Dia do Senhor 7

Leitura: Isaías 12, João 3.1-21
Texto: Dia do Senhor 7

Irmãos e irmãs em nosso Senhor Jesus Cristo,

Nos últimos meses, temos estudado nossas Bíblias durante o culto da noite para ver o que Deus nos ensina antes de tudo sobre nosso pecado— quão sério é aos olhos de Deus, como às vezes nos tendemos a minimizá-lo ou desculpá-lo, como Deus em Sua perfeita justiça está resolvido a puni-lo e certamente irá puní-lo—e também, finamente, como nós podemos possivelmente escapar do julgamento de Deus que merecemos e, de alguma forma, sermos restaurados ao favor de Deus. E eu quero enfatizar no início deste sermão que é muito bom para a igreja fazer este estudo com regularidade. Estamos abrindo a Bíblia e ouvindo Deus falar sobre esses assuntos, e pensando seriamente sobre o que Ele tem de dizer. Podemos talvez pensar: “Ah, mas eu já sou cristão há muitos anos, já entendo estas coisas, é muito básico para mim”, mas descobrimos que quando abrimos nossas Bíblias com um coração manso e ensinável, começamos a enxergar estas verdades com mais clareza de que antes, ou de um nível mais profundo de que antes; também ganhamos uma gratidão mais profunda pela graça de Deus conosco em Jesus Cristo, especialmente ao pensar sobre toda a lama da qual Cristo nos tirou, e como Deus ainda agora se mostra tão paciente e misericordioso conosco. E assim descobrimos que estas verdades nos transformam. Se aprofundam em nossa consciência e moldam as nossas atitudes e a nossa maneira de viver. É possível passar a vida inteira pensando sobre estas verdades (e realmente, essa é a nossa intenção) e ainda ser convictos por pecado que não vimos antes, corrigidos pela palavra de Deus contra os falsos caminhos de salvação em que caímos, e encorajados e refrescados pelas boas novas de Jesus Cristo. Então eu espero que você também aprecie como é bom fazermos isso. Essas verdades são fundamentais para quem somos como cristãos.

Então, nas últimas semanas, abrimos a Palavra de Deus para ver o que Deus nos ensina sobre nosso pecado e o julgamento que enfrentamos por causa dele, e agora, especialmente nas últimas semanas, sobre o caminho da salvação que Deus abriu para nós em Jesus Cristo. Já consideramos e descartamos muitos falsos caminhos de salvação e, especialmente, a noção de que de alguma forma nós somos capazes de pagar por nossos próprios pecados, supostamente compensando-os com boas obras. Vimos como isso é desonesto e até ofensivo aos olhos de Deus, que nos conhece por quem realmente somos. E então, na semana passada, chegamos a conclusão de que, se de alguma forma formos salvos, será apenas se o próprio Deus tornar possível um meio de salvação; e foi isso que Deus fez, ao enviar Jesus Cristo para viver a vida justa que deveríamos ter vivido e morrer a morte que todos nós merecemos morrer, para pagar o preço por nossos pecados e nos comprar para Si mesmo. Essa é a boa notícia do Evangelho: que Deus veio ao nosso mundo quebrado, viveu em nosso lugar, morreu em nosso lugar e ressuscitou da morte para nos fazer uma nova criação, já agora nesta vida, e finalmente na vida eterna.

A questão que está diante de nós esta tarde é: isso agora significa que todos estão salvos? Afinal, Cristo morreu como ser humano para os seres humanos, o sacrifício perfeito e suficiente para salvar o mundo inteiro. Então são todos salvos?

É uma pergunta séria. Tem muita gente que acredita nisso, que todos serão salvo. Parte da razão para isso é que persiste a crença, com a qual já lidamos, de que nossos pecados não são realmente grandes o suficiente para Deus chegar a condenar alguém ao inferno. Espero que já tenhamos jogado essa ideia no lixo. Se estamos ouvindo a Palavra de Deus sobre isso, sabemos agora que Deus considera nosso pecado com muito mais seriedade do que nós, e Ele declarou enfaticamente que Ele vai, e deve puni-lo. Se não for punido em Cristo, será punido no inferno, eternamente. 2 Th. 1:8–9: “Os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder.” Mateus 13:49, as palavras do próprio Jesus, “Assim será na consumação do século: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes.” As Escrituras são abundantemente claras sobre isso.

Mas também há alguns que aceitam que nosso pecado é sério o suficiente aos olhos de Deus para ser digno de condenação eterna, e ainda assim acreditam que todas as pessoas serão salvos por causa do sacrifício de Cristo. Agora quem não desejaria isso? Não me regozijo na morte de ninguém, e, segundo o que Deus diz em Ezequiel 33, nem mesmo Deus se regozija nisso. Mas para declarar isso, ou até oferecer isso como uma possibilidade, não temos nenhuma autorização de Deus. Pelo contrário, Deus nos declara e avisa fortemente sobre a realidade do inferno, e demonstra a sua sinceridade pelos diversos julgamentos terrenos que já aconteceram, desde o dilúvio de Noé até a destruição de Jerusalem. Dizer que Deus não vai fazer mesmo é simplesmente uma recusa de ouvir a Deus. E lembre-se, este é o nosso objetivo. Não para inventar uma teologia que se adapte às nossas preferências, mas para nos humilharmos diante da Palavra de Deus. Ouça novamente o versículo que citei há pouco:

2 Tessalonicenses 1:8 “Os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder.”

Isso é muito claro. Haverá alguns que, no final das contas, não obedeceram o evangelho, e então não serão salvos. Deixe Deus falar, e deixe todas as nossas ilusões e enganos perecerem. Agora é a hora de fazer as contas com a Palavra de Deus; não espere até o dia em que você estará diante do trono de Deus. Que Deus seja verdadeiro, mesmo que isso torne todo homem um mentiroso.

Então, a questão diante de nós é já que não todos serão salvos com Cristo, como alguém pode ser contado com ele e assim ser salvo? Ou pra usar a linguagem de versículo que acabamos de citar, o que significa “obedecer o evangelho”? É uma expressão estranha, se você pensar bem, “obedecer ao Evangelho”. A palavra “evangelho” significa simplesmente “boas novas”. Mas a implicação é que essas “boas novas” vem com algum chamando ou mandamento. O que é esse mandamento? O que o Evangelho me chama a fazer?

Essa pergunta é quase sempre respondida de uma das três maneiras no Novo Testamento. (Talvez você possa tentar adivinhar o que são).

Quase sempre, o Novo Testamento dá um destes três mandamentos, ou dois deles juntos:

#1: arrepende-se

#2: creia

#3: seja batizado.

O que alguém deve fazer para ser salvo?

  • Atos 2:38: Os que ouviram Pedro ficaram com o coração partido e clamaram: “Que faremos, irmãos?” e Pedro respondeu: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.”
  • Atos 3:19: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados.”
  • Acts 8:12: “Quando, porém, deram crédito a Filipe…iam sendo batizados.”
  • Acts 17:30, “Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam.”
  • Atos 20:21, “testificamos tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus [Cristo].”
  • Atos 22:16, “E agora, por que te demoras? Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados, invocando o nome dele.”
  • Atos 26:20, Paulo testifica ao rei Agripa: “Eu anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a região da Judeia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento.”
  • Mt. 3:8: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;”
  • Rom. 3:25: “a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé.”

Você percebe, não há uma fórmula única. Mas as três palavras que se repetem com mais frequência são arrepender-se, creia, e seja batizado.

Arrependimento refere-se a um mudança de idéia e uma volta a Deus. É quando você estava pensando de uma maneira e indo em uma direção, e então você reconhece que estava errado e dá meia-volta.

Crer, ou acreditar, refere-se não somente à aceitação da verdade da Palavra de Deus e as reivindicações de Jesus Cristo, mas também uma confiança pessoal nele.

E ser batizado—é a demonstração formal que você pertence a Cristo. No caso de adultos convertidos, se torna também uma demonstração deste arrependimento e fé. 

Então, quem são aqueles que serão salvos? São aqueles que acreditam que a Palavra de Deus e as boas novas de Jesus Cristo são verdadeiros. São aqueles que, porque assim crêem, também se reconhecem como os pecadores que Deus declara que são, e reconhecem o perigo em que eles estão por causa dos seus pecados, a justiça dos julgamentos de Deus contra eles, mas também o perdão que Deus tornou possível por meio de Cristo, e assim eles viram, se arrependem, confessam seu pecado diante de Deus, invocam o nome de Jesus, rogando Sua misericórdia; e finalmente, se eles ainda não foram trazidos sob o nome de Cristo no batismo, eles o fazem como a demonstração visível de sua pertença a Cristo.

É a isso que o catecismo se refere como sendo “enxertado em Cristo” pela verdadeira fé. Ele usa a metáfora bíblica do enxerto, em que um galho de uma árvore é unido a outro de modo que se torne verdadeiramente um com a nova árvore e recebe sua vida e sustento dessa árvore. Assim é para aqueles que pertencem a Cristo. É aquele ato de fé – aquele arrependimento e crença—que nos une a Cristo de tal forma que pertencemos a ele e somos salvos por Ele.

(Agora, você pode considerar isso da perspectiva da graça soberana de Deus e reconhecer que, em última análise, não somos nós que nos fazemos pertencer a Cristo, mas sim Deus, que nos escolhe, nos chama, nos dá o próprio arrependimento e a fé de que precisamos, e assim nos une a Cristo. Mas isso não significa que não podemos falar sobre o que nós devemos fazer para ser salvo. Essa é uma questão bíblica, desde que reconheçamos a resposta de arrependimento e fé é em si um dom de Deus, que a opera em nós.)

Então, o chamado do Evangelho—o mandamento que devemos obedecer—é simples, embora você possa usar muitas palavras diferentes para descrevê-lo: arrependa-se, creia, volte-se para Deus, invoque Seu nome, e seja batizado.

Lemos anteriormente no capítulo 3 de João, porque ali mostra a importância moral do arrependimento e da fé. Muitas vezes as pessoas pensam que “acreditar” é uma questão intelectual. Assim, existem muitos ateus ou agnósticos que dizem algo assim: “Eu até quero crer, mas não posso.” A suposição aqui é que a crença ou descrença é algo neutro, apenas o resultado de uma persuasão intelectual, que não pode ser exigido de ninguém. “Se eu tivesse as evidências, claro que eu acreditaria, mas como não tenho evidências suficientes, então não há nada que eu possa fazer a respeito.”

Quero enfatizar, trabalhando a partir de João 3, que isso simplesmente não é verdade. A escolha de acreditar ou não (seja em Deus, ou no Evangelho de Jesus Cristo) é muito mais uma questão moral do que intelectual. Não estou dizendo que não tem aspectos intelectuais, ou argumentos com quais a pessoa tem que lidar. Existem sim. A evidência importa. Mas a evidência está . Se quiser um livro pra estudar depois, pode me perguntar. A evidência está lá. Mas a incapacidade de acreditar em Deus ou em Jesus Cristo não é uma questão só do intelecto, mas uma questão de disposição—ou seja, uma questão moral

Esse é o ponto que o Senhor Jesus destaca em João 3. João 3 registra uma conversa particular que o Senhor Jesus teve com Nicodemos, um fariseu que se tornou crente. Vamos nos concentrar  especialmente nos versículos 16-21. O versículo 16 de João 3 é provavelmente o versículo mais conhecido da Bíblia, mas os outros versículos não são tão conhecidos e vale a pena entendê-los.

João 3:16, Jesus disse “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo… o que nele crê …não pereça, mas tenha a vida eterna.” Quais são os que serão salvos? Segundo o que Jesus mesmo disse, são aqueles que creem no Filho de Deus.

Novamente em versículos 17-18: “Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.”

Agora minha pergunta é: “Por que Deus faz crençao critério pelo qual Ele salva ou condena?” É porque Deus tem preconceito contra aqueles que, sem nenhuma culpa deles mesmos, não conseguem crer? É porque Deus é arbitrário e exclui aqueles que são pensadores críticos e não são crédulos o suficiente?—que se acham incapazes de acreditar, por mais que gostariam, mas infelizmente são inteligentes demais? Será que é isso?

Veja o que Jesus diz sobre por que alguns creem e outros não:

Versículo 19: “O julgamento [de Deus] é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.” Ah-ha. O que realmente impulsiona a crença e a descrença? Não é falta de evidência para Deus, nem falta de argumentos intelectuais, nem—quanto as reivindicações de Jesus Cristo—falta de evidências bíblicas. Não é uma questão intelectual. É uma questão moral. É uma questão de o que os homens amam e o que eles praticam. A luz veio ao mundo, e os homens amaram as trevas mais do que a luz, porque as suas obras eram más.

Por que algumas pessoas não acreditam em Deus? Não tem nada a ver com o intelecto deles e tudo a ver com o que eles amam. Veja as estatísticas, e você vai observar que não há nenhuma diferença estatística no QI entre crentes e descrentes. Pessoas de ambos os lados do espectro intelectual se encontram em ambos os grupos, e não há correlação nenhuma entre os dois. A incredulidade não tem nada a ver com o intelecto, e tudo a ver com a vontade e as afeições. Os homens rejeitam a luz porque amam as trevas. Amam a se mesmos, amam seu orgulho, amam seu pecado, amam sua autonomia e, portanto, no final das contas, por tanto que insistem que “gostariam de crer,” não creem porque não querem se submeter a Deus. A própria psicologia humana demonstra que o que a pessoa quer acreditar geralmente determina o que acredita. Já vi isso tantas vezes, não apenas em incrédulos, mas até em pessoas que se chamam cristãos, que são totalmente cegos ao seu próprio pecado—não conseguem vê-lo—mesmo que todo mundo ao seu redor, ou no conselho, ou na sua família, o aponta. Não é porque a evidência não está lá, mas porque no fundo de seus corações, eles não querem vê-lo. Quanto mais para aqueles que rejeitam a própria existência de Deus, ou os Judeus que rejeitaram o Evangelho de Jesus Cristo? Não é um problema intelectual; homens e mulheres de intelecto muito maior do que mim e do que você reconheceram a verdade da Palavra de Deus. É um problema moral. Você vai escutar a Palavra de Deus, quando ele chamar atenção para o seu pecado e proclama Seu justo julgamento contra você, e chama você ao arrependimento? Ou você vai endurecer seu coração, colocar os dedos nos ouvidos e continuar insistindo que os argumentos não são convincentes?

O grande pai da igreja, Agostinho de Hipona, antes de ser crente, achava a fé cristã interessante, mas mesmo depois de aprender tanto sobre a doutrina e a ética cristãs, ele não estava convencido de sua veracidade. Ele ficou do lado de fora, olhando para dentro, mas e incapaz de ir mais longe. Mas finalmente, quando ele ouviu uma voz que lhe disse para “pegar e ler” as Escrituras, e Ele leu a carta de Paulo aos Romanos, ele foi esmagado por todo o peso da verdade da Palavra de Deus. Relembrando aquela experiência, muitos anos depois, ele pronunciou uma frase em latim: “Crede ut intelligas”, que significa “acredite, para que você possa entender”. A fé cristã será sempre um mistério, talvez belo, mas inacessível, até que se “entre nela” pela graça de Deus e se acredite. Somente quando nossas almas estão corretamente orientadas para Deus, podemos começar a compreender de forma intelectual. Até então, nossos corações rebeldes vão interpretar a luz como escuridão, e a sabedoria como loucura. Entre na fé cristã, venha a conhecer a Deus como Ele se revela, e com tempo você começará a compreender. Mas fique do lado de fora e tudo o que você verá será tolice. Contente-se com a escuridão e a ignorância, sempre cego para o seu próprio coração enganoso, e você nunca vai entender; mas renda-se a Deus, creia Nele, e Ele será como a luz do sol que não apenas ilumina você, mas também se torna a luz pela qual você vê todo o resto.

Considere a expressão de fé em Isaías 12. Is. 12:2: “Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei, porque o Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação.” O que é fé, em Isaías 12? É ação de graças. É confiar. É adorando. É alegria em Deus. É invocá-lo em oração. É proclamar o Seu valor. Em nenhum momento é apenas um acordo intelectual com doutrinas ou fatos. Pelo contrário, é uma postura e um relacionamento para com o Deus vivo.

Portanto, crença e incredulidade à Palavra de Deus não são respostas moralmente neutras. A incredulidade é a expressão do coração humano caído, arrebatado com sua autonomia e hostil a Deus, amando mais as trevas do que a luz porque suas obras são más.

O Senhor Jesus diz isso novamente no versículo 20:

“Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras.”

Por que as pessoas não acreditam? Porque crença exige arrependimento, e arrependimento significa expor e abandonar o pecado e nos humilhar diante de Deus. O que o ser humano, em sua suposta autonomia, não quer aceitar.

É o fato de o Evangelho afirmar a autoridade de Deus sobre nossas vidas, e expor e condenar nosso orgulho, que nos faz resistir a ele. É a graça de Deus, dando-nos o arrependimento, que nos faz aceitá-lo.

Versículo 21: “Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus.”

Eu acho interessante que Jesus não diz: “Quem pratica o que é certo aproxima-se da luz”, mas sim “Quem pratica a verdade.” Não quero fazer muita distinção aqui, porque há uma relação entre os dois, mas há uma diferença. Praticar a verdade significa agir de acordo com a verdade. Jesus não está falando sobre pessoas com vidas perfeitas ou “mais santas” do que os outros, mas sobre pessoas que respondem ao evangelho de acordo com a verdade—ou seja, que confessam seus pecados, que se humilham, que aceitam a verdade do evangelho, e então obedecem aos mandamentos evangélicos de se arrepender, crer, e ser batizados.

Mas é muito claro que a reação de cada pessoa ao evangelho não é uma questão neutra, mas uma questão de sua relação com a verdade – sua relação com Deus, quem é a Verdade.

Lembre-se que Jesus não está falando com um ateu aqui, mas com um judeu, quando a maioria dos líderes judeus estava se posicionando contra o Evangelho. E então o que Jesus está dizendo é que para aqueles judeus que escolheram não acreditar Nele, a razão pela qual eles não acreditaram é porque eles estavam em guerra com a própria verdade. Eles preferiram a mentira de sua justiça própria, acreditando ser moralmente superiores; enquanto aqueles que sim acreditaram, acreditaram não porque eles eram melhores de que os outros, mas porque Deus lhes deu um espírito de arrependimento para não viver mais na mentira e no auto-engano.

Então, voltamos à pergunta que fizemos no início: Já que nem todos serão salvos, o que nós devemos fazer para ser contados com Cristo e coberto por Seu sangue?

O chamado do Evangelho é claro: saia da escuridão e entre na luz. Deixe suas obras—seu pecado, seu orgulho, seu auto-engano—serem expostas pela luz da Palavra de Deus. Não esconda nada do Deus que vê tudo de qualquer maneira. Confesse seus pecados. Arrependa-se deles – volte para Deus. E abrace o salvador que Deus enviou. Invoque Seu nome. Ore por Sua misericórdia. Não procure outro refúgio e não procure mais mentiras. E então saiba que Ele é fiel às Suas promessas. Mt. 12:20: “Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega.” Ou, como o Senhor Jesus diz em João 6:37: “Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e quem vier a mim jamais o lançarei fora.”

Se você voltar para ele em arrependimento, certifique-se de dar frutos de acordo com o arrependimento. Não adianta, obviamente, professar o arrependimento e depois continuar vivendo no pecado. O “fruto do arrependimento” não é o que salva você – essa é a velha mentira da justiça pelas obras que já descartamos – mas o fruto prova a realidade do arrependimento. Você não pode virar para Deus sem também, na mesma ação, virar as costas para o pecado.

Então, irmãos, e visitantes em nosso meio, ouçam o chamado do Evangelho alto e claro. Não é apenas uma chamada para os incrédulos; é o chamado que molda a vida de cada crente também. Quando Martinho Lutero pregou as 95 teses na porta da Catedral de Wittenburg, dando início à Grande Reforma, a primeira tese não era sobre o papado, ou justificação pela fé, ou sola scriptura. A primeira tese era que, ao contrário do sistema de penitência usado pela Igreja Romana, o verdadeiro arrependimento dura toda a vida do cristão. Arrependimento e fé são um processo diário. Então digo também aos membros aqui que já são membros por muitos anos: voltem-se, todos os dias, para Deus, confessem seus pecados e creiam em Cristo todos os dias, e fiquem seguros e confortados pela promessa inabalável de Deus de que seus pecados são realmente perdoados, por causa de Cristo, e que Ele agora o recebe em Sua presença, não como Seu inimigo, mas como Seu próprio filho precioso.

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Jonathan Chase

O pastor John Chase é Missionário de Aldergrove Canadian Reformed Church nas Igrejas Reformadas do Brasil. B.A., Western Washington University, 2012; M.Div., Canadian Reformed Theological Seminary, 2016. Serviu anteriormente como pastor da Igreja Reformada de Elora em Ontario, Canadá nos anos 2016-2020. 

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* Este sermão foi originalmente escrito para uso do pastor e não passou por correção ortográfica ou gramatical.