Hebreus 1.1-3

Leitura: Colossenses 1.15-17 e Hebreus 1.1-3
Texto: Hebreus 1.1-3

AMBIENTE

Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo,

Quando estamos doentes, nós vamos ao médico. Chegando no consultório, o médico olha para os sinais e os sintomas da nossa doença, e depois ele nos dá uma receita com alguns medicamentos que precisamos tomar para ficarmos bons de novo. Mas, às vezes, o problema não é com o nosso corpo, e sim com a nossa alma. E do mesmo modo que existem remédios para os problemas do nosso corpo, também existem remédios para os problemas relacionados com a nossa alma.

Esta era a situação das pessoas para quem a Carta aos Hebreus foi escrita. E quem eram aqueles irmãos? Como o próprio nome da carta diz, eles eram cristãos hebreus, isto é, cristãos de origem judaica. E qual era o problema que eles estavam passando? Lendo toda a carta, percebemos que alguns deles estavam correndo o risco de abandonarem o evangelho. Isso mesmo! Alguns irmãos não estavam aguentando as perseguições, o abandono dos seus familiares, o desprezo dos seus compatriotas judeus e o medo da morte.

Além disso, pelo que está escrito na carta, parece que certos irmãos estavam confusos com a simplicidade religiosa da nova aliança. “A religião cristã não é tão grandiosa como a religião judaica. No cristianismo não há nenhum templo grandioso, nem sacrifícios e nem sacerdotes vestidos com roupas sagradas. O cristianismo é muito simples. Será que ele é verdadeiro? Será que não é melhor voltar para o judaísmo?”. Era mais ou menos assim que eles estavam pensando. Em tudo isso, eles foram tentados a se desviarem da fé. Alguns até já estavam deixando de ir aos cultos (Hebreus 10.25).

Vendo toda aquela situação, e guiado pelo Espírito Santo, o escritor de Hebreus resolveu ajudar aqueles irmãos. Até hoje ninguém sabe quem era ele, mas sabemos que Deus o usou a fim de que ele escrevesse uma verdadeira “receita médica” para aqueles irmãos. O autor de Hebreus se aproveitou do fato de que eles tinham vindo do judaísmo, e que eles conheciam o Antigo Testamento, para explicar o quanto a nova aliança era mais excelente do que a antiga. Por isso, eles deveriam permanecer firmes na fé cristã.

Ele vai mostrar na carta, citando o Antigo Testamento, que a antiga aliança era temporária, que era passageira, que era provisória. Ela consistia de símbolos e figuras que apontavam para a vinda e o ministério do Messias – o Senhor Jesus Cristo. Ele mostra em sua carta que Jesus Cristo é mais excelente do que o templo, do que os sacrifícios e do que os sacerdotes. Tudo aquilo não poderia durar para sempre, pois, na nova aliança, as sombras iam embora e dariam lugar à realidade espiritual que elas apontavam. E a realidade é Cristo.

Ao longo da sua epístola, o escritor de Hebreus vai falar dos profetas, dos anjos, de Moisés, de Arão, de Melquisedeque, da terra prometida, dos sacerdotes, do santuário, dos rituais de purificação, dos sacrifícios e de outros detalhes da antiga aliança. Ele vai mostrar que todos os rudimentos da antiga aliança eram apenas sombras da realidade que vinha com Cristo. E como ele vai fazer isso? Ele vai colocar as coisas da antiga aliança lado a lado com as coisas da nova aliança.

É como se ele colocasse na mão esquerda deles as sombras da velha aliança e na mão direita deles as realidades na nova aliança. Então, ele poderia dizer para aqueles irmãos: “Vejam! Comparem! De um lado, vocês têm coisas visíveis; do outro, coisas invisíveis. Porém, o invisível é mais excelente. Não é porque as primeiras coisas não prestam, mas sim porque as últimas são superiores, completas e definitivas”.

MENSAGEM

Hoje nós vamos dar atenção às primeiras palavras da carta aos Hebreus. No texto, nós percebemos que o escritor anuncia claramente a supremacia de Cristo em relação aos profetas do Antigo Testamento. Ele diz que, antigamente, Deus falou aos nossos antepassados espirituais por meio dos profetas. Os profetas eram homens que falavam em nome de Deus. Deus os chamou a fim de que eles anunciassem uma mensagem muito importante ao povo da antiga aliança.

O apóstolo Pedro, falando da palavra anunciada pelos profetas, disse o seguinte em 2 Pedro 1.21: “… nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.”. A mensagem anunciada pelos profetas não era deles mesmos, mas vinha de Deus. Deus falou com eles e mandou que eles proclamassem a sua Palavra para a igreja do Antigo Testamento.

E como foi que Deus fez isso? Deus se revelou muitas e muitas vezes durante o período da antiga aliança, e ele falou com os profetas de diversos modos. Deus falou no meio de um fogo ou de uma nuvem, como ele fez com Moisés. Deus falou por meio de sonhos, de visões e de anjos. Outras vezes, apenas a sua voz foi ouvida. E aconteceu que, progressivamente, Deus revelou algumas coisas por meio dos profetas.

Mas a mensagem proclamada pelos profetas trazia apenas uma revelação parcial. O que eles escreveram era somente a metade da Bíblia – o Antigo Testamento. Deus tinha mais o que mostrar. Ele guardou isso para os últimos dias. Deus deu a revelação final e completa por meio do Senhor Jesus Cristo. Uma revelação que foi escrita do Novo Testamento pelos apóstolos e por outros homens santos.

Além da mensagem do Senhor Jesus Cristo ser o “encaixe final” da Bíblia, o próprio mensageiro era mais excelente do que todos aqueles profetas. Os profetas eram simples seres humanos, sujeitos às mesmas paixões e pecados como todos nós. Mas, Jesus Cristo é diferente. Jesus Cristo não é somente mais um dos profetas. Ele é o Supremo Profeta. Portanto, se a antiga igreja deu ouvidos aos profetas do Antigo Testamento, homens como nós, então ela deve dar ouvidos ainda mais ao próprio Filho de Deus.

Os cristãos hebreus deveriam entender que a mensagem de Jesus Cristo não anulava a mensagem dos profetas. Pelo contrário, o próprio Senhor Jesus Cristo era o cumprimento de tudo aquilo que tinha sido profetizado. Os profetas falaram da vinda e do ministério do Messias. O Senhor Jesus era o Messias enviado por Deus, e deveria ser ouvido pelos homens. Aqueles irmãos deveriam compreender que Jesus Cristo é superior aos profetas. E para deixar isto bem claro, o autor de Hebreus disse coisas maravilhosas sobre Jesus.

Ele disse que Deus constituiu o Senhor Jesus Cristo como o herdeiro de todas as coisas. “Somente Cristo é o eterno e natural Filho de Deus” (Domingo 13). E por ele ser o único Filho natural de Deus (nós somos filhos adotivos), ele é o proprietário de tudo aquilo que foi criado. O próprio Filho é co-criador junto com o Pai. Por meio de seu Filho, Jesus Cristo, Deus Pai fez todas as eras e tudo que há no mundo.

Jesus Cristo é mais excelente do que todos os profetas, pois ele também é o resplendor da glória de Deus, ou seja, ele é a luz brilhante da glória de Deus. O escritor de Hebreus também disse que Jesus é a expressão exata da essência de Deus, isto é, Jesus Cristo é a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Ele é “Deus de Deus, luz de luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus; gerado, não criado, de igual substância do Pai” (Credo Niceno).

E sendo Deus verdadeiro, Jesus Cristo não apenas criou todas as coisas, mas ele também está sustentando toda a criação pelo poder da sua palavra. Este mesmo Jesus é aquele que purificou os pecados de todos os que crêem, e que subiu às alturas e sentou-se à direita da Majestade Divina, isto é, sentou-se no lugar de mais alta honra que alguém pode estar: À mão direita de Deus Pai Todo-Poderoso. E daquele lugar, por meio do Senhor Jesus Cristo, Deus está governando todas as coisas (Domingo 19).

Todas estas informações são reforçadas pelas palavras do apóstolo Paulo, o qual escreveu aos colossenses dizendo (Colossenses 1.15-17): “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste”.

É por causa de tudo isso, que aqueles irmãos deveriam olhar com todo o cuidado para a pessoa e para a mensagem de Jesus. Ele não era um simples profeta como pensaram muitas pessoas em Jerusalém. Ao entrar em Jerusalém, em cima de um jumentinho, as pessoas disseram que ele era o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia. Sim ele era profeta. Mas, não um simples profeta. Ele era o maior de todos os profetas. Ela era o próprio Deus falando pessoalmente aos homens.

ATUALIZAÇÃO

Agora, irmãos, nós devemos pensar em como aquilo que nós ouvimos hoje tem a ver conosco:

Em primeiro lugar, será que estamos enfrentando as mesmas perseguições sofridas por aqueles cristãos hebreus? Será que estamos sendo agredidos, ou desprezados, ou sofrendo ameaças de morte? Não, nós não estamos.

É verdade que somos rejeitados por nossa fé, inclusive até mesmo por aqueles que se dizem evangélicos. Mas, mesmo assim, esse tipo de perseguição não se compara com as perseguições sofridas pelos nossos irmãos do passado. No entanto, se tivermos que enfrentar qualquer tipo de tribulação, ainda assim, isto nunca deve ser motivo para esfriar a nossa fé. Pelo contrário, devemos ficar alegres por sofrermos por amor a Cristo.

Em segundo lugar, a simplicidade religiosa da nova aliança causa alguma dúvida em vocês? Quero crer que não. Porém, é preciso falarmos um pouco sobre isso. Alguns aqui vieram da igreja de Roma. As práticas da igreja de Roma são uma imitação do culto do Antigo Testamento. Os líderes desta igreja ficaram preocupados com a simplicidade original da igreja primitiva. Eles queriam mais do que simples reuniões em lugares humildes. Eles queriam o brilho do culto da antiga aliança. Então, eles transformaram o culto cristão em um culto cheio de pompa, cheio de brilho, cheio de símbolos e de figuras. Por isso, na igreja de Roma há altares, há sacerdotes, há sacrifícios, há roupas sagradas e etc.

Todas essas coisas que lá existem são uma tentativa de trazer a glória visível da antiga aliança para dentro da igreja do Novo Testamento. Mas, isso que eles fizeram foi bom? Claro que não! Os símbolos e as figuras fazem parte da antiga aliança e devem ficar por lá. O culto do Antigo Testamento era daquele jeito porque Deus ordenou isso. Na nova aliança, Deus não ordenou que os pastores se vestissem como sacerdotes e organizassem o culto com figuras, símbolos, enfeites e cerimônias chamativas.

O culto na igreja do Novo Testamento é feito de um modo simples e humilde. Ele não tem aparatos externos. Ele é feito de acordo com a Palavra de Deus. É um culto realizado com santidade e com reverência. Até mesmo quando celebramos os santos sacramentos, fazemos isso sem nenhuma ostentação terrena. Aquilo que nós fazemos não é chamativo e nem atrativo aos olhos do mundo. E deve permanecer assim. Nós não precisamos de coisas visíveis que satisfaçam os nossos olhos carnais. Não devemos esquecer que o Deus invisível está conosco agora. Os de fora não vêem, mas nós enxergamos a presença de Deus pelos olhos da fé.

Em terceiro lugar, será que nós estamos satisfeitos com Jesus Cristo e com a sua mensagem? Esta pergunta parece até estranha! É óbvio que todo cristão deve estar satisfeito com Cristo e com a sua mensagem. Então, por que eu perguntei isso? A questão é que muitas pessoas não estão satisfeitas com a mensagem de Cristo tal como ela está registrada na Bíblia. Ao invés de se contentar com a Palavra de Deus escrita para nós, eles ficam buscando outras revelações. Eles querem mais do que a Bíblia. Eles não olham para a Bíblia como a revelação completa da parte de Deus. Eles querem mais. Eles buscam novos sonhos e novas visões.

Para eles, aquilo que Deus revelou em sua Palavra não é insuficiente para guiá-los. Eles querem retornar à época em que os apóstolos estavam vivos. Uma época onde o Novo Testamento ainda estava sendo escrito. Mas, isto não é possível. Os apóstolos morreram e a Bíblia foi concluída. Tudo aquilo que Jesus Cristo tinha a nos revelar está na Bíblia. Por isso, devemos estar satisfeitos com a Bíblia. Devemos estar satisfeitos com aquilo que o nosso Sumo Profeta nos deu. O que ele nos deu é suficiente para nos guiar. Ele nos deu a sua Palavra e o seu Espírito.

Por meio da sua Palavra e do seu Espírito, Jesus está cuidando perfeitamente de cada uma das suas ovelhas. Por isso, nós devemos estar mais do que satisfeitos com Jesus Cristo e com a sua mensagem.

Portanto, meus irmãos, dêem ouvidos a tudo aquilo que o Senhor Jesus Cristo nos ensina por meio da sua Palavra. Rendam-se a voz de Deus quando ele fala pelas Sagradas Escrituras, seja durante as pregações ou seja durante as leituras bíblicas que vocês fazem em casa. E lembrem-se daquilo que o apóstolo João nos ensinou em sua segunda carta (v. 9): “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhes deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más”.

Amém.

Voltar ao topo

Laylton Coelho

É Bacharel em Direito pela UEPB, e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico Congregacional de Campina Grande-PB (STEC). Serviu inicialmente como ministro da Palavra na Igreja Batista durante cinco anos na Paraíba. Foi pastor na Igreja Reformada do Brasil em Esperança-PB, e atualmente é ministro da Palavra na Igreja Reformada do Brasil no IPSEP (Recife-PE). 

© Toda a Escritura. Website: todaescritura.org.Todos os direitos reservados.

* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.