Leitura: Mateus 06.19-24; Filipenses 03.02 – 04.01
Texto: Filipenses 03.17 – 04.01
Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo,
Como cristãos, somos instruídos pela Palavra de Deus a vivemos na expectativa do retorno de Cristo. Essa expectativa ocupa preeminência em nossas vidas. A maneira como encaramos a vida e o modo como olhamos o futuro está diretamente ligado a esta promessa. Toda nossa vida é governada e dirigida tendo como pilar essa verdade. É com base nisso que nos empenhamos em juntar “tesouro nos céus, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mt 6.20). Quando vivemos assim, estamos dizendo que temos nosso coração no céu, porque “onde está o teu tesouro, aí estará também teu coração”, disse Jesus (Mt 6.21).
O ensino de Jesus nesse texto de Mateus é claro; não podemos ter nossos corações nos dois focos. Ou colocamos nossas mentes nas coisas terrenas, ou colocamos nas coisas do céu. Aqui, em nosso texto (Fp 3.17-21), o apóstolo coloca essas duas mentalidades distintas, uma contra a outra: por um lado, temos aqueles que firmam sua mente nas coisas terrenas e, por outro, aqueles que têm a sua cidadania no céu e aguardam ansiosamente a vinda do Seu Senhor e Salvador Jesus Cristo. Os que aguardam a vinda do Senhor Jesus Cristo, vivem agora como cidadãos do Seu reino celestial, e, em grande expectativa, aguardam um futuro glorioso. Mas os que pensam nas coisas terrenas, desprezando a perspectiva celestial, vivem (conforme nosso texto) como inimigos da cruz de Cristo, e, seu fim será a destruição.
Ao ouvirmos coisas assim, não pensamos nas pessoas que estão na igreja, mas, nas pessoas que “vivem no mundo”, não é?! Porém, irmãos, o ensino de Paulo nesta carta coloca diante de nós a triste realidade de que estas duas mentalidades estão dentro da igreja. Sim, irmãos, dentro da igreja! Noutras palavras, estamos dizendo que é possível se viver na igreja e ser um inimigo da cruz de Cristo; ter a vida governada e dirigida por apetites carnais, fazendo das coisas desta vida (terrenas) o ponto central dos pensamentos e perspectivas, em total e completo detrimento da realidade Celestial e/ou da volta de Cristo.
Mas, o Senhor tem uma advertência para nós. Usando nosso texto vemos como Ele adverte os fiéis de Filipo a seguirem o exemplo de homens piedosos que tem seus olhos fixos no céu e a não seguirem o exemplo dos inimigos da cruz de Cristo. Assim, em nosso texto, o Espírito Santo nos instrui sobre como devemos seguir nessa “corrida” em direção a Pátria celestial.
Eu prego a Palavra de Deus no seguinte tema: “VIVAM FOCADOS NO CÉU”.
Veremos:
- O exemplo que nos é dado
- O erro que deve ser rejeitado
- A esperança que nos é assegurada
Vejamos primeiro, O EXEMPLO QUE NOS É DADO:
Irmãos, sempre é bom termos alguém para copiar os bons exemplos ou para imitarmos (termos como modelo). E, de fato, não são poucas as vezes que estamos copiando ou imitando alguém. Crianças imitam os pais; alunos, às vezes, imitam professores; crentes imitam seus pastores, e assim por diante… Porém, o que não é muito comum é alguém se predispor para ser imitado. Mas, em nosso texto, é exatamente isso que acontece: Paulo chama os irmãos da igreja de Filipo para serem seus “imitadores”. Quando ouvimos isso, logo pensamos: Será que Paulo estava sofrendo de “falta de humildade cristã”? Não, porque ele já mostrou que o Seu exemplo de humildade é o próprio Cristo, que se esvaziou de si mesmo (2.5-8). Será que ele estava se considerando perfeito? Não, porque afirmou que ainda não atingiu esse alvo (3.12-14). Será que ele estava se colocando num pedestal para ser o centro das atenções? Não, porque ele não se põe sozinho nessa condição, mas, tem outros a quem ele convida o povo a imitar (cf. 2.19-23 Timóteo; e 2.25-30 Epafrodito; e também no v.17 o uso que faz do pronome “NÓS” em substituição ao “EU/MEUS” [Ler]). Não, de pronto a resposta é Não; Paulo não é do tipo que busca glória para si. Então, em que sentido Paulo quer que os filipenses o imitem?
Vamos observar os versos anteriores, onde o exemplo é explicado. Nesses versos encontramos a ideia geral que ocupava a mente do apóstolo: ele era alguém convicto do dom gratuito da justiça perfeita de Cristo, que era livremente imputada a ele pela fé (v.9). Por causa desta convicção ele considerava “tudo como perda [e] refugo” (v.8); ele preferiu perder tudo, todo seu status segundo a carne, por causa de Cristo. Agora, ele tem outro objetivo: conhecer a Cristo e o poder da Sua ressurreição; ser participante da comunhão com Cristo em Seus sofrimentos e, conformar-se com Ele na Sua morte (v.10). Com isso Paulo tem por sua finalidade “alcançar a ressurreição dentre os mortos” (v.11). Percebam, irmãos, como seus objetivos estão no céu! … Então, nos versos 12 a 14 ele descreve como persegue esse objetivo (Ler). […] Vejam irmãos! Paulo fala como se estivesse numa corrida, e ele quer ganhar “o premio da soberana vocação de Deus em Jesus Cristo” (v.14), ou seja, o prêmio ao qual Deus o chamou em Cristo. E agora ele nos exorta a fazer o mesmo.
Mas, como devemos seguir o exemplo do apóstolo? Vejam que o objetivo de Paulo está posto no conhecimento Cristo, no poder de Sua ressurreição e na comunhão de Seus sofrimentos. Ele deseja ser conformado com a Sua morte para alcançar a ressureição dos mortos. Mas o que significa isso? […] Em poucas palavras (e de modo simples), podemos dizer que “o apóstolo quer que o seu velho homem seja crucificado com Cristo, e ele quer ser criado um novo homem, com Cristo, para que ele possa viver uma nova vida de obediência a Deus. Vivendo no poder da ressurreição de Cristo, ele dirige a corrida de santificação para que finalmente alcance o objetivo da perfeição no dia da ressurreição”.
É esse o exemplo que os irmãos de Filipos estavam sendo chamados a imitar. E é esse exemplo que também somos chamados a imitar. Através da fé em Cristo, devemos mortificar os desejos de nossa carne enquanto crescemos em comunhão com a Sua morte e compartilhamos Seus sofrimentos. Mesmo debaixo de lutas e perseguições, devemos buscar uma nova vida de santificação enquanto compartilhamos o poder da ressurreição de Cristo. Sim, irmãos, por que são estes que podem desfrutar das promessas da ressurreição final e do céu.
É esta busca que ele compara a corrida que todos nós temos que correr. E, irmãos, devemos fazer isso com ânimo, com determinação e perseverança, para ganhar o prêmio. Vejam o que ele diz em sua carta aos Coríntios: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi te tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1Co 9.24-27). Irmãos, se os homens são capazes de tamanho esforço por algo corruptível e finito, quanto mais não devemos nós nos empenhar para atingirmos o prêmio, o alvo da perfeição.
Vamos seguir o exemplo do apóstolo, irmãos. Que na verdade não é somente dele, como falei ainda pouco; ele pensava também em Timóteo e Epafrodito, e talvez, em outros servos de Deus que seguiam o exemplo de amor e abnegação de Cristo. Lembre-se que no capítulo 3, v.17, ele inicia dizendo “sede meus imitadores…” e conclui afirmando que se deve observar “os que andam segundo o modelo que tendes em NÓS”. Note que Ele muda do singular para o plural, incluindo todos juntos com ele mesmo. Não é só ele que deve ser observado ou imitado, mas todos os fiéis que são imitadores de Cristo […] Sim, irmãos, é verdade que devemos seguir a Cristo, mas é também verdade que devemos seguir exemplo de homens fiéis que são Seus imitadores. Com diz o autor aos Hebreus: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus […] IMITAI A FÉ QUE TIVERAM” (Hb 13.7).
Não pense que isso é algo errado, ou que Paulo está nos induzindo ao erro, como se tivesse arrogando para si algo que só pertence a Cristo, pois, seu chamado para imitarmos ele (como foi para os irmãos de Filipo) se baseia no exemplo que ele mesmo segue. Vocês lembram que ele disse: “Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo” (1Co 11.1)? É exatamente isso também aqui. Paulo chama os fiéis a seguirem seu exemplo porque ele segue o exemplo de Cristo. E como é descrito o exemplo de Cristo? Não é de uma vida humilde e abnegada em obediência ao Pai? Não foi assim que ele viveu? Ele foi obediente até a morte e morte de Cruz (Fp 2.8). Ele tinha em vista as glórias que se seguiriam. Irmãos, é pensando assim que devemos imitar os exemplos dos santos… porque eles exemplificam Cristo. Eles não vivem para si mesmos, mas para Deus; uma vida de comunhão com Cristo em Seus sofrimentos, morte e ressurreição, aguardando o dia em que serão levados para experimentar uma nova vida num corpo glorioso semelhante ao do seu Senhor.
Mas, amados nem todos em Felipo estavam vivendo como Paulo instruiu. Havia exemplos diferentes, errados, ruins que não deveriam ser seguidos. Isso nos leva ao segundo ponto.
Vejamos agora, O ERRO QUE DEVE SER REJEITADO:
Deixe-me iniciar este ponto com uma pergunta: Porque Paulo quer que os filipenses o imitem? A resposta a esta pergunta está nos versos 18-19 “Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas”.
Irmãos, quem são estes a que Paulo se refere e contrapõe ao seu exemplo? Eles não são pagãos que estão fora da igreja. Pela forma como Paulo fala, fica claro que ele está falando de pessoas que, mesmo estando na igreja estão tomando um rumo diferente. Ao que tudo indica, essas pessoas queriam se passar como cristãs, mas sua vida desmentia o que confessavam com os lábios. E, Paulo diz que existiam muitos nessa condição. […] Dá para imaginar irmãos, pessoas que professam a fé cristã serem descritas como “inimigos da cruz de Cristo”? Parece um paradoxo! E na verdade é! Se os amigos da cruz de Cristo são aqueles que mostram em suas vidas uma identidade com Cristo, em seus sofrimentos, morte e ressureição, estes, ao contrário disso, põe seus corações nas coisas terrenas (3.19); eles não têm seus olhos postos no céu… eles são amantes do mundo e das coisas que há no mundo (1Jo 2.15). Eles são autoindulgentes.
Essas pessoas constituíam uma ameaça para a igreja em Filipo, mas Paulo não quer ver aquela igreja tão amada sendo seduzida. Por isso, ele com grande ênfase, expõe estes adversários da fé. A advertência é clara: essas pessoas, por serem inimigas da cruz de Cristo, tem outro deus em suas vidas: os seus próprios ventres (v.19); e, por consequência, em vez do prêmio da glória eterna, receberão como recompensa, a destruição. […] Esse é o destino decretado para eles, pois Deus ordenou que seu “fim… será conforme suas obras” (2Co 11.15b). Este fim é o fruto de suas vidas ímpias (Rm 6.21), pois, “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23) e será esse o fruto conquistado por viverem nesses pecados.
Agora, irmãos, existe muita discursão sobre quem eram exatamente essas pessoas. Alguns dizem que eram os judeus, que Paulo mencionou no v.2 deste capítulo, chamando-os de cãs, maus obreiros e falsa circuncisão. Naquele contexto podemos chama-los de inimigos da cruz de Cristo, pois, eles não sãos pessoas que tem uma religião espiritual, antes, se gabam de serem circuncidados segundo a carne, mas não conhecem a circuncisão do coração. Eles se gabam de serem puros e limpos, por não comerem coisa comum ou impura cerimonialmente, mas, por outro lado, tem seus corações cheios de ódio e impureza, amargura e inveja. Eles somente definem suas mentes nas coisas terrenas. Nesse caso, seria uma ironia o que Paulo fala, quando afirma que “o deus deles é o ventre”. Sua religião gira em torno daquilo que eles estão ingerindo, em torno de seu ventre, como se fosse possível ser limpo aos olhos de Deus com tais rituais.
Porém, irmãos, o ensino de Paulo nesse texto parece ser mais geral e se aplicar a todos os membros da igreja que, mesmo estando entre os santos, vivem com suas mentes e corações nas coisas terrenas, ou seja, irmãos, nas coisas deste mundo. Eles amam o mundo e as coisas que há no mundo: as concupiscências dos olhos, as concupiscências da carne e a soberba da vida (1Jo 2.15-17). Será que existe forma melhor de falar de alguém que tem seu coração nas coisas dessa terra do que essa? […] Esse tipo de vida é uma vida de inimizade à cruz de Cristo. Eles depositam seu orgulho naquilo que deveriam se envergonhar. Não apenas levam a bom termo seus maus desígnios, mas ainda se vangloria disso. Que outra palavra para descrever essas pessoas senão carnais, “inimigos” de Cristo? Eles somente cogitam nas coisas da carne (Rm 8.5). Mas vocês lembram, né irmãos, o que Paulo disse aos Romanos? A inclinação da carne é “inimizade contra Deus”. Mas, lembrem-se também do que Paulo disse aos crentes de Colosso, acerca das coisas terrenas (nas quais estas pessoas tinham o coração). Ele as descreveu como: imoralidade, impureza, paixões desordenadas, maus desejos, avareza, mau temperamento, ira, malícia, blasfêmia e conversa torpe (Col 3.2,5,8).
Agora, irmãos, pensemos: Como pessoas assim podem se declarar cristãs? Como podem confessar que acreditam em Cristo? “Seu deus é o ventre”! Elas só servem aos seus próprios desejos e impulsos carnais, tem seu foco, não no céu, mas nas coisas desta terra. Elas se esquecem de que este mundo passará, e só permanecerão aqueles que fazem a vontade de Deus (1Jo 2.17). Mas, mesmo assim se banqueteiam com os fiéis como se fosse do povo de Deus. A sentença é justa: “O destino deles”, disse Paulo, “é a destruição”… não o aniquilamento, mas, a merecida condenação eterna (cf. 2Ts 1.9).
Às vezes, uma descrição assim assusta e parece que não estamos falando de pessoas dentro da igreja. Mas, infelizmente, existem pessoas pressas às coisas terrenas no meio do povo de Deus. Exemplos não faltam nas Escrituras. Podemos citar Esaú, Acã, e outros; desses dois, você pode inferir muitos outros, que como eles, se destacaram na história por serem amantes das coisas terrenas. De fato, é uma descrição terrível: Eles “só se preocupam com as coisas terrenas”. Mas isso é importante, irmãos, pois, nos ajuda a pensar sobre onde está o nosso coração. E, deixe-me abranger mais: para sermos amantes do mundo (das coisas terrenas) não precisamos ser glutões, bêbados, fornicadores ou libertinos… não é preciso ir ao extremo para nos enquadrarmos nessa descrição. O perigo está bem mais perto de nós. É verdade que muitos de nós não sentiríamos nenhuma atração por essas coisas que descrevemos, mas, às vezes, coisas como realização pessoal, desenvolvimento econômico, prestígio, amor ao dinheiro, ou até mesmo a satisfação de alguns desejos levam nossas mentes a desprezarem os prazeres do céu. Uma questão boa para se perguntar é sobre o que ou a quem imitamos?! O que você acha que eu diria se eu pudesse olhar seu celular? Seu computador? Se eu pudesse passar um dia com você? Será que eu diria que você é cristão? Que você está com seu coração no céu? Será que olhando estas coisas poderemos dizer que não amamos as coisas terrenas? Agora, ter o coração nessas coisas a ponto de esquecer o céu ou não desejar por ele, não é ser um inimigo da cruz de Cristo? Não é o contrário de seguir o exemplo humilde e abnegado de Cristo, o exemplo que Paulo e os fiéis imitavam?
Irmãos, os inimigos da Cruz de Cristo podem ser bem religiosos, mas podem negar a Jesus com as obras. Por isso esse é um exemplo que não deve ser seguido. Tal conduta não condiz com os cidadãos do reino dos céus. Os que amam o Senhor devem viver focados no céu e não nas coisas desta terra. […] Lembrem-se que os prazeres deste mundo são atraentes. Muitas vezes encontramos cristãos titubeando por causa deles. Muitos estão flertando com coisas que deveriam detestar. Jesus na parábola do semeado (na explicação, mais precisamente), disse: “O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra…” (Mt 13.22). Será que isso não é uma advertência para não pensarmos nas coisas terrenas e/ou vivermos pelos prazeres temporais deste mundo? Sim, meus irmãos, é uma terrível advertência. Porém, o ensino do apóstolo para os fiéis de Filipo, vai além dessa avalição decadente. Ele os convida a rejeitarem esse erro e seguirem em direção a uma rica esperança que lhes está proposta.
Assim, vamos observar, em último lugar, o ponto que nos dirige a olhar para cima: A ESPERANÇA QUE NOS É ASSEGURADA.
Irmãos, onde está posta a sua mente, seus olhos? Onde está posto o seu coração? Lembrem-se do que disse Jesus: “Onde está o teu tesouro, aí estará teu coração” (Mt 6.21). Então, se nosso tesouro está nas coisas de cima, no céu, isso terá grandes consequências para nossas vidas. Aqui, Paulo nos mostra isso. Ele diz que “nossa pátria está nos céus” (v.20), como se quisesse dizer aos filipenses (e a nós) que eles não deviam olhar para esses libertinos, mas focarem naquilo que lhes foi prometido no evangelho que ele mesmo lhes anunciou, ou seja, que eles têm uma cidadania nos céus. […] Mas, o que isso significa (para ele e para nós)? Significa que não somos mais cidadãos deste mundo, antes, somos cidadãos do reino de Cristo. Significa que fomos libertos da vida egoísta focada nos prazeres desta terra, e fomos feitos herdeiros do reino de Cristo; que buscamos esse reino e glória como prioridade para nossas vidas. Agora, nossas vidas estão sendo governadas do céu e de acordo com os padrões do céu. Temos uma herança lá e logo nos dirigiremos para possui-la. Afinal, foi o Senhor mesmo, nosso Salvador, que disse que ia nos preparar lugar lá (Jo 14.1-14).
Quando vivemos com os olhos nos céus, não estamos mais tão ligados com as coisas desta terra, mas buscamos o objetivo e prêmio que se encontram lá, onde Cristo, nosso cabeça, está. Nossas esperanças vêm de lá; nossa salvação vem de lá. Por isso não temos que viver como se tudo que nos importa esteja nessa terra, pelo contrário, tudo que nos importa está em cima. Como cidadão dos céus, tiramos os olhos dos deleites pecaminosos e colocamos no céu. É de lá que virá nosso Salvador. Nessa terra somos estrangeiros e peregrinos (Hb 11.13; 1Pe 2.11). Nossa pátria é de cima, irmãos; é uma pátria superior, celestial (Hb 11.6).
É de lá que “aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (v.20). Ele virá com as nuvens do céu com poder e grande glória. Ele transformará todas as coisas, inclusive os nossos corpos para serem iguais ao corpo da sua glória (v.21). Oh irmão! Quão ansiosamente devemos almeja esse dia! Será o dia em que nosso Salvador nos livrará das consequências finais do pecado, nos libertará plenamente e nos outorgará as gloriosas heranças dos santos em luz. Agora, perceba a ligação que Paulo faz: Se alguém faz de seu ventre um deus e põe seu coração nas coisas terrenas, como poderá esperar essa vinda gloriosa do Salvador? Essa é, seguramente, a razão – pelo menos uma das principais razões – por que a volta de Cristo é mencionada aqui. Não, devemos nos deter em embaraços. Não devemos nos apegar as coisas terrenas, pecaminosas, pois, os que assim fazem, não poderão gozar desta gloriosa esperança.
Mas o que acontecerá nessa vinda? Vamos falar um pouco mais da transformação que experimentaremos em nossos corpos. Paulo diz que o corpo dos fiéis, esse “corpo de humilhação” por causa da entrada do pecado e exposto à maldição, fraquezas, sofrimentos, enfermidades e até mesmo à morte, será transformado na vinda do Senhor. O mortal e corruptível será mudado e se transformará em imortal e incorruptível. Seremos completamente conformados a Ele (cf. Rm 8.29; 1Co 15.49; 1Jo 3.2b; cf. tb., 1Co 15.42-44,50-58). Irmãos, nessa hora, o objetivo da perfeição será alcançado. Vocês lembram que ainda pouco disse que a finalidade da corrida a que Paulo se propõe a trilhar é “alcançar a ressureição dentre os mortos” (v.11)? Bem, é aqui que ela acontece. Na ressurreição final, todos os fiéis (filipenses e nós) atingirão o alvo e juntos receberemos o prêmio de nossa vocação: seremos conformados ao nosso Salvador. Será a salvação completa.
Irmãos, esta é a esperança que nos está assegurada! Se crermos nas promessas do evangelho; se vivermos focados nos céus, desfrutaremos destas bênçãos. Não vale a pena pôr a mente e/ou o coração nas coisas terrenas e ser um inimigo da cruz de Cristo… Quem faz isso está caminhando para a destruição. Mas, nós, irmãos, focamos no céu, em Cristo e no Seu reino celestial. No Cristo que pelo poder de Sua ressureição nos assegurou um evangelho que nos liberta para vivermos uma vida com alvo, com objetivo. Não vamos viver para nós mesmos ou para este mundo, irmãos; não vamos viver pensando nas coisas terrenas e/ou nos prazeres deste mundo. Pois nossa cidadania está nos céus. Vamos viver focados lá. E, nessa esperança gloriosa, vamos permanecer firmes (4.1). Aquele que segundo a eficácia do Seu poder pode subordinar a si todas as coisas, é o que nos promete e assegura. Portanto, meus irmãos, amados, nessa gloriosa esperança, corramos a carreira que nos está proposta, com perseverança, olhando firmemente para o céu, pois, breve, o nosso Salvador virá, o Senhor Jesus Cristo, o qual nos levará para si mesmo, para gozo e glorias celestiais.
Amém.
Elton Silva
Bacharel em Divindade (B. Div.) pelo Instituto João Calvino – IJC. Atualmente serve como Ministro da Palavra e dos Sacramentos na Igreja Reformada em Esperança-PB.
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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.