala de sua glória e santidade. Entretanto, durante do Velho Testamento o diabo tinha livre acesso nos céus. Porque como acusador dos filhos de Deus, ele podia dizer que o preço pelos pecados do homem não tinham sido pagos, Deus não podia perdoar-los sem comprometer sua justiça.

Esta foi a razão pela qual permitiu Deus entrar no céu o próprio Satanás! Um dia nossos pecados foram pagos na cruz. A Bíblia nos conta que satanás foi arremessado dos céus. Não há mais nenhum lugar para ele lá. Desde que perdeu toda a sua legitimidade para levar adiante sua ambição, que é acusar os filhos de Deus, ele não pode mais fazer tal tarefa.

Mas aqui em nosso texto isto de fato não tem acontecido ainda, e como em Zacarias 3 Satanás acusa o sacerdote Josué diante de Deus e aponta para todos os seus pecados, do mesmo jeito ele vem de vagar pela terra e volta com muita munição, para lembrar ao Senhor que todas as Suas criaturas são profundamente pecaminosas e somente merecem dele seu justo juízo.

Bem, Satanás, diz Deus, de onde você vem? E quando Satanás responde que tem feito uma turnê pelo mundo, uma viagem de inspeção, o Senhor diz com um indisfarçável orgulho: tens visto tu meu servo Jó? Tens visto como ele vive? Não há ninguém em toda a terra que me sirva como ele me serve!

Não há nenhum alarme nas palavras de Deus. O Senhor está certo de sua obra. A despeito da destruição que Satanás pode criar, ele é e permanece inimigo derrotado. Ele é subserviente a Deus, que é o soberano e todo poderoso, sem a autorização do qual ele, Satanás, não pode se mover tanto quanto se move. Isto é o que a igreja tem confessado no Domingo 10 do Catecismo de Heidelberg: toda a criatura está debaixo das mãos de Deus, incluindo satanás.

Satanás deve ter sentido a ironia e o sarcasmo na questão levantada por Deus. Ele quase censura a Deus. Sem nenhum assombro, ele responde que ninguém de fato ama a Deus enquanto tem tudo o que Jó desfruta nesta vida. Você o tem colocado em segurança, tanto quanto sua família e suas posses. Nenhum dano pode chegar junto a ele. Você realmente acha que ele o ama por nada? Você sinceramente acha que Jó está interessado em você?

Vocês ouviram o desafio que o diabo lança contra o Senhor, irmãos e irmãs? O que ele diz significa: Jó está somente interessado em riqueza e não se importa com você! A fé de Jó é um engano e uma impostora, sua piedade nada mais é que algo que busca sua própria satisfação. É a busca pela auto-preservação que faz Jó viver como vive.

Que ataque diabólico, amados, que acusação satânica! Não causa surpresa que o diabo seja chamado Satanás, ou seja, o acusador. Imagine se satanás falasse a verdade! Tente compreender se a fé de Jó fosse somente um verniz. Ou seja, que ele estava mais preocupado com sua prosperidade na vida do que com Deus, que deu a ele todas estas bênçãos. Então o plano de Deus de salvação nada mais é que uma grande farsa! Um grande fiasco! Se os crentes estão somente interessados em ir para os céus e se a vida de obediência aos mandamentos de Deus não tem outro motivo a não ser lucrar com a fé, o plano original de Deus nunca seria realizado e a salvação não significaria nada.

Pois então as criaturas de Deus não o amariam pelo que ele de fato é mas somente por interesse em seus dons ou dádivas! Então o propósito de sua criação de que o homem deveria amá-lO voluntariamente acima de todas as coisas estaria fora de cogitação e então a vinda de Cristo não teria mais nenhum propósito, pois Deus não quererá ser servido por motivos egoístas. Ele quer nosso coração, não por causa de suas dádivas mas por causa de Sua pessoa! Por causa de Sua graça e misericórdia, Ele anseia ter o amor que tem por seus filhos respondido pelo amor deles a Ele. Ele anseia ser amado como o Deus da salvação deles.

Satanás diz: desculpe Deus, você está interpretando mal a fé de Jó e sua devota vida. Você pensa que ele está amando você mas está interessado puramente em si mesmo! Isto é hipocrisia! Eu me atrevo a desafiar você a tirar as bênçãos de Jó e então você verá tudo o que tenho dito. Então o verdadeiro Jó aparecerá. Então ele amaldiçoará você. Ele dirá adeus a você. Pois servir a você não lhe trará nenhum lucro. Indo-se as riquezas, Jó não terá mais nenhum tempo para você.

Irmãos e irmãs, há uma grande aposta aqui! Pois não está em jogo somente a fé de Jó, mas a fé de todos os filhos de Deus. Se Satanás estiver certo, a redenção de Deus fracassou. Ou seja, o propósito divino nunca alcançará seus objetivos. E o objetivo é que Deus seja amado por quem Ele é e pelo que Ele tem feito, e que Ele seja crido pelo o que tem dito. E também que serví-lo não significa que tudo será um mar de rosas, livre de problemas, mas, que, seja como for, o cerne da salvação e a razão da redenção seja o próprio Deus.

E o diabo sabe disto muito bem. Ele odeia a Deus e tudo o que é bom. Ele deseja levar muitas pessoas para o inferno, e para isto ele usa muitos meios, até mesmo atacar o plano de salvação criado por Deus. É bom lembrar que o diabo não é um ser estúpido; longe disto, ele sabe como ninguém que a salvação é pela graça. E que a fé é um dom de Deus, e que ninguém ama ao Senhor a menos que o Senhor venha primeiro a esta pessoa com amor e graça.

Mas ele não vê outro jeito! Em princípio ele já sabe que é um perdedor, e que não pode alterar ou impedir sua condenação, por isto ele tenta qualquer coisa, qualquer coisa para frustrar o plano redentor de Deus. Para ridicularizar a Deus, que parece pensar que Jó O ama pelo que Ele é, Satanás desafiou Deus a provar a fé de Jó.

O interesse profundo de Satanás não estava somente em Jó, ele não se preocupa com um peixe pequeno, mas está querendo perseguir o calcanhar da semente da mulher, o Cristo! Ele espera que Jó prove diante do fórum celeste e terreno que a fé nada mais é que algo que busca seu próprio interesse, também que os crentes são atores que somente estão nesta vida enquanto as coisas vão indo bem, portanto, se o diabo puder mostrar isto na vida de Jó, então o resto cairá também. E então a única coisa que Jesus Cristo fará será pagar não pelos pecados das pessoas que estão somente interessadas em lucrar com a fé, mas das que de fato não amam ao Senhor que pelo que Ele é e pelo que Ele tem feito na vida delas. E se isto acontecer então tudo será em vão. Ou seja, se Deus não é amado acima de todas as outras coisas, a salvação está fora de questão, e a redenção é sem valor. Vamos ao terceiro ponto.

  1. O Propósito de Deus com Este Desafio

Deus aceitou o desafio, Ele aceitou a provocação do diabo, não somente por causa de Jó, mas por causa de todos os seus filhos, e especialmente por motivos próprios, Ele vai mostrar mais uma vez que a fé é uma dádiva de Deus, e que uma vida de obediência e amor é possível em um mundo caído. Não por causa do sol brilhar na vida de seus filhos, nem porque eles têm uma excelente saúde, ou porque tenham um negócio muito próspero ou uma família feliz, mas porque eles amam a Deus, antes de tudo, por causa de sua graça e bondade, por sua misericórdia e amor perdoador, por causa da promessa abençoada de vida eterna, a qual será realizado através do sofrimento e morte de Seu único filho.

Tudo bem Satanás, diz Deus! Siga seu caminho, eu darei Jó em suas mãos. Ele está em seu poder, somente não tirarás a vida dele, você não vai tocá-la, na vida dele você não pode tocar, porém no resto você faça como quiser. Você pode roubar as suas bênçãos terrenas. Jogar sobre ele qualquer catástrofe. Ferí-lo como puder. E para o diabo não precisa falar duas vezes sobre como fazer o mal. Rapidamente ele saiu para realizar a destruição da vida de Jó.

Irmãos e irmãs, até aqui, vemos que Deus está tão seguro de sua obra salvífica que permite que os seus filhos caiam nas mãos do diabo. E, irmãos, mesmo com tudo isto somos ainda consolados, pois vemos que o diabo não tem um reino livre, ele continua debaixo do controle de Deus, ele somente pode ir até onde Deus permite que ele vá. Ele é como um cão raivoso, mas continua preso à coleira. Sem a permissão de Deus o diabo não pode tocar nos filhos de Deus.

Entretanto, devemos fazer algumas questões. Era necessário tudo isto? Será que Jó precisava sofrer tanto quanto nos conta o resto do livro? Mesmo que pareça um absurdo o que aconteceu, tenhamos sempre em mente que Deus continua com seu propósito em mente. Deus não afligi seus filhos voluntariamente, ou seja, Ele não permiti que seus filhos sejam torturados ou sofram tudo isto como um fim em si mesmo. Ele tem seus sábios objetivos quando visita seus filhos com várias tristezas.

No caso de Jó somos informados a respeito disto. Porém, irmãos, Jó não sabia de nada disto. Talvez, se ele soubesse que isto levasse ao fim do objetivo de Deus, então ele poderia ter encenado o herói, pensando no prêmio que Deus daria a ele como resultado de tal contexto cósmico. O Senhor achou adequado colocar este livro na Bíblia para que não entrássemos em desespero, não importando o que aconteça conosco.

Oh, irmãos é verdade que este livro de Jó não nos dá todas as chaves para todas as questões a respeito dos sofrimentos neste mundo, os detalhes são e permanecem escondidos para nós, os caminhos de Deus são mais altos que os nossos caminhos e seus pensamentos não são os nossos pensamentos, mas devemos encontrar conforto em que não importa o que aconteça conosco, todas as coisas de forma alguma acontecerão sem a vontade de Deus, pois Ele é nosso Pai em Jesus Cristo.

Porém neste livro nós temos os detalhes. Deus confiou neste filho e em sua fé, não porque Jó fosse forte mas porque Jó era o que era por causa da graça de Deus. Deus provou para Satanás que Jó não era escravo do dinheiro, e que não servia a Deus porque Deus o abençoara. Na verdade, a confiança de Deus em seu próprio plano de salvação é que Seu Filho Jesus Cristo é quem vai executá-lo, e por isso é que Ele aceita o desafio de Satanás.

Pois a justiça de Jó e o amor de Jó pelo Senhor estavam enraizados na vinda de Cristo. Foi por isso que o Senhor pôde ostentar na vida de Jó que o verdadeiro amor pelo Senhor pode ser encontrado nesta terra. Claro que não como um produto do homem, mas como resultado do amor de Jesus Cristo, que obedeceu a seu Pai nos mínimos detalhes. Que foi despojado de todas as bênçãos, que Ele foi levantado na maldita cruz, mas que nunca deixou o Seu Pai, nem mesmo quando Satanás usou todo o seu arsenal de armas contra Cristo.

Em outras palavras, Deus estava tão certo de seu servo Jó que aceitou o desafio mais uma vez para consolar todos os seus filhos e para mostrar que a salvação é somente pela graça. Independente do que aconteça, Deus segura fortemente todos os que crêem nEle. O Senhor mostra que é mentira de Satanás que as pessoas somente servem a Deus por causa de seus interesses. O resto do livro mostrará como Jó reagiu a tudo o que veio sobre ele, e como Deus vindicou o Seu nome e Sua obra de redenção sobre a calúnia de Satanás, na vida de Jó.

Irmãos, nós não somos Jó, mas temos o mesmo Deus, amados! Que nunca muda, ainda hoje Ele tem seus sábios propósitos quando visita seus filhos com sofrimentos e aflições pesadas. Nós não conhecemos todas as respostas, com certeza levaremos muitas perguntas até a sepultura. Por que este sofrimento? Por que esta doença terminal? Por que nosso filho ou filha retornaram ao Senhor? Por que nosso cônjuge não se arrepende? Não está vendo o Senhor nossas agonias? Por que Deus não intervém?

Ainda podemos fazer algumas perguntas amados: quem realmente está no controle? Será que Deus realmente se importa conosco? Será Ele fraco para mudar minha vida? Não sabe Ele que às vezes estas coisas são demais para carregar? Se estas questões estão em nossa mente, voltemos ao livro de Jó. Não para encontrarmos respostas prontas a todas as nossas questões, mas para ouvirmos o que precisamos ouvir, a saber: DEUS ESTÁ NO CONTROLE DE TODAS AS COISAS! Até de satanás, que somente pode nos tocar se assim o Senhor permitir. Mas podemos ouvir mais: Deus tem seus propósitos divinos com todos os seus filhos incluindo a nós, amados. O caso de Jó deve servir como resposta a todos os outros casos, pois Deus, que é soberano, criou o homem para sua própria glória ! E todos os sofrimentos e aflições dEle têm seu próprio lugar dentro do inescrutável decreto de Deus.

Até os sofrimentos e aflições de nosso Senhor Jesus Cristo! Até mesmo quando o Gólgota, humanamente falando, estava perdido e a salvação parecia fora de alcance. Mas exatamente quando o mundo todo junto com os demônios estavam prontos para cantarem o hino da vitória, Deus vindicou o Seu nome, precisamente nos eventos que Satanás havia orquestrado. Foi justamente aí que houve a vitória da vida sobre a morte, da graça sobre a culpa, da salvação sobre a condenação, e tudo isto foi a base da vindicação de Deus na vida de Jó.

Deus sabia que Jó podia permanecer fiel a Ele, por que Deus permaneceu fiel a Jó! Por causa de Cristo! Que é a garantia de que um dia também Ele mesmo seria exposto, não por ter sido um erro, mas para vindicar o nome do Senhor! Aquele que atrairia os louvores e o amor da boca de seus Filhos. E isto não somente quando o céu não está “nublado” nem quando a prosperidade e a saúde estão sendo comemoradas, mas também nos dias de tensão e questões não respondidas, de doenças e mesmo quando a morte está se aproximando.

Tudo isto porque Deus é merecedor de nosso amor, pelo que Ele é e pelo que Ele tem feito! Por isso nós o amamos! Pois sua graça e misericórdia, e consolo e compaixão foram mostrados na dádiva de seu Filho, que pagou por todos os nossos pecados, que mostra que Deus é nosso Pai e nosso Deus! Que não pára até que todos os seus filhos estejam em casa, para louvar e agradecer a Ele pelo inexprimível dom de seu amor, Jesus Cristo! Nosso salvador!

Amém.

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Garrelt Wieske

O pastor Garrelt Wieske nasceu na Holanda em 1939. Foi ordenado Ministro da Palavra em 1985, e serviu às igrejas em Lincoln, Ontario; Neerlandia, Alberta; Chatham e Spring Creek, Ontario. Desde sua aposentadoria, em 2003, tem se dedicado a auxiliar igrejas no Canadá e Austrália que estão temporariamente sem ministo. Ele é pai do pastor Kenneth Wieske, que serviu muitos anos como missionário nas Igrejas Reformadas do Brasil. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.